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Por cima do mar eu vim, por cima do mar eu vou voltar : políticas angoleiras em performance na circulação Brasil-FrançaGravina, Heloisa Corrêa January 2010 (has links)
Ce travail est une expérimentation ethnographique du monde de la capoeira Angola transnational basée sur le choix méthodologique de suivre les flux de personnes, de pratiques, d'idées et d'images dans le transit Brésil-France. Je conçois ce monde comme un paysage (dans le sens proposé par Appadurai), approprié et agencé de manière dynamique à partir de chaque contexte spécifique. Le paradigme de la performance en anthropologie fournit le cadre théorique pour l'ensemble de la recherche. En dynamisant sa caractéristique de collaboration entre disciplines, j'explore spécialement le potentiel des savoirs, techniques et procédés anthropologiques en inter-locution avec ceux de la danse. Dans ce dialogue, je m'inscris dans la tradition de l'anthropologie de la performance (et de la danse contemporaine) pour mettre en question la place du corps dans la production de savoir. Dans ce sens, je considère mon investissement dans l'apprentissage de la capoeira Angola comme partie intégrante de la méthode ethnographique, poursuivant une ethnographie à partir du corps. Le terme « expérimentation », dans ce cas; se réfère tant au caractère expérimental du projet qu'à la dimension de l'expérience comme instance réflexive. J'organise le texte à la façon d'un parcours narratif passant par différents points de vue qui configurent cet univers plus vaste – le paysage – de la capoeira Angola: un voyage initiatique à Salvador de Bahia, avec l'accueil du Grupo Nzinga de Capoeira Angola; le processus quotidien d'apprentissage de la pratique – entraînements, rondes, rencontres – au sein de l'Escola de Capoeira Angola Áfricanamente, à Porto Alegre, et les dynamiques de la circulation internationale, vécues à partir du groupe Filhos de Angola, à Marseille (France). Au long de ce parcours, je mobilise les notions-clefs de corporéité (Csordas), corpsconscience (Gil) et performance (Turner) pour comprendre les dynamiques de l'expérience corporelle en tant que constitution du sujet dans le monde et du monde dans le sujet. J'articule le vécu spécifique du corps dans l'espace circonscrit de la ronde de capoeira avec les différents contextes sociaux et politiques en interaction avec cette pratique dans le monde contemporain. Au travers des circulations qu'elle promeut, la capoeira inscrit de nouveaux espaces – imaginaires et concrets – de France, Brésil et Afrique dans l'expérience corporelle des pratiquants. Je conçois la capoeira Angola comme une pratique diasporique noire, dans les termes proposés par Paul Gilroy. J'observe l'engagement des pratiquants dans la lutte antiraciste au travers de la capoeira. A partir des spécificités de la pratique elle-même – le transit, la circularité, la réversibilité – j'explore également son potentiel politique, en tant que piste pour désessentialiser des catégories (corps-esprit, blancs-noirs, esthétique-politique) et inscrire des espaces disruptifs (Bhabha) capables de faire émerger des narratives divergentes au sein d'une modernité occidentale hégémonique. / Este trabalho é uma experimentação etnográfica do mundo da capoeira Angola transnacional baseada na escolha metodológica de seguir os fluxos de pessoas, práticas, ideias e imagens na circulação Brasil-França. Compreendo esse mundo como uma paisagem (no sentido proposto por Appadurai), apropriada e agenciada dinamicamente a partir de cada contexto. O paradigma da performance na antropologia é o enquadramento teórico para a pesquisa como um todo. Dinamizando sua própria característica de colaboração entre disciplinas, exploro especialmente o potencial dos saberes, técnicas e procedimentos antropológicos em interlocução com os da dança. Pretendo, neste diálogo, seguir a tradição da antropologia da performance (e da dança contemporânea) enquanto ferramenta para problematizar o lugar do corpo na produção de conhecimento. Nesse sentido, incluí meu investimento no aprendizado da capoeira Angola como parte do método etnográfico, buscando uma etnografia desde o corpo. “Experimentação”, nesse caso, refere-se tanto ao caráter experimental do projeto quanto à dimensão da experiência enquanto instância reflexiva. Organizo o texto como um percurso narrativo por diferentes pontos de vista que configuram esse mapa mais amplo – a paisagem – da capoeira Angola: uma viagem iniciática a Salvador, experimentada sob a acolhida do Grupo Nzinga de Capoeira Angola; o processo diário de aprendizado da prática – treinos, rodas, convivência – na Áfricanamente Escola de Capoeira Angola, em Porto Alegre, e as dinâmicas da circulação internacional, vividas a partir do grupo Filhos de Angola, em Marseille (França). Ao longo do percurso, mobilizo as noções-chave de corporeidade (Csordas), corpoconsciência (Gil) e performance (Turner) para compreender as dinâmicas da experiência corporal enquanto constituição do sujeito no mundo e do mundo no sujeito. Articulo a vivência específica do corpo no espaço circunscrito da roda de capoeira com os diferentes contextos sociais e políticos em interação com esta prática hoje. Através das circulações que promove, a capoeira inscreve novos espaços – imaginários e concretos – de França, Brasil e África na experiência corporal dos praticantes. Compreendo a capoeira Angola como uma prática diaspórica negra, nos termos colocados por Paul Gilroy. Observo o engajamento dos praticantes na luta antirracista através da capoeira. A partir das especifidades da própria prática – o trânsito, a circularidade, a reversibilidade – exploro também seu potencial político como via para desessencializar categorias (corpo-mente, brancos-negros, estético-político) e inscrever espaços disruptivos (Bhabha) capazes de propiciar a emergência de narrativas divergentes no seio de uma modernidade ocidental hegemônica. / This thesis stands as a form of ethnographically experience transnational Capoeira Angola. The methodology that serves as a basis for this work includes following the fluxes of people, practices, ideas and images along the France-Brazil circuit. I understand this realm of capoeira as a landscape as in Appadurai´s work; that is, dynamically held and managed from specific contexts. The research as a whole is framed within the performance paradigm in anthropology. As I bring diverse disciplines together in an effort to enhance the very spirit of the performance theory – its collaboration among disciplines – I explore the anthropological knowledge, techniques and procedures as they engage in a dialogue with the realm of dancing. I, therefore, follow the traditions of both anthropology of performance and contemporary dance as a means of problematizing the lieu of the body in the production knowledge. Therefore, I included my own learning of Capoeira Angola as a part of the ethnographic method, in a search for an ethnography from the body. Thus, the term experience refers both to the experimental character of this project and to its reflexive dimension as well. The text is organized in such a way that it moves through the diverse viewpoints that configure the broader map of the landscape of capoeira: an initial encounter with the realm of capoeira aided by the Grupo Nzinga de Capoeira Angola, in the city of Salvador, was followed by daily training sections and experience sharing with Africanamente Escola de Capoeira Angola, in the city of Porto Alegre. The process ended with the experiencing of the international circuit dynamics in a Marseille-based group named Filhos de Angola. Along the process, I resorted to the notions of embodiment (Csordas), corporal awareness (Gil) and performance (Turner), in order to comprehend the dynamics of corporal experience as a composition of an in-the-world-subject and of the world that dwells within this subject. I articulate the specific experience of the body, as it is circumscribed to the capoeira circle, with the diverse social and political contexts that presently interact with the practice of capoeira. In the face of the international circulation that the practice of capoeira encourages, the practice of capoeira installs imaginary and concrete spaces of Africa, France and Brazil on the subjects´corporal experiences. I understand capoeira as a black and diasporic practice, as in Paul Gilroy´s works. I point to the subjects´ engagement in the struggle against racism through the practice of capoeira. On the bases of the specificities of the capoeira practice – transit, circularity and reversibility – I also explore its political potentiality as a means of dismantling certain long essentialized categories (body-mind, black-white, aesthetic-politic) and install disruptive spaces (Bhabha) that can enable the arousal of diverse narratives in the core of an hegemonic western modernity.
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Por cima do mar eu vim, por cima do mar eu vou voltar : políticas angoleiras em performance na circulação Brasil-FrançaGravina, Heloisa Corrêa January 2010 (has links)
Ce travail est une expérimentation ethnographique du monde de la capoeira Angola transnational basée sur le choix méthodologique de suivre les flux de personnes, de pratiques, d'idées et d'images dans le transit Brésil-France. Je conçois ce monde comme un paysage (dans le sens proposé par Appadurai), approprié et agencé de manière dynamique à partir de chaque contexte spécifique. Le paradigme de la performance en anthropologie fournit le cadre théorique pour l'ensemble de la recherche. En dynamisant sa caractéristique de collaboration entre disciplines, j'explore spécialement le potentiel des savoirs, techniques et procédés anthropologiques en inter-locution avec ceux de la danse. Dans ce dialogue, je m'inscris dans la tradition de l'anthropologie de la performance (et de la danse contemporaine) pour mettre en question la place du corps dans la production de savoir. Dans ce sens, je considère mon investissement dans l'apprentissage de la capoeira Angola comme partie intégrante de la méthode ethnographique, poursuivant une ethnographie à partir du corps. Le terme « expérimentation », dans ce cas; se réfère tant au caractère expérimental du projet qu'à la dimension de l'expérience comme instance réflexive. J'organise le texte à la façon d'un parcours narratif passant par différents points de vue qui configurent cet univers plus vaste – le paysage – de la capoeira Angola: un voyage initiatique à Salvador de Bahia, avec l'accueil du Grupo Nzinga de Capoeira Angola; le processus quotidien d'apprentissage de la pratique – entraînements, rondes, rencontres – au sein de l'Escola de Capoeira Angola Áfricanamente, à Porto Alegre, et les dynamiques de la circulation internationale, vécues à partir du groupe Filhos de Angola, à Marseille (France). Au long de ce parcours, je mobilise les notions-clefs de corporéité (Csordas), corpsconscience (Gil) et performance (Turner) pour comprendre les dynamiques de l'expérience corporelle en tant que constitution du sujet dans le monde et du monde dans le sujet. J'articule le vécu spécifique du corps dans l'espace circonscrit de la ronde de capoeira avec les différents contextes sociaux et politiques en interaction avec cette pratique dans le monde contemporain. Au travers des circulations qu'elle promeut, la capoeira inscrit de nouveaux espaces – imaginaires et concrets – de France, Brésil et Afrique dans l'expérience corporelle des pratiquants. Je conçois la capoeira Angola comme une pratique diasporique noire, dans les termes proposés par Paul Gilroy. J'observe l'engagement des pratiquants dans la lutte antiraciste au travers de la capoeira. A partir des spécificités de la pratique elle-même – le transit, la circularité, la réversibilité – j'explore également son potentiel politique, en tant que piste pour désessentialiser des catégories (corps-esprit, blancs-noirs, esthétique-politique) et inscrire des espaces disruptifs (Bhabha) capables de faire émerger des narratives divergentes au sein d'une modernité occidentale hégémonique. / Este trabalho é uma experimentação etnográfica do mundo da capoeira Angola transnacional baseada na escolha metodológica de seguir os fluxos de pessoas, práticas, ideias e imagens na circulação Brasil-França. Compreendo esse mundo como uma paisagem (no sentido proposto por Appadurai), apropriada e agenciada dinamicamente a partir de cada contexto. O paradigma da performance na antropologia é o enquadramento teórico para a pesquisa como um todo. Dinamizando sua própria característica de colaboração entre disciplinas, exploro especialmente o potencial dos saberes, técnicas e procedimentos antropológicos em interlocução com os da dança. Pretendo, neste diálogo, seguir a tradição da antropologia da performance (e da dança contemporânea) enquanto ferramenta para problematizar o lugar do corpo na produção de conhecimento. Nesse sentido, incluí meu investimento no aprendizado da capoeira Angola como parte do método etnográfico, buscando uma etnografia desde o corpo. “Experimentação”, nesse caso, refere-se tanto ao caráter experimental do projeto quanto à dimensão da experiência enquanto instância reflexiva. Organizo o texto como um percurso narrativo por diferentes pontos de vista que configuram esse mapa mais amplo – a paisagem – da capoeira Angola: uma viagem iniciática a Salvador, experimentada sob a acolhida do Grupo Nzinga de Capoeira Angola; o processo diário de aprendizado da prática – treinos, rodas, convivência – na Áfricanamente Escola de Capoeira Angola, em Porto Alegre, e as dinâmicas da circulação internacional, vividas a partir do grupo Filhos de Angola, em Marseille (França). Ao longo do percurso, mobilizo as noções-chave de corporeidade (Csordas), corpoconsciência (Gil) e performance (Turner) para compreender as dinâmicas da experiência corporal enquanto constituição do sujeito no mundo e do mundo no sujeito. Articulo a vivência específica do corpo no espaço circunscrito da roda de capoeira com os diferentes contextos sociais e políticos em interação com esta prática hoje. Através das circulações que promove, a capoeira inscreve novos espaços – imaginários e concretos – de França, Brasil e África na experiência corporal dos praticantes. Compreendo a capoeira Angola como uma prática diaspórica negra, nos termos colocados por Paul Gilroy. Observo o engajamento dos praticantes na luta antirracista através da capoeira. A partir das especifidades da própria prática – o trânsito, a circularidade, a reversibilidade – exploro também seu potencial político como via para desessencializar categorias (corpo-mente, brancos-negros, estético-político) e inscrever espaços disruptivos (Bhabha) capazes de propiciar a emergência de narrativas divergentes no seio de uma modernidade ocidental hegemônica. / This thesis stands as a form of ethnographically experience transnational Capoeira Angola. The methodology that serves as a basis for this work includes following the fluxes of people, practices, ideas and images along the France-Brazil circuit. I understand this realm of capoeira as a landscape as in Appadurai´s work; that is, dynamically held and managed from specific contexts. The research as a whole is framed within the performance paradigm in anthropology. As I bring diverse disciplines together in an effort to enhance the very spirit of the performance theory – its collaboration among disciplines – I explore the anthropological knowledge, techniques and procedures as they engage in a dialogue with the realm of dancing. I, therefore, follow the traditions of both anthropology of performance and contemporary dance as a means of problematizing the lieu of the body in the production knowledge. Therefore, I included my own learning of Capoeira Angola as a part of the ethnographic method, in a search for an ethnography from the body. Thus, the term experience refers both to the experimental character of this project and to its reflexive dimension as well. The text is organized in such a way that it moves through the diverse viewpoints that configure the broader map of the landscape of capoeira: an initial encounter with the realm of capoeira aided by the Grupo Nzinga de Capoeira Angola, in the city of Salvador, was followed by daily training sections and experience sharing with Africanamente Escola de Capoeira Angola, in the city of Porto Alegre. The process ended with the experiencing of the international circuit dynamics in a Marseille-based group named Filhos de Angola. Along the process, I resorted to the notions of embodiment (Csordas), corporal awareness (Gil) and performance (Turner), in order to comprehend the dynamics of corporal experience as a composition of an in-the-world-subject and of the world that dwells within this subject. I articulate the specific experience of the body, as it is circumscribed to the capoeira circle, with the diverse social and political contexts that presently interact with the practice of capoeira. In the face of the international circulation that the practice of capoeira encourages, the practice of capoeira installs imaginary and concrete spaces of Africa, France and Brazil on the subjects´corporal experiences. I understand capoeira as a black and diasporic practice, as in Paul Gilroy´s works. I point to the subjects´ engagement in the struggle against racism through the practice of capoeira. On the bases of the specificities of the capoeira practice – transit, circularity and reversibility – I also explore its political potentiality as a means of dismantling certain long essentialized categories (body-mind, black-white, aesthetic-politic) and install disruptive spaces (Bhabha) that can enable the arousal of diverse narratives in the core of an hegemonic western modernity.
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Por cima do mar eu vim, por cima do mar eu vou voltar : políticas angoleiras em performance na circulação Brasil-FrançaGravina, Heloisa Corrêa January 2010 (has links)
Ce travail est une expérimentation ethnographique du monde de la capoeira Angola transnational basée sur le choix méthodologique de suivre les flux de personnes, de pratiques, d'idées et d'images dans le transit Brésil-France. Je conçois ce monde comme un paysage (dans le sens proposé par Appadurai), approprié et agencé de manière dynamique à partir de chaque contexte spécifique. Le paradigme de la performance en anthropologie fournit le cadre théorique pour l'ensemble de la recherche. En dynamisant sa caractéristique de collaboration entre disciplines, j'explore spécialement le potentiel des savoirs, techniques et procédés anthropologiques en inter-locution avec ceux de la danse. Dans ce dialogue, je m'inscris dans la tradition de l'anthropologie de la performance (et de la danse contemporaine) pour mettre en question la place du corps dans la production de savoir. Dans ce sens, je considère mon investissement dans l'apprentissage de la capoeira Angola comme partie intégrante de la méthode ethnographique, poursuivant une ethnographie à partir du corps. Le terme « expérimentation », dans ce cas; se réfère tant au caractère expérimental du projet qu'à la dimension de l'expérience comme instance réflexive. J'organise le texte à la façon d'un parcours narratif passant par différents points de vue qui configurent cet univers plus vaste – le paysage – de la capoeira Angola: un voyage initiatique à Salvador de Bahia, avec l'accueil du Grupo Nzinga de Capoeira Angola; le processus quotidien d'apprentissage de la pratique – entraînements, rondes, rencontres – au sein de l'Escola de Capoeira Angola Áfricanamente, à Porto Alegre, et les dynamiques de la circulation internationale, vécues à partir du groupe Filhos de Angola, à Marseille (France). Au long de ce parcours, je mobilise les notions-clefs de corporéité (Csordas), corpsconscience (Gil) et performance (Turner) pour comprendre les dynamiques de l'expérience corporelle en tant que constitution du sujet dans le monde et du monde dans le sujet. J'articule le vécu spécifique du corps dans l'espace circonscrit de la ronde de capoeira avec les différents contextes sociaux et politiques en interaction avec cette pratique dans le monde contemporain. Au travers des circulations qu'elle promeut, la capoeira inscrit de nouveaux espaces – imaginaires et concrets – de France, Brésil et Afrique dans l'expérience corporelle des pratiquants. Je conçois la capoeira Angola comme une pratique diasporique noire, dans les termes proposés par Paul Gilroy. J'observe l'engagement des pratiquants dans la lutte antiraciste au travers de la capoeira. A partir des spécificités de la pratique elle-même – le transit, la circularité, la réversibilité – j'explore également son potentiel politique, en tant que piste pour désessentialiser des catégories (corps-esprit, blancs-noirs, esthétique-politique) et inscrire des espaces disruptifs (Bhabha) capables de faire émerger des narratives divergentes au sein d'une modernité occidentale hégémonique. / Este trabalho é uma experimentação etnográfica do mundo da capoeira Angola transnacional baseada na escolha metodológica de seguir os fluxos de pessoas, práticas, ideias e imagens na circulação Brasil-França. Compreendo esse mundo como uma paisagem (no sentido proposto por Appadurai), apropriada e agenciada dinamicamente a partir de cada contexto. O paradigma da performance na antropologia é o enquadramento teórico para a pesquisa como um todo. Dinamizando sua própria característica de colaboração entre disciplinas, exploro especialmente o potencial dos saberes, técnicas e procedimentos antropológicos em interlocução com os da dança. Pretendo, neste diálogo, seguir a tradição da antropologia da performance (e da dança contemporânea) enquanto ferramenta para problematizar o lugar do corpo na produção de conhecimento. Nesse sentido, incluí meu investimento no aprendizado da capoeira Angola como parte do método etnográfico, buscando uma etnografia desde o corpo. “Experimentação”, nesse caso, refere-se tanto ao caráter experimental do projeto quanto à dimensão da experiência enquanto instância reflexiva. Organizo o texto como um percurso narrativo por diferentes pontos de vista que configuram esse mapa mais amplo – a paisagem – da capoeira Angola: uma viagem iniciática a Salvador, experimentada sob a acolhida do Grupo Nzinga de Capoeira Angola; o processo diário de aprendizado da prática – treinos, rodas, convivência – na Áfricanamente Escola de Capoeira Angola, em Porto Alegre, e as dinâmicas da circulação internacional, vividas a partir do grupo Filhos de Angola, em Marseille (França). Ao longo do percurso, mobilizo as noções-chave de corporeidade (Csordas), corpoconsciência (Gil) e performance (Turner) para compreender as dinâmicas da experiência corporal enquanto constituição do sujeito no mundo e do mundo no sujeito. Articulo a vivência específica do corpo no espaço circunscrito da roda de capoeira com os diferentes contextos sociais e políticos em interação com esta prática hoje. Através das circulações que promove, a capoeira inscreve novos espaços – imaginários e concretos – de França, Brasil e África na experiência corporal dos praticantes. Compreendo a capoeira Angola como uma prática diaspórica negra, nos termos colocados por Paul Gilroy. Observo o engajamento dos praticantes na luta antirracista através da capoeira. A partir das especifidades da própria prática – o trânsito, a circularidade, a reversibilidade – exploro também seu potencial político como via para desessencializar categorias (corpo-mente, brancos-negros, estético-político) e inscrever espaços disruptivos (Bhabha) capazes de propiciar a emergência de narrativas divergentes no seio de uma modernidade ocidental hegemônica. / This thesis stands as a form of ethnographically experience transnational Capoeira Angola. The methodology that serves as a basis for this work includes following the fluxes of people, practices, ideas and images along the France-Brazil circuit. I understand this realm of capoeira as a landscape as in Appadurai´s work; that is, dynamically held and managed from specific contexts. The research as a whole is framed within the performance paradigm in anthropology. As I bring diverse disciplines together in an effort to enhance the very spirit of the performance theory – its collaboration among disciplines – I explore the anthropological knowledge, techniques and procedures as they engage in a dialogue with the realm of dancing. I, therefore, follow the traditions of both anthropology of performance and contemporary dance as a means of problematizing the lieu of the body in the production knowledge. Therefore, I included my own learning of Capoeira Angola as a part of the ethnographic method, in a search for an ethnography from the body. Thus, the term experience refers both to the experimental character of this project and to its reflexive dimension as well. The text is organized in such a way that it moves through the diverse viewpoints that configure the broader map of the landscape of capoeira: an initial encounter with the realm of capoeira aided by the Grupo Nzinga de Capoeira Angola, in the city of Salvador, was followed by daily training sections and experience sharing with Africanamente Escola de Capoeira Angola, in the city of Porto Alegre. The process ended with the experiencing of the international circuit dynamics in a Marseille-based group named Filhos de Angola. Along the process, I resorted to the notions of embodiment (Csordas), corporal awareness (Gil) and performance (Turner), in order to comprehend the dynamics of corporal experience as a composition of an in-the-world-subject and of the world that dwells within this subject. I articulate the specific experience of the body, as it is circumscribed to the capoeira circle, with the diverse social and political contexts that presently interact with the practice of capoeira. In the face of the international circulation that the practice of capoeira encourages, the practice of capoeira installs imaginary and concrete spaces of Africa, France and Brazil on the subjects´corporal experiences. I understand capoeira as a black and diasporic practice, as in Paul Gilroy´s works. I point to the subjects´ engagement in the struggle against racism through the practice of capoeira. On the bases of the specificities of the capoeira practice – transit, circularity and reversibility – I also explore its political potentiality as a means of dismantling certain long essentialized categories (body-mind, black-white, aesthetic-politic) and install disruptive spaces (Bhabha) that can enable the arousal of diverse narratives in the core of an hegemonic western modernity.
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