Este trabalho tem por objetivo desenvolver uma hipótese interpretativa sobre a grande política na filosofia de Friedrich Nietzsche, considerando o sentido deste conceito à luz do diagnóstico realizado pelo filósofo acerca do fenômeno global de desvalorização dos valores — o niilismo —, entendido como o evento por excelência que caracteriza a condição da modernidade ocidental. Inicialmente, procuramos estabelecer um diálogo com a interpretação de Keith Ansell-Pearson — que entende que a grande política seria uma proposta para o estabelecimento de um regime de governo aristocrático de cunho radicalmente aquiavelista. O objetivo de tal diálogo crítico é responder a esta leitura e a outras interpretações que compreendem a grande política nos moldes de uma proposta política tradicional. Num segundo momento, após uma breve discussão na qual nos posicionamos quanto aos critérios de leitura que irão orientar nosso trabalho, iniciamos a análise das passagens nas quais esta expressão ocorre, buscando destacar os dois sentidos com os quais o filósofo a emprega. Tanto em referência à política militarista e nacionalista do Reich alemão, como para significar sua própria proposta de cultivo de um novo tipo de homem de exceção. inda no segundo capítulo, com vistas a esclarecer o contexto a partir do qual emerge a preocupação do pensador com a grande política e sua respectiva crítica às práticas políticas do seu tempo, apresentamos o desenvolvimento das reflexões que integram seu diagnóstico sobre a condição da modernidade ocidental, como estando fundamentalmente marcada pelos fenômenos do niilismo e da décadence. Por fim, no terceiro e último capítulo, buscamos explicitar a grande política em seu segundo sentido, isto é, como proposta de cultivo de uma casta de homens espiritualmente destacados. Para tanto, consideramos esta expressão em seu aspecto morfológico, destacando as ressignificações operadas pelo filósofo com os termos “grande” e “política” e, em seguida, discorremos sobre as principais posturas espirituais que integram este exercício de cultivo e autolegislação: a valorização do conflito como ocasião para o fortalecim nto espiritual e o estabelecimento de uma hierarquia entre os homens segundo seus diferentes graus de forças psíquicas, por meio do pathos da distância, a partir do quê acreditamos ser possível concluir que este fortalecimento e cultivo seriam precisamente os meios propostos pelo filósofo para fazer frente ao problema do niilismo, não no sentido de evitar este evento, mas de buscar sua superação. / This work aims to develop an interpretative hypothesis about the Nietzschean concept
of great politics, considering its meaning under the light of his diagnosis concerning the
global phenomenon of devaluation of values — nihilism —, understood as the event par
excellence that characterizes the condition of Western modernity. Initially, we have
established a dialogue with Keith Ansell-Pearson’s interpretation of great poltics, which is
interpreted as proposing the establishment of an aristocratic and Machiavellian form of
government — in order to respond to this reading and to other interpretations that understand
great politics in the manner of a traditional political proposal. Secondly, after a brief
discussion in which we establish the reading criteria that will guide our work, we started the
analysis of those passages in which this expression occurs, seeking to highlight the two
different meanings with which the philosopher employs it. The concept of great politics
appear both in reference to the nationalist and militarist policy of the German
Reich and as referring to his own proposal for the cultivation of a new type of man. Still in the second
chapter, in order to clarify the context out of which the thinker’s concern with great politics
emerges and his respective critique of the political practices of his time, we present and
discuss the philosopher’s reflections concerning his diagnosis about the condition of Western
Modernity as being fundamentally marked by the phenomena of
décadence and nihilism. Finally, in the third and final chapter, we seek to develop great politics in its second sense, ie, as a proposal for the cultivation of a caste of spiritually prominent men. For that purpose, we consider this expression in its morphological aspect, analyzing the reinterpretation of the
words “great” and “politics” operated by the philosopher, as well as the major spiritual
positions which integrate this exercise of cultivation and self-legislation: the evaluation of
conflict as an occasion for the strengthening of the spirit and the establishment of a hierarchy
between men according to their different degree of psychic forces, through the
pathos of the distance, from what we believe to be possible to conclude that this strengthening and
cultivation would be precisely the means proposed by the philosopher to deal with the
problem of nihilism, not in the sense of avoiding this event, but seeking its overcoming.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.uft.edu.br:11612/483 |
Date | 31 March 2011 |
Creators | Vilas Bôas, João Paulo Simões |
Contributors | Duarte, André de Macedo |
Publisher | Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Brasil |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFT, instname:Universidade Federal do Tocantins, instacron:UFT |
Rights | Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal do Paraná como requisito parcial para a obtenção do título de mestre., info:eu-repo/semantics/openAccess |
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