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A redação do vestibular: uma análise para além do enunciadoCervo, Anna 29 August 2013 (has links)
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Previous issue date: 2013-08-29 / UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos / A necessidade de se pensar a redação de vestibular como oriunda de uma situação de enunciação que mobiliza uma estrutura trinitária (eu/tu/ele) é o que motiva este trabalho. Assim, nosso objetivo é examinar essa forma específica de enunciação em sua complexidade, por ser escrita, para tentar compreender como os vestibulandos
se instituem como locutores (a fim de co-construir o mundo (referente) que a
Universidade propõe através da proposta de redação), para agir sobre o alocutário
na situação em que se encontram (intentado). Nosso foco centra-se em um corpus
de três redações que trazem observações críticas, escritas no próprio texto, feitas pelos avaliadores, no que diz respeito a problemas de argumentação; além disso, a proposta que orienta tais redações também faz parte deste estudo. As questões que norteiam nosso trabalho são: 1) Que desdobramentos a situação enunciativa redação de vestibular apresenta? 2) Como se instauram o eu e o tu nos diversos desdobramentos enunciativos implicados nessa situação específica? 3) Que movimentos enunciativos o locutor aluno faz para construir o referente e para promover ação sobre o tu -leitor? Nossa pesquisa fundamenta-se na teoria da enunciação de Émile Benveniste e alinha-se ao conjunto de trabalhos que se inscrevem no que ele chama de translinguística, destinada ao tratamento de textos, obras, formas complexas de discurso. Recorremos ao trabalho pioneiro de Mello (2012), que, com base em Benveniste, propõe cinco princípios para o tratamento textual, em uma perspectiva enunciativa, a partir do pressuposto de que o sentido de um texto pode ser depreendido de sua sintagmatização no plano global e analítico. Focaremos nossa análise nos princípios: o texto é um índice global de subjetividade, o texto cria referência e o texto constitui um modo de ação do locutor sobre
o alocutário. O trabalho permite concluir que: não do mesmo modo, o(s) locutor(es)
dialoga(m), tanto com o alocutário-proponente quanto com o alocutário-leitor. Nas
redações analisadas, instaura-se o quadro figurativo, ou seja, constrói-se uma enunciação de retorno a uma demanda, numa relação intersubjetiva com o tu -
institucional, assim como em todas as redações é atribuído um lugar ao leitor para a
co-construção do sentido. É nesse espaço de intersubjetividade que o vestibulando
evidencia suas posições sobre o tema do vestibular, buscando a adesão do leitor.
Olhadas como produto, essas redações foram consideradas fracas do ponto de vista
do desenvolvimento do tema e da argumentação. Sob o olhar enunciativo, todas elas
atenderam à proposta, porém de modos particulares. Findamos, então, destacando
que, embora a circulação da redação de vestibular seja restrita, na sociedade, ela é
uma prática social e, como tal, mobiliza a língua em seu uso concreto. / The reason that underlie this study is the need to think about the writing related to the
university access as coming from a situation of enunciation which mobilizes a
trinitarian structure (I / you / he). Thus, our purpose is to examine this specific form of
enunciation in its complexity, being it a written genre, in order to understand how the
candidates institute themselves as enunciators (aiming at co-constructing the world
(referent) that the University suggests through the proposal of writing), as well as acting on the allocutor concerning the situation in which they are (“intenté”). Our focus is on a
corpus composed of three writings that bring critic notes, written in the text itself, made by the evaluators, concerning argumentation problems; the proposal which guides this writings is also part of this study. The questions that guide our study are: 1) which developments do the enunciative scene “vestibular writing” present? 2) How do "I" and "you" are instituted in the various enunciative developments involved in this specific situation? 3) What enunciative movements does the locutor student bring to construct the referent and to promote action on the “you” reader? Our research is based on the Enunciat
ion Theory of Émile Benveniste and aligned to the group of works located within what he calls the translinguístic, a sub-area devoted to text treatment, works and complex forms of discourse. We used the pioneering work of Mello (2012), which, based on Benveniste, proposes five principles for textual treatment, in an enunciative perspective, the assumption that the meaning of a text can be inferred from its sintagmatization in the global and analytical plans. We focus our analysis on the following principles: the text is a global index of subjectivity, the text creates reference and the text constitutes a mode of action of the locutor on the allocutor. This study proves that the locutor (s) dialogues with the proponent allocutor, as well as with the reader all ocutor in different ways. In thel
examined writings, the aim is the figurative board,that is, an enunciative return related to a demand is built into an intersubjective relationship with the “you”- institutional, as well as in all the writings a place is assigned to the reader in order to co-construct the meaning. It is in this space of in tersubjective that the candidate evidences his/her positions about the vestibular ́stopic, aiming at the reader’s attention. Taken as a product, these writings were
considered weak in terms of the development of the topic and of argumentation. Under the enunciative view, all of them responded to the proposal, but in particular ways. Finally, we emphasize that, although the flow of the genre vestibular writing is restricted in society, it is a social practice and, as such, it mobilizes the language in its concrete usage.
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