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Percursos desiguais : trajetórias ocupacionais dos trabalhadores no setor de telecomunicações no período pós-privatização

Silva, Luís Fernando Santos Corrêa da January 2011 (has links)
Este estudo aborda as trajetórias ocupacionais dos trabalhadores de um segmento de mercado profundamente afetado, desde meados da década de 1990, por transformações tecnológicas, institucionais e organizacionais: o setor de telecomunicações no período pós-privatização no Brasil. Em termos teóricos, as perspectivas que permitem interface com o tema das trajetórias ocupacionais de trabalhadores têm discutido quais são as possibilidades de se promover segurança no mercado de trabalho ao trabalhador, tendo em vista que há, na atualidade, uma maior heterogeneidade nas situações de emprego e tendência de fragmentação das categoriais sócio-ocupacionais antes homogêneas. Mediante a análise longitudinal do mercado de trabalho do setor de telecomunicações, foi realizada a reconstituição das trajetórias ocupacionais de duas coortes de trabalhadores: a) primeiro período pós-privatização, coorte de 1998 (trajetória de 1998 a 2002); b) segundo período pós-privatização, coorte de 2003 (trajetória de 2003 a 2007). Para tanto, foram utilizados dados agregados disponíveis nas Bases RAIS e RAIS Migra, do Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil. Em síntese, foi possível concluir que a passagem do primeiro período pós-privatização, marcado por reestruturação tecnológica e gerencial, para o segundo período pós-privatização, caracterizado por maior concorrência inter-empresarial, resultou em índices mais elevados de permanência no mercado de trabalho do setor de telecomunicações e no mercado de trabalho formal. Entretanto, padrões de desigualdades entre os perfis sócio-ocupacionais se mantiveram presentes, aprofundando-se no segundo período no que tange à permanência no mercado de trabalho do setor de telecomunicações e reduzindo-se no que diz respeito à permanência no mercado de trabalho formal. O aspecto que perpassa os dois períodos pós-privatização analisados sustenta-se no fato de que os níveis mais elevados de segurança no mercado de trabalho foram observados entre os trabalhadores que supostamente encontram-se em melhores condições de lidar com as oscilações do mercado de trabalho, ou seja, jovens, com remuneração e escolaridade elevadas, inseridos em ocupações situadas no topo da estrutura ocupacional do setor e possuidores de qualificação valorizada no mercado de trabalho formal como um todo. / This study approaches the occupational paths of workers in a market segment deeply affected, since the mid-1990s, by technological, institutional and organizational changes: the telecommunications sector in the post-privatization in Brazil. In theoretical terms, the perspectives that allows interface with the theme of the occupational paths of workers have discussed what the possibilities to promote security in the job market to workers, in view of that currently a greater heterogeneity in employment situations and propensity to fragment the socio-occupational classes, that was homogeneous before. By means of the longitudinal analysis of the job market in the telecommunications sector, a reconstitution of the occupational paths of two cohorts of workers was performed, to identify their levels of security in the job market: a) the first post-privatization period, cohort of 1998 (history from 1998 to 2002); b) the second post-privatization period, cohort of 2003 (history from 2003 to 2007). For that purpose, aggregated data bases available in RAIS and RAIS Migra of the Brazilian Ministry of Labor and Employment were used. In summary, the conclusion drawn here is that the passing of the first post-privatization period, marked by technological and managerial reorganization, for the second post-privatization period, characterized by greater inter-firm competition, resulted in higher abidance rates on the job market telecommunication sector and the formal job market. However, patterns of inequality between socio-occupational profiles remained present, going deep into the second period when it comes to staying in the job market of the telecommunications sector and decreasing in respect to staying in the formal job market. The aspect that crosses the two analyzed periods post-privatization is sustained in the fact that the highest levels of security in the job market have been observed among workers who supposedly are better able to cope with oscillations in the labor market, in other words, young workers, with high pay and education, placed in jobs on the top of the occupational structure of the sector and possessors of qualification valued in the formal job market as a whole.
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De trabalhadoras precárias a empreendedoras da confecção? : a complexa construção da identidade profissional das trabalhadoras a domicílio da indústria de confecção

Pereira, Rosângela Maria January 2011 (has links)
Este estudo trata da relação identidade profissional e relações de trabalho. O objetivo é investigar como as trabalhadoras a domicílio da indústria de confecção de Divinópolis (MG), inseridas nos processos de flexibilização e nas mudanças recentes no mundo do trabalho constroem sua identidade profissional. Recorre-se a entrevistas semiestruturadas com trabalhadoras a domicílio, empresários da confecção, diferentes trabalhadoras da indústria de confecção e representante do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Confecção de Divinópolis (MG) e à observação do campo com a confecção de um “Diário de campo”. Aborda-se a construção da identidade profissional, associada, particularmente, ao trabalho a domicílio, informal, precário e empreendedorismo. Para a análise da construção da identidade profissional, versa-se sobre as transformações do trabalho que envolvem os processos de subcontratação e terceirização na indústria de confecção, logo, as relações de trabalho, as relações com as instituições de representação, as condições de trabalho e as relações de gênero. Analisase a articulação contínua de dois processos, o da autonomia no trabalho e o reconhecimento no e pelo trabalho e a trajetória profissional e as perspectivas futuras das trabalhadoras. Reagrupa-se e classifica-se, de forma indutiva, as trabalhadoras a domicílio da indústria de confecção, a fim de construir uma tipologia das suas identidades profissionais. Caracteriza-se, empiricamente, quatro tipos: as trabalhadoras tipo precárias, as trabalhadoras tipo tuteladas, as trabalhadoras tipo proprietárias do pequeno negócio e/ou a pequena patroa e as trabalhadoras tipo empreendedoras. Como resultado deste estudo, mostra-se que o empreendedorismo individual como autoemprego estabelece exigências específicas para sua concretização (uma melhor divisão do trabalho na casa, recursos – financeiros – locais adequados de trabalho, maquinário de qualidade, qualificação formal e pelo trabalho, etc.). Os aspectos subjetivos, como o desejo de sucesso e de satisfação em criar algo, são relevantes para as possibilidades de sucesso, mas a sua concretização está calcada, ainda, em aspectos objetivos e, como tal, não está ao alcance de todas as trabalhadoras. A opção pelo trabalho autônomo não conduziria, efetivamente, a uma maior autonomia e liberdade no trabalho. O empreendedorismo envolve a contribuição de mais atores e, no trabalho a domicílio, exigiria um envolvimento maior da família. Um dos grandes desafios da análise sociológica, e enfrentado nesta pesquisa, é o de relacionar os processos históricos globais – ou macrossociológicos – com os relativos aos resultados da pesquisa empírica – microssociológicos – consagrados aos indivíduos e às situações sociais concretas. Logo, tornar possível uma análise sociológica da riqueza dos dados recolhidos no campo de pesquisa. As análises tipológicas das experiências vividas têm o significado e a vantagem de contribuir para explicitar os efeitos dos fenômenos estruturais, de ordem macrossociológica, sobre as atitudes e os comportamentos dos indivíduos e, consequentemente, sobre os espaços de liberdade, mesmo limitados, de que aqueles dispõem para dar um sentido a sua experiência social. / This study deals with the relationship between professional identity and work relationships. The aim is investigate how homeworkers in the textile industry from Divinópolis (MG), inserted into the processes of relaxation and recent changes in the work setting, build up their professional identity. The study makes use of semistructured interviews with female homeworkers, owners of textile companies, different workers in the textile industry and a representative of the Textile Industry Worker’s Union of Divinópolis (MG), as well as the field observation with the making of a “Field Diary”. The study tells of the building up of the professional identity associated particularly with the homeworking, informal, precarious and entrepreneurship. For the analysis of the building up of the professional identity, the study discusses about work changes that involve the processes of underemployment and outsourcing in the textile industry; therefore, the work relationships, the relationship with representation institutions, work conditions, and gender relationships. It analyzes the continuous articulation of two processes: work autonomy and recognition inside and for the job, as well as the professional trajectory and the workers’ perspectives for the future. We inductively rearranged and classified the homeworkers in the textile industry so that we could conceive a typology of their professional identities. We empirically characterized four types: the precarious type, the subordinate type, the owners-of-a-small-business type and/or the minor boss, and the enterprising type. As a result of this study, we show that the individual entrepreneurship as self-employment establishes specific demands for its achievement: a better work division at home, resources – financial – adequate places to work, quality machinery, formal qualification and for the job, and so on. The subjective aspects such as the desire to succeed and the joy in creating something are relevant for success possibilities; however, that is still grounded in objective aspects and for that reason, it is still out of such workers’ reach. The choice for the autonomous job would not effectively lead to a higher autonomy and freedom at work. The entrepreneurship demands the involvement of more elements, and in the homeworking, it would demand a higher involvement of the family. One of the biggest challenges in the sociological analysis, dealt with through this research, lies in relating the global historical processes – or macrosociological – to the processes concerning the empirical research – microsociological – which are particular to individuals and to concrete social situations; thereby, such challenge consists in enabling a sociological analysis of the richness of the data collected in the research field. The typological analysis of their experiences has the meaning and the advantage of helping to show the effects of the structural phenomena, of the macrosociological kind, about the attitudes and behavior of the individuals and, consequently, about the areas of freedom, even limited, that they have to give a meaning to their social experience.

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