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Das verdades na mídia jornalística sobre o aborto e a vida vinculadas à clandestinidade, violência sexual, drogadição, anencefalia e biotecnologias : o governo do viver/morrer

Numa sociedade voltada ao fazer viver, em que se busca a longevidade e a saúde, a crescente prevenção de riscos à saúde e ao viver coloca em ação estratégias de governo para “vitalidade”. Tais estratégias propõem-se a estimular e intensificar a “vontade” de saúde/vida/felicidade; a observação, o acompanhamento, a medicalização e o controle do corpo/saúde da mulher grávida; a promoção da saúde e da vida/morte dos não-nascidos; e o uso das tecnologias biomédicas, por exemplo. Essas questões, articuladas à temática do aborto, moveram-me a investigar as “verdades” direcionadas ao “governo" dos corpos e da vida da mulher grávida e de seu “filho”. Considerar as maneiras pelas quais a subjetividade vem se tornando objeto de certas estratégias e procedimentos de governo e também o lugar de destaque da mídia enquanto instância que integra os processos constitutivos de nossas subjetividades ao veicular “verdades” torna relevante a análise das reportagens que tratam sobre o aborto. Tomei como corpus de análise as reportagens dos jornais Zero Hora (ZH), de Porto Alegre/RS, e Folha de São Paulo, de São Paulo/SP, publicadas ao longo dos anos de 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012. A partir das vertentes pós-estruturalistas dos Estudos Culturais, da noção de governamento para Michel Foucault e de vitalidade para Nikolas Rose, busquei conhecer as estratégias biopolíticas voltadas ao governo das condutas e investigar como elas operavam, a fim de compreender e dar visibilidade aos diversos níveis de atuação do biopoder. Para isso, problematizei: algumas transformações que vêm ocorrendo nas formas como se lida e fala de práticas ligadas ao aborto e à vida/morte; as implicações dessas noções no governo dos corpos para a vitalidade e na produção e determinação de “verdades” que constituem as subjetividades e éticas em relação ao aborto e ao viver/morrer; por fim, a possibilidade de relacionar essas formas de governo à eugenia. As análises levaram-me a pensar, entre outras coisas, que, nessa relação de governo entrecruzada por discursos de mercado, consumo, prevenção de riscos e promoção de vida/saúde, se ajustam e afirmam as construções, limitações e transformações de sujeito, julgamentos morais, estigmas e desigualdades sociais. Além disso, tratar do aborto significa lidar com uma “arena de significações” na qual estão em luta diversas instâncias – religiosas, políticas, médicas, legislativas, morais, mercadológicas e midiáticas. / In a society concerned with making live, which seeks for longevity and health, the growing prevention of risks to health and living triggers government strategies for ‘vitality’. Such strategies aim at stimulating and intensifying, for instance, a ‘desire’ for health/life/happiness; the observation, follow-up, medicalization and control of pregnant women’s body/health; the promotion of health and life/death of the unborn; and the use of biomedical technologies. Such issues, articulated with abortion, have caused me to investigate the ‘truths’ directed to the ‘government’ of pregnant women’s body and life as well as their ‘children’s’. The analysis of reports dealing with abortion are important if we consider the ways through which subjectivity has become an object of certain government strategies and procedures, besides having a remarkable place in the media, which integrates processes that constitute our subjectivities by spreading ‘truths’. The corpus of analysis of this study consists of reports taken from two newspapers: Zero Hora, from Porto Alegre/RS, and Folha de São Paulo, from São Paulo/SP. The reports analyzed were published in the years of 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 and 2012. From post-structuralist lines of the Cultural Studies, Michel Foucault’s notion of government, and Nikolas Rose’s conception of vitality, I have both attempted to know the bio-political strategies intended to govern conducts, and investigated how they operated, in order to understand and bring visibility to the several levels of the bio-power action. I have problematized some changes that have occurred in the ways one deals with and talk about practices associated with abortion and life/death; the implications of such notions for both the government of bodies seeking for vitality and the production and determination of ‘truths’ that constitute subjectivities and ethics related to abortion and living/dying; finally, the possibility of relating such forms of government to eugenics. Among other things, the analyses have enabled me to think that subject constructions, limitations and transformations, moral judgments, stigmas and social inequalities have been adjusted and affirmed in this government relationship, intertwined with discourses of market, consumption, risk prevention and life/health promotion. Besides, addressing abortion means dealing with an ‘arena of significations’ in which several spaces are competing – religion, politics, medicine, law, moral, market and media.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/70764
Date January 2012
CreatorsWitt, Neila Seliane Pereira
ContributorsSouza, Nádia Geisa Silveira de
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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