[pt] Uma parcela significativa das transformações na sociedade que ocorreram nos últimos anos pode ser atribuída à difusão da Internet. Com o surgimento dos chats, emails, sites, blogs e redes sociais, as pessoas encontraram novas formas de se comunicar, sem limitações geográficas, interagindo com rapidez e facilidade com aqueles com quem possuem interesses em comum. Embora as redes sociais tenham sido inicialmente idealizadas com o intuito de gerar a aproximação entre amigos e propiciar a criação de novas amizades, um novo e interessante fenômeno começou a surgir: o luto virtual. Esta tese tem como foco estudar especificamente este tipo de manifestação nas comunidades do Orkut, criadas por pais enlutados que sentiram a necessidade de compartilhar a sua dor com outros que passaram por experiências semelhantes. Para realizar uma análise consistente e aprofundada sobre a utilização do luto virtual, foi imprescindível recorrer a uma ampla bibliografia sobre o papel do filho dentro de uma família e investigar a visão de diversos especialistas no processo psicológico de elaboração do luto, especialmente no que concerne às fases que um indivíduo atravessa ao perder um ente querido. Também foi necessário levantar informações através de uma pesquisa de campo que contemplou uma amostra de vinte pais enlutados que participam de comunidades no Orkut voltadas para este segmento. Embora a dor de perder um filho possa parecer insuportável e eterna para quem a vivencia, este trabalho revela o importante papel que as comunidades virtuais desempenham junto a este público. A pesquisa indicou que os pais enlutados acreditam que mitigar a dor, e não sucumbir, parece ser um objetivo inalcançável. Se a dor de perder um filho parece se assemelhar a uma sensação de cair em um abismo, as comunidades virtuais para pais enlutados funcionam como cordas de resgate. De acordo com os entrevistados, entre os benefícios de participar destes grupos destacam-se a possibilidade de dividir o peso deste sentimento com os demais membros, aprender como aqueles que deram a volta por cima, ter a oportunidade de ler, escrever ou receber depoimentos similares; ter a chance de desabafar sem ser interrompido ou recriminado e receber palavras de carinho, incentivo e apoio sem que estas frases sejam insensíveis, ofensivas ou invasivas, justamente porque foram expressas por alguém que viveu o mesmo drama. Esta percepção é compartilhada por pais de diversas faixas etárias e classes sociais, em distintas fases de elaboração do luto e com filhos falecidos em diferentes idades. Nesse sentido, ter a sensação de proximidade com outros pais enlutados de qualquer lugar, a qualquer hora, faz com que a solidão seja minimizada porque passa a ser compartilhada com aqueles que sofreram o mesmo impacto. / [en] A significant number of the changes occurred in society in recent years can be attributed to the diffusion of the Internet. With the emergence of chats, emails, websites, blogs and social networks, people have found new ways to communicate without geographical limitations, interacting with speed and ease with those who share common interests. Although social networks were originally devised to generate closeness among friends and foster the creation of new friendships, a new and interesting phenomenon began to emerge: the virtual mourning. This thesis focuses specifically on this type of manifestation in ORKUT communities, established by bereaved parents who felt the need to share their grief with other parents who have had similar experiences. It was essential to resort to a wide literature on the role of the child within a family and investigate the vision of several experts regarding the psychological process of elaboration of mourning in order to perform a consistent and thorough analysis on the use of virtual mourning, especially those concerning the stages an individual goes through when losing a loved one. It was also necessary to gather information through field research that included a sample of twenty bereaved parents participating in ORKUT communities focused on this segment. Although the pain of losing a child may seem unbearable and eternal for those who experience it, this work reveals the important role that virtual communities have to this public. The survey indicated that bereaved parents believe to be an impossible and even unattainable goal to mitigate their pain, and not succumb. If the pain of losing a child seems to resemble a feeling of falling into an abyss, virtual communities for bereaved parents act as rescue ropes. According to respondents, among the benefits of participating in such groups emerge the possibility of dividing the weight of their feelings with other members, learn from those who were able stand up again on their own feet, have the opportunity to read, write or receive similar statements; have the chance to vent without being stopped or reproached and receive words of affection, encouragement and support and even phrases which when said by others would seem insensitive, offensive or intrusive, but not in this specific case because they were expressed by someone who lived the same drama. This perception is shared by parents of different ages and social classes, in different stages of elaboration of mourning for deceased children at different ages. In this regard, to have a sense of closeness with other bereaved parents from anywhere, at any time, minimizes loneliness because it is shared with those who have suffered the same impact.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:28965 |
Date | 02 February 2017 |
Creators | BETTY CARAKUSHANSKY WAINSTOCK |
Contributors | ANA MARIA NICOLACI DA COSTA |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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