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A guerra indígena como guerra colonial: as representações e o lugar da belicosidade indígena e da antropofagia no Brasil Colonial (séculos XVI e XVII) / The indigenous war as colonial war: the representations and the place of the indigenous bellicosity and the anthropophagy in colonial Brazil (XVI and XVII centuries)

Fujimoto, Juliana 15 December 2016 (has links)
O presente trabalho constitui uma análise do processo de reorientação das guerras indígenas no Brasil colonial empreendida mediante a investigação da atividade bélica indígena na capitania da Bahia entre a instalação do governo-geral em 1549 e a invasão holandesa na Bahia de 1624. Trata-se de uma revisão bibliográfica dos estudos antropológicos clássicos acerca do complexo bélico tupinambá e posterior cotejamento com as diferentes configurações assumidas pela guerra indígena nas fontes quinhentistas e seiscentistas e na historiografia contemporânea. Estabeleceu-se como objetivos de estudo avaliar as contribuições e limites das análises antropológicas sobre o complexo guerra-sacrifício tupi, a fim de ampliar a compreensão sobre o processo de reorientação da guerra indígena e explicar a participação indígena nas guerras realizadas na Bahia, bem como avaliar em que medida a atuação dos missionários cristãos como mediadores culturais auxilia a compreensão desse processo. No âmbito teórico, focalizou-se a atuação dos missionários como mediadores das relações interculturais durante a missão jesuíta na Bahia com o aporte da teoria da mediação cultural. Como diretriz metodológica, optou-se pelo gênero narrativo-descritivo para transcrever as narrativas que abordam o processo de transformação das guerras intertribais em guerra coloniais, a fim de evidenciar as diferentes perspectivas teóricas sobre a guerra indígena. Analisaram-se criticamente as representações das guerras nas diferentes fontes, a partir das quais se elaborou a reconstituição de dois processos: a adaptação do sistema bélico tupi para o atendimento das necessidades bélicas coloniais e a construção de uma nova ideologia de guerra com a ênfase na belicosidade indígena e na antropofagia para justificar as novas demandas geradas no contexto da colonização. Identificaram-se como principais resultados do estudo, a utilização da prática bélica indígena como instrumento de colonização e exploração econômica, a exacerbação da belicosidade indígena nos discursos europeus para justificar a necessidade da colonização e a reconfiguração das guerras realizadas no Novo Mundo, que a partir do encontro ultrapassaram as antigas rivalidades intertribais e tornaram-se conflitos coloniais. / This study is an analysis of the reorientation process of the Indian Wars in colonial Brazil undertaken by investigating the indigenous war activity in the captaincy of Bahia between the implementation of Government-General in 1549 and the Dutch invasion in Bahia 1624. Before achieving this goal we make a literature review of the major anthropological studies about Tupinamba Wars confronting these with the references given by the sources and the contemporary historiography that shows that the Indian war in the sixteenth and seventeenth centuries assumed different configurations. It was established as study aims to evaluate the contributions and limits of anthropological analyzes of the Tupi war-sacrifice complex, in order to broaden the understanding of the reorientation process of the Indian war and explain the indigenous participation in wars conducted in Bahia, as well as to evaluate if the focus in missionary activity between Indians helps the understanding of this process. In the theoretical realm, we analyzed the performance of missionaries as cultural brokers for the Jesuit mission in Bahia with the contribution of the theory of cultural mediation. As a methodological guideline, we opted for the narrative-descriptive genre to transcribe the stories that address the transformation process of intertribal wars in colonial war in order to highlight the different theoretical perspectives on indigenous war. We analyzed critically the representations of wars in different sources which made possible the reconstruction of two processes: the adaptation of the Tupi war to answer the colonial war needs and the construction of a new ideology of war with emphasis on Indian bellicosity and cannibalism to justify the new demands generated in the context of colonization. It was identified as the main results of this study, the use of indigenous war practice as colonization and economic exploitation instruments, the intensification of the indigenous bellicosity in European speeches to justify the need for colonization and the reconfiguration of the wars carried out in the New World, that since the encounter overcame the intertribal rivalries and became colonial conflicts.
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A guerra indígena como guerra colonial: as representações e o lugar da belicosidade indígena e da antropofagia no Brasil Colonial (séculos XVI e XVII) / The indigenous war as colonial war: the representations and the place of the indigenous bellicosity and the anthropophagy in colonial Brazil (XVI and XVII centuries)

Juliana Fujimoto 15 December 2016 (has links)
O presente trabalho constitui uma análise do processo de reorientação das guerras indígenas no Brasil colonial empreendida mediante a investigação da atividade bélica indígena na capitania da Bahia entre a instalação do governo-geral em 1549 e a invasão holandesa na Bahia de 1624. Trata-se de uma revisão bibliográfica dos estudos antropológicos clássicos acerca do complexo bélico tupinambá e posterior cotejamento com as diferentes configurações assumidas pela guerra indígena nas fontes quinhentistas e seiscentistas e na historiografia contemporânea. Estabeleceu-se como objetivos de estudo avaliar as contribuições e limites das análises antropológicas sobre o complexo guerra-sacrifício tupi, a fim de ampliar a compreensão sobre o processo de reorientação da guerra indígena e explicar a participação indígena nas guerras realizadas na Bahia, bem como avaliar em que medida a atuação dos missionários cristãos como mediadores culturais auxilia a compreensão desse processo. No âmbito teórico, focalizou-se a atuação dos missionários como mediadores das relações interculturais durante a missão jesuíta na Bahia com o aporte da teoria da mediação cultural. Como diretriz metodológica, optou-se pelo gênero narrativo-descritivo para transcrever as narrativas que abordam o processo de transformação das guerras intertribais em guerra coloniais, a fim de evidenciar as diferentes perspectivas teóricas sobre a guerra indígena. Analisaram-se criticamente as representações das guerras nas diferentes fontes, a partir das quais se elaborou a reconstituição de dois processos: a adaptação do sistema bélico tupi para o atendimento das necessidades bélicas coloniais e a construção de uma nova ideologia de guerra com a ênfase na belicosidade indígena e na antropofagia para justificar as novas demandas geradas no contexto da colonização. Identificaram-se como principais resultados do estudo, a utilização da prática bélica indígena como instrumento de colonização e exploração econômica, a exacerbação da belicosidade indígena nos discursos europeus para justificar a necessidade da colonização e a reconfiguração das guerras realizadas no Novo Mundo, que a partir do encontro ultrapassaram as antigas rivalidades intertribais e tornaram-se conflitos coloniais. / This study is an analysis of the reorientation process of the Indian Wars in colonial Brazil undertaken by investigating the indigenous war activity in the captaincy of Bahia between the implementation of Government-General in 1549 and the Dutch invasion in Bahia 1624. Before achieving this goal we make a literature review of the major anthropological studies about Tupinamba Wars confronting these with the references given by the sources and the contemporary historiography that shows that the Indian war in the sixteenth and seventeenth centuries assumed different configurations. It was established as study aims to evaluate the contributions and limits of anthropological analyzes of the Tupi war-sacrifice complex, in order to broaden the understanding of the reorientation process of the Indian war and explain the indigenous participation in wars conducted in Bahia, as well as to evaluate if the focus in missionary activity between Indians helps the understanding of this process. In the theoretical realm, we analyzed the performance of missionaries as cultural brokers for the Jesuit mission in Bahia with the contribution of the theory of cultural mediation. As a methodological guideline, we opted for the narrative-descriptive genre to transcribe the stories that address the transformation process of intertribal wars in colonial war in order to highlight the different theoretical perspectives on indigenous war. We analyzed critically the representations of wars in different sources which made possible the reconstruction of two processes: the adaptation of the Tupi war to answer the colonial war needs and the construction of a new ideology of war with emphasis on Indian bellicosity and cannibalism to justify the new demands generated in the context of colonization. It was identified as the main results of this study, the use of indigenous war practice as colonization and economic exploitation instruments, the intensification of the indigenous bellicosity in European speeches to justify the need for colonization and the reconfiguration of the wars carried out in the New World, that since the encounter overcame the intertribal rivalries and became colonial conflicts.
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A cosmologia construída de fora: a relação com o outro como forma de produção social entre os grupos chaquenhos no século 18

Felippe, Guilherme Galhegos January 2013 (has links)
Submitted by Fabricia Fialho Reginato (fabriciar) on 2015-06-29T23:25:30Z No. of bitstreams: 1 Galhegos.pdf: 3090921 bytes, checksum: a1655601b99ff65b1ba2fd8d82b58a55 (MD5) / Made available in DSpace on 2015-06-29T23:25:30Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Galhegos.pdf: 3090921 bytes, checksum: a1655601b99ff65b1ba2fd8d82b58a55 (MD5) Previous issue date: 2013 / Nenhuma / Após mais de um século e meio de perigosos e esporádicos contatos com os nativos do Chaco, a Coroa espanhola iniciou, na segunda metade do século 17, um projeto de catequização através do incentivo à atuação de missões evangélicas na região, a fim de estabelecer uma aproximação pacífica com os diversos grupos indígenas e permitir uma passagem segura à rota comercial entre o porto de Buenos Aires e as minas andinas do Chile. Ainda que esta nova abordagem colonizadora não tenha resultado na pacificação dos índios chaquenhos, o contato foi intensificado por causa da proliferação de reduções evangélicas naquela região ao longo do setecentos, levando muitos missionários e expedicionários a aventurarem-se no interior do Chaco, com o intuito de contatarem grupos mais afastados do convívio colonial. Esta oportunidade gerou uma série de impressões, críticas, descrições de caráter etnográfico, relatórios oficiais, acordos e negociações documentados ao longo de todo o século 18, que permitem a análise não apenas do discurso que os espanhóis produziram a respeito do contato, mas também da postura, do entendimento e das escolhas que os índios tiveram em relação ao convívio com os agentes e instituições coloniais. A presente tese tem como objetivo, a partir da análise de registros históricos produzidos por observadores civis e religiosos, de uma historiografia sobre o contato entre nativos e europeus no Chaco e de etnografias produzidas a respeito de grupos chaquenhos contemporâneos, demonstrar que os índios tomavam suas decisões e atitudes a partir de uma lógica que não era espontânea ou casuística, nem fruto do improviso frente às novas situações postas pelo avanço colonial. Esta lógica se sustentava num complexo sistema mitológico que guiava as percepções e o pensamento indígena, dotando-lhes de uma cosmologia própria e distinta da dos colonizadores modernos. Para comprovar tal hipótese, analiso três características do cotidiano socioeconômico indígena, cujos fundamentos práticos respaldam-se na relação com elementos mitológicos e, consequentemente, no entendimento cosmológico que os índios possuíam do mundo: a guerra, as trocas reciprocitárias e o sistema econômico de produção e consumo alimentar. / After more than one and a half century of dangerous and sporadic contacts made with natives from Chaco, the Spanish Crown began, in the second half of the seventeenth century, an evangelizing project by the encouragement of evangelical missions in that region, in order to establish a peaceful approach with the various indigenous groups and to ensure a safe transit to the trade route between Buenos Aires harbor and Chilean Andean mines. Although this new colonizing approach has not resulted in a native pacification, the contact between them was intensified by the proliferation of Reductions in the region over the referred century, leading many missionaries and explorers to venture into the interior of Chaco, with the purpose of having a broader contact with the uncontacted groups. This opportunity has generated a series of impressions, criticism, ethnographic descriptions, official reports, agreements and negotiations, which had been documented throughout the eighteenth century, enabling an analysis not only of the Spanish speech concerning the contact, but also the posture, the understanding and the choices indians made regarding the contact with agents and colonial institutions. This thesis details, as a result of studies carried out in a variety of historical records produced by civil and religious observers, from a historiography on the contact between natives and Europeans in Chaco and from ethnographies produced about Chaco’s contemporary groups, that indians made their own decisions and took actions on the basis of a logic that was not spontaneous or case-by-case, neither the result of improvisation with the new situations posed by colonial advance. This logic is held in a complex mythological system which guided the indigenous way of thinking and perceptions, providing their own cosmology, unlike that of modern colonizers. To demonstrate this hypothesis, I analyze three indigenous socioeconomic features on a daily basis, whose practical backgrounds rely on the relationship with mythological elements and thus on the cosmological understanding that indians possessed about the world: the war, the trade and the economic system of production and food consumption.

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