Return to search

A pintura como modelo para uma filosofia da expressão Maurice Merleau-Ponty

Made available in DSpace on 2016-04-27T17:27:10Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Ana Cristina Martins Westphal.pdf: 900341 bytes, checksum: f08d38baede0b09a98d340036e9bd050 (MD5)
Previous issue date: 2015-03-09 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This paper aims to clarify the relationship that Merleau-Ponty establishes between painting and philosophy while planning on a reflexive practice "according to" painting procedures. Notably Merleau-Ponty articulates this relationship based on a system of equivalences and relations of analogy whose backgrounds are perception and expression. Although Merleau-Ponty has created a series of metaphorical relations in which painting presents to philosophy as a possible reference -it cannot be affirmed at any given point in time that he seeks to create an aesthetic theory -rather, it is clear that he does not wish to talk "about" painting but "according to" painting. In Eye and Mind Merleau-Ponty works with the idea that a pictorial image is not to be seen from an objectifying relation because the observer does not look at a painting as if looking at an object, the eyes pop out of the head, wander around the painting while it resonates back to these eyes as if it had stemmed from the eyes themselves. This magical vision theory which introduces the idea that vision echoes from the observer‟s interior and makes him believe that the thing is embedded in his flesh appears to Merleau-Ponty through Cézanne‟s painting. The subject is linked to the essence of appearance, to the vision which restores presence, the body and the world. In analogy, Merleau-Ponty confronts the resulting meaning of perception and of spontaneous body gestures to the uniqueness of a work of art. But why does Merleau-Ponty see in painting a model that can serve the purpose of a reflexive practice? In order to answer this question this paper works through the "major subjects" that support Merleau-Ponty‟s reflections such as the Being, the world, the other, the body, returning to conclude with the question above. The starting point is when Merleau-Ponty manifests his desire, that is, to understand the language that begins "in" mankind and not "by" mankind. His assumption is that painting to his eyes becomes the flesh model of such language, that is, he takes painting as the "materialization" of vision inspecting the world
10
instead of a vision that has already a determined meaning system. As an elusive "logic" a "logic" without an exterior model the point in which the eye expresses the first trace of mankind in the world. Merleau-Ponty wishes to demonstrate that there is a first language which precedes a systemic language. A language that does not have its meaning manifested through the relation between word and concept-a sign for a preexisting meaning-but, on the contrary, a language that is created spontaneously amid the intertwining of meaning made transparent through body action. Therefore, it can be stated that meaning is manifested by an invasive relationship [empiétement] and involvement [Ineinander experience] among them. This "language without thought" has its symbolization strength closely related to motion and vision. Vision is the background that supports all of Merleau-Ponty‟s reflection about the origin of meaning: its innateness to [perception], its concerns [things, others, the world], and its results [expression]. The experience of vision makes him question the ways in which to access the visible: the visible, says Merleau-Ponty, rejects its premises when it becomes the outer synthesis. The redesign of the movement of vision appears in his reflection on the clairvoyant-like vision and it retains Cézanne‟s vision at a margin. According to Cézanne, vision is not accepted as a vision from the outside that is presented to him, but as secret genesis of things in the body itself, as an enclosure of the world in the body. The painter, says Cézanne, should not obey the logics of the mind because in it he would be lost and it is with the eyes, assures Cézanne, that the painter must be lost. The eye restores to Cézanne and Merleau-Ponty a feeling of expression of the thing in itself an eye which provides them in the "now" the thing "in the flesh". Like a tidal wave the work of Merleau-Ponty in an act of displacement, it swallows concepts and returns another concept / O trabalho tem como objetivo explicitar a relação que Merleau-Ponty estabelece entre pintura e filosofia, ao se propor pensar a prática reflexiva segundo os procedimentos da pintura. Ver-se-á que Merleau-Ponty as articula a partir de sistemas de equivalências e relações de analogia, que têm como fundo a percepção e a expressão. Conquanto, muito embora Merleau-Ponty tenha criado uma série de relações metafóricas em que a pintura aparece à filosofia como um possível referencial, em nenhum momento poder-se-á dizer que ele procura criar uma teoria estética, ou melhor, ver-se-á que ele não deseja falar sobre pintura, e sim segundo a pintura. Em O olho e o espírito Merleau-Ponty trabalha com a ideia de que a imagem pictórica não é vista a partir de uma relação objetal, pois o observador não olha a pintura como quem olha uma coisa, seus olhos saem da cabeça, passeiam pela pintura, enquanto esta ressoa a esses olhos como que provinda deles próprios. Essa teoria mágica da visão, que permite dizer que o visto ecoa do interior daquele que vê, e fá-lo crer que a coisa incrusta-lhe na carne, aparece à Merleau-Ponty pela pintura de Cézanne. A questão vincula-se à essência do aparecer, ao olhar que restitui à presença, o corpo e o mundo. Como um análogo, Merleau-Ponty confronta o sentido resultante da percepção e dos gestos espontâneos do corpo à singularidade da obra de arte. Mas porque Merleau-Ponty vê na pintura um modelo que pode ser destinado à prática reflexiva? Para responder a esta questão o trabalho passa pelos grandes temas que sustentam a reflexão de Merleau-Ponty, como o ser, o mundo, o outro, o corpo, para então concluir com a questão colocada. Partir-se-á do ponto que Merleau-Ponty diz ser seu desejo, ou seja, compreender a linguagem que se faz no homem e não, pelo homem, por supor que a pintura, a seus olhos, torna-se o modelo carnal dessa linguagem, ou seja, que ele toma a pintura como materialização dos olhares na inspeção do mundo, não quando estes olhares já se tornaram um sistema de significantes, mas enquanto
8
lógica alusiva, lógica sem modelo exterior, ponto em que o olho exprimir o primeiro traço do homem no mundo. O que Merleau-Ponty deseja mostrar é que há uma linguagem primeira, que é anterior à linguagem sistematizada, linguagem que não tem seu sentido manifesto na correspondência de uma palavra a um conceito um signo para uma significação já definida -, mas, ao contrário, é linguagem que se cria espontaneamente no entrelaçamento dos sentidos, transparentes por sua vez, na ação do corpo próprio. Assim sendo, poder-se-á dizer que o sentido se manifesta a partir de uma relação de invasão [empiétement] e envolvimento [experiência de Ineinander] entre eles próprios. Essa linguagem sem pensamento tem sua potência de simbolização intimamente relacionada à motricidade e ao olhar. O olhar é o fundo que sustenta toda a reflexão merleau-pontyana sobre a origem do sentido: sua inerência à [percepção], o que ele toca [coisa, outro, mundo], e o que dele resulta [expressão]. A experiência do olhar fá-lo questionar o modo de acesso ao visível: o visível, diz Merleau-Ponty, esquece suas premissas ao tornar-se a sìntese do fora . O redesenho do movimento do olhar aparece em sua reflexão sobre o vidente-visível, reflexão que conserva, na margem, o olhar de Cézanne. Em Cézanne a visão não é acolhida como olhar sobre o fora que se lhe apresenta, mas como gênese secreta das coisas no corpo próprio, como anexação do mundo no corpo. O pintor, diz Cézanne, não deve obedecer a uma lógica cerebral, pois nela ele se perderia, e é com os olhos, afirma Cézanne, que o pintor deve perder-se. O olho restitui à Cézanne e a Merleau-Ponty o pressentimento da expressão na própria coisa, olho que lhes dá no agora a coisa em carne e osso . Como uma grande onda, a obra de Merleau-Ponty, num movimento de arrastamento, engole os conceitos, e os devolve outros

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:leto:handle/11674
Date09 March 2015
CreatorsWestphal, Ana Cristina Martins
ContributorsMuchail, Salma Tannus
PublisherPontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia, PUC-SP, BR, Filosofia
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP, instname:Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, instacron:PUC_SP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0026 seconds