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Autenticidade e corporeidade na obra de Edith Stein / Authenticity and corporeity in the work of Edith Stein

Coelho Júnior, Achilles Gonçalves 19 October 2018 (has links)
A busca pela autenticidade tem sido considerada um importante fenômeno contemporâneo, assim como o cultivo das sensações como critério de subjetivação. As análises empreendidas no seio da fenomenologia clássica disponibilizam uma descrição rigorosa do ser humano, buscando compreendê-lo em sua complexidade estrutural, dotada das dimensões da corporeidade, psique e espírito que se mostram interdependentes, além de apontar para vivências comunitárias como constitutivas de si mesmo provando-se uma perspectiva com grande potencial para renovar a problematização da temática. Edith Stein (1891-1942), discípula de Husserl, discute o tema da corporeidade e da tomada de posição voluntária de maneira aprofundada, chegando a se referir a um tipo de posicionamento onde emerge aquilo que é autenticamente individual. A presente pesquisa tem como objetivo examinar a noção de autenticidade na Fenomenologia de Edith Stein, discutindo o indispensável comparecimento da corporeidade como sua condição de possibilidade. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, bibliográfica, onde elegemos como textos principais de nossa análise as seguintes publicações de Edith Stein: O problema da empatia (1917); Psicologia e Ciências do Espírito: contribuições para uma fundamentação filosófica (1922); Sobre a ideia de formação (1930); A estrutura ôntica da pessoa e a problemática do seu conhecimento (1930-32); Introdução à Filosofia (1919-32/2001); A estrutura da pessoa humana (1932-33) e A filosofia existencial de Martin Heidegger (1936). Vários outros textos de Stein também foram utilizados para aprofundamento dos temas identificados, bem como de outros pesquisadores comentadores da obra steiniana. A noção de autenticidade comparece gradativamente na obra steiniana. A individualidade é examinada partindo dos aspectos universais, da consideração do sujeito transcendental, e segue até a identificação do núcleo da alma, aspecto original e singular que é ativado em vivências específicas e insere um selo de autenticidade em diversas vivências do fluxo da consciência. Os relacionamentos interpessoais, sobretudo aqueles propriamente comunitários, possibilitam o reconhecimento das características mais singulares diante do outro. A individualidade autêntica é vivida enquanto processo, discutido em termos steinianos como processo de formação da personalidade e processo de individuação, apontando para uma autenticidade que apenas pode ser reconhecida no ato. Cada pessoa é autêntica a sua maneira, o que implica também um necessário posicionamento ético diante da expressão das características de personalidade mais habituais. Confrontando com a tradição heideggeriana, Stein destacou que a autenticidade deve ser analisada considerando o ser pessoal, a relação de comunidade como facilitadora, a diversidade de disposições afetivas não exclusivamente a angústia como via de mobilização da individualidade autêntica, bem como a experiência religiosa autêntica como via de possibilidade da realização da autenticidade individual. Os achados advindos da noção de autenticidade na obra de Edith Stein disponibilizam, a partir da Psicologia Fenomenológica, novos recursos teóricos para a atuação do profissional psicólogo nas diversas áreas, como Psicologia da Saúde, Psicologia da Educação, Psicologia do Esporte, Psicologia Clínica, entre outras. Novos horizontes na compreensão de temas contemporâneos onde a relação entre autenticidade e corporeidade se apresentam, como é o caso da epidemia de suicídio, das questões relacionadas ao gênero e das práticas corporais, também podem ser assumidos na compreensão desses temas. / The search for authenticity has been considered an important contemporary phenomenon, as well as the cultivation of sensations as a criterion of subjectivation. The analyzes carried out within the classical phenomenology provide a rigorous description of the human being, seeking to understand it in its structural complexity, endowed with the dimensions of corporeity, psyche and spirit that are interdependent, in addition to pointing to community experiences as constitutive of oneself - proving a perspective with great potential to renew the problematization of the theme. Edith Stein (1891-1942), a disciple of Husserl, discusses the subject of corporeity and voluntary positioning in an in-depth way, coming to refer to a type of positioning where emerges that which is authentically individual. The present research aims to examine the notion of authenticity in the Phenomenology of Edith Stein, discussing the indispensable attendance of corporeity as its condition of possibility. It is a qualitative, bibliographical research, where we chose as main texts of our analysis the following publications of Edith Stein: The problem of empathy (1917); Psychology and Sciences of the Spirit: contributions to a philosophical foundation (1922); On the idea of formation (1930); The ontic structure of the person and the problematic of his knowledge (1930-32); Introduction to Philosophy (1919-32 / 2001); The Structure of the Human Person (1932-33) and The Existential Philosophy of Martin Heidegger (1936). Several other texts by Stein were also used to deepen the themes identified, as well as other commentators of the Stein\'s work. The notion of authenticity gradually appears in Stein\'s work. Individuality is examined from the universal aspects of the consideration, of the transcendental subject, and goes on to identify the core of the soul, an original and singular aspect that is activated in specific experiences and inserts a seal of authenticity into various experiences of the flow of consciousness. Interpersonal relationships, especially those of the community itself, enable the recognition of the most singular characteristics before the other. Authentic individuality is experienced as a process, discussed in Stein\'s terms as a process of personality formation and individuation process, pointing to an authenticity that can only be recognized in the act. Each person is authentic in his own way, which also implies a necessary ethical positioning before the expression of the most habitual personality traits. Confronting the heideggerian tradition, Stein stressed that authenticity should be analyzed by considering the personal being, the relationship of community as facilitator, the diversity of affective dispositions - not exclusively anguish - as a way of mobilizing authentic individuality, as well as religious experience authentic as a way of realizing individual authenticity. The findings of the notion of authenticity in the work of Edith Stein provide, from the Phenomenological Psychology, new theoretical resources for the professional psychologist in the different areas, such as Health Psychology, Education Psychology, Sports Psychology, Clinical Psychology, and others. New horizons in the understanding of contemporary issues where the relationship between authenticity and corporeality are presented, as is the case of the suicide epidemic, issues related to gender and corporal practices, can also be assumed in the understanding of these themes.

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