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A formação de professores indígenas em Ciências da Natureza, na região Norte do Brasil : algumas reflexões

Santa Rosa, Silvana Costa 08 June 2018 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / The training of indigenous teachers in Brazil comes to fill the gap of this professional in Basic Education in indigenous territories. In the Northern Region of Brazil, the initial training of these teachers is currently carried out by nine undergraduate courses; of these, eight courses offer, among others, the qualification in Ciências da Natureza (CN) [Natural Sciences]. This research aims to study the training proposed in the Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs) [Pedagogical Course Projects] of the Licenciaturas Interculturais (LI) [Intercultural Bachelor’s degrees] for the training of indigenous teachers in CN in the Northern region of Brazil and the vision of the representatives of the national movement of the Educação Escolar Indígena (EEI) [Indigenous School Education], collaborators of this research, about this formation. The research uses a qualitative approach and the collections were performed through documentary analysis and interviews. In the documentary analysis we studied the PPCs of five LI of the North Region and the guidelines and referential for the training of indigenous teachers. The interviews were conducted with representatives of the Brazilian EEI movement, such as indigenous and non-indigenous intellectuals, indigenous teachers and IEE managers. These training proposals in CN indicate that in the elaboration of the PPCs it was sought to attend the indigenous specificities. Among these proposals we observe proximity between objectives and justifications, as well as in times and spaces. In the methodological and organizational aspects, we verified greater diversity in the proposals regarding the education arrengements, academic regime, curricular organization, activities and methodology. We find that in these PPCs political knowledge has a greater presence in general formation than in specific formation in CN, explaining that in most of these PPCs, about specific formation, there is some distance from the discussions about the social role of Science. Regarding the content knowledge, in two PPCs the contents are centered on the so-called universal knowledge; in others the universal knowledge is articulated with other knowledge, stressing indigenous wisdom. We verified that all training proposals seek to promote dialogue between knowledges, but it was not clear how will this proposal be implemented. On the collaborators point of view, we observe that they think of courses organized according to the aspirations of the indigenous peoples as a way of contributing with their corporate projects, configuring as spaces of struggle, that is, of political formation, with the participation of indigenous leaders and wise men in this formation. In their speeches we can notice the demand that indigenous teachers have a solid formation regarding scientific contents, however, this formation and practice cannot be separated from the dialogue with indigenous tradition. Thus, in comparison to the PPCs, it was spoken in defense of intercultural dialogue. The collaborators also make a critical analysis of the indigenous practices and the scientific contents to be worked on in the teacher training. We concluded that these proposals contemplate many aspects of the official documents and the indigenous movement’s agenda, since they announce a formation based on the specificities of the indigenous peoples. However, regarding the proposal of qualification in CN there is a certain approximation and detachment from the assumptions of intercultural education that were explained in the elements regarding curricular organization, in some projects with a disciplinary character, and the content centered on the so-called universal knowledge. / A formação de professores indígenas no Brasil surge para suprir a carência desse profissional na Educação Básica em territórios indígenas. Na Região Norte do Brasil, a formação inicial desses professores, atualmente, é feita por nove cursos de graduação; destes, oito cursos ofertam, entre outras, a habilitação em Ciências da Natureza (CN). Essa pesquisa tem como objetivo estudar a formação proposta nos Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs) das Licenciaturas Interculturais (LI) para formação de professores indígenas em CN na região Norte do Brasil e a visão dos representantes do movimento nacional da Educação Escolar Indígena (EEI), especialistas informantes, desta pesquisa, sobre essa formação. A pesquisa tem abordagem qualitativa e as coletas foram realizadas por meio da análise documental e entrevistas. Na análise documental estudamos os PPCs de cinco LI da Região Norte e as diretrizes e referenciais para formação de professores indígenas. As entrevistas foram realizadas com representantes do movimento brasileiro da EEI, como intelectuais indígenas e não indígenas, professores indígenas e gestores da EEI. Essas propostas formativas em CN indicam que na elaboração dos PPCs buscou-se atender as especificidades indígenas. Entre essas propostas observamos proximidade entre os objetivos e justificativas, assim como nos tempos e espaços. Nos aspectos metodológicos e organizacionais, verificamos maior diversidade nas propostas quanto à modalidade de ensino, regime acadêmico, organização curricular, atividades e metodologia. Constatamos que nesses PPCs os saberes políticos estão mais presentes na formação geral do que na formação específica em CN, explicitando que na maioria desses PPCs, acerca da formação específica, há certa distância das discussões do papel social da Ciência. Referente aos saberes de conteúdo, em dois PPCs os conteúdos estão centrados nos saberes ditos universais; nos demais os saberes universais estão articulados com outros saberes, destacando os saberes indígenas. Verificamos que todas as propostas formativas buscam promover o diálogo entre saberes, mas não ficou evidente como será efetivada essa proposta. Sobre a visão dos especialistas, observamos que pensam em cursos organizados de acordo com as aspirações dos povos indígenas como forma de contribuir com seus projetos societários, configurando-se como espaços de luta, ou seja, de formação política, com a participação de sábios e lideranças indígenas nessa formação. Percebemos em suas falas a exigência de que os professores indígenas tenham uma sólida formação no que diz respeito aos conteúdos científicos, contudo, essa formação e atuação não podem ser desvinculadas do diálogo com a tradição indígena. De tal modo, em comparação com os PPCs, falaram mais na defesa do diálogo intercultural. Os especialistas fazem ainda uma análise crítica das práticas indígenas e dos conteúdos científicos a serem trabalhados na formação do professor. Concluímos que essas propostas contemplam muitos aspectos dos documentos oficiais e da pauta do movimento indígena, pois anunciam uma formação fundamentada nas especificidades dos povos indígenas. Contudo, no que diz respeito à proposta da habilitação em CN há certa aproximação e distanciamento dos pressupostos da educação intercultural que foram explicitadas nos elementos referentes à organização curricular, em alguns projetos com caráter disciplinar, e os conteúdos centrados nos conhecimentos ditos universais. / São Cristóvão, SE

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