Return to search

Entre a casca e o núcleo: a importância de um “outro” narrador para a estruturação do sujeito falante

Submitted by Pedro Barros (pedro.silvabarros@ufpe.br) on 2018-10-02T21:31:26Z
No. of bitstreams: 2
license_rdf: 811 bytes, checksum: e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34 (MD5)
DISSERTAÇÃO Pedro Gabriel Bezerra da Fonsêca.pdf: 4476865 bytes, checksum: d45acde3803f601ce5a5d503b5e696f4 (MD5) / Approved for entry into archive by Alice Araujo (alice.caraujo@ufpe.br) on 2018-11-22T22:50:54Z (GMT) No. of bitstreams: 2
license_rdf: 811 bytes, checksum: e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34 (MD5)
DISSERTAÇÃO Pedro Gabriel Bezerra da Fonsêca.pdf: 4476865 bytes, checksum: d45acde3803f601ce5a5d503b5e696f4 (MD5) / Made available in DSpace on 2018-11-22T22:50:54Z (GMT). No. of bitstreams: 2
license_rdf: 811 bytes, checksum: e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34 (MD5)
DISSERTAÇÃO Pedro Gabriel Bezerra da Fonsêca.pdf: 4476865 bytes, checksum: d45acde3803f601ce5a5d503b5e696f4 (MD5)
Previous issue date: 2011-11-30 / CNPq / A presente pesquisa trata sobre quadros de atraso no aparecimento da fala, dentre os quais o autismo é a sua expressão mais extrema, com o objetivo de analisar o discurso de mães de crianças com suspeita de autismo que chegam em uma instituição clínica, identificando a presença ou ausência de determinadas condutas narrativas maternas e se elas podem interferir no fornecimento de elementos necessários para a ocorrência da fala em crianças. Partimos da hipótese de que um discurso narrativo, que inclua a criança como personagem do mundo dos falantes, é elemento necessário para convidá-la ao exercício da fala. Nossa visão de cognição é aquela sugerida por Lev Vygotsky, a saber, uma cognição não natural, onde as aptidões mentais são transitivadas (mediadas) por um outro, usuário da língua e embaixador da cultura. Como contribuições da Psicanálise nos valemos da teoria freudiana com sua hipótese de um “isolamento autístico” como etapa constitutiva de toda criança que, no curso de sua estruturação, passaria pela experiência de estar encerrada dentro de uma metafórica casca de ovo protegida contra as exigentes demandas do meio. Consideramos também as contribuições de Jacques Lacan que, com seu conceito de “Outro”, sugere que um cuidador quebra a tal casca pelo estabelecimento de uma situação afetiva que empurra a cria pra fora do ovado invólucro supondo-lhe uma demanda expressa narrativamente. Nossos dados foram obtidos a partir de entrevistas com mães de crianças com mais de três anos de idade que portavam uma queixa (suspeita) de autismo e que não possuíam em sua história clínica surdez, lesões ou déficits que por si só respondessem pelo quadro de mutismo. As mães foram interpeladas na triagem de um CAPSi especializado na atenção a crianças com problemas de fala (mormente autismo e psicose). As falas das mães passaram pela Análise Proposicional do Discurso proposta por Laurence Bardin e encontramos excessivas referências das mães a tudo o que se colocava aquém da dupla (mãe e criança) como “apego”, “doença”, “culpa” e “investimento”. Encontramos destarte poucas referências a elementos externos, um isolamento notável do mundo dos falantes e uma precariedade narrativa no em torno imediato das crianças de quem se lhes supunha bem pouca coisa. Nossos achados nos permitem supor que a simples presença de condutas narrativas é insuficiente se tais condutas não forem para além das questões meramente materiais e relativas à sobrevivência da criança, sendo necessária, além da prestatividade nas demandas práticas, uma dimensão de reconhecimento de que a criança lhe faz uma demanda. Concluímos que quando um Outro testemunha o valor de mensagem das ações infantis (atribuindo-lhe sentido discursivo ao mínimo ruído) está criando uma linguagem particular, um dialeto de aceitação, uma primeira língua que convoca a criança ao uso da língua compartilhada, ao universo simbólico das trocas culturais e que embora não seja suficiente (visto que outros fatores podem ocorrer concomitantemente), tal situação se configura como necessária para que uma criança emerja à fala. / In this present research we dealt with language acquisition deficits, where autism is the most extreme expression, aiming the analysis of the discourses of mothers of children at risk of autism, who came to a clinical institution identifying the presence or the lack of certain maternal narrative behaviour and if these could interfere in the provision of necessary elements for the appearance of language in children. We hypothesized that a narrative discourse, which includes the child as a character of the speaker’s world, is a necessary element to invite her to the use of language. Our vision of cognition is the one suggested by Lev Vygotsky, which is a non-natural cognition, where mental aptitudes are transitive (mediated) by another one, user of language and ambassador of culture. As contributions from Psychoanalysis, we have taken after Freud’s theory concerning the hypothesis of “autistic isolation” as a developmental milestone of children who, in the course of structuring, would go through the experience of being closed inside of a metaphorical eggshell protected from the stringent demands of the context. We also considered Jacques Lacan contributions which, with the concept of “Other”, suggests that a care taker breaks the shell by establishing an affective situation which pushes the offspring from the shell, presuming an expressed narrative demand. Our data were constructed from interviews with the mothers of children over three years of age with a suspicion of autism and who didn’t have a clinical history of deafness, injuries or deficits which by itself could be responsible for muteness. The mothers were approached at a CAPSi trial, specialized in the care of children with speech deficits (especially autism and psychosis). Mothers’ speeches were analysed under Laurence Bardin’s “Propositional Analysis of the Discourse”, and we found excessive references from the mothers concerning everything that was beyond the dyad (mother and child) such as “attachment”, “sickness”, “guilt” and “investment”. Few references were found related to extreme elements, a notable isolation from the speaker’s world and a poor narrative regarding the immediate surroundings of the children, whom not much was expected from. Our findings allow us to suppose that the mere presence of narrative behaviours is insufficient if these don’t go beyond the material aspects and related to the survival of the child, making it necessary, above the helpful practical demands, a dimension of recognition that the child is conveying a demand. We conclude that when an Other testifies the value of message conveyed by the child’s actions (ascribing a discourse sense at minimum sound) is creating a particular language, a dialect of acceptance, a primary language which calls up the child to the use of shared language, to the symbolic universe of cultural exchanges that albeit not sufficient (taking that other factors might occur at the same time) such situation may be configured as necessary for the child to bear language.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/27727
Date30 November 2011
CreatorsFONSÊCA, Pedro Gabriel Bezerra da
Contributorshttp://lattes.cnpq.br/1172756538624937, DE CONTI, Luciane
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco, Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva, UFPE, Brasil
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
RightsAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil, http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/, info:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.006 seconds