As mudanças nas formas de apropriação do espaço na região do Vale do Ribeira têm proporcionado metamorfoses da territorialidade de populações camponesas. É nessa conjuntura que a luta pela terra de trabalho ganha nova expressão: resistência e permanência no território ancestral por meio da construção da identidade quilombola. Portanto, a territorialização da comunidade remanescente de quilombo Porto Velho é analisada frente aos desafios e estratégias de resistência para permanecer no território ancestral. O histórico de origem deste bairro rural identifica estes sujeitos sociais como descendentes dos escravos que habitavam estas terras desde 1860. Todavia, entre as décadas de 1950 e 1980, houve um período importante de submissão e relações de trabalho precárias a fazendeiros e terceiros. No final dos anos 1980, os camponeses enfrentaram ameaças que culminaram em expropriações e expulsões de boa parte dos quilombolas do território. No contexto marcado pela emergência do conflito, o grupo negro se organiza e inicia a luta pela terra com apoio da Pastoral da Terra, MOAB e EAACONE. A pesquisa sobre a população remanescente de quilombo Porto Velho, situada no município de Iporanga (SP), refletiu a perspectiva geográfica de como estes sujeitos sociais constroem suas relações no território quilombola, sua organização comunitária e sociabilidade, e as transformações no âmbito material e imaterial. Trata-se de um estudo cuja metodologia é constituída por trabalhos de campo, entrevistas, pesquisa bibliográfica e documental. O estudo realizado identificou a complexidade do processo de transformação deste território quilombola na busca por autonomia e liberdade. Os impactos de novas demandas, justapostas sobre o território e sobre a vida destes sujeitos sociais, trouxeram a necessidade de criar e recriar estratégias para a conservação de costumes e de luta pela terra e permanência no território que habitam há gerações. Entende-se que neste processo de conflitos por terra, a lógica imposta pelo capital não só provocou forte transformação no território ancestral, como ofereceu situação de risco social e cultural à própria sobrevivência da comunidade quilombola. / The transformations in the forms of the space appropriation in the Vale do Ribeira region have led to metamorphoses of the peasant populations territoriality. At this conjuncture, the land dispute has acquired a new expression: resistance and permanence in the ancestral territory by the construction of the quilombo identity. Therefore, the process of territorialisation of the quilombola remaining community Porto Velho is analysed dealing with the challenges and strategies of resistance to remain in the ancestral land. The historical origin of this rural district identifies these social subjects as descendants of slaves who inhabited these lands since 1860. However, between the 1950s and 1980s, there was an important period of submission and precarious relations of labor to farmers and others. In the late 1980s, the traditional inhabitants faced threats culminating in expropriation and expulsion of most part of the quilombo territory. In the context marked by the emergence of the conflict, the quilombola group organized and began the struggle by the land with the support of Pastoral da Terra, MOAB and EAACONE. Research on the remaining population of the quilombo Porto Velho, which is situated in Iporanga, São Paulo, reflected the geographical perspective of how these social subjects established their relationships in the quilombo territory, their community and sociability organizations, and their transformations concerning the material and immaterial sphere. The methodology used in the current study is constituted by fieldwork, interviews, and bibliographical and documental research. This research identified the complexity of the transformation process of the aforementioned quilombo in the quest for autonomy and freedom. The consequences of new demands, juxtaposed over the territory and the lives of these social subjects, brought the need to create and recreate strategies for the conservation of traditions; and struggling for land and permanence on the territory, which they have inhabited for generations. In this process of land conflicts, the logic, which was imposed by the capital, not only caused major transformations in the ancestral territory, but also has endangered the cultural and social survival of the quilombola community.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-29062016-134533 |
Date | 16 February 2016 |
Creators | Denise Martins de Sousa |
Contributors | Larissa Mies Bombardi, Valeria de Marcos, Renata Medeiros Paoliello |
Publisher | Universidade de São Paulo, Geografia (Geografia Humana), USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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