Territorialidade, saúde e meio ambiente : conexões, saberes e práticas em comunidades quilombolas de Sergipe

The quilombola communities do not solely exist as spatial groupings of former fugitive
enslaved people, but have actually constituted themselves over the course of time as territories
of resistance and preservation of the values, knowledge, and practices of afro-brazilian culture.
In addition to a cosmovision that is inclusive, holistic, and integral, the emphasis on providing
care for people and for the natural environment were crucial determining factors for the physical
and cultural survival of the afro descendent populations. Their continued resistance to the
slavocratic social system and to racism, a structuring element in brazilian society that persists
until today, is underwritten by the communities’ core values. As soon as we begin to discuss
health and quilombola territories, the two appear to be intimately tied. We see that the
construction of the territory produces identities and that identities also produce territories, this
process being a product of collective and reciprocal actions of social subjects. The ecosystemic
focus on human health presents an opportunity to construct a theory-practice in navigating the
relationships between health and the environment including, among other factors, an
examination of the lifestyles of specific population groups. The objective of this particular study
is to analyze how traditional wisdom and practices in quilombola health and healing construct
territorialities that contribute to environmental conservation in their communities. Based on the
Ethnographic method, with a qualitative approach and data analysis from Symbolic
Interactionism, this study realized a field study at the quilombola communities Mocambo, Porto
da Folho, and in Sítio Alto, in Simão Dias, both in Sergipe. Participant observation, interviews,
iconographic registries, and a field study journal were all used as techniques for data collection.
Among the wisdoms and practices observed articulating both health and the environment, we
paid special attention to the use of medicinal plants, practices of prayers and blessings, the
conservation of creole seeds (“sementes crioulas”), and the circular dances of samba de côco
and danza de roda. We identify territoriality of resistance, territoriality of care, and territoriality
of hope as common threads that link the two communities’ knowledge systems and practices
relating to health and the environment. We conclude that the focus on the environment when
examining the health of the quilombola communities illustrates a vital and integrative dynamic
that intimately links health with the natural environment. The strategies, values, and practices
that we found work to integrate the territory, health, and environment in the communities that
we observed. As such, it is important to recognize and valorize the diversity of the conceptions
and knowledge systems that promote unity and respect between human relations and the natural
environment.________________________________________________________________________________________________________________________________ / Las comunidades quilombolas, mucho más de ser solamente espacios donde se agruparon
fugitivos esclavizados, se constituyen al largo del tiempo como territorios de resistencia y de la
preservación de los valores, saberes, y prácticas de la cultura afro-brasileña. A partir de una
cosmovisión incluyente, holística, e integral, el cuidado de las personas y el medioambiente
fueron determinantes para la sobrevivencia física y cultural de las poblaciones afrodescendiente
que enfrentaban el sistema esclavocrata y el racismo, un estructurante de la sociedad brasileña
que persiste hasta los días actuales. Cuando comenzamos a hablar sobre la salud en relación a
los territórios quilombolas, parece que los dos son íntimamente imbricados. Vemos que la
construcción del territorio produce identidades, y que las identidades también producen
territorios, procesos que es son productos de acciones colectivas y recíprocas entre sujetos
sociales. El enfoque ecosistémico en este estudio, especialmente cuando hablando de la salud
humana, presenta una posibilidad de construir una teórico-práctica cuando navegando las
relaciones entre la salud y el medioambiente utilizando, entre otros factores, las examinaciones
de los estilos de vida de grupos poblacionales específicos. El objetivo de este estudio es analizar
el proceso de cómo los saberes y las prácticas tradicionales de cura y cuidado de salud
construyen territorialidades que contribuyen a la conservación ambiental en las comunidades
quilombolas. Usando el método del Interaccionismo Simbólico, un foco cualitativo y técnicas
de la Etnografía, una investigación de campo fue realizada en las comunidades quilombolas
Mocambo en Porto da Folha y en Sítio Alto en Simão Dias, los dos en Sergipe, Brasil. Técnicas
incluyendo la observación participante, entrevistas, registros iconográficos y un diario de
campo fueron usadas para la colección de los dados. Entre estos saberes y prácticas que
articulan la salud y el medioambiente, pusimos atención especial al uso de las plantas
medicinales, prácticas de reza y benzedura, la conservación de semillas criollas y las danza
circulares de samba de côco y danza de roda. Identificamos la territorialidad de la resistencia,
la territorialidad del cuidado y la territorialidad de la esperanza como trazos comunes a las dos
comunidades en conección con los saberes y prácticas que son articulados en la salud y el
medioambiente. Se concluye que los principios del enfoque ecosistémico en la salud están
presentes en las comunidades quilombolas en una dinámica vital, integradora y compleja, la
cual ha contribuido a la conservación ambiental y cultural de estas comunidades. Las
estrategias, valores y prácticas encontradas son las que integran el territorio, la salud y el
medioambiente que vivenciamos en la actualidad. Por eso, se hace necesario reconocer y
valorizar la diversidad de las concepciones y a la jerarquización de los saberes, promoviendo la
unión y respetando las diferencias en una nueva orden donde el cuidado es el guía principal
entre las relaciones humanas y con el medio ambiente. / As comunidades quilombolas, muito mais que espaços de agrupamento de escravizados
fugitivos, se constituíram, ao longo do tempo, como territórios de resistência e preservação dos
valores, saberes e práticas da cultura afro-brasileira. A partir de uma cosmovisão includente,
holística e integral, o cuidado com as pessoas e o meio ambiente foi determinante para a
sobrevivência física e cultural das populações afrodescendentes frente ao sistema escravocrata,
e ao racismo, estruturante da sociedade brasileira, e persistente até os dias atuais. Quando
pretendemos discutir territórios quilombolas e saúde aparecem, intimamente imbricados, a
percepção que a construção do território produz identidades e as identidades produzem
territórios, sendo este processo produto de ações coletivas e recíprocas de sujeitos sociais. A
abordagem ecossistêmica em saúde humana apresenta-se como possibilidade de construção
teórico-prática das relações saúde e ambiente a partir, entre outros fatores, do estilo de vida de
grupos populacionais específicos. Esse estudo tem o objetivo de analisar como os saberes e
práticas tradicionais de cuidado em saúde constroem territorialidades que contribuem para
conservação ambiental em comunidades quilombolas. Com base no método Etnográfico,
abordagem qualitativa e análise de dados a partir do Interacionismo Simbólico, foi realizada
uma pesquisa de campo nas comunidades quilombolas Mocambo em Porto da Folha e Sítio
Alto em Simão Dias. Entre os saberes e práticas que articulam saúde e meio ambiente,
destacamos a utilização de plantas medicinais, as práticas de reza e benzedura, a conservação
de sementes crioulas e as danças circulares samba de coco e dança de roda. Identificamos a
territorialidade da resistência, a territorialidade do cuidado e a territorialidade da esperança
como traços comuns às duas comunidades na conexão de saberes e práticas que articulam saúde
e ambiente. Conclui-se que os princípios da abordagem ecossistêmica em saúde estão presentes
nas comunidades quilombolas numa dinâmica vital integradora e complexa das relações saúde
e ambiente, a qual tem contribuído para conservação ambiental e cultural dessas comunidades.
As estratégias, valores e práticas encontradas que integram território, saúde e meio ambiente,
apontam caminhos para a superação de problemas sanitários e ambientais que vivenciamos na
atualidade. Para tanto, faz-se necessário reconhecer e valorizar a diversidade de concepções e
a hierarquização de saberes promovendo a união e respeitando as diferenças, numa nova ordem,
onde o cuidado é o princípio norteador das relações humanas com o meio ambiente. / São Cristóvão, SE

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:ri.ufs.br:riufs/7928
Date06 November 2017
CreatorsLacerda, Roberto dos Santos
ContributorsSilva, Gicélia Mendes da
PublisherPós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal de Sergipe
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageSpanish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFS, instname:Universidade Federal de Sergipe, instacron:UFS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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