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O abuso sexual infantil intrafamiliar: do segredo à elaboração

Martins, Janaina da Mota 01 December 2015 (has links)
Made available in DSpace on 2017-06-01T18:08:59Z (GMT). No. of bitstreams: 1 janaina_mota_martins.pdf: 1223522 bytes, checksum: a54a25aad72143a1b105afa0a3e64199 (MD5) Previous issue date: 2015-12-01 / Considered a serious social and public health problem, sexual violence against children is expressed in various ways including the domestic sexual abuse. The problem of this study is localized around the issues of sexual abuse perpetrated by father against children. Based on issues and concerns caused by the clinic listening to children and adolescents involved in situations of sexual violence and their families aimed to study, within the psychoanalytic perspective, the impact on family dynamics, the development of intra-family sexual abuse and the implications for the child. Participated in the survey the mother of a child who suffered sexual abuse by her biological father and revealed the fact to mother after almost two years, referred to research by the Interprofessional Reference Center on Attention to Children and Adolescents Victims of Violence of Capital / Court of Justice of Pernambuco [TJPE]. We adopted for the collection of data the semi-directed psychological interviews, within the clinical-qualitative approach, observing the ethical guidelines for research with human beings; for the analysis of the data we use the Content Analysis[AC], grouping the interview fragments themes to then understand them in their core sense. Our research has shown that disclosure of child sexual abuse is a slow and gradual process that requires an intense psychic work for the child and unfolds in his narrative. We found that the revelation of incestuous sexual abuse does not necessarily promote early relief and can be lived in a threatening and painful for the child / adolescent, associated with anxieties and fantasies, being able to be more difficult than the experience of abuse. Both the child and family members when deciding the complaint, are asked to talk about what happened in different instances, mostly disjointed, forcing members to share, countless times, how was the abuse by setting up a true via-crucis for children mainly. We also note that the data analyzed in the interview show that in relation to the family, the process of revelation leads to a destabilizing period requiring the emotional disposition group for the development and transformation. It can tell that our study corroborates findings from previous research, with regard to maternal reactions to the disclosure, evidencing the psychological suffering that mothers have to take notice of the fact, and must receive equal attention and care in the course of revelation, noting that occupy a significant place in this process. As regards the disclosure in the clinical context, we emphasize the importance of clinical work and Therapist figure mediating the child relationship with his experience of abuse, offering a safe environment for creating senses. Thus, we hope that this research has contributed in some way to broaden the discussion around the issue of child sexual abuse assistance in the field of clinical and academic circles. / Considerado um grave problema social e de saúde pública, a violência sexual contra crianças se expressa de diversas formas incluindo o abuso sexual intrafamiliar. A problemática deste estudo circunscreve-se em torno das questões sobre o abuso sexual perpetrado por pai contra filhos (as). Respaldadas em questões e inquietações provocadas pela escuta clínica de crianças e adolescentes envolvidos em situações de violência sexual e suas famílias objetivamos estudar, dentro da perspectiva psicanalítica, as repercussões na dinâmica da família, da revelação do abuso sexual intrafamiliar e as implicações para a criança. Participou da pesquisa a mãe de uma criança que sofreu abuso sexual praticado por seu pai biológico e revelou o fato à mãe depois de quase dois anos, encaminhadas à pesquisa pelo Centro de Referência Interprofissional na Atenção a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência da Capital/Tribunal de Justiça de Pernambuco[TJPE]. Adotamos para a coleta de dados as entrevistas psicológicas semidirigidas, dentro da abordagem clínico-qualitativa, observando os cuidados éticos para a pesquisa com seres humanos; para a análise dos dados utilizamos a Análise de Conteúdo, agrupando os fragmentos da entrevista em eixos temáticos para, então, compreendê-los em seus núcleos de sentido. A nossa investigação mostrou que a revelação do abuso sexual infantil é um processo lento e gradual, que demanda um intenso trabalho psíquico para a criança e se desdobra na sua narrativa. Verificamos que a revelação do abuso sexual incestuoso não necessariamente promove alívio de início, podendo ser vivida de ameaçadora e dolorosa para a criança/adolescente,associada às angústias e fantasias, sendo capaz de se tornar mais difícil do que a própria experiência do abuso. Tanto a criança como membros da família quando decidem pela denúncia, são solicitados a falar sobre o que aconteceu em diferentes instâncias, em sua maioria desarticuladas, obrigando-os a contarem, inúmeras vezes, como se deu o abuso, configurando-se numa verdadeira via-crúcis para a criança, principalmente. Observamos também que os dados analisados na entrevista demonstram que em relação à família, o processo de revelação leva a um período de desestabilização exigindo do grupo disposição emocional para a elaboração e transformação. É possível dizer que nosso estudo corrobora achados de pesquisas anteriores, no que se refere às reações maternas perante a revelação, ficando evidente o sofrimento psíquico que as mães apresentam ao tomar conhecimento do fato, sendo necessário que recebam igual atenção e cuidado no decurso da revelação, lembrando que ocupam um lugar significativo neste processo. No que se refere à revelação no contexto clínico, destacamos a importância do trabalho clínico e da figura do terapeuta intermediando a relação da criança com sua experiência de abuso, oferecendo a ela um ambiente seguro para criação de sentidos. Dessa forma, esperamos que esta pesquisa tenha contribuído de alguma forma, para ampliar o debate em torno da problemática do abuso sexual infantil intrafamiliar no campo da clínica e da academia.
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Da ausência do olhar do outro à ausência do limite corporal: sobre a fragmentação corpórea no autismo

Correia, Natália Laporte 25 February 2016 (has links)
Made available in DSpace on 2017-06-01T18:09:00Z (GMT). No. of bitstreams: 1 natalia_laporte_correia.pdf: 1046342 bytes, checksum: 78ae55b3625fdff2c4603c28d75067c4 (MD5) Previous issue date: 2016-02-25 / This paper aims to discuss, based on Lacanian psychoanalytic literature matrix, the absence of the gaze of the Other as one of the factors that hinder the construction of a unified body image in autistic. The look has a relational dimension, becoming an important object to the design of the entire body. Indeed, in the initial development stage, the infant perceives the body as fragmented. There is not, from him, the sense of organic integration and the perception of the distinction between the inside and the outside. Although it also depends on physiological maturity, it is from the relationship with the adult who does the mothering that can happen to the little being, acquiring the sense of bodily unity. However, in the case of autistic children, it is common to find an intricate communication between the caregiver and the baby, which appears represented, above all, the mismatch looks. To understand this phenomenon, the methodology adopted was a literature review in the psychoanalytic literature. In it, we take the Lacanian theory of the mirror Stadium and its development as a fundamental basis, linking them with the following contemporary metapsychological constructs: the psychoanalytic concepts of looking, the mother's relationship with the baby, autism and body. For this, textual productions of the authors will be used, which have as a matrix of Lacanian psychoanalysis inspiration, especially the psychoanalyst Marie-Christine Laznik (1991, 2004). / O presente trabalho tem como propósito problematizar, com base na literatura psicanalítica de matriz lacaniana, a ausência do olhar do Outro como um dos fatores que dificultam a construção de uma imagem corporal unificada nos autistas. O olhar tem uma dimensão relacional, constituindo-se como um importante objeto para a concepção da totalidade corporal. Com efeito, na etapa inicial do desenvolvimento, o recém-nascido percebe o corpo como fragmentado. Não há sequer, da parte dele, o sentimento de integração orgânica e a percepção da distinção entre o interior e o exterior. Embora dependa também da maturação fisiológica, é a partir da relação com o adulto, o qual faz a maternagem, que pode se dar, para o pequeno ser, a aquisição do sentimento de unidade corporal. No entanto, no caso de crianças autistas, é comum a existência de uma intricada comunicação entre o cuidador e o bebê, a qual aparece representada, sobretudo, no desencontro dos olhares. Para o entendimento desse fenômeno, a metodologia adotada foi uma revisão bibliográfica na literatura psicanalítica. Nela, tomamos a teoria lacaniana do Estádio do Espelho e seus desdobramentos como base fundamental, articulando-os com os seguintes construtos metapsicológicos contemporâneos: as concepções psicanalíticas de olhar, da relação da mãe com o bebê, do autismo e do corpo. Para isso, serão utilizadas as produções textuais dos autores, que possuem como matriz a psicanálise de inspiração lacaniana, especialmente as da psicanalista Marie-Christine Laznik (1991, 2004).

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