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Relações de gênero, subjetividades e docência feminina

Resumo: Esta tese é um estudo sobre a docência feminina na teologia em instituições católicas de ensino superior. Ao longo da história, o campo do saber teológico se caracterizou como um lugar predominantemente masculino, sendo estruturado como não inteligível para as mulheres. Essa concepção, estrategicamente sustentada, fez com que as mulheres fossem mantidas longe da produção das ideias, da metodologia e da epistemologia que produziu saberes teológicos, por centenas de anos, salvo raras exceções. Tal situação tem profundas raízes na cultura das relações de poder, que produziram os saberes no catolicismo e em outras religiões. A exclusão feminina precisou deparar-se com novos constructos para, desde a concepção de novas perspectivas de Igreja e de sujeitos, emergir como tema das relações de poder que precisavam ser modificadas. Desse modo, o contexto cultural contemporâneo produziu as possibilidades para a inserção de mulheres como estudantes e como profissionais nos cursos de teologia. Esse fato não foi isolado, isso porque, a partir da década de 1970, as mulheres, em geral, foram se inserindo em diferentes áreas acadêmicas, impulsionadas por um contexto de transformações socioculturais. Apesar dessa conquista, os índices da participação feminina na docência em teologia são bem reduzidos, quando comparados com as outras áreas das humanidades. Daí porque, nesta tese buscamos compreender como as mulheres se produzem sujeitos femininos de saber teológico, num lugar marcado por uma lógica de gênero de ordem simbólica masculina e evidenciar como são as dinâmicas de poder e de gênero que perpassam os processos de inserção e de construção da docência feminina. Os dados necessários à pesquisa foram coletados por meio de um questionário enviado a todas as Instituições Católicas do Brasil, que possuíam graduação em teologia e por meio de quatorze entrevistas com mulheres docentes de três instituições. As análises foram desenvolvidas com base na perspectiva de gênero, em sua relação com as ciências sociais. Entre as conclusões deste estudo, constatamos que a participação reduzida das mulheres na docência em teologia tem conexão com a reprodução histórica de representações simbólicas de gênero, inscritas nos discursos e nas práticas das instituições de ensino. Também foi possível compreender que o tornar-se professora, sujeito feminino de saber, é uma experiência tensa em relação aos dispositivos de poder da ordem masculina, instaurada nas instituições teológicas. No entanto, as docentes, por meio do seu engajamento social e de suas experiências situadas, produzem uma ética de si, ressignificando o sistema simbólico de gênero e afirmando-se politicamente na diferença, como estratégias do seu devir sujeitos femininos de saber teológico. É uma subjetividade que se constitui, dentro e fora da lógica do poder hegemônico, no vivido da história presente, porém como um processo nunca completo, sempre em estado de devir, numa espécie de nomadismo subjetivo. Mesmo que nem sempre reconhecidas e em meio a tensões e contradições, as docentes produzem suas ferramentas políticas de poder para ocupar espaços de liderança, inaugurar práticas inovadoras, produzir saberes, criando as suas condições e possibilidades de agência como mulheres. Palavras-chave: Relações de gênero. Subjetividades. Docência feminina. Ensino superior. Teologia Católica.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/36056
Date January 2014
CreatorsFurlin, Neiva
ContributorsTamanini, Marlene, Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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