A psicologia do trabalho vivencia impasses relacionados ao seu próprio objeto e à compreensão das transformações no mundo contemporâneo. Desde o final do século XIX, o trabalho passou a ser dimensionado pela sua institucionalização na forma do emprego, constituindo-se numa referência importante numa sociedade que se industrializava muito rapidamente. Contudo, a sustentação desse referente social tem impactos na subjetividade e sofre modificações a partir da sociedade de consumo, na qual as trocas sociais são marcadas pela mediação e usufruto de bens e serviços, lógica à que o trabalho também adere. Teorizamos que a Psicologia do Trabalho, em sua análise acerca da organização do trabalho e do sofrimento psíquico, necessita incluir a dimensão do consumo em sua reflexão, tendo em vista sua presença incontestável no trabalhar hoje. Para provar essa proposição, apresentamos formulações oriundas das teorias da sociedade de consumo que explicitam as mudanças ocorridas nas relações entre os sujeitos e a sua condição de vida, a partir das modalidades de enfrentamento das vicissitudes da existência, levando em conta as contingências históricas da sociedade industrial. O norteador teórico desta análise é a Psicanálise, especialmente as contribuições de Freud e Lacan, em que as formulações de mal-estar e de discurso são balizadoras. A construção desta proposição busca no texto A Caverna, de José Saramago, o registro literário que metaforiza as questões nodais darelação entre trabalho e consumo, o que possibilita um diálogo profícuo entre um discurso que pode ser tomado como social e a formulação teórica proposta. Na consecução desse percurso, indicamos os desdobramentos que vislumbramos no mundo do trabalho a partir da implicação entre o trabalho e a sociedade de consumo / Work psychology has gone through impasses related both to its own object and to the understanding of contemporary world changes. Since the late nineteenth century, work has been dimensioned from its institutionalization as a job, thus constituting an important reference in a society that was quickly becoming industrialized. However, supporting this social reference has impacts upon subjectivity and undergoes changes from the consumption society, in which social exchanges are marked by both mediation and fruition of products and services, a logic to which work also adheres. We have theorized that work psychology, in its analysis of work organizations and psychic suffering, needs to include the consumption dimension in its reflection, considering its incontestable presence in working today. In order to prove this proposition, we have presented formulations stemmed from theories about the consumption society that make explicit the changes both in relationships among subjects and in their livelihood, from the modalities to face vicissitudes of existence, taking into account the historical contingencies of the industrial society. The theoretical guideline of this analysis is Psychoanalysis, especially the contributions made by Freud and Lacan, in which formulations of discontentment and discourse are considered. The construction of this proposition finds in the text The Cave, by José Saramago, the literary record that provides a metaphor to central issues of therelationship between work and consumption, which allows for a productive dialogue between a discourse that can be taken as social and the theoretical formulation proposed. In the achievement of this trajetory, we have identified developments in the work world from the implication between work and consumption society
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-11072018-123529 |
Date | 25 November 2005 |
Creators | Ziliotto, Denise Macedo |
Contributors | Malvezzi, Sigmar |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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