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Lutas sociais e política criminal: os movimentos feministas, negro e LGBTQ e a criminalização das violências machista, racista e LGBTQfóbica no Brasil

Masiero, Clara Moura 01 March 2018 (has links)
Submitted by JOSIANE SANTOS DE OLIVEIRA (josianeso) on 2018-07-31T13:44:13Z No. of bitstreams: 1 Clara Moura Masiero_.pdf: 4150484 bytes, checksum: fd5681fde0539c899c046d8a99cc8c41 (MD5) / Made available in DSpace on 2018-07-31T13:44:13Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Clara Moura Masiero_.pdf: 4150484 bytes, checksum: fd5681fde0539c899c046d8a99cc8c41 (MD5) Previous issue date: 2018-03-01 / CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Esta tese trata da relação entre movimentos sociais e direito (penal) e seu eventual reflexo na política criminal brasileira. Há dois objetivos centrais: primeiro, analisar o papel do direito – em especial do direito penal – na atuação dos movimentos sociais e para a mudança social; e, segundo, compreender a política criminal brasileira voltada aos crimes de discriminação, motivados por preconceito ou, também chamados, crimes de ódio, e verificar sua permeabilidade às demandas dos movimentos sociais. Para tanto, a tese está dividida em duas partes: a primeira apresenta fundamentalmente o marco teórico, enquanto a segunda, traz a pesquisa empírica. O marco teórico da tese envolve a combinação de quatro perspectivas teóricas: (i) as teorias dos movimentos sociais; (ii) a teoria da mobilização do direito (legal mobilization); (iii) a teoria crítica do direito (penal); e, (iv) as perspectivas de análise de política criminal. A partir dessa moldura analítica, concluiu-se que nem toda expansão do direito penal representa “populismo punitivo” (política criminal irracional e desnecessária). É possível expansão penal legítima e com efetividade aceitável, a que se chama “realismo de esquerda”, desde que presentes as seguintes variáveis: (i) decorrer de um problema social concreto; (ii) representar dano a um bem jurídico relevante; e, (iii) absorver discurso produzido pelos atores sociais envolvidos/afetados por este problema. A criminalização dos “crimes de ódio” atende a esses requisitos, pois são demandas provenientes de movimentos sociais, que geram dano relevante a um bem jurídico público, qual seja a dignidade de membros de determinados grupos sociais, cuja situação histórica de marginalização social, mantém-lhes em situação de desigualdade de status social, o que acaba por prejudicar a própria consolidação democrática. Segundo a pesquisa empírica, nem todas as leis brasileiras voltadas a enfrentar o preconceito, entretanto, seguem esta política criminal legítima. A pesquisa envolveu a identificação e seleção das leis penais (ou com relevância penal) brasileiras voltadas a enfrentar violências discriminatórias ou motivadas por preconceito e os respectivos documentos produzidos durante suas tramitações (totalizando 34 leis, isto é, em torno de 11% das leis penais aprovadas no período). Para a análise do banco de dados e verificação de sua interlocução com os discursos dos movimentos sociais, optou-se por delimitar o campo a três movimentos: Feminista, Negro e LGBTQ. Com isso, foram analisadas as leis penais voltadas à raça, sexo, gênero, orientação sexual e identidade de gênero (totalizando 29 leis). Dessas, somente “identidade de gênero” não consta em nenhuma lei penal. A pesquisa empírica envolveu, também, entrevistas com ativistas desses movimentos sociais. O campo confirmou que há certa permeabilidade entre a atuação dos movimentos sociais e a política criminal brasileira. Inclusive, as leis que mais se aproximam do discurso do movimento social envolvido, redundam em maior efetividade (“realismo de esquerda”); enquanto leis que não decorrem de um problema empírico concreto ou não absorvem o discurso produzido no interior dos movimentos sociais acabam carecendo de efetividade e conformando uma medida desnecessária (“populismo punitivo”). / This thesis is about the relationship between social movements and (criminal) law and their possible indirect influence on Brazilian criminal policy. There are two central objectives: firstly, analysing the role of law - especially criminal law - in the actions of social movements and for social change; and, secondly, understanding Brazilian criminal policy directed at discrimination crimes, motivated by prejudice or also referred to as hate crimes, and assessing whether it may be permeated by the demands of social movements. As such, this thesis is divided into two parts: the first one basically presents the theoretical framework, while the second one introduces the empirical research. The theoretical framework of this thesis involves the merger of four theoretical perspectives: (i) the theories of social movements; (ii) the theory of legal mobilization; (iii) the critical theory of (criminal) law; and, (iv) the perspectives of criminal policy analysis. Based on this framing of the analysis, it was concluded that not every expansion of criminal law constitutes "punitive populism" (irrational and unnecessary criminal policy). Legitimate criminal expansion is possible, with acceptable effectiveness, towards what is referred to as "left realism", provided that the following variables exist: (i) resulting from an actual social problem (ii) constituting harm to a significant legal interest; and, (iii) absorbing the discourse produced by the social agents involved/affected by this problem. The criminalization of "hate crimes" satisfies these requirements, since they are demands originating from social movements, which give rise to significant harm to a public legal interest, which is the dignity of members of certain social groups, whose historical status of being socially marginalized keeps them in a situation of inequality in terms of social status, which ends up jeopardizing the consolidation of democracy among them. According to the empirical research, not all Brazilian laws directed at tackling prejudice, nevertheless, follow this legitimate criminal policy. The research involved the identification and selection of Brazilian criminal laws (or laws with criminal significance) directed at tackling discriminatory violence or violence motivated by prejudice and respective documents produced during respective prosecution (totalling 34 laws, that is, around 11% of criminal laws approved during the period). For the analysis of the database and assessment of respective dialogue with the discourse of social movements, the decision was taken to limit the scope to three movements: Feminist, Black and LGBTQ. In this way, criminal laws aimed at race, gender, sex, sexual orientation and gender identity (totalling 29 laws) were analysed. Out of these, only "gender identity" does not feature in any criminal law. The empirical research also involved interviews with activists from these social movements. The scope confirmed that there is a certain level of permeability between the actions of social movements and Brazilian criminal policy. In actual fact, laws that are closest to the discourse of the social movement involved result in greater effectiveness ("left realism"); while laws that do not originate from an actual empirical problem and do not absorb the discourse produced as part of social movements end up lacking effectiveness and taking shape as an unnecessary measure ("punitive populism").
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A maldição da individuação: reflexões sobre o entrelaçamento prazer-medo e a expressão literária / The curse of the individuality: a thought about the relation between pleasure-fear and the literary expression

Franciscatti, Kety Valéria Simões 04 April 2005 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-29T13:31:08Z (GMT). No. of bitstreams: 1 A Maldicao da Individuacao - Parte 1.pdf: 58032 bytes, checksum: f0172efe9bc96140393da03961fce5cb (MD5) Previous issue date: 2005-04-04 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This PhD research, on the basis of Critical Theory of Society, has the target to show the paradox of the curse of the individuality the sufferings lived between the (im)possibilities of other s suffering and to become different as a result of the culture failure which impeaches and cut off the formative movement of the love, focusing its thought in the relation of pleasure and fear and in the potentialities of literary expression. The argumentations about these two focus can be described in two perspectives which are intersected. The first tries to put in evidence the sexual repression damage and the erotic renounce to the process of the person s formation, to raise the problems and to think about the destruction manifestations as a result of the cultural impeachments to formative movement of love, of no-fruition of the beauty, the mutilation of the senses, the foolishness of the reasoning and of the consequent hardness of the ego. The second focus tries to show the esthetic experience provided by literature (from the artist and from the receptor) as a privileged condition of contact and thought about the object of this research (the moment of the curse of the individuality), considering potentially the literary expression, without decreasing it to the psychologism, in three dimensions at the same time: as a testimony and manifestation of the unjustified sufferings, as resistance, because it contains hate (destruction of the object), and possibilities of changes the existent, because they can keep small parts which can lighten some exits from this state, alternatives to go further the destruction. The theoretical formulations from the authors of Frankfurt Adorno, Horkheimer and Marcuse; Freud; and selected literary parts from Portuguese language writers: from Brazil, Clarice Lispector and Caio Fernando Abreu; from Portugal, Fernando Pessoa (he himself and under the heteronames of Alvaro de Campos and Bernardo Soares) and José Saramago are predominantly systematized. However, the given status to the writers is different. The Lispector literary parts are in the center of the thoughts; the interlocution of other mentioned writers is aimed, emphasizing Abreu, in order to construct the discussion and the consecution of the proposed target. Also because of this reason, there is a certain relevance in the presence of another writer: Fernando Sabino, with whom Lispector exchanged letters during some years. There is no intention to discuss the work of these writers in its totality, the emphasized parts (tales, novels, poetry and letters) are worked as a representation of artistic expression in the dimensions mentioned before. With this announced target, the proposal of these argumentations and these indicated thoughts (theoretical and literacy), is intended to show the thesis that the curse of the individuality is related to, in its basis, the mutilation of the movement of love caused by cultural impeachments which damage the senses and the reasoning harmed formation which makes more difficult the installing of fruition as a way of life, which sticks the understanding and the possibility of beauty to face the sufferings mostly unjustified, in face of the existing material conditions and in that moment expressed in the literary work by the artistic expression, provides fundamental experiences to the contention, the sensitive thought and the search for possible exits from the destruction state and from the barbarous ness order, once in the art some, representing every men (among scars and fragments) expressing the prison between the desire and not getting to live, accomplish works in a desperate hope of, finally, having a free and happy life. / Esta pesquisa de doutoramento, com base na teoria crítica da sociedade, tem como objetivo discorrer sobre o paradoxo da maldição da individuação os sofrimentos vividos por se estar entre as (im)possibilidades de sofrer o outro e se diferençar como decorrência do fracasso da cultura que impede e mutila o movimento formativo do amor, focalizando sua reflexão no entrelaçamento do prazer e do medo e nas potencialidades da expressão literária. As argumentações sobre estes dois focos podem ser descritas em duas perspectivas que se entrecruzam. A primeira busca evidenciar os danos da repressão sexual e da renúncia erótica ao processo de formação do indivíduo, problematizar e pensar as manifestações de destruição como proveniente dos impedimentos culturais ao movimento do amor, da não fruição da beleza, da mutilação dos sentidos, da estupidez da razão e do conseqüente endurecimento do ego. A segunda procura mostrar a experiência estética proporcionada pela literatura (do artista e do receptor) como condição privilegiada de contato e de reflexão sobre o objeto desta pesquisa (a maldição da individuação), e considerar o potencial da expressão literária, sem recair no psicologismo, como um movimento que envolve três dimensões concomitantes: como testemunho, por manifestar os sofrimentos injustificados, como resistência, por conter o ódio (a destruição do objeto), e como possibilidade de transformação do existente, por também guardar estilhaços que podem iluminar saídas deste estado, centelhas e vestígios para se ir além da destruição. Estão predominantemente sistematizadas formulações teóricas dos autores frankfurtianos Adorno, Horkheimer e Marcuse; de Freud; e selecionados trechos literários de escritores da língua portuguesa: do Brasil, Clarice Lispector e Caio Fernando Abreu; de Portugal Fernando Pessoa (ele mesmo e sob os heterônimos de Álvaro de Campos e Bernardo Soares) e José Saramago. Entretanto, o status conferido aos escritores é diferenciado. Os trechos literários de Lispector estão no centro das reflexões; busca-se a interlocução dos outros escritores citados, com destaque para Abreu, para articular a discussão e a consecução do objetivo proposto. Também por esse motivo, há uma certa relevância na presença de um outro escritor: Fernando Sabino, com o qual Lispector trocou correspondência durante anos. Não há pretensão de discutir a totalidade da obra destes escritores, os trechos destacados (contos, romances, poesias e cartas) são trabalhados como representantes da expressão artística nas dimensões já mencionadas. Com o objetivo enunciado, a proposição dessas argumentações e das reflexões (teóricas e literárias) indicadas, pretende-se expor a tese de que a maldição da individuação é referente, em sua base, à mutilação do movimento do amor ocasionada pelos impedimentos culturais que danificam os sentidos e a razão formação obstada que dificulta a instauração da fruição como modo de vida e que prende o entendimento e a possibilidade da beleza ao enfrentamento de sofrimentos em grande parte injustificados diante das condições materiais existentes e que este momento mimetizado na obra literária pela expressão artística proporciona experiências fundamentais para a contenção, a reflexão sensível e a busca de possíveis saídas do estado de destruição e da ordem da barbárie, uma vez que na arte alguns, ao representar todos os homens (em meio a cicatrizes e fragmentos) expressando o aprisionamento entre o querer e o não conseguir viver, realizam obras na esperança desesperada de poder enfim viver, livre e feliz.
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A trama paradoxal do ódio no psiquismo

Maria Neuma Carvalho de Barros 14 August 2014 (has links)
O ódio ― um dos principais elementos de nossa relação com o outro ― é um afeto que suscita rejeição. Na perspectiva psicanalítica, ele protagoniza o processo de estruturação subjetiva do sujeito e por vezes funciona como elemento de preservação psíquica, como nos revela a prática clínica. Diante disto, é oportuno indagar: de que forma o ódio atua no psiquismo? A presente pesquisa se propõe a ser prolongamento da atividade clínica e a dar prosseguimento a estudos por nós anteriormente desenvolvidos. Para tanto, recorremos às postulações de três dos principais autores e psicanalistas conhecidos: S. Freud, M. Klein e D. W. Winnicott. Considerando as concepções de sujeito e de psiquismo humano de cada um desses autores, constatamos, em suas teorizações, a existência de dados fundamentais para o entendimento da presença do ódio na dinâmica psíquica. Partindo de tais teorias ― aqui parcialmente ampliadas por reflexões de estudiosos da atualidade sobre tal afeto ―, centramos nossa investigação na trama paradoxal do ódio, dada sua ambivalente atuação na dinâmica psíquica: funciona tanto como elemento de estruturação e afirmação do sujeito, quanto de resistência e destrutividade. Transitando entre os polos teórico e clínico ―e desse modo realçando a articulação ativa entre teoria e clínica, tal como postula a psicanálise ―, recorremos também a fragmentos clínicos para ilustrar nosso argumento central. Os exemplos clínicos reportados neste texto sugerem, em suma, que o ódio ― tal como evidenciado no processo de análise ― pode ser igualmente usado como defesa, assim modificando o desenvolvimento da trama psíquica. Acreditamos, finalmente, que esta tese possa vir a se constituir em subsídio e contribuição para aqueles que se dedicam à prática psicanalítica e ao estudo da psicanálise, particularmente no que diz respeito às complexas e reveladoras manifestações do ódio, características da condição humana. / Hatred ― one of the main constituent elements in ones relationship with other people― is a kind of affection that may engender rejection. From a psychoanalytical perspective, it protagonizes the selfs subjective structuring process and, at times, contributes to psychic preservation, as revealed in clinical practice. Thence, the need to start this work by posing the following question: how does hatred work in the psychic structure? This research is meant to be an extension of clinical practice and of our previously developed studies. To achieve this goal, we have resorted to some of the concepts of three major psychoanalists and authors: S. Freud, M. Klein and D. W. Winnicott. Considering their concepts on both the self and human psychism, we have detected in their theories pieces of information which are basic to the understanding of the presence of hatred in psychic dynamics; in addition to this, we have here examined some present day scholars contributions to our theme. All of these materials have helped us perceive the paradoxical plot created by the ambivalence of this affection in psychic dynamics, where it works not only to build up the selfs structure and affirmation, but also as an element of resistance and destructiveness. Moving from theory to clinical practice ― and thus reinforcing the active articulation between both these poles, as recommended by psychoanalysis ― we have also resorted to clinical fragments to illustrate our major argument. The clinical examples here reported suggest, in short, that hatred can be equally used as a defense ― as evidenced, for example, in the analytical process ―, thus modifying the development of the psychic plot. Finally, we do believe that this investigation can eventually contribute to the work of those who dedicate themselves to psychoanalytical practice and the study of psychoanalysis, particularly as regards the complex and revealing expressions of hatred, which are characteristic of the human condition.
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A trama paradoxal do ódio no psiquismo

Barros, Maria Neuma Carvalho de 14 August 2014 (has links)
Made available in DSpace on 2017-06-01T18:29:25Z (GMT). No. of bitstreams: 1 maria_neuma_carvalho_barros.pdf: 1957741 bytes, checksum: e836ca2c900673e0819088366e694031 (MD5) Previous issue date: 2014-08-14 / Hatred ― one of the main constituent elements in one s relationship with other people― is a kind of affection that may engender rejection. From a psychoanalytical perspective, it protagonizes the self s subjective structuring process and, at times, contributes to psychic preservation, as revealed in clinical practice. Thence, the need to start this work by posing the following question: how does hatred work in the psychic structure? This research is meant to be an extension of clinical practice and of our previously developed studies. To achieve this goal, we have resorted to some of the concepts of three major psychoanalists and authors: S. Freud, M. Klein and D. W. Winnicott. Considering their concepts on both the self and human psychism, we have detected in their theories pieces of information which are basic to the understanding of the presence of hatred in psychic dynamics; in addition to this, we have here examined some present day scholars contributions to our theme. All of these materials have helped us perceive the paradoxical plot created by the ambivalence of this affection in psychic dynamics, where it works not only to build up the self s structure and affirmation, but also as an element of resistance and destructiveness. Moving from theory to clinical practice ― and thus reinforcing the active articulation between both these poles, as recommended by psychoanalysis ― we have also resorted to clinical fragments to illustrate our major argument. The clinical examples here reported suggest, in short, that hatred can be equally used as a defense ― as evidenced, for example, in the analytical process ―, thus modifying the development of the psychic plot. Finally, we do believe that this investigation can eventually contribute to the work of those who dedicate themselves to psychoanalytical practice and the study of psychoanalysis, particularly as regards the complex and revealing expressions of hatred, which are characteristic of the human condition. / O ódio ― um dos principais elementos de nossa relação com o outro ― é um afeto que suscita rejeição. Na perspectiva psicanalítica, ele protagoniza o processo de estruturação subjetiva do sujeito e por vezes funciona como elemento de preservação psíquica, como nos revela a prática clínica. Diante disto, é oportuno indagar: de que forma o ódio atua no psiquismo? A presente pesquisa se propõe a ser prolongamento da atividade clínica e a dar prosseguimento a estudos por nós anteriormente desenvolvidos. Para tanto, recorremos às postulações de três dos principais autores e psicanalistas conhecidos: S. Freud, M. Klein e D. W. Winnicott. Considerando as concepções de sujeito e de psiquismo humano de cada um desses autores, constatamos, em suas teorizações, a existência de dados fundamentais para o entendimento da presença do ódio na dinâmica psíquica. Partindo de tais teorias ― aqui parcialmente ampliadas por reflexões de estudiosos da atualidade sobre tal afeto ―, centramos nossa investigação na trama paradoxal do ódio, dada sua ambivalente atuação na dinâmica psíquica: funciona tanto como elemento de estruturação e afirmação do sujeito, quanto de resistência e destrutividade. Transitando entre os polos teórico e clínico ―e desse modo realçando a articulação ativa entre teoria e clínica, tal como postula a psicanálise ―, recorremos também a fragmentos clínicos para ilustrar nosso argumento central. Os exemplos clínicos reportados neste texto sugerem, em suma, que o ódio ― tal como evidenciado no processo de análise ― pode ser igualmente usado como defesa, assim modificando o desenvolvimento da trama psíquica. Acreditamos, finalmente, que esta tese possa vir a se constituir em subsídio e contribuição para aqueles que se dedicam à prática psicanalítica e ao estudo da psicanálise, particularmente no que diz respeito às complexas e reveladoras manifestações do ódio, características da condição humana.

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