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Educação e mundo comum: da liquidez a uma possível solidez

Matos, Edegar Soares de 08 May 2018 (has links)
Esta tese apresenta uma reflexão sobre a crise da educação atual a partir das obras de Zygmunt Bauman e Hannah Arendt. O encontro reflexivo que liga esses autores é a questão da crise e dos desafios da educação na contemporaneidade. Também a busca de elaboração de uma interpretação do mundo presente em seus pressupostos e horizontes na perspectiva de que possa ser constituído como mundo comum. Assim, diante do diagnóstico do mundo atual como essencialmente líquido, segundo Bauman, a educação, assim como outros setores da sociedade, padece da precariedade de formar uma ideia clara e uma definição sobre seu sentido e seu papel. Se Bauman nos ajuda a compreender os termos dessa situação de liquidez, Arendt, por sua vez, nos fornece uma proposta teórica do que seja a educação, seu sentido e seu papel no todo da constituição do mundo humano. A tese arendtiana sobre a educação desenvolve-se a partir dos conceitos de tradição/conhecimento, da autoridade/diálogo, do amor mundi, do mundo comum e da política. O centro da tese é que a liquidez não pode ser o pressuposto e o horizonte da educação, mas a tradição, a autoridade e o mundo comum, este que é a razão de ser da política. A educação é compreendida como o espaço/tempo de entrada no mundo por parte das novas gerações por meio da interpretação da tradição realizada num diálogo com os professores que se constituem em autoridade por serem os representantes legais e os responsáveis pelas mediações e pelas interlocuções dos saberes escolares. Dessa forma, tomamos a questão do pensamento/reflexão de Arendt como fio condutor para o enfrentamento dos problemas vividos pela educação na contemporaneidade, tomando como conceitos orientadores a tradição, a autoridade e a política. Para Arendt, o pensamento/reflexão tem uma dimensão fundamental não apenas na educação escolar, mas na dimensão política como forma de enfrentar a sua funcionalização. E essa dimensão de reflexão se diferencia de uma racionalidade formal própria das estruturas que se fixam e se burocratizam em qualquer sistema político. Compreendemos que essa dimensão se torna fundamental para a educação atual, como forma de repensar seu sentido diante da sua situação, como descrita por Bauman, de uma liquidez do conhecimento, do mundo e de próprio ser humano. Para Arendt (1997), mesmo com a renovação das novas gerações, o que não deveria mudar na educação: a interpretação da tradição como conteúdo da aprendizagem; a autoridade do professor enquanto mediador do diálogo que acontece na escola, no sentido de uma interlocução entre gerações; e a finalidade da educação, de ser em perspectiva de um mundo público e não dos interesses privados. / 129 f.
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Educação e políticas do corpo na modernidade líquida: Desafios sociais da educação física

Durks, Daniel Bardini 15 June 2018 (has links)
Esta pesquisa tem como objetivo principal compreender de que modo a constituição social e histórica da modernidade líquida, conforme prefigura Zygmunt Bauman, influencia na educação corporal e nas políticas do corpo, analisando os possíveis desafios sociais da Educação Física neste contexto. Para tanto, parte da conceituação da Educação Física como uma prática social de intervenção pedagógica que, com base em conceitos científicos de diferentes áreas e disciplinas, tematiza a cultura corporal de movimento. Ao compreender a Educação Física sob uma perspectiva sócio-cultural, que necessita permanentemente ressignificar sua identidade epistemológica e a sua legitimidade social, entende-se a pertinência de fomentar o diálogo referente à constituição das estruturas e dimensões que determinam o imaginário social em diferentes momentos sociais e históricos. Dessa forma, este estudo utiliza as elaborações do sociólogo Zygmunt Bauman para discutir as metamorfoses do campo epistemológico da Educação Física neste movimento de transformações sociais, denominadas pelo autor como a transição da modernidade de um estado sólido para um estado líquido. O diálogo com Bauman se ocupa em analisar, especialmente, os conceitos de educação e de políticas do corpo, os quais são considerados essenciais para pensar as práticas sociais da intervenção pedagógica em Educação Física. Neste viés, inicialmente, compreende-se alguns dos elementos do processo de constituição da identidade epistemológica da Educação Física brasileira ao longo do movimento socialhistórico do século XX e início do século XXI. Posteriormente, a análise procura dialogar em relação aos desdobramentos da dinâmica sócio-cultural da modernidade líquida, marcada pela efemeridade e volatilidade de suas estruturas e instituições, com a edificação do imaginário relacionado à educação e às políticas do corpo. Ao pensar a educação, compreende-se, a partir da leitura de Bauman, que a dinâmica macrossocial líquido-moderna acelerada, volátil e incerta, desencadeia metamorfoses na edificação do conhecimento e na estruturação das instituições educacionais, ocasionando desafios na tarefa educacional de apresentar e inserir as novas gerações no convívio social. Ao pensar as políticas do corpo, Bauman interpreta que na modernidade sólida as políticas de “administração social” direcionavam a edificação de uma “sociedade de produtores”, o que em consequência, marcava a constituição identitária dos sujeitos, salientando a conformidade com as representações e imaginários de corpo proeminentes nos diferentes contextos. Já na modernidade líquida, as políticas marcadas pelo advento da globalização, potencializam a permanente busca pelas diferentes sensações e prazeres. Em outras palavras, o elemento que marca a organização social líquido-moderna é a “estética do consumo”. É importante salientar que constantemente a discussão das temáticas expostas é entrelaçada com os elementos específicos da intervenção pedagógica da Educação Física. Por conseguinte, destaca-se a necessidade da Educação Física manter a criticidade e a reflexividade, ressaltando a complexidade do conhecimento em um ambiente marcado pela ambivalência em suas dimensões sociais. Outrossim, salienta-se o desafio do campo de intervenção da Educação Física em ser um intérprete das diferentes possibilidades que emergem na cultura corporal de movimento, evitando “vender ilusões”, mas fortalecendo a capacidade reflexiva para os sujeitos tornarem-se instituintes de suas práticas corporais e cuidados de si, bem como preocuparem-se com a participação na construção coletiva dos rumos da sociedade, ou seja, com a política. / 92 f.

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