Este trabalho propõe um estudo sobre as concessões de rádio e televisão no Brasil e a influência dessas concessões nas relações raciais no Brasil dos dias atuais. Propomos uma reflexão sobre a exclusão da população negra dos meios de comunicação de massa e os reflexos produzidos por sua invisibilidade seletiva nesses veículos. Associamos a exclusão da população negra dos meios de comunicação de massa à sua exclusão do mercado formal de trabalho na iniciativa privada. Nossos questionamentos vão desde as razões que levam o Estado, quem concede, autoriza, permite e outorga o bem público, por que razão não interfere para coibir a deliberada invisibilidade seletiva produzida por esses meios contra a população descendente de escravizados africanos? Estamos supondo que a cessão do bem público, exatamente por ser do interesse de todos deveria estabelecer parâmetros que levassem em consideração o direito, a igualdade e a alteridade nas relações sociais, bem como a proporcionalidade dos grupos étnicos que compõem a rica diversidade da população brasileira. Os meios de comunicação de massa, suas grades de programações, bem como as agências de publicidade e seus anunciantes parecem ignorar a composição étnica de nossa sociedade. Ao contrário, buscam em suas programações e anúncios publicitários assemelhá-la à população da Suécia, quando o conjunto de sua representatividade étnica está muito mais próximo da África. Esta preferência por uma população alourada, sueca, que mesmo não existindo em nosso país em grande número, revela o lócus do racismo à moda brasileira, que consiste em suposta existência de uma democracia racial no Brasil. A nossa pesquisa desmente essa falsa cognição quando examinamos algumas revistas impressas e apontamos que as mulheres brancas no Brasil aparecem nessas publicações 94,08% contra apenas 6,081% das mulheres negras. O isolamento a que os meios de comunicação de massa submetem a população negra, antes revela uma inaceitável censura midiática. A exclusão produzida pelos meios de comunicação de massa reforça os estereótipos de inferioridades e incapacidade da população descendente dos escravizados. Estado e grande parte da sociedade se silenciam diante do óbvio. O \"mercado\" por sua vez, não é um ser inanimado, posto que formado por pessoas que cerceiam e impedem que negros se realizem como trabalhadores formais no mercado formal de trabalho do mercado formal de trabalho na iniciativa privada. Este quadro se agrava, quando observamos a exclusão deste mercado de modelos, atrizes e atores negros, que também ficam impedidos de se realizarem como profissionais desse meio visivelmente excludente e preconceituoso. No Brasil os negros, em razão de sua cor, são inferiorizados e desumanizados pelos meios de comunicação de massa, numa afronta aos direitos humanos. O silêncio e a indiferença são ferramentas poderosíssimas para a perpetuação do racismo no Brasil. A aparente inexistência de um racismo exacerbado, antes esconde a poderosa estrutura que o institucionaliza. As elites, com o beneplácito do Estado e da invisibilidade seletiva da população negra, tiram grandes proveitos. Nosso trabalho propõe uma reflexão sobre estes e outros aspectos que inviabilizam os negros de se realizarem como sujeitos de direitos. Denunciamos a existência de um jogo surdo, onde veladamente são determinados os espaços permitidos e proibidos à população negra, como é o caso da televisão, por exemplo. Por fim, esperamos contribuir com o debate na construção de políticas públicas que se traduzam em uma efetiva igualdade de direitos aos descendentes de escravizados no Brasil. / This paper proposes a study on the concession of radio and television in Brazil and influence of these concessions in race relations in Brazil of today. We propose a reflection on the exclusion of black people the means of mass communication and the reflections caused by the Stealth vehicles. We associate the exclusion of black people the means of mass communication to their exclusion from the formal labor market in the private sector. Our questions range from the reasons why the admnistration, who grants permits, and grants to the public good, why does not interfere to curb deliberate Stealth produced by such means against the descendants of enslaved Africans? We are assuming that the transfer of public good, for it is in everyone\'s interest was to establish criteria that took into account the law, equality, and diversity in social relations, as well as the proportion of ethnic groups that make up the rich diversity of the population. The means of mass communication, their grids schedules, as well as advertising agencies and advertisers seem to ignore the ethnic composition of our society. Instead, look at their schedules and advertisements liken it to the population of Sweden when the set of their ethnic representation is much closer to Africa. This preference for a population blond, Swedish, that does not exist in our country in large numbers, shows the locus of racism in the Brazilian style, which consists of the supposed existence of a racial democracy in our country. Our research refutes this false cognition when we look at some print magazines and point out that white women in Brazil is under these visible 94.08% versus 6.081% of black women. The isolation to which the media of mass undergoing the black population, before reveals an unacceptable media censorship. The exclusion produced by means of mass communication reinforces stereotypes of inferiority and incapacity of the descendants of slaves. Admnistration and much of society are silent on the obvious. The \"market\" in turn, that is not an inanimate thing, but people who curtail and prevent blacks are held as formal workers in the private sector. This picture gets worse when we look at the foreclosure market models, actresses and actors of color, who are also prevented from performing as professionals through this exclusive and clearly biased. In Brazil, the black, because of their color, are degraded and dehumanized by the media of mass communication in an affront to human rights. The silence and indifference are very powerful tools for the perpetuation of racism in Brazil. The apparent absence of a racism exacerbated, rather it conceals the powerful structure that institutionalizes. Elites with the permission of his admnistration and selective invisibility black population, takes great income. Our work proposes a reflection on these and other issues that prevent blacks are conducted as humans subjects of rights. We denounce the existence of a dull game, where veiled certain spaces are permitted and prohibited the black population, as is the case of television for example. Finally, we hope to contribute to the debate in the construction of public policies which result in an effective equal rights to the descendants of slaves in Brazil.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-11112011-113314 |
Date | 11 May 2010 |
Creators | Gaspar, Osmar Teixeira |
Contributors | Munanga, Kabengele |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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