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Precarização da organização do trabalho: vivências de prazer e sofrimento no cultivo do fumoCastro, Laura Silva Peixoto de 15 March 2013 (has links)
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Previous issue date: 2013 / Nenhuma / Alguns fatores contribuem significativamente para a precarização da organização do
trabalho na fumicultura, destacando-se: a exploração do produtor de tabaco pela
empresa fumageira; a desproteção social destes trabalhadores pelo Estado; a intensificação do trabalho em consonância com a lógica de acumulação de capital,
colocando em risco a saúde dos profissionais; a proposta de diminuição do plantio e do
consumo do tabaco em todo território nacional. Resistindo a estas adversidades, os
produtores de fumo procuram sobreviver em um cenário econômico que não lhes é
favorável. Esta pesquisa objetivou conhecer a percepção destes profissionais acerca do
reflexo da organização do trabalho sobre suas vivências de prazer e sofrimento no
trabalho. Participaram desta investigação 15 fumicultores, homens e mulheres que
desenvolvem o cultivo do fumo como sua principal fonte de renda. Todos os
participantes são munícipes de Dom Feliciano/RS, cidade referência nacional no cultivo
do tabaco. A pesquisa foi desenvolvida conforme o método exploratório descritivo, a
partir de uma perspectiva qualitativa, sendo o instrumento de pesquisa empregado a
técnica de grupos focais. Um roteiro de questões norteadoras, elaborado de acordo com
os pressupostos teóricos da Psicodinâmica do Trabalho e com a revisão bibliográfica
sobre o tema, auxiliou a pesquisadora na condução dos encontros. Para a análise
interpretativa, optou-se pelo modelo misto proposto por Bardin, tendo sido
estabelecidas categorias a priori e a posteriori, estas para contemplar, inclusive, os
conteúdos inéditos emergidos nos grupos. Esta Dissertação apresenta e discute, em dois
artigos empíricos, os resultados obtidos nesta pesquisa. A primeira sessão expõe o
artigo intitulado “O fumicultor adverte: a causa do seu sofrimento é o homem, não o
fumo”, tendo como principais achados o sofrimento experimentado pelos fumicultores
em decorrência da organização alienante do trabalho e da ansiedade destes profissionais
frente à ameaça do desemprego em massa, obrigando-os a considerar alternativas de
fonte de renda, como a diversificação rural, o que, ao seu julgo, não lhes favorece. Os
produtores de fumo retratam a situação que o Homem os coloca, sendo este
representado, em sua ótica: pelas empresas fumageiras, pelo Estado, e pelos próprios
fumicultores, que não mobilizam-se de forma efetiva para impedir a injustiça social que
acomete sua classe profissional. Na segunda sessão, apresenta-se o artigo intitulado
“Não adoece só quem fuma, mas também quem planta”. Este aponta que o desprazer e o
sofrimento são vivenciados diariamente pelos fumicultores e pouca menção se faz ao
prazer no trabalho e aos raros momentos de lazer. O sofrimento e o adoecimento são
decorrentes da precarização das condições de trabalho, causados, principalmente, pela
intensificação deste. Entretanto, é comum o fumicultor se culpabilizar pelos agravos a
sua saúde, admitindo cometer excessos e não tomar as precauções necessárias para
evitar o adoecimento. O entendimento destes trabalhadores, acerca das consequências
da exploração de que são vítimas, é limitado. Estes agricultores não compreendem que
os “erros” e “exageros” que percebem cometer, são reflexos de uma organização do
trabalho alienante. Almeja-se, com esta investigação: atentar para a importância da
participação efetiva dos fumicultores nos espaços públicos de discussão sobre a
proposta de diversificação rural; esclarecer a relação de dominação entre os
fumicultores e as empresas fumageiras; contextualizar a emergência da intervenção do
Estado para garantir os direitos à saúde e previdenciários dos trabalhadores rurais;
possibilitar aos profissionais de saúde mental, conhecer a perspectiva dos fumicultores
quanto ao seu sofrimento e adoecimento, favorecendo o entendimento de que os agravos
que acometem estes agricultores, não devem ser resumidos a uma descrição de sintomas ou diagnósticos, mas prevenidos, problematizados como um problema social que exige a interlocução de diversas áreas do conhecimento. / Some factors contribute significantly to the deterioration of the organization of work in tobacco farming: exploitation of the tobacco farmers by the tobacco industry; the lack of social care by the government; the intensification of the work in addition to the logic of accumulation of capital, which interferes in the health of these professionals; diminish tobacco farming and consumption policies throughout national territory. In order to resist against these setbacks, tobacco farmers try to survive in such unfavourable economical scenery. The objective of this research was to get to know the perception of these professionals towards the results of the organization of work over the way they experience pleasure and suffering in work. Fifteen tobacco farmers, men and women who live in Don Feliciano/RS, national reference in tobacco farming, participated in this study. The research was carried out according to the descriptive and exploratory method
with a qualitative perspective. The instrument of research was focus groups. In the meetings it was used a list of leading questions elaborated in accordance to the themes in the psychodynamics of work. For the interpretative analysis, it was used Bardin’s model with a priori and a posteriori categories (BARDIN), being the last used to complement the contents that emerged from the groups. This dissertation, divided into two empirical articles, presents and debates the results of this research. The first section exhibits the article “Tobacco growers warn: the cause to your suffering is the Man, not the tobacco”. Its main finding is the suffering of tobacco growers which is caused by an alienating organization of work and fear of massive unemployment threats, which make them consider other ways of making money such as rural diversification that, for them, is not worthwhile. The tobacco farmers portray the situation that the Man puts them
into. He is represented, according to them, by the tobacco industry, the Estate, and the tobacco farmers themselves who do nothing to prevent social mistreat that undermines this professional category. In the second section, it is presented the article “Both tobacco smokers and tobacco farmers fall ill”. It points out that displeasure and suffering are experienced by tobacco farmers daily, but little is mentioned about pleasure and rare moments of leisure in work. Both suffering and falling ill happen due to bad work conditions, caused by its intensification. However, it is common to find tobacco farmers taking blame for their lack of health, admitting overworking and not taking right precautions. Their understanding of the consequences of the conditions they are is limited. These farmers do not understand that the “errors” and “exaggerations” that they admit making are the consequences of an alienating organization of work. The objectives of this investigation are: to highlight the importance of the participation of tobacco farmers in forums to debate over the rural diversification proposal; elucidate the relation of domination between tobacco industries and farmers; contextualise the urgency for interventions of the Estate in order to warrant health and pension to farmers; allow mental health professionals to get to know tobacco farmers’ perspective in terms of suffering and falling ill, as well as helping them to understand that the conditions of these farmers may not be just summed up to the point of just describing symptoms or diagnosis, but be prevented, problematised and considered as a social issue that needs the interlocution of various areas of knowledge.
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