[pt] As ficções latino-americanas, sejam elas literárias ou cinematográficas,
produzidas na segunda década do século XXI, têm sido palco de produções sobre
uma questão não resolvida coletivamente, e que ainda assombra diversas esferas da
vida pública e privada da sociedade: o passado insepulto das ditaduras militares
no subcontinente. Nessas obras, percebe-se que o passado, enquanto dimensão
temporal, se impõe ao presente e teima em não passar. As diversas formas de
perpetração da violência de Estado, que não foram trabalhadas de maneira coletiva,
fizeram com que o horror praticado nos anos de exceção, fosse confinado no
subterrâneo da história oficial. Isso possibilitou que diferentes narrativas sobre fatos
históricos, sobre o passado recente da América Latina, pudessem ser contestadas,
abrindo portas para movimentos que soterram verdades, para o negacionismo e
revisionismo histórico. Sendo assim, esta dissertação propõe uma reflexão sobre as
soluções formais que essas ficções contemporâneas utilizam para dar conta das
feridas ainda abertas, causadas pelas ditaduras civis-militares e da permanência da
violência institucional, ao longo do tempo. A partir do estudo de algumas ficções
latino-americanas, parte-se da hipótese de que, nessas narrativas, o deslocamento
de enunciação, a banalidade do mal e uma estética fantasmática, que aponta para a
utilização do corpo como ruína/alegoria, são artifícios narrativos que colocam a
temporalidade no centro do debate. / [en] Latin American fiction, whether literary or cinematographic, produced in
the second decade of the 21st century, has been the stage for productions about an
issue that has not been collectively resolved and that still haunts various spheres of
public and private life in society: the unburied past of military dictatorships in the
subcontinent. In these works, it is perceived that the past as a temporal dimension
imposes itself on the present and insists on not passing. The various forms of
perpetration of State violence that were not dealt with collectively meant that the
horror practiced in the years of exception was confined to the underground of
official history. This made it possible for different narratives about historical facts
about the recent past of Latin America to be contested, opening doors to movements
that bury truths, to denialism and historical revisionism. Therefore, this dissertation
proposes a reflection on the formal solutions that these contemporary fictions use
to deal with the wounds that are still opened caused by civil-military dictatorships
and the permanence of institutional violence over time. From the study of the
chosen fictions, we start from the hypothesis that, in these narratives, the
displacement of enunciation, the banality of evil and a ghostly aesthetic that points
to the use of the body as a ruin/allegory are narrative devices that place temporality
at the center of the debate.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:62265 |
Date | 18 April 2023 |
Creators | BRENO ABI CHAHIN NEVES |
Contributors | VERA LUCIA FOLLAIN DE FIGUEIREDO |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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