Nesta pesquisa, enfatizamos que o cotidiano do emprego doméstico funciona, em grande medida, com base em desigualdades. Essas desigualdades ancoram-se em diferentes graus de distância social fortemente enraizados em gênero, classe e raça, e se expressam cotidianamente em gestos, palavras, e atitudes em geral, num constante jogo de ação e reação que envolve patroas e empregadas domésticas. É a condição de classe da empregadora que marca, em primeira instância, a distância social mais categórica entre ela e a sua contratada; para sobreviver enquanto profissão, o emprego doméstico necessita, inclusive, reforçar a distância social baseada na classe, posto que é tal distância a primeira a definir, de modo mais preciso, quem é a empregadora e quem é a doméstica. Em um segundo momento, chamaremos a atenção para o papel central que a humilhação exerce no cotidiano do emprego doméstico. A humilhação se fortalece quando formas de desigualdade são extremas, expressando-se, principalmente, por meio de atitudes ríspidas postas em prática pelas empregadoras. Enfatizaremos, por fim, que o emprego doméstico é também centro de desigualdade racial. Isso ocorre porque raça, enquanto categoria construída e manipulada socialmente, ganha força na esfera privada, local onde o emprego doméstico acontece por excelência. A distância social baseada na raça abre caminho para a discussão sobre o papel que o preconceito e, sobretudo, as discriminações raciais apresentam no cotidiano da ocupação. Embasam esta pesquisa, além de uma extensa revisão bibliográfica: dez entrevistas com trabalhadoras (colhidas no contexto da Região Metropolitana de São Paulo), análise de material jornalístico e ficcional e apreciação de documentos de instituições nacionais e internacionais que discutem os caminhos dos direitos humanos em sociedades contemporâneas. / In this research, we emphasize that the domestic workers everyday life largely functions based on inequalities. These inequalities are anchored in different grades of social distance that are strongly rooted in gender, class and race. The social distance is expressed on a daily basis through gestures, words and attitudes in general and is also evident in a constant game of action and reaction that involve both female employers and female domestic workers. It is the class condition of the employer that fixes the categorical social distance between her and her employee. In order to survive as a profession, the labor of the worker even needs to reinforce the social distance based on class to emphasize who represents the employer and employee. Secondly, we pay attention to the central role that humiliation plays in the domestic workers daily life. Humiliation intensifies when modes of inequality are extreme, being expressed through especially rough attitudes practiced by employers. Finally, we will emphasize that the occupation is also a center of racial inequality. That happens because race, as a category created and manipulated socially, acquires its force in the private sphere, the place where domestic work takes place. The social distance based on race opens the discussion about prejudice and racial discrimination in the occupation of domestic work. In addition to an extensive literature review, this research is grounded by: ten interviews with female domestic workers (gathered in the context of the Greater São Paulo area), analysis of both journalistic and fictional material, and appraisal of documents from national and international institutions that discuss the course of the human rights in the contemporary societies.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-06062011-141206 |
Date | 17 February 2011 |
Creators | Freitas, Jefferson Belarmino de |
Contributors | Guimaraes, Antonio Sergio Alfredo |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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