Return to search

Ontologia gestáltica

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2016. / Made available in DSpace on 2017-05-23T04:24:29Z (GMT). No. of bitstreams: 1
345638.pdf: 2472254 bytes, checksum: c3c573d4a1cd25f16f43677482a930c0 (MD5)
Previous issue date: 2016 / Paul Goodman foi um dos pilares do movimento anarquista americano. Paul Goodman foi um escritor, crítico literário, psicoterapeuta, crítico político e posteriormente (a partir dos anos de 1960) tornou-se um ferrenho crítico dos modelos de educação tradicional e um dos principais nomes da desescolarização, sendo um ativista do movimento contra a escolarização obrigatória. Por conta dessa amplitude de temas, Goodman teve seus debates atravessados pela antropologia, pela educação, pela psicanálise, pela filosofia, pela psicologia e várias outras áreas. Goodman produziu uma leitura gestáltica da experiência que fora fundamental para construir suas perspectivas clínicas, políticas e educacionais. Assim, o objetivo desta tese é caracterizar na obra de Paul Goodman a vigência de um modelo de descrição e compreensão da experiência o qual caracteriza uma ontologia gestáltica, o que significa dizer: um modelo em que a experiência é descrita como um todo de diferentes dimensões e que não têm síntese entre si. Em segundo lugar, mostrar em que o sentido ontológico gestáltico serviu de base para Paul Goodman estabelecer a crítica aos modelos políticos, clínicos e educacionais de sua época. Goodman, desde seus primeiros escritos, apontava a importância de uma profunda reflexão sobre a natureza humana para fundamentar seus debates políticos. Como um leitor de John Dewey, Goodman entendia que a reflexão política em prol de uma sociedade democrática e o impacto das instituições coercitivas na vida dos indivíduos precisavam, necessariamente, de uma elucidação acerca dos fundamentos da natureza humana. Porém, para além de Dewey, é na psicanálise freudiana e parafreudiana (principalmente nas ideias de W. Reich) que Goodman procurará responder a essa questão. Foi na década de 50, ao escrever o tomo teórico do livro Gestalt Therapy, assinado conjuntamente com Frederick Perls e Ralph Hefferline, que Goodman tenta pensar um modelo ontológico que se produz a partir de uma digressão acerca de suas influências pragmatistas, psicanalíticas e fenomenológicas. Seu propósito era pensar uma ontologia anárquica, que pudesse conceber os processos de criação, sem a necessidade de um recurso dogmático, genético ou teleológico. A natureza humana é esse todo propriamente gestáltico que, à revelia do que é constituído, possibilita sempre um lugar de criação. A natureza humana, para Goodman, é justamente esse resíduo que produz, a partir da biologia e da sociedade, um espaço de diferenciação e criação. O nome que Goodman irá dar para esse processo de criação, ou seja, para a natureza humana, é teoria do self. Isso porque, estando inserido dentro do contexto psicanalítico e neopsicanalítico dos EUA, e, principalmente, estando responsável pela criação dos fundamentos de uma nova abordagem psicoterapêutica, Goodman procurou pensar uma teoria do self, porém, sem cair nas armadilhas psicologistas em que seus contemporâneos haviam sucumbido. Sendo assim, ao construir uma teoria da experiência de base gestáltica, Goodman consegue fundamentar de uma forma não dogmática suas propostas políticas, educacionais e clínicas. Isso porque o livro Gestalt Therapy tem como propósito explorar os fundamentos da experiência, mas também os efeitos da burocratização e da coerção na experiência humana. Assim, Goodman consegue pensar uma clínica que tem como propósito o acolhimento à diferença (a Gestalt-terapia); uma política que problematize a desvitalização e a apatia social vividas pelos indivíduos (a anarquia) e o papel da escola como instrumento de domesticação dos corpos na lógica burocrática (a desescolarização).<br> / Abstract : Paul Goodman was one of the pillars of the American anarchist movement. Paul Goodman was a writer, literary critic, psychotherapist, political critic, and later (from the 1960s) a fierce critic of traditional education models and one of the leading names in unschooling, being an activist on the movement against the compulsory schooling. Because of this range of themes, Goodman had his debates through anthropology, education, psychoanalysis, philosophy, psychology, and several other areas. Goodman produced a Gestalt reading of experience that was fundamental in building his clinical, political, and educational perspectives. Thus, the aim of this thesis is to characterize in Paul Goodman's work the validity of a model of description and understanding of experience which characterizes a Gestalt ontology, which means: a model in which experience is described as a whole of different dimensions And which have no synthesis between them. Secondly, to show that Gestalt's ontological sense served as the basis for Paul Goodman's critique of the political, clinical, and educational models of his time. Goodman, from his earliest writings, pointed to the importance of a deep reflection on human nature to ground his political debates. As a reader of John Dewey, Goodman understood that political reflection for a democratic society and the impact of coercive institutions on individuals' lives necessarily needed an elucidation of the foundations of human nature. However, apart from Dewey, it is Freud's and Freudian psychoanalysis (especially in W. Reich's ideas) that Goodman will seek to answer this question. It was in the 1950s, when he wrote the theoretical tome of the book Gestalt Therapy, co-signed with Frederick Perls and Ralph Hefferline, that Goodman tries to think of an ontological model that is produced from a digression about his pragmatist, psychoanalytic and phenomenological influences. Its purpose was to think of an anarchic ontology, which could conceive the processes of creation, without the need of a dogmatic, genetic or teleological resource. Human nature is this gestalt whole which, despite of what is constituted, always enables a place of creation. Human nature, for Goodman, is precisely this residue that produces, from biology and society, a space of differentiation and creation. The name that Goodman will give to this process of creation, that is, to human nature, is theory of self. This is because, being inserted within the psychoanalytic and neopsychoanalytic context of the USA, and mainly being responsible for the foundations of a new psychotherapeutic approach, Goodman tried to think a theory of the self, however, without falling into the psychological traps in which his contemporaries had Succumbed. Thus, in constructing a gestalt-based theory of experience, Goodman succeeds in substantiating his political, educational, and clinical proposals in a non-dogmatic way. This is because Gestalt Therapy's purpose is to explore the foundations of experience, but also the effects of bureaucratization and coercion on human experience. Thus, Goodman manages to think a clinic that has as purpose the reception to the difference (the Gestalt-therapy); A policy that problematizes the devitalisation and social apathy experienced by individuals (anarchy) and the role of school as an instrument for the domestication of bodies in bureaucratic logic.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/175914
Date January 2016
CreatorsBelmino, Marcus Cézar de Borba
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Müller, Marcos José
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0039 seconds