Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Psicologia / Made available in DSpace on 2013-07-16T04:18:04Z (GMT). No. of bitstreams: 1
307594.pdf: 1056530 bytes, checksum: 52f9ae8c2a0ae043784fdc14f16ccc6a (MD5) / A violência praticada contra a população infanto-juvenil vem assumindo um papel de crescente destaque no conjunto da morbi-mortalidade em diferentes partes do mundo. A violência contra crianças tem sido considerada um problema de saúde pública em vários países, inclusive no Brasil, devido a alta prevalência na população e aos prejuízos para o desenvolvimento psicológico e social da vítima e de seus familiares. A violência familiar contra a criança refere-se a uma gama de situações que envolvem o desamparo, a negligência, abuso sexual e maus tratos físicos e psicológicos. A etiologia da violência familiar é multifatorial e sua compreensão exige a observação das circunstâncias e do ambiente em que a criança vive. O objetivo desta pesquisa foi avaliar repercussões psicológicas em crianças vítimas de violência familiar. Participaram desta pesquisa 59 crianças com idades entre 5 e 15 anos, identificadas, na literatura especializada como a faixa etária de maior prevalência de casos de violência contra crianças, que buscaram ou foram encaminhadas para o Setor de Atendimento Psicológico de Lesão Corporal do Instituto Médico Legal de Florianópolis (IML). Participaram, também, em função de sua proximidade e relação funcional com o processo de atendimento, as duas psicólogas que trabalham neste Setor, que realizam atendimento a vítimas de violência física e sexual, geralmente, praticados por seus familiares. Foram utilizadas como técnicas de coleta de dados a análise de registros de atendimento e protocolos clínicos, assim como uma entrevista semi-estruturada com as crianças, em duas etapas, procurando contemplar a experiência de violência vivida e aprofundar a vivência das crianças quanto ao ato violento (ou atos violentos) aos quais foram submetidos, seus sentimentos com relação ao ocorrido, tipos de pensamentos que tiveram durante e depois do episódio violento, fatores que contribuíram para que seu(s) familiar(es) as vitimizassem, fatores que contribuíram para que não ocorresse à prática da violência e quais as conseqüências da violência familiar, na percepção da criança, para sua vida. Os resultados principais indicam que: a) Os tipos de encaminhamentos realizados pelas agencias públicas com maior ocorrência são os atendimentos psicológicos; b) os mais elevados indicadores de violência familiar contra crianças foram observados em meninas do que os meninos, que as idades de maior incidência de violência foram 11, 10 e 5 anos, respectivamente, que o tipo de violência mais cometida contra as meninas é a de natureza sexual, e contra os meninos, a violência física e que os instrumentos mais utilizados para cometer a violência são de natureza psicológica, como ameaças, chantagens, aliciamento, entre outros menos citados.; c) Pais, em conjunto, são os familiares responsáveis pelo maior número de ocorrências de violências contras as crianças, porém, os padrastos, isoladamente, são os agentes agressores de maior incidência; d) as separações conjugais revelam ser a de maior ocorrência, seguidas de famílias recasadas, que são coerentes entre si e condizem com as respostas sobre os agentes agressores apontando o padrasto como o principal responsável pelas violências praticadas contra as crianças, no contexto familiar. Por fim, os resultados da pesquisa revelaram que crianças vítimas de violência familiar apresentam alterações emocionais, comportamentais, cognitivas e fisiológicas. Essas alterações podem, tanto caracterizar perturbações passageiras, típicas de prejuízos psicológicos, que não resultam numa ruptura da homeostasia anterior do organismo, quanto podem resultar em transtornos graves, duradouros e persistentes, atingindo um nível patológico, característicos de dano psicológico. / The violence against children and teenagers has been taking an increasingly prominent role in the overall morbidity and mortality in different parts of the world. Violence against children has been considered a public health problem in several countries, including Brazil, due to high prevalence in the population and the damage to the psychological and social development of the victim and their families. Family violence against children refers to a range of situations involving abandonment, neglect, sexual and physical abuse and psychological problems. The ethiology of familiar violence has many factors and in order to understand it, one must observe children´s environment. The objective of this research was to evaluate psychological repercussions of child victims of family violence. Participated in this study 59 children aged between 5 and 15, group with the highest prevalence of violence against children, who sought or were referred to the Setor de Atendimento Psicológico de Lesão Corporal do Instituto Médico Legal de Florianópolis (IML). Participants also because of its proximity and functional relationship with the service process, the two psychologists who work in this Setor who perform services for victims of physical and sexual violence, usually committed by their relatives. Main results indicate that: a) the types of referrals made by public agencies with the highest occurrence are psychological´s nature; b) the highest indicators of family violence against children were observed in girls than boys, the ages of highest incidence of violence was 11, 10 and 5 years respectively, the type of violence committed against girls most is sexual in nature, and against the boys, physical violence and that the most common instruments used to commit violence are psychological nature, such as threats, blackmail, deception, among other less mentioned; c) Parents together, family members are responsible for the greatest number of occurrences of violence against children, however, stepparents, alone, are the aggressors of higher incidence, d) reveal marital separations be the most frequent, followed by remarried families, which are mutually consistent and consistent with the responses on the aggressors pointing his stepfather as the main responsible for the violence committed against children in the context family. Finally, the survey results revealed that children who are victims of family violence have emotional, behavioral, cognitive and physiological. These changes may characterize both transient disturbances, typical of psychological damage, which did not result in adisruption of homeostasis of the anterior body, and can result in serious disorders, long-lasting and persistent, reaching a pathological level, characteristic of psychological damage.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/103363 |
Date | January 2011 |
Creators | Maciel, Saidy Karolin Maciel |
Contributors | Universidade Federal de Santa Catarina, Cruz, Roberto Moraes |
Publisher | Florianópolis |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | 162 p.| il., tabs. |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0022 seconds