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Educação e mundo comum: da liquidez a uma possível solidez

Matos, Edegar Soares de 08 May 2018 (has links)
Esta tese apresenta uma reflexão sobre a crise da educação atual a partir das obras de Zygmunt Bauman e Hannah Arendt. O encontro reflexivo que liga esses autores é a questão da crise e dos desafios da educação na contemporaneidade. Também a busca de elaboração de uma interpretação do mundo presente em seus pressupostos e horizontes na perspectiva de que possa ser constituído como mundo comum. Assim, diante do diagnóstico do mundo atual como essencialmente líquido, segundo Bauman, a educação, assim como outros setores da sociedade, padece da precariedade de formar uma ideia clara e uma definição sobre seu sentido e seu papel. Se Bauman nos ajuda a compreender os termos dessa situação de liquidez, Arendt, por sua vez, nos fornece uma proposta teórica do que seja a educação, seu sentido e seu papel no todo da constituição do mundo humano. A tese arendtiana sobre a educação desenvolve-se a partir dos conceitos de tradição/conhecimento, da autoridade/diálogo, do amor mundi, do mundo comum e da política. O centro da tese é que a liquidez não pode ser o pressuposto e o horizonte da educação, mas a tradição, a autoridade e o mundo comum, este que é a razão de ser da política. A educação é compreendida como o espaço/tempo de entrada no mundo por parte das novas gerações por meio da interpretação da tradição realizada num diálogo com os professores que se constituem em autoridade por serem os representantes legais e os responsáveis pelas mediações e pelas interlocuções dos saberes escolares. Dessa forma, tomamos a questão do pensamento/reflexão de Arendt como fio condutor para o enfrentamento dos problemas vividos pela educação na contemporaneidade, tomando como conceitos orientadores a tradição, a autoridade e a política. Para Arendt, o pensamento/reflexão tem uma dimensão fundamental não apenas na educação escolar, mas na dimensão política como forma de enfrentar a sua funcionalização. E essa dimensão de reflexão se diferencia de uma racionalidade formal própria das estruturas que se fixam e se burocratizam em qualquer sistema político. Compreendemos que essa dimensão se torna fundamental para a educação atual, como forma de repensar seu sentido diante da sua situação, como descrita por Bauman, de uma liquidez do conhecimento, do mundo e de próprio ser humano. Para Arendt (1997), mesmo com a renovação das novas gerações, o que não deveria mudar na educação: a interpretação da tradição como conteúdo da aprendizagem; a autoridade do professor enquanto mediador do diálogo que acontece na escola, no sentido de uma interlocução entre gerações; e a finalidade da educação, de ser em perspectiva de um mundo público e não dos interesses privados. / 129 f.
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Educação e mundo comum em Hannah Arendt: reflexões e relações em face da crise do mundo moderno / Education and common world in Hannah Arendt: reflections and relations in light of the crisis of the modern world.

Custodio, Crislei de Oliveira 13 May 2011 (has links)
Este trabalho apresenta uma reflexão sobre as relações entre educação e mundo comum no pensamento de Hannah Arendt. A autora concebe o mundo comum como artificialismo humano e palco das aparências, instância que abriga o cabedal de conhecimentos, instituições, significados, virtudes, linguagens, histórias e costumes de uma comunidade. O mundo, na concepção arendtiana, abarca a esfera pública dos negócios humanos, na qual se dão as ações políticas e onde a visibilidade e a presença dos outros constituem o palco em que os homens podem revelar sua singularidade. Nessa concepção, o mundo é tido como o sentido último da formação de jovens e crianças, dado que, de acordo com Arendt, a essência da educação é a natalidade. Assim, partindo da ideia de que o sentido da educação é o nascimento e a chegada de crianças a um mundo humano que transcende nossa existência no tempo e no espaço, tivemos como objetivo pensar sobre as relações entre a formação dos novos e o mundo, bem como refletir sobre a tarefa educativa diante da perda da tradição e da autoridade em nossos tempos. Desse modo, a presente dissertação dispôs-se a analisar a seguinte problemática: diante de um mundo esfacelado e tomado pela esfera social, é possível conceber uma educação que se constitua como um elo de aproximação entre o velho e o novo, os jovens e o mundo? E, ainda, qual é o sentido de inserir os novos em um mundo em ruínas, haja vista que a salvaguarda deste mundo da total destruição é o ineditismo e a renovação que as crianças e os jovens podem oferecer-lhe? Diante desse contexto, discutimos as relações de inserção, conservação e renovação entre a educação e o mundo na tentativa de examinar e debater um possível significado para a ação educativa em face da crise do mundo moderno. Em nossa análise, consideramos que o mundo é, para a educação, o significado fundamental de seus esforços e o legado que uma comunidade concebe como digno de ser deixado como herança para as novas gerações. / The present work puts forward a discussion on the relations between education and the common world in Hannah Arendts thought. The author conceives of the common world as human artificiality and space of appearances, a framework which holds a communitys heritage of knowledge, institutions, meanings, virtues, languages, stories and customs. The Arendtian conception of the world comprehends the public realm of human affairs, where political actions are carried out and where visibility and the presence of others form the stage upon which men can reveal their singularity. Under that conceptualization the world is understood as the ultimate meaning of the formation of children and youth, since, according to Arendt, the essence of education is natality. Thus, departing from the idea that the meaning of education is birth and the arrival of children to a human world which transcends our existence in time and space, our purpose has been to ponder on the relations between the world and the formation of the young, as well as to reflect on the task of education in our days, when tradition and authority have been lost. The present dissertation therefore proposes to analyze the following questionings: before a world shattered and taken by the social sphere, is it possible to conceive of education as a link bringing closer the old and the new, youth and the world? Still, what does it mean to introduce the young into a world in ruins, considering that the safeguard this world has against its utter destruction is the very novelty and renovation children and youth can offer it? Within that context we have discussed the relations of insertion, conservation and renovation between education and the world, as we attempt to examine and debate a possible meaning for educational activity in light of the crisis of the modern world. In our analysis we have considered that, in what regards education, the world is the fundamental meaning of its efforts and the legacy a community considers worthy of being left as a heritage to new generations.
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Educação e mundo comum em Hannah Arendt: reflexões e relações em face da crise do mundo moderno / Education and common world in Hannah Arendt: reflections and relations in light of the crisis of the modern world.

Crislei de Oliveira Custodio 13 May 2011 (has links)
Este trabalho apresenta uma reflexão sobre as relações entre educação e mundo comum no pensamento de Hannah Arendt. A autora concebe o mundo comum como artificialismo humano e palco das aparências, instância que abriga o cabedal de conhecimentos, instituições, significados, virtudes, linguagens, histórias e costumes de uma comunidade. O mundo, na concepção arendtiana, abarca a esfera pública dos negócios humanos, na qual se dão as ações políticas e onde a visibilidade e a presença dos outros constituem o palco em que os homens podem revelar sua singularidade. Nessa concepção, o mundo é tido como o sentido último da formação de jovens e crianças, dado que, de acordo com Arendt, a essência da educação é a natalidade. Assim, partindo da ideia de que o sentido da educação é o nascimento e a chegada de crianças a um mundo humano que transcende nossa existência no tempo e no espaço, tivemos como objetivo pensar sobre as relações entre a formação dos novos e o mundo, bem como refletir sobre a tarefa educativa diante da perda da tradição e da autoridade em nossos tempos. Desse modo, a presente dissertação dispôs-se a analisar a seguinte problemática: diante de um mundo esfacelado e tomado pela esfera social, é possível conceber uma educação que se constitua como um elo de aproximação entre o velho e o novo, os jovens e o mundo? E, ainda, qual é o sentido de inserir os novos em um mundo em ruínas, haja vista que a salvaguarda deste mundo da total destruição é o ineditismo e a renovação que as crianças e os jovens podem oferecer-lhe? Diante desse contexto, discutimos as relações de inserção, conservação e renovação entre a educação e o mundo na tentativa de examinar e debater um possível significado para a ação educativa em face da crise do mundo moderno. Em nossa análise, consideramos que o mundo é, para a educação, o significado fundamental de seus esforços e o legado que uma comunidade concebe como digno de ser deixado como herança para as novas gerações. / The present work puts forward a discussion on the relations between education and the common world in Hannah Arendts thought. The author conceives of the common world as human artificiality and space of appearances, a framework which holds a communitys heritage of knowledge, institutions, meanings, virtues, languages, stories and customs. The Arendtian conception of the world comprehends the public realm of human affairs, where political actions are carried out and where visibility and the presence of others form the stage upon which men can reveal their singularity. Under that conceptualization the world is understood as the ultimate meaning of the formation of children and youth, since, according to Arendt, the essence of education is natality. Thus, departing from the idea that the meaning of education is birth and the arrival of children to a human world which transcends our existence in time and space, our purpose has been to ponder on the relations between the world and the formation of the young, as well as to reflect on the task of education in our days, when tradition and authority have been lost. The present dissertation therefore proposes to analyze the following questionings: before a world shattered and taken by the social sphere, is it possible to conceive of education as a link bringing closer the old and the new, youth and the world? Still, what does it mean to introduce the young into a world in ruins, considering that the safeguard this world has against its utter destruction is the very novelty and renovation children and youth can offer it? Within that context we have discussed the relations of insertion, conservation and renovation between education and the world, as we attempt to examine and debate a possible meaning for educational activity in light of the crisis of the modern world. In our analysis we have considered that, in what regards education, the world is the fundamental meaning of its efforts and the legacy a community considers worthy of being left as a heritage to new generations.
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Milagre em Monte Santo: a fundação da Escola Família Agrícola do Sertão / Miracle in Monte Santo: the foundation of the Rural Family School in the hinterland

Fazio, Denizart Busto de 08 March 2019 (has links)
Em meio a violentos conflitos agrários, à baixa expectativa de vida, à seca e à fome, à falta de oferta educacional consistente e à expressiva migração de jovens, em 13 de março de 1998, agricultores da região de Monte Santo (BA) fundam, no meio da caatinga, a Escola Família Agrícola do Sertão (Efase). Propomos um percurso pela história deste acontecimento, evidenciando seu caráter de ruptura em relação a um fluxo esperado de continuidade e reprodução das condições sociais, fiando-se nas narrativas recolhidas dos seus fundadores e depreendendo delas gestos que concernem à reflexão filosófica em educação. A opção pela análise das narrativas deve-se à relação consubstancial que acreditamos existir entre essas atividades básicas que marcam a convivência intergeracional: narrar e educar. É por meio delas que propomos determinada compreensão acerca da fundação desta escola que a retrate como uma resposta significativa, singular e contextualizada a uma questão geral de grande relevância pública e política: a experiência escolar ainda pode guardar um significado político e existencial numa sociedade crescentemente burocratizada e submetida a imperativos econômicos globais? Percorremos o marco de mobilização, e referência simbólica, para aqueles sertanejos, Canudos, e a crescente mobilização em resposta à precariedade daquela vida por meio da ação de homens e mulheres, entendendo a fundação, a partir de Hannah Arendt, como um milagre humano, o aparecimento do novo. As narrações encontram seu lugar como memória da ação, forma de compreensão de um mundo que nos antecede. Em busca de respostas à questão de como poderiam permanecer juntos em um mundo que parecia se esfacelar, aqueles agricultores agiram na tentativa de que pudessem não apenas encontrar um espaço de comunhão, mas que pudessem também instituir um novo comum, a fim de partilhá-lo no tempo com os novos. / Amidst violent agrarian conflicts, low life expectancy, drought and famine, the lack of consistent educational provision, and the significant youth migration, on the 13th of March, 1998, farmers from the region of Monte Santo (a town in the state of Bahia, Brazil) founded, in the middle of the caatinga, the Escola Família Agrícola do Sertão (rural family school of the hinterland, Efase in its Portuguese acronym). A itinerary through the history of such event was intended, in order to highlight its disruptive nature in relation to an expected flow of continuity and reproduction of the social conditions, relying on the accounts gathered from the school´s founders and arising from them gestures that concern the philosophical reflection on education. Choosing to analyze the narratives results from the consubstantial relationship which I believe to exist between these basic activities that mark the intergenerational conviviality: narrate and educate. It is through them that a certain understanding of the foundation of this school is proposed, which portrays it as a remarkable, singular and contextualized response to a general question of great public and political importance: can the school experience still keep a political and existential meaning in an increasingly bureaucratic society, subject to global economic imperatives? I have run across the landmark of mobilization, and symbolic reference, for those hinterland people, Canudos, and the increasing mobilization in response to the precariousness of that kind of life through the action of men and women. The foundation of the school is understood, based on Hannah Arendt, as a human miracle, the emergence of the new. The narratives find their place as a memory of the action, a way of comprehending a world that came before. In the search for answers to the question of how would they be able to keep together in a world that seemed to crumble, those farmers acted in an effort to not only find a space of communion but also to establish a new common ground, in order to share it in time with the newcomers.
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Perspectivas de uma política da convivência em Hannah Arendt : os direitos humanos como possibilidade de intersecção político-teológica problematizados pelo pensamento de Hannah Arendt

Kathlen Luana de Oliveira 27 March 2009 (has links)
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Uma abordagem política dos direitos humanos na intersecção com a teologia, no resgate da gênese dos direitos humanos enquanto construção histórica, no confronto com a violência e na perspectiva de uma política da convivência, a partir do pensamento de Hannah Arendt. A primeira parte situa a teologia no debate político acerca dos direitos humanos, sem fundamentá-los teologicamente, centralizando, desse modo, sua densidade política. Evidencia limites e potencialidades da intersecção entre teologia e política, a partir da compreensão de teologia enquanto saber transfigurado pelo amor e enquanto teologia patética. Estabelece um diálogo entre a percepção política de Jürgen Moltmann e a análise da tradição teológica de Hannah Arendt. A segunda parte aborda os direitos humanos como construção histórica no âmbito de uma comunidade política e reitera que os direitos humanos não provêm da essencialização da dignidade ou da igualdade humana. São apresentadas as origens dos direitos humanos e as diferenças em sua positivação na Declaração de Independência dos Estados Unidos da América e na Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, evidenciando que nem todas as pessoas eram reconhecidas como iguais e detentoras de direitos. Os direitos humanos integram o espaço público e reivindicam liberdade e emancipação contra a opressão e a violência, desde que garantidos e protegidos por uma comunidade política. A terceira parte atesta que a violência invade o espaço público, revelando a inexiqüibilidade dos direitos humanos. A violência do século XX impossibilitou o direito a ter direitos, o direito de se pertencer a uma comunidade política, o direito de construir um lar. A compreensão de violência associada à política reduz o poder a relações de dominação e de medo, destruindo a pluralidade humana, impossibilitando a ação em concerto. A quarta parte aponta os direitos humanos como referenciais imprescindíveis para o estabelecimento de um mundo comum, pautado na convivência e caracterizado pela valorização e pelo reconhecimento da pluralidade humana, ressaltando a importância do poder de perdoar, de prometer e a possibilidade de começar. Apesar da destruição do mundo comum, no qual prevalecem os consumidores, a violência, o vazio reflexivo, há possibilidades de novos inícios. A esperança provém da natalidade, da relação entre as pessoas singulares e da possibilidade de resistência que encoraja à ação. Em meio à destruição de tudo o que há entre as pessoas, os direitos humanos carregam possibilidades de convivência, iniciando movimentos de resistência. Nesse processo de construção, os direitos humanos revelam que o pertencer ao mundo precisa ser resgatado, primeiro, enquanto senso comum, e, em segundo lugar, pertencer ao mundo é o direito de torná-lo um lar, e não um deserto. Por isso, os direitos humanos possuem possibilidades de promover a convivência, contrariando as condições da política atual. / This research is a political approach to human rights in intersection with theology, in the rescue of the genesis of human rights as a historical construction, in the confrontation with violence and in the political perspective of living together, based on Hannah Arendt's thought. The first part places theology in the political debate concerning human rights, without basing them on the theological thought, centralizing, thus, the political density of human rights. It evidences limits and potentialities of the intersection between theology and politics, based on the understanding of theology as "wisdom transfigured by love" and as "pathetic theology". It establishes a dialogue between Jürgen Moltmann's political perception and Hannah Arendts analysis of the theological tradition. The second part approaches human rights as a historical construction in the sphere of a political community and reiterates the fact that human rights do not come from the naturalization of dignity or of human equality. The origins of human rights and the differences are presented in its positivist period exposed in the Declaration of Independence of the United States of America and in the Declaration of Rights of Man and Citizen, evidencing that not all people were recognized as equals and holders of rights. Human rights integrate the public space and demand freedom and emancipation against oppression and violence, as long as they are guaranteed and protected by a political community. The third part attests that violence invades the public sphere, revealing the unfeasibility of human rights. The violence of the twentieth century disabled the right of having rights, the right of belonging to a political community, the right of building a home. The understanding of violence, associated with politics reduces the power to relationships of dominance and relationships based on fear, destroying human plurality, disabling the action in concert. The fourth part points towards human rights as indispensable references for the establishment of a common world, ruled by living together and characterized by the valorization and the recognition of human plurality, emphasizing the importance of the power of forgiving, of promising and the possibility to begin. In spite of the destruction of the common world, in which consumers, violence, and reflexive emptiness prevail, there are possibilities of new beginnings. The hope comes from the birth rate, from the relationship among singular people and from the possibility of resistance which encourages action. Amid the destruction of everything that exists among people, human rights carry possibilities of living together and begin movements of resistance. Through this construction process, human rights reveal that the idea of belonging to the world needs to be rescued, firstly, as common sense, and, secondly, human rights reveal that belonging to the world is the right of turning it a home, not a desert. Therefore, the human rights possess possibilities to promote the living together, contradicting the conditions of the current politics.
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O espaÃo pÃblico e a aÃÃo polÃtica no pensamento de Hannah Arend / The public space and political action at the thought of Hannah Arend

Halanne Fontenele Barros 12 July 2016 (has links)
nÃo hà / Conceituar a noÃÃo de espaÃo pÃblico, perceber a aÃÃo como atividade essencial a criaÃÃo deste espaÃo, bem como investigar a natureza da aÃÃo que constrÃi e constitui o domÃnio da polÃtica, à justamente com Hannah Arendt, romper com as principais correntes da tradiÃÃo de pensamento polÃtico, que por diversas vezes tem apresentado a aÃÃo e o espaÃo pÃblico como algo instrumentalizado e, assim, buscar compreender se ainda à possÃvel pensar a polÃtica como atividade que faz surgir a liberdade entre os homens, principalmente apÃs a chegada dos eventos polÃticos tÃo marcantes do sÃculo XX. Com a ajuda de Arendt, buscaremos pensar a polÃtica como a prÃpria expressÃo da liberdade humana, que surgindo na esfera da aparÃncia e do mundo comum, possibilita aos homens uma vida livre, capaz de transcender a mera necessidade a que todo homem està submetido. Baseando-se na obra polÃtica de Hannah Arendt, buscaremos pensar a polÃtica como a atividade que surge da interaÃÃo de uma pluralidade de homens, que ao agir e falar conjuntamente transforma o espaÃo pÃblico em um espaÃo potencial da novidade. A dissertaÃÃo està estruturada em trÃs capÃtulos. No primeiro abordaremos alguns aspectos metodolÃgicos presentes no pensamento de Arendt em relaÃÃo à construÃÃo da categoria esfera pÃblica; no segundo, relacionamos a inerÃncia entre esfera pÃblica e mundo comum e, por Ãltimo, a ligaÃÃo entre esfera pÃblica e a categoria de aÃÃo na autora.
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Por um sentido formativo da arte numa \"sociedade de consumidores\": uma inserção no pensamento político de Hannah Arendt e de Jacques Rancière / For an educational sense of art in a consumer society: a survey into the political thought of Hannah Arendt and Jacques Rancière

Lamas, Anyele Giacomelli 07 July 2015 (has links)
Com o intuito de pensar sobre a peculiaridade dos impasses relativos à formação dos mais novos no contexto de uma sociedade de consumidores, recorremos ao que Hannah Arendt e Jacques Rancière propuseram acerca da relação entre arte e política. De acordo com Arendt, um dos desafios impostos à tarefa dos mais velhos de introduzir os recém-chegados ao mundo numa sociedade de consumidores diz respeito ao modo como temos nos relacionado com a herança cultural que o passado nos legou. Isso porque destruímos os objetos culturais que ajudam a constituir um mundo comum na medida em que os transformamos em meios de entretenimento, passíveis de serem consumidos. Se partimos da reflexão sobre o fenômeno da arte como uma das formas privilegiadas de compreender o que é esse mundo comum ao qual os adultos devem introduzir as crianças é porque, segundo Arendt, as obras de arte são os objetos culturais máximos que devem ser salvos da ruína da destruição ou do esquecimento. Rancière, por sua vez, afirma que a arte e a política podem contribuir para que possamos reconfigurar as coisas comuns, mesmo no contexto da sociedade homogênea e consensual da qual fazemos parte. Elas podem romper com a distribuição dos espaços, das competências e incompetências de acordo com o lugar que ocupamos na sociedade, contribuindo para forjarmos contra o consenso outras formas de senso comum. Podemos pensar, então, sobre um sentido formativo da arte a partir da possibilidade de reconfigurarmos outras formas de convívio que ligam sujeitos ou grupos em torno de uma outra comunidade de palavras e coisas, formas e significados. Rancière não parece acreditar, nesse sentido, apenas na destruição do que há em comum entre os homens numa sociedade marcada pela lógica do consumo. Ele afirma que a transição dos objetos e produtos do mundo da arte para a esfera da utilidade e da mercadoria pode romper com o curso uniforme do tempo, alterando o estatuto dos objetos e a relação entre os signos e as formas de arte, de modo que possamos nos apropriar ativamente do mundo comum. Nesse contexto, acreditamos que a escola pode se configurar como um recorte no tempo e no espaço da produção e do consumo, em que podemos oferecer aos recém-chegados a possibilidade de pertencerem ao comum do mundo. Talvez numa época em que as coisas mais corriqueiras podem adentrar a esfera da arte, propondo outras formas de experiência sensível, a educação tenha, mesmo num contexto de crise, a possibilidade aberta e sempre renovada de convidar os mais novos a adentrar a imensa floresta de coisas e signos que constituem o mundo comum. / In order to analyze the peculiarity of the dispute over the education of the newcomers in a consumer society, we call upon what Hannah Arendt and Jacques Rancière proposed about the relationship between art and politics. In line with Arendt, one of the challenges faced by the adults when introducing newcomers to the world in a consumer society refers to the way we deal with the cultural heritage that has been transmitted to us from the past. We destroy the cultural objects that help provide a common world as we transform them into consumable media entertainment. We begin by considering the art as a privileged way of understanding this common world in which adults introduce children because, according to Arendt, the art works are cultural objects par excellence that must be protected from ruin of destruction or oblivion. Rancière, in turn, says that art and politics support the reconfiguration of common things, even in the context of homogeneous and consensual society to which we belong. They can break with the use of spaces, the competence and incompetence with respect to our place in society, contributing to forge consensus against different forms of common sense. We can think about an educational sense of art out of the possibility of configuration of different forms of living together that bind men and groups around a different community of words and things, forms and meanings. Rancière does not seem to believe only in the destruction of what is common among men in a society ruled by the logic of consumption. He says that the transition of the objects and products from the art world to the sphere of utility and commodity may break the uniform course of time, changing the status of objects and the relationship between signs and art forms, so we can actively appropriate the common world. In this context, we believe that school can be configured as a cutout in time and space of production and consumption, in which we can offer newcomers the opportunity to belong to the common world. Perhaps in a time when the most ordinary things can enter the sphere of art, proposing other forms of sensitive experience, education has even in times of crisis the open and constantly renewed possibility to invite the young to enter the vast forest of things and signs that constitute the common world.
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Por um sentido formativo da arte numa \"sociedade de consumidores\": uma inserção no pensamento político de Hannah Arendt e de Jacques Rancière / For an educational sense of art in a consumer society: a survey into the political thought of Hannah Arendt and Jacques Rancière

Anyele Giacomelli Lamas 07 July 2015 (has links)
Com o intuito de pensar sobre a peculiaridade dos impasses relativos à formação dos mais novos no contexto de uma sociedade de consumidores, recorremos ao que Hannah Arendt e Jacques Rancière propuseram acerca da relação entre arte e política. De acordo com Arendt, um dos desafios impostos à tarefa dos mais velhos de introduzir os recém-chegados ao mundo numa sociedade de consumidores diz respeito ao modo como temos nos relacionado com a herança cultural que o passado nos legou. Isso porque destruímos os objetos culturais que ajudam a constituir um mundo comum na medida em que os transformamos em meios de entretenimento, passíveis de serem consumidos. Se partimos da reflexão sobre o fenômeno da arte como uma das formas privilegiadas de compreender o que é esse mundo comum ao qual os adultos devem introduzir as crianças é porque, segundo Arendt, as obras de arte são os objetos culturais máximos que devem ser salvos da ruína da destruição ou do esquecimento. Rancière, por sua vez, afirma que a arte e a política podem contribuir para que possamos reconfigurar as coisas comuns, mesmo no contexto da sociedade homogênea e consensual da qual fazemos parte. Elas podem romper com a distribuição dos espaços, das competências e incompetências de acordo com o lugar que ocupamos na sociedade, contribuindo para forjarmos contra o consenso outras formas de senso comum. Podemos pensar, então, sobre um sentido formativo da arte a partir da possibilidade de reconfigurarmos outras formas de convívio que ligam sujeitos ou grupos em torno de uma outra comunidade de palavras e coisas, formas e significados. Rancière não parece acreditar, nesse sentido, apenas na destruição do que há em comum entre os homens numa sociedade marcada pela lógica do consumo. Ele afirma que a transição dos objetos e produtos do mundo da arte para a esfera da utilidade e da mercadoria pode romper com o curso uniforme do tempo, alterando o estatuto dos objetos e a relação entre os signos e as formas de arte, de modo que possamos nos apropriar ativamente do mundo comum. Nesse contexto, acreditamos que a escola pode se configurar como um recorte no tempo e no espaço da produção e do consumo, em que podemos oferecer aos recém-chegados a possibilidade de pertencerem ao comum do mundo. Talvez numa época em que as coisas mais corriqueiras podem adentrar a esfera da arte, propondo outras formas de experiência sensível, a educação tenha, mesmo num contexto de crise, a possibilidade aberta e sempre renovada de convidar os mais novos a adentrar a imensa floresta de coisas e signos que constituem o mundo comum. / In order to analyze the peculiarity of the dispute over the education of the newcomers in a consumer society, we call upon what Hannah Arendt and Jacques Rancière proposed about the relationship between art and politics. In line with Arendt, one of the challenges faced by the adults when introducing newcomers to the world in a consumer society refers to the way we deal with the cultural heritage that has been transmitted to us from the past. We destroy the cultural objects that help provide a common world as we transform them into consumable media entertainment. We begin by considering the art as a privileged way of understanding this common world in which adults introduce children because, according to Arendt, the art works are cultural objects par excellence that must be protected from ruin of destruction or oblivion. Rancière, in turn, says that art and politics support the reconfiguration of common things, even in the context of homogeneous and consensual society to which we belong. They can break with the use of spaces, the competence and incompetence with respect to our place in society, contributing to forge consensus against different forms of common sense. We can think about an educational sense of art out of the possibility of configuration of different forms of living together that bind men and groups around a different community of words and things, forms and meanings. Rancière does not seem to believe only in the destruction of what is common among men in a society ruled by the logic of consumption. He says that the transition of the objects and products from the art world to the sphere of utility and commodity may break the uniform course of time, changing the status of objects and the relationship between signs and art forms, so we can actively appropriate the common world. In this context, we believe that school can be configured as a cutout in time and space of production and consumption, in which we can offer newcomers the opportunity to belong to the common world. Perhaps in a time when the most ordinary things can enter the sphere of art, proposing other forms of sensitive experience, education has even in times of crisis the open and constantly renewed possibility to invite the young to enter the vast forest of things and signs that constitute the common world.
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Educar sem corrimões? A formação em tempos de ruptura com a tradição / Educate without handrails? The formation in breaking times with tradition

Ludwig, Cristiane 05 April 2013 (has links)
This dissertation seeks to understand Hannah Arendt thought as hermeneutical link of formation comprehension, in face to the situation of breaking with tradition. Taking, as background, the turnaround operations of the category framework from the tradition, that destabilize the strict underpinnings of the thought, producing a crisis in education, it is brought the idea of the activity of thinking by dis-sensorialization as a hermeneutical resource in pedagogical field. This act implies in taking into account the real experience, but does not submitted to it at all; otherwise, there will not activity of the thought. This last occurs by experience contact and, at the same time, disengagement. Nevertheless, in order to have dis-sensorialization, it is necessary the pedagogical invention of telling stories, for example. For that, it is sought to recover some reflections from her work A Vida do Espírito, focusing on the understanding of the proposal of conservation as education essence, in light of the metaphor of the thought without handrails. Under this condition, it is asked: how the Hannah Arendt perspective of the thought worried about past conservation can yet give stimulus to the contemporary formation? Beyond the cognitive sphere of the senses directed to know , the idea of the activity of thinking helps in the resizing of education meaning to a more comprehensive place. Such condition also replaces the dichotomies of pedagogical theories, divided, historically, between the attraction from the new education and the coming back of the tradition. In this sense, the teacher formation, beyond be conducted by the authority to assure the discipline or the students interests, receives orientation from both positions, bringing thus, new comprehensive possibilities. Turning present what is in absence to the senses and the experiences, the activity of thinking by dis-sensorialization makes arise, under language perspective, the stranger gaze and voice so precious to formative processes , at the storyteller image, that invites his hearers to reflect, making each one takes a decision and begin something new. Despite of the breaking with the tradition, the inspiration in the youngsters birth and in the commitment with the amor mundi lead the education to go away from the confines of dichotomies and modes, caused by not listen to his voice, due to its fall. The capacity of creating possibilities by the youngsters birth and the amor mundi (re)kindle the dialogue between Philosophy and Education at the horizon common to everybody. / Este trabalho procura analisar o pensamento de Hannah Arendt como elo hermenêutico de compreensão da formação, diante do diagnóstico de ruptura com a tradição. Ao tomar, como pano de fundo, as operações de reviravolta do quadro categórico da tradição, que desestabilizaram os fundamentos rígidos do pensamento, produzindo a crise na educação, lança-se a ideia da atividade de pensar por dessensorialização como um recurso hermenêutico no campo pedagógico. Esse ato implica em contar com a experiência do real, mas não se submeter totalmente a ela; caso contrário, não haveria atividade do pensamento. Esse ocorre no contato e, ao mesmo tempo, no afastamento da experiência. Entretanto, para que haja a dessensorialização, é preciso a invenção pedagógica de contar histórias, por exemplo. Para isso, busca-se recuperar algumas reflexões extraídas, principalmente, de sua obra A Vida do Espírito, concentrando-se na interpretação da proposta de conservação como essência da educação, à luz da metáfora do pensamento sem corrimão. Sob esse horizonte, pergunta-se: de que modo a perspectiva de Hannah Arendt do pensamento preocupado com a conservação do passado ainda pode energizar o espírito da formação na contemporaneidade? Para além da esfera cognitiva dos sentidos direcionados ao conhecer , a ideia da atividade do pensar auxilia no redimensionamento do sentido da educação para um patamar mais compreensivo. Tal cenário também reposiciona as dicotomias das teorias pedagógicas, divididas historicamente entre o apelo à educação nova ou a volta à tradição. Nesse sentido, a formação do professor, para além de se conduzir pela autoridade em nome da disciplina ou pelos interesses dos alunos, orienta-se entre ambas as posições, abrindo, assim, novas possibilidades compreensivas. Ao tornar presente o que se encontra ausente dos sentidos e da experiência, a atividade de pensar por dessensorialização traz à tona, sob a perspectiva da linguagem, o olhar e a voz do estrangeiro tão cara aos processos formativos na imagem do contador de histórias, que convida seus ouvintes a refletir, a ponto de cada um tomar uma posição e iniciar algo novo. Apesar da ruptura da tradição, a inspiração na natalidade dos novos e o compromisso com o amor mundi provocam a educação a sair do confinamento das dicotomias e dos modismos, ocasionado justamente por não escutar a sua voz, em virtude da sua queda. A capacidade de criar possibilidades pela natalidade e pelo amor mundi (re)acende o diálogo entre Filosofia e Educação no horizonte do mundo comum a todos.

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