[pt] Este trabalho argumenta que a renovação das possibilidades da democracia
passa tanto pelo desenvolvimento de práticas cooperativas e de um vocabulário a
elas associado, quanto pelo adensamento de redes de resistência à hegemonia
neoliberal. Apreciaremos o papel das tecnologias de comunicação a partir de dois
eixos analíticos, cooperação e conflito, articulados desde uma perspectiva contrahegemônica.
No primeiro capítulo, observamos que a produção social em
commons tem impacto subjetivo emancipatório a despeito de contribuir para a
acumulação capitalista: dá ensejo a uma pedagogia do comum que gera um
registro ético que nos leva a considerar nosso relacionamento com aquilo que
criamos em termos de proximidade, não de autoria. No segundo capítulo, duas
hipóteses sobre as Jornadas de Junho: que um de seus efeitos foi a criação de
solidariedade entre classes, e que a principal razão para o que muitos entendem
ser seu fracasso não foi nem a falta de liderança centralizada, nem o repúdio a
atores políticos tradicionais, mas a união entre governo e mídia corporativa em torno da repressão. Observa-se a disputa simbólica pela configuração do sentido das manifestações: de um lado, a análise de framing dos jornais revela sua contribuição no sentido de elevar a violência ao centro dos protestos, através da nomeação do sujeito-vândalo e da normalização da exceção no intuito de asfixiálo; de outro, o enquadramento polifônico operado pela multidão via Twitcam desconsagrou o mito fundador do jornalismo, ampliou o escopo das vozes na esfera pública e contribuiu para construir o sujeito-político-multidão durante o processo de representá-lo. / [en] Examining the role of communication technologies from two distinct
analytical grounds, cooperation and conflict, articulated through a counterhegemonic
perspective, we argue that the renewal of democracy rests upon
cooperative practices and its vocabularies, as well as the thickening of networks of
resistance against neoliberal hegemony. In the first chapter, we argue that social
production initiatives can sustain a emancipatory subjective impact, despite its
contribution to capitalist accumulation, for it makes room for a pedagogy of the
common which leads us to think of our creations in terms of closeness, not
authorship. The second chapter puts forward two hypothesis regarding Jornadas
de Junho: first, that it ended up creating solidarities bonds among classes, and
second, that the main reason for the so called failure of the protests wasn t
either its lack of a centralized leadership or its rejection to established political
actors, but the alliance between State and corporate media around repression. By
way of a framing analysis of the corporate media, we concluded that they
managed to put violence at the core of the protests through a double movement
that included the naming of a subject-of-violence and the normalization of the
state of exception devoted to abort its existence. We also examine the
broadcasting of protests through Twitcam, arguing that its polyphonic framing by
a multitude of media activists publicly debunked the founding myth of journalism,
broadened the scope of voices in the public sphere, thus helping to develop a new political subject in the process of representing it.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:54879 |
Date | 21 September 2021 |
Contributors | MARIA ALICE REZENDE DE CARVALHO |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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