HOLANDA, Maria Auxiliadora de Paula Gonçalves. Tornar-se negro: trajetórias de vida de professores universitários no Ceará. 2009. 213f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira, Fortaleza-CE, 2009. / Submitted by Maria Josineide Góis (josineide@ufc.br) on 2012-07-27T16:24:12Z
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Previous issue date: 2009 / The research deals with the stories of life of black professors of the Federal University of Ceará (UFC) and their identity constructions in the experiences of becoming black. We tried to find out and analyze their since the childhood to the moment they started working, in the continuous process of identification and negotiation which are part of the human formation.The focus of the investigation were the experiences of the professors in their multiple everyday relation with prejudice, discrimination and the stereotypes and its ways of confrontation, in a society that denies and silences racism. With this in mind, the research tried to understand the acknowledgment of being black in a country where the myth of racial democracy and the whitening policy are still in the social imaginary and where the institutional racism is a reality that hits many people in a symbolic and subtle manner. Furthermore, we aim is to know the perceptions of professors in relation to their affirmative actions and quota, a policy that has to do directly to the black people and that makes one reflect all the senses of being aware or not of the racial belonging. The analysis of the proposed object was built from life stories through ten semi-structured interviews with professors from different periods and of three big areas of teaching: humanities, health and the Engineerings. The theory supporting to develop the research methodology was inspired by biographic method, mostly in the studies of Ferraroti, Josso, Jovchelovitch & Bauer. The research is based mainly in Hall’s, Woodvard’s, Santos’, Elias’, Costa’s and Goofman’s studies to track the identity constructions, the subjectivity of becoming black in the identification processes and, further, the formation of identity in the family context, at school and in society as a whole. To complement the support from the theory, Da Matta’s, Skidmore’s, Nascimento’s, Guimarães’ and Hansenbalg studies have a highlighted position in the analysis of the racial democracy and in the whitening policy. All the authors agree with one of the main ideas from the thesis that the invisibility and absence of black people in the positions usually taken by white people are a perverse social-historical construction and the deconstruction of this idea lays on the conscience of one’s own black state, history and racial belonging, therefore, the construction of an identity. In the life stories from the professors, it was observed that the experiences about prejudice and discrimination lived in the familiar context are faced as jokes and are not a topic. About the experiences lived at school, the ones in which silence and denying of the prejudice are involved are still evident. The university as a locus of objetivation and appropriation of universal knowledge gave the black professors the social mobility and self-esteem elevation. For a few, the knowledge put them closer to the conscience of the racial inequalities, to others this seamed to keep it even more asleep. The results of the research and the objective reality show that becoming black tracks the process of becoming a social and historically mediated subject. Thus, as one suffers the multiple determinations arisen from the social relations of domination, the recognization of a black identity happens from the alternation of situations of exploitation guided by prejudice and discrimination and involved by the class conditions. / A pesquisa trata dos processos de construção de subjetividades dos professores universitários negros da Universidade Federal do Ceará (UFC) ao longo de suas trajetórias de vida. O caminho percorrido rumo ao objeto de análise foi conhecer e analisar as construções identitárias de professores dessa universidade nas experiências do tornar-se negro, vivenciadas desde a infância até o ingresso no mundo do trabalho, no contínuo processo de identificação e negociação próprio da formação humana. O foco dessa investigação foram as experiências desses sujeitos nas múltiplas relações cotidianas com o preconceito, a discriminação, e os estereótipos, e suas formas de enfrentamento, numa sociedade que nega e silencia sobre o racismo. Nesse sentido, buscou-se compreender como se deu o reconhecimento de ser negro num país onde o mito da democracia racial e a política de branqueamento ainda repercutem no imaginário social, e onde o racismo institucional é uma realidade que atinge muitas pessoas de forma simbólica e sutil. Ademais, objetivou-se conhecer as percepções dos professores em relação às ações afirmativas e cotas, políticas que dizem respeito diretamente aos negros, e que colocam em reflexão todos os sentidos de ser consciente ou não do pertencimento racial. A análise do objeto proposto foi feito a partir dos relatos de experiências de vida configurados em dez entrevistas semiestruturadas com professores de diferentes períodos e de cursos das três grandes áreas de ensino: Humanidades, Saúde e Engenharias. A base teórica para desenvolver a metodologia de pesquisa foi inspirada no método biográfico, sobretudo nos estudos de Ferraroti, Josso, Jovchelovitch e Bauer. A pesquisa apoia-se teoricamente, sobretudo nos estudos de Hall, Sodré, Woodvard, Santos, Elias, Costa e Goffman para dar conta das construções identitárias, das subjetividades do tornar-se negro nos processos de identificação e, por conseguinte, da formação de identidade no contexto familiar, da escola e da sociedade com um todo. Complementando o suporte teórico, os estudos de Da Matta, Skidmore, Nascimento, Guimarães e Hasenbalg ocupam lugar de destaque na análise sobre democracia racial e política de branqueamento. Todos os autores compactuam com uma das ideias centrais dessa tese: a de que a invisibilidade e a ausência de negros em espaços historicamente ocupados por brancos constituem uma perversa construção sócio-histórica, e a desconstrução dessa ideia recai sobre a consciência da própria negritude, da história e do pertencimento racial, portanto, da construção de uma identidade. Nos relatos dos professores foi observado que as experiências em relação ao preconceito e à discriminação vividas no contexto familiar são enfrentadas ainda como brincadeiras e pouco tematizadas. Quanto às experiências vividas na escola, recebem destaque aquelas em que o silêncio e a negação do preconceito ainda são evidentes. A universidade enquanto lócus de objetivação e apropriação do conhecimento universal propiciou aos professores negros a mobilidade social e a elevação da autoestima. Para alguns, o conhecimento os aproximou da consciência das desigualdades raciais, para outros, esta parece ter ficado ainda mais adormecida. Os resultados da pesquisa e a realidade objetiva evidenciam que o tornar-se negro acompanha o processo de tornar-se sujeito, social e historicamente mediado. Desse modo, ao sofrer múltiplas determinações advindas das relações sociais de dominação, reconhecer-se com uma identidade negra, inscreve-se a partir da alternância de situações de exploração eivadas de preconceito e discriminação, e envoltas na condição de classe.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.repositorio.ufc.br:riufc/3582 |
Date | January 2009 |
Creators | HOLANDA, Maria Auxiliadora de Paula Gonçalves |
Contributors | OLINDA, Ercília Maria Braga de |
Publisher | http://www.teses.ufc.br |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFC, instname:Universidade Federal do Ceará, instacron:UFC |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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