[pt] Hannah Arendt é frequentemente lida como uma autora da crise. Tendo
nascido no curto século XX, testemunhando e mesmo vivendo ela mesma,
enquanto estava entre os homens, inúmeras das catástrofes que tiveram seu
lugar no palco do mundo. Como pensadora, ela fez de sua sistemática reflexão
acerca do fenômeno totalitário o ponto de partida para inúmeros trabalhos cujo
objetivo residia na tentativa de compreender este mundo e, a partir desta
compreensão, com ele reconciliar-se. Entendendo o regime totalitário como uma
novidade radical, que coloca em xeque nossas categorias de pensamento, bem
como nossa capacidade de agir no mundo e discursar sobre os negócios humanos,
Arendt acaba por aproximar este terrível evento de outro, cuja essência mesma é a
novidade: a Revolução. Compreendendo a Revolução a partir do signo da
fundação de uma Constituição da Liberdade e de uma Nova Ordem do
Mundo, a autora enfrenta a difícil tarefa de conciliar algo que parece
inconciliável na contemporaneidade: a capacidade da ação política de começar
algo inteiramente novo e a necessidade de estabilização do espaço público onde a
ação deve acontecer. É na interseção desta insuperável dicotomia que o presente
trabalho pretende explorar conceitos fundamentais do pensamento arendtiano,
como autoridade, liberdade, ação, poder, entre outros. Com eles tentar-se-á
compreender o mergulho que Arendt faz às profundezas do passado para conferir
nova dignidade ao campo da política, em um tempo onde os seres humanos cada
vez menos assumem responsabilidade pelo mundo e pelas possibilidades que ele
encerra. / [en] Hannah Arendt is often read as author of the crisis. Being born in the short
20th century, bearing witness and even living herself, while she was among
men, many of the catastrophes that had place at the world s stage. As a thinker,
she made her systematic meditation over the totalitarian phenomenon the starting
point for many works which intention resided on trying to understand the world,
and, from this comprehension, to be able to reconcile herself with it.
Comprehending the totalitarian regime as a radical novelty, that embarrass our
categories of thought, as well as our ability to act in the world and discourse about
the human affairs, Arendt ended up approximating this terrible event with another
one, which essence itself is the novelty: the Revolution. Understanding the
Revolution as a foundation of a Constitution of Freedom and of a New World
Order, the author faces the difficult challenge of conciliating things that seem to
be completely contradictory in contemporaneity: the capacity of political action to
start something entirely new and the necessity to stabilize the public space where
action must happen. It is at the intersection of this unresolvable dichotomy that
this work intends to explore fundamental concepts of the Arendtian thought, as
authority, freedom, action, power, among others. With them I will try to
understand the immersion that Arendt do to the depths of the past to give new
dignity to the political field, in a time where the humans beings take, each passing
day, less responsibility for the world and for the possibilities it reserves.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:27375 |
Date | 15 September 2016 |
Creators | RAPHAEL TORRES BRIGEIRO |
Contributors | ILIE ANTONIO PELE |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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