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Exuberância e invisibilidade: populações moventes e cultura em São Paulo, 1942 ao início dos anos 70 / Exuberance and invisibility: migrants and culture in São Paulo, from 1942 to beginning of seventies

Com esta investigação proponho o estudo da cultura por uma vertente não canônica, convergindo para o conteúdo humano, imaginativo e desejante presente na cidade de São Paulo na segunda metade do século XX. Para isso, trabalhei entre outras fontes com a obra de alguns mediadores culturais: Carolina Maria de Jesus, Plínio Marcos, João Antonio e Ozualdo Candeias, que se encontravam nas vias de comunicação entrecruzada entre a cultura formal, o espetáculo e o gesto espontâneo, inscrevendo suas impressões, de forma delicada, com um rústico alfabeto na superfície instável que era a cidade de São Paulo entre as décadas de 40 e 60, encantando com palavras, imagens, gestos e ritmos, ao mesmo tempo em que se deixavam encantar pela gestualidade, a exuberância e o transbordamento que os cercavam. Parti assim de uma concepção de cultura como criação móvel e movente, que envolve o uso experimental e tático de elementos dispensados por diferentes segmentos da sociedade e das sobras de tradições as mais diversas por parte daqueles que não tinham paradeiro, mas que buscavam um canto. O que traz em si o desvio (détournement) situacionista de Guy Debord, a caça não-autorizada (braconnage) de Michel de Certeau e a viração de João Antonio e Plínio Marcos, ou seja, a apropriação não permitida, nas fímbrias da invisibilidade, daquilo que é lançado pela sociedade e o seu uso em sentidos diferentes daqueles que foram determinados, não apenas com a intenção de sobrevivência, mas também, e foi o que aqui mais me interessou, com a possibilidade do \"desperdício\" da criação / This research proposes the study of culture under a non canonical view, which converges to the human, imaginative and desiring content found in the city of São Paulo during the second half of the 20th century. To that end, I researched the works of the following cultural mediators, among others: Carolina Maria de Jesus, Plínio Marcos, João Antonio, and Ozualdo Candeias, who were at the communication crossroads of formal culture, the spectacle and the spontaneous gesture, and used a rustic alphabet to write with grace their impressions on the unstable surface which was the city of São Paulo between the 1940s and 1960s. They enchanted people with their words, images, and rhythms while they became themselves enchanted by the gestures, the exuberance and the overflow of emotions around them. My starting point was therefore a concept of culture as creation on the move and movable, which involves the experimental and tactical use by drifters - looking for a haven and a song - of elements cast away by different segments of society, and leftovers of diverse traditions. This carries in itself Guy Debord\'s situational deviation (détournement), Michel de Certeau\'s poach (braconnage), and João Antonio\'s viração, that is, unallowed appropriation, on the fringes of invisibility, of what society throws away to be used with meanings that are different from those that were previously determined, not only for the purpose of survival, but - and this has interested me most - as a possibility of \"waste\" of creation

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-16072007-104536
Date19 January 2007
CreatorsPeres, Elena Pajaro
ContributorsSevcenko, Nicolau
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
TypeTese de Doutorado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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