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O conto machadiano : uma experiência de vertigem

Pereira, Lucia Serrano January 2008 (has links)
O presente trabalho consiste na formulação, no desenvolvimento e exame da hipótese de que o conto de Machado de Assis produz um “efeito de vertigem”, desestabilização inquietante na leitura, corte com uma pretensa linearidade, e que, sustentamos, encontra-se ligado à estrutura da narrativa. O “efeito de vertigem” apresenta-se em contos que, podemos dizer, são representativos da força do estilo de Machado, por uma razão não qualquer – funcionam como “operadores de passagem”: a vertigem joga com continuidade/descontinuidade, fascínio/ perturbação, as simultaneidades, o enigma na lida com os limites, com o real, na ficção e na vida. Encontramos nos contos, na proximidade e em relação ao efeito de vertigem, o trato ficcional que põe em questão as descontinuidades fundamentais, interrogantes da condição humana – o sexo e a morte; as mesmas que configuram as perguntas que se colocaram para Freud, em toda sua obra, pelo viés da clínica psicanalítica. A verdade subjetiva tem íntima relação com a ficção, portanto escolhemos seguir examinando a proximidade da forma da narrativa machadiana com sua vertigem, do trabalho de Freud com as “passagens” na relação ao inconsciente (aqui ganha destaque a relação entre o chiste, a obliqüidade e a ironia) e da elaboração de Lacan com relação à estrutura do sujeito, com a topologia da banda de Moebius. Neste ponto, as teses de Ricardo Piglia sobre a forma do conto integram o exame sobre a estrutura, assim como a consideração do termo das “passagens” sobre as quais tanto trabalhou Walter Benjamin. A conclusão leva à consideração do “efeito de vertigem” como um princípio de composição (não chave de leitura) do conto, presente em contos que podemos situar como representativos da obra de Machado de Assis. Passagens paradoxais, lugares de trânsito dos enigmas que são transportados do imaginário social para a grande ficção, recorte de algo singular, mas que diz também de uma dimensão do coletivo de um contexto e de um tempo, via o “relâmpago” da forma conto, ao modo machadiano. / The present work consists in formulating, developing and examining the hypothesis in which Machado de Assis’ tale produces a “vertigo effect”, disturbing destabilization during the process of reading, cut with an intended linearity, and that, we sustain, is connected to the narrative structure. The “vertigo effect” is present in tales that, we can say, represent the strength of Machado’s style, not for any reason – they work as “passage operators”: the vertigo plays with the continuity/discontinuity, fascination/perturbation, simultaneities, the enigma in dealing with the limits as the reality, in fiction and in life. We find in the tales, in the proximity and in relation to vertigo effect, the fictional trait that interrogates the fundamental discontinuities, questions of the human condition – sex and death; the same that configured the inquiries which came to Freud throughout his production, through the psychoanalytical clinic. The subjective truth has an intimate relation with fiction, so that we chose to keep on following the proximity of the Machado’s narrative form with its vertigo, of Freud’s work with the “passages” in relation tothe unconsciousness (point in which the relation among the joke, obliquity and irony is highlighted) and of the elaboration by Lacan on the structure of the subject, with the topology of the “Moebius band”. At this point, the assessment of Ricardo Piglia on the form of the tale integrates the exam about the structure as well as the consideration of the term “passages”, so much developed by Walter Benjamin. The conclusion takes into consideration the “vertigo effect” as a composition principle (not as reading key) of the tale, present in tales that we can situate as representative of Machado de Assis’ work. Paradoxal passages, transitory places of the enigmas that are transported from the social imaginary to the great fiction, cut of something unique, but that also brings a dimension of the collectivity of a context and of a time, through the “bolt” of the form tale, in Machado’s way.
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O conto machadiano : uma experiência de vertigem

Pereira, Lucia Serrano January 2008 (has links)
O presente trabalho consiste na formulação, no desenvolvimento e exame da hipótese de que o conto de Machado de Assis produz um “efeito de vertigem”, desestabilização inquietante na leitura, corte com uma pretensa linearidade, e que, sustentamos, encontra-se ligado à estrutura da narrativa. O “efeito de vertigem” apresenta-se em contos que, podemos dizer, são representativos da força do estilo de Machado, por uma razão não qualquer – funcionam como “operadores de passagem”: a vertigem joga com continuidade/descontinuidade, fascínio/ perturbação, as simultaneidades, o enigma na lida com os limites, com o real, na ficção e na vida. Encontramos nos contos, na proximidade e em relação ao efeito de vertigem, o trato ficcional que põe em questão as descontinuidades fundamentais, interrogantes da condição humana – o sexo e a morte; as mesmas que configuram as perguntas que se colocaram para Freud, em toda sua obra, pelo viés da clínica psicanalítica. A verdade subjetiva tem íntima relação com a ficção, portanto escolhemos seguir examinando a proximidade da forma da narrativa machadiana com sua vertigem, do trabalho de Freud com as “passagens” na relação ao inconsciente (aqui ganha destaque a relação entre o chiste, a obliqüidade e a ironia) e da elaboração de Lacan com relação à estrutura do sujeito, com a topologia da banda de Moebius. Neste ponto, as teses de Ricardo Piglia sobre a forma do conto integram o exame sobre a estrutura, assim como a consideração do termo das “passagens” sobre as quais tanto trabalhou Walter Benjamin. A conclusão leva à consideração do “efeito de vertigem” como um princípio de composição (não chave de leitura) do conto, presente em contos que podemos situar como representativos da obra de Machado de Assis. Passagens paradoxais, lugares de trânsito dos enigmas que são transportados do imaginário social para a grande ficção, recorte de algo singular, mas que diz também de uma dimensão do coletivo de um contexto e de um tempo, via o “relâmpago” da forma conto, ao modo machadiano. / The present work consists in formulating, developing and examining the hypothesis in which Machado de Assis’ tale produces a “vertigo effect”, disturbing destabilization during the process of reading, cut with an intended linearity, and that, we sustain, is connected to the narrative structure. The “vertigo effect” is present in tales that, we can say, represent the strength of Machado’s style, not for any reason – they work as “passage operators”: the vertigo plays with the continuity/discontinuity, fascination/perturbation, simultaneities, the enigma in dealing with the limits as the reality, in fiction and in life. We find in the tales, in the proximity and in relation to vertigo effect, the fictional trait that interrogates the fundamental discontinuities, questions of the human condition – sex and death; the same that configured the inquiries which came to Freud throughout his production, through the psychoanalytical clinic. The subjective truth has an intimate relation with fiction, so that we chose to keep on following the proximity of the Machado’s narrative form with its vertigo, of Freud’s work with the “passages” in relation tothe unconsciousness (point in which the relation among the joke, obliquity and irony is highlighted) and of the elaboration by Lacan on the structure of the subject, with the topology of the “Moebius band”. At this point, the assessment of Ricardo Piglia on the form of the tale integrates the exam about the structure as well as the consideration of the term “passages”, so much developed by Walter Benjamin. The conclusion takes into consideration the “vertigo effect” as a composition principle (not as reading key) of the tale, present in tales that we can situate as representative of Machado de Assis’ work. Paradoxal passages, transitory places of the enigmas that are transported from the social imaginary to the great fiction, cut of something unique, but that also brings a dimension of the collectivity of a context and of a time, through the “bolt” of the form tale, in Machado’s way.
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O conto machadiano : uma experiência de vertigem

Pereira, Lucia Serrano January 2008 (has links)
O presente trabalho consiste na formulação, no desenvolvimento e exame da hipótese de que o conto de Machado de Assis produz um “efeito de vertigem”, desestabilização inquietante na leitura, corte com uma pretensa linearidade, e que, sustentamos, encontra-se ligado à estrutura da narrativa. O “efeito de vertigem” apresenta-se em contos que, podemos dizer, são representativos da força do estilo de Machado, por uma razão não qualquer – funcionam como “operadores de passagem”: a vertigem joga com continuidade/descontinuidade, fascínio/ perturbação, as simultaneidades, o enigma na lida com os limites, com o real, na ficção e na vida. Encontramos nos contos, na proximidade e em relação ao efeito de vertigem, o trato ficcional que põe em questão as descontinuidades fundamentais, interrogantes da condição humana – o sexo e a morte; as mesmas que configuram as perguntas que se colocaram para Freud, em toda sua obra, pelo viés da clínica psicanalítica. A verdade subjetiva tem íntima relação com a ficção, portanto escolhemos seguir examinando a proximidade da forma da narrativa machadiana com sua vertigem, do trabalho de Freud com as “passagens” na relação ao inconsciente (aqui ganha destaque a relação entre o chiste, a obliqüidade e a ironia) e da elaboração de Lacan com relação à estrutura do sujeito, com a topologia da banda de Moebius. Neste ponto, as teses de Ricardo Piglia sobre a forma do conto integram o exame sobre a estrutura, assim como a consideração do termo das “passagens” sobre as quais tanto trabalhou Walter Benjamin. A conclusão leva à consideração do “efeito de vertigem” como um princípio de composição (não chave de leitura) do conto, presente em contos que podemos situar como representativos da obra de Machado de Assis. Passagens paradoxais, lugares de trânsito dos enigmas que são transportados do imaginário social para a grande ficção, recorte de algo singular, mas que diz também de uma dimensão do coletivo de um contexto e de um tempo, via o “relâmpago” da forma conto, ao modo machadiano. / The present work consists in formulating, developing and examining the hypothesis in which Machado de Assis’ tale produces a “vertigo effect”, disturbing destabilization during the process of reading, cut with an intended linearity, and that, we sustain, is connected to the narrative structure. The “vertigo effect” is present in tales that, we can say, represent the strength of Machado’s style, not for any reason – they work as “passage operators”: the vertigo plays with the continuity/discontinuity, fascination/perturbation, simultaneities, the enigma in dealing with the limits as the reality, in fiction and in life. We find in the tales, in the proximity and in relation to vertigo effect, the fictional trait that interrogates the fundamental discontinuities, questions of the human condition – sex and death; the same that configured the inquiries which came to Freud throughout his production, through the psychoanalytical clinic. The subjective truth has an intimate relation with fiction, so that we chose to keep on following the proximity of the Machado’s narrative form with its vertigo, of Freud’s work with the “passages” in relation tothe unconsciousness (point in which the relation among the joke, obliquity and irony is highlighted) and of the elaboration by Lacan on the structure of the subject, with the topology of the “Moebius band”. At this point, the assessment of Ricardo Piglia on the form of the tale integrates the exam about the structure as well as the consideration of the term “passages”, so much developed by Walter Benjamin. The conclusion takes into consideration the “vertigo effect” as a composition principle (not as reading key) of the tale, present in tales that we can situate as representative of Machado de Assis’ work. Paradoxal passages, transitory places of the enigmas that are transported from the social imaginary to the great fiction, cut of something unique, but that also brings a dimension of the collectivity of a context and of a time, through the “bolt” of the form tale, in Machado’s way.

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