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[pt] DESVELANDO A INCLUSÃO EM NEGOCIAÇÕES DE PAZ POR MEIO DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA: AS MULHERES E OS DIÁLOGOS DE HAVANA ENTRE O GOVERNO DA COLÔMBIA E AS FARC-EP (2012-2016) / [en] UNVEILING INCLUSION IN PEACE NEGOTIATIONS THROUGH THE CONCEPT OF POLITICAL REPRESENTATION: WOMEN AND THE HAVANA DIALOGUES BETWEEN THE COLOMBIAN GOVERNMENT AND THE FARC-EP (2012-2016)ISA LIMA MENDES 02 July 2021 (has links)
[pt] Esta pesquisa aborda a questão da inclusão nas negociações de paz de um ângulo diferente daquele normalmente empregado pela literatura de Estudos sobre Paz e Conflitos (PCS). Este tema vem ganhando cada vez mais atenção nas últimas décadas: embora por muito tempo tenha sido visto apenas como uma fonte de perturbação no caminho de acordos políticos, a inclusão da sociedade está lentamente sendo aceita como uma perturbação necessária à construção de acordos legítimos e de uma paz duradoura. O desconforto que motiva esta investigação decorre da frequente despolitização e instrumentalização da inclusão no contexto da negociação e mediação da paz. A inclusão é muitas vezes tratada como uma entidade benigna que visa cultivar a legitimidade de um novo sistema político, enquanto sua natureza política inerente – as articulações políticas, disputas e exclusões que envolve – recebem pouca atenção. A literatura tende, portanto, a tratar tanto o processo de paz como o sistema político em negociação como um dado, neutralizando as disputas e exclusões que se renovam ou se criam pela reinvenção política envolvida em um processo de paz. Essa discussão não é de forma alguma dispensável se se quiser refletir sobre a construção da paz e a prevenção de conflitos em longo prazo, ou mesmo sobre a inclusão política em geral e a atual crise vivida pela democracia representativa.
No esforço de politizar essa discussão, a tese disseca a ideia de inclusão nos processos de paz, analisando-a pelas lentes conceituais da representação política. Ao contrário de nossa tendência contemporânea de considerar a representação apenas o produto pontual de eleições periódicas, aqui o conceito é tomado em uma interpretação crítica e ampliada, considerada no contexto de seus dilemas atuais e sua relação complexa com a participação política, particularmente à luz da teoria democrática feminista. Além das eleições e da autorização formal, a pesquisa considera a representação política possível e presente em situações diferentes dos ambientes institucionalizados usuais, tais como as negociações de paz. Uma dupla estratégia é buscada para enfrentar esse desconforto: uma, uma discussão teórica da literatura existente sobre inclusão, que é relida por meio de sua interpretação como questão de representação política; e a segunda, uma observação empírica desse debate no contexto do caso colombiano, mais especificamente o papel das mulheres nos diálogos de Havana entre o governo e as FARC-EP (2012-2016). Esta parte se baseia na documentação disponível (declarações e relatórios oficiais, acordos de paz, material da mídia, relatórios da sociedade civil) e em um trabalho de campo realizado em Bogotá em novembro de 2018. / [en] This research approaches the issue of inclusion in peace negotiations from a different angle than the one(s) usually employed by the Peace and Conflict Studies (PCS) literature. This topic has been gaining increasing attention over the last few decades: while, for a long time, it was seen solely as a source of disturbance in the way of achieving political settlement, including societies is slowly becoming accepted as a necessary disturbance in the construction of legitimate agreements and durable peace. The discomfort that motivates this investigation stems from the frequent depoliticization and instrumentalization of inclusion in the context of peace negotiation and mediation. Inclusion is often treated as a benign entity aimed at cultivating legitimacy for a new political system, while its inherent political nature – the political articulations, disputes and exclusions it involves – receive little attention. It tends, therefore, to treat both the peace process and the political system under negotiation as a given, neutralizing the disputes and exclusions that are renewed or created by the political reinvention involved in a peace process. This discussion is by no means dispensable if one wants to reflect on long-term peacebuilding and conflict prevention, or even on political inclusion in general and the current crisis experienced by representative democracy.
In an effort to politicize this discussion, the dissertation dissects the idea of inclusion in peace processes by analyzing it through the conceptual lens of political representation. As opposed to our contemporary tendency of considering representation merely the punctual product of periodic elections, here the concept is taken in a critical and expanded interpretation, considered in the context of its current dilemmas and its complex relationship with political participation, particularly in light of feminist democratic theory. Beyond elections and formal authorization, the research considers political representation to be possible and present in situations other than usual institutionalized settings, such as peace negotiations. A twofold strategy is thus pursued in order to address this discomfort: one, a theoretical discussion of the existing literature on inclusion, which is re-read through its interpretation as a matter of political representation; and two, an empirical observation of this debate in the context of the Colombian case, more specifically the role of women in the Havana dialogues between the government and the FARC-EP (2012-2016). This part is based both on available documentation (official declarations and reports, the peace agreements, media material, civil society reports) and fieldwork conducted in Bogotá in November 2018.
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