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Síndromes hipertensivas na gestação no Brasil: estudo a partir dos dados da pesquisa \"Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre o parto e nascimento\", 2011-2012 / Hypertensive disorders of pregnancy in Brazil: study from \"Born in Brazil\" survey, 2011-2012

Introdução: As síndromes hipertensivas na gestação (SHG) afetam grande parte das gestantes com uma proporção cada vez maior. É responsável por desfechos negativos importantes para mulheres e bebês, sendo a primeira causa de morte materna no Brasil. As fontes de dados para as SHG em estudos epidemiológicos são exames clínicos ou registros profissionais (cartão de pré-natal ou prontuário hospitalar). Entretanto essas fontes podem ser de difícil acesso para alguns estudos, fazendo necessário conhecer a validade para SHG autorreferida no Brasil. Os fatores tradicionalmente associados às SHG são primiparidade, multiparidade, diabetes, sobrepeso e obesidade, idades nos limites da vida reprodutiva, hipertensão crônica e histórico de SHG. Entretanto fatores socioeconômico-demográficos figuram ocasionalmente entre os fatores associados às SHG. Para orientar políticas públicas, é necessário estudar a ocorrência das SHG no Brasil e seus fatores associados com dados de abrangência nacional. Objetivos: Avaliar a validade da informação autorreferida para SHG, analisar os fatores associados às SHG no Brasil e examinar a invisibilização do efeito da interseccionalidade entre variáveis socioeconômico-demográficas. Método: Trata-se de um estudo transversal com análise secundária da pesquisa \"Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre o Parto e Nascimento\", realizada em 2011-12. Foram entrevistadas 23.940 puérperas e coletadas informações de seus prontuários e cartões de pré-natal. Para estimar a validade da informação autorreferida sobre SHG foram estabelecidas sensibilidade, especificidade e coeficiente kappa, assumindo por padrão ouro os registros profissionais como padrão ouro, estratificando por variáveis socioeconômico-demográficas e obstétricas. Foi investigada a associação entre a SHG e variáveis socioeconômico-demográficas, estilo de vida, estado de saúde e obstétricas por meio de regressão logística. Resultados: A Ocorrência das SHG foi 11,14% segundo os registros profissionais e 15,87% quando autorreferida. A sensibilidade foi 75%, especificidade foi 90% e coeficiente kappa foi 0,545 (IC95% 0,525 - 0,566) valor considerado de força moderada. A validade da SHG autorreferida foi melhor entre as mulheres brancas, das regiões Sul e Sudeste, que utilizaram financiamento próprio pela assistência ao parto, estrato econômico Classe B ou A, que passaram por uma cesariana na última gestação e ensino médio completo ou mais. A validade foi pior entre mulheres com indicação de cesariana por SHG. Após regressão logística, idade da mãe (β1 = 1,052 [IC95% 1,039-1,065]), IMC (β1 = 1,162 [IC95% 1,148-1,176], histórico pessoal de hipertensão gestacional (OR = 4,041 [IC95% 3,345-4,883]), diabetes (OR = 1,615 [IC95% 1,354-1,926]) e gestação múltipla (OR =2,035 [IC95% 1,288-3,215]) permaneceram independentemente associadas às SHG. Ter tido 1 ou dois partos anteriores (OR = 0,386 [IC95% 0,33-0,452]) e multiparidade (OR = 0,336 [IC95% 0,26-0,434]) apresentaram efeito protetor quando comparadas às primíparas e fonte de pagamento privada (OR = 0,841 [IC95% 0,708-0,998]) e ensino superior completo (OR = 0,652 [IC95% 0,494-0,860]) diminuem a chance de desenvolver uma SHG. As variáveis socioeconômico-demográficas como raça/cor da pele, escolaridade, fonte de pagamento, escore socioeconômico e região de residência apresentam grande sobreposição. Conclusões: A validade da informação autorreferida é moderada, com importantes variações que denotam iniquidades na comunicação entre profissionais e usuárias. As variáveis socioeconômico-demográficas apresentam grande interação por sobreposição, perdendo a significância estatística. A interseccionalidade entre raça/cor da pele, escolaridade, fonte de pagamento, escore socioeconômico e região de residência produz um grupo de mulheres de maior vulnerabilidade. As iniquidades na atenção a gestação e parto revelam a necessidade de pesquisas, ações e políticas públicas que busquem alterar a situação de adversidade vivenciada pelas mulheres na maternidade. / Introduction: Hypertensive disorders of pregnancy (HDP) affect many pregnant women with an increasing proportion. It is responsible for significant negative outcomes for women and babies, and for most maternal deaths in Brazil. The data sources for HDP in epidemiological studies are clinical examinations or professional records (antenatal card or hospital medical records). However, these sources may be difficult to access for some studies, making necessary to know the validity for self-reported HDP in Brazil. The factors traditionally associated with SHG are primiparity, multiparity, diabetes, overweight and obesity, age at reproductive life limits, chronic hypertension and history of HDP. Socioeconomic-demographic factors occasionally appear among the factors associated with HDP. Therefore, it is necessary to know the occurrence of HDP in Brazil and its associated factors through a national study with recent information. Objectives: To evaluate the validity of the self-reported information for SHG, to analyze the occurrence and associated factors with HDP in Brazil and to reflect on the invisibility of the intersectionality effect among socioeconomic-demographic variables. Method: This is a cross-sectional study, a secondary analysis of the \"Birth in Brazil\" survey, conducted in 2011-12. 23,940 postpartum women were interviewed and information was collected from their medical records and antenatal cards. To estimate the validity of self-reported information on HDP, sensitivity, specificity and kappa coefficient was established, with professional records as gold standard, stratified by socioeconomic-demographic and obstetric variables. The association between SHG and socioeconomic-demographic variables, lifestyle, health status and obstetric variables were investigated through logistic regression. Results: The occurrence of HDP was 11.14% according to professional records and 15.87% when self-referenced. The sensitivity was 75%, specificity was 90% and kappa coefficient was 0.545 (95% CI 0.525 - 0.566) considered as moderate. The validity of self-reported SHG was better among white women from the South and Southeast regions, self-financing, Class B or A economic stratum, cesarean section and more education. Validity was worse among women with cesarean section indicated for HDP. After logistic regression, greater maternal age, higher BMI, personal history of gestational hypertension, diabetes, multiple gestation and primiparity remained independently associated with HDP. Women who payed for care and more educated had a decreased chance of developing a HDP. Socioeconomic-demographic variables present great overlap. Conclusions: The validity of self-reported information is moderate, with important variations that denote inequities in communication between professionals and women. The socioeconomic-demographic variables present great interaction by overlapping, losing the statistical significance. The intersectionality of these characteristics produces a group of women of greater vulnerability. Inequities in attention to pregnancy and childbirth reveal the need for research, actions and public policies that seek to change the situation of adversity experienced by women when they experience motherhood.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-23042018-140322
Date16 March 2018
CreatorsQueiroz, Marcel Reis
ContributorsDiniz, Carmen Simone Grilo
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
TypeTese de Doutorado
Formatapplication/pdf
RightsReter o conteúdo por motivos de patente, publicação e/ou direitos autoriais.

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