Introdução: O trabalho em saúde indígena tem como característica marcante a interculturalidade. O locus da prática dos profissionais é o contexto intercultural. A atuação nesse espaço de trabalho exige conhecimentos e competências que, muitas vezes, não são abordados durante a formação acadêmica. É também escassa a oferta de cursos após a graduação. O foco deste estudo foi a compreensão e a análise das possibilidades de aprendizagem do enfermeiro a partir da vivência do trabalho no interior das áreas indígenas. Para isso, considerou-se a realidade concreta do trabalho como um potencial espaço de aprendizado, fortemente marcado pela interculturalidade. Objetivo: Analisar a vivência do trabalho de saúde dentro do território indígena como um espaço potencial de aprendizagem para que o enfermeiro qualifique a sua prática profissional voltada para a atuação neste contexto intercultural. Método: Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa do tipo estudo de caso. O campo do estudo foi o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xingu e os sujeitos da pesquisa foram os enfermeiros que nele atuam. Os dados primários foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas que abordaram a prática profissional e o processo de aprendizagem tendo como referência o trabalho no interior da terra indígena. A análise do material empírico foi realizada através da técnica de análise de conteúdo e com o apoio de conceitos do campo da antropologia e da educação tais como: competência profissional, aprendizagem significativa e interculturalidade. Resultados: A partir da inserção no serviço, os enfermeiros iniciam um processo de aprendizado que segue impulsionado cotidianamente pelas situações vivenciadas no trabalho e que tem os indígenas como principais mediadores. Aos poucos, os profissionais aprendem a identificar e mobilizar os recursos necessários para uma atuação profissional mais competente que atenda às demandas do contexto. A reprodução de práticas e atitudes é a principal estratégia utilizada pelos profissionais para lidar com as dificuldades. Dentre os elementos que compõem a competência para o trabalho nesse campo, se destacam as atitudes na relação com os indígenas e suas práticas. As representações e concepções trazidas pelos profissionais interferem na atuação profissional. A interculturalidade se mostra como fator inerente que caracteriza o contexto e as demandas que são colocadas aos profissionais que nele atuam. O distanciamento da gestão do DSEI faz com que tanto o processo de aprendizado quanto o desenvolvimento de competências ocorram de maneira autodirigida. Conclusões: O perfil da atuação profissional do enfermeiro ganha forma, quase que exclusivamente, a partir de referências encontradas dentro da área indígena contribuindo para a consolidação de um modelo de atenção distante do proposto nas diretrizes políticas / Introduction: The work in Indigenous Health is characterized by interculturality. The locus of practitioners\' practice is the intercultural context. Acting in this workspace requires knowledge and skills that are often not addressed during academic education. The offer of courses after graduation is also scarce. The focus of this study was the understanding and analysis of nurses\' learning possibilities based on the experience of work within indigenous areas. For this, the concrete reality of work was considered as a potential learning space, strongly marked by interculturality. Objective: To analyze the experience of health work within indigenous lands as a potential learning space for nurses to qualify their professional practice geared towards acting in this intercultural context. Method: This is a descriptive study of a qualitative approach of the case study type. The field of study was the Indigenous Special Sanitary District (DSEI) Xingu and the research subjects were the nurses who work in it. The primary data were obtained through a semi structured interview that approached the professional practice and the learning process having as reference the work in indigenous land. The analysis of the empirical material was carried out through the technique of content analysis and with the support of concepts of the field of anthropology and education, such as: professional competence, meaningful learning and interculturality. Results: As from the insertion in the service, the nurses begin a learning process that continues driven daily by the situations experienced in the work and that has the indigenous people as main mediators. Professionals are gradually learning to identify and mobilize the resources needed for more competent professional action that meets the demands of the context. Reproduction of practices and attitudes is the main strategy used by practitioners to deal with difficulties. Among the elements that compose the competence for the work in this field, the attitudes in relation with the natives and their practices stand out. The representations and conceptions brought by the professionals interfere in the professional performance. Interculturality shows itself as an inherent factor that characterizes the context and the demands that are presented to the professionals who work in it. The distance from the DSEI management makes both the learning process and the development of competencies occur in a selfdirected way. Conclusions: The profile of nurses\' professional performance is shaped, almost exclusively, from references found within the indigenous area, contributing to the consolidation of a model of attention that is far from that proposed in the political guidelines
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-29082017-152141 |
Date | 17 August 2017 |
Creators | Martins, Juliana Cláudia Leal |
Contributors | Martins, Cleide Lavieri |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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