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Libertas entre sobrados: contratos de trabalho doméstico em São Paulo na derrocada da escravidão / Released slaves among houses: Contracts of domestic work in São Paulo in the overthrow of slavery

Telles, Lorena Feres da Silva 22 August 2011 (has links)
A pesquisa acompanha as experiências sociais de mulheres escravas, libertas e descendentes livres, na cidade de São Paulo, durante o último quartel do século XIX, no processo social da transição do trabalho escravo para o livre. Pesquisamos livros de inscrições e de contratos de trabalho livre, exigências previstas pelas Posturas Municipais sobre Criados e Amas de Leite, de 1886. O conjunto de regulamentos vinha formalizar deveres e obrigações para empregadores e trabalhadores livres, no contexto do crescimento urbano acelerado, do processo avançado da abolição e da política imigratória que conduziam para a Capital imigrantes pobres e libertos destutelados. Migrantes das regiões escravistas da Província e daquelas que forneceram escravos para o tráfico interprovincial, africanas livres e nascidas na Capital empregaram-se nas residências das elites e camadas médias urbanas. Vislumbramos as estratégias de sobrevivência das agentes do trabalho doméstico livres e pobres, que a polícia registrava nos anos finais do regime escravista. Afastadas das atividades rentáveis, no contexto de pouca diversificação econômica, ex-escravas e descendentes livres sobreviveram dos parcos ganhos auferidos daqueles serviços socialmente desqualificados, dos quais os membros das elites e classes médias dependiam: fazendeiros, estrangeiros proprietários de hotéis, donos de confeitarias, coronéis, funcionários públicos, profissionais liberais, viúvas pobres e remediadas. Reconstituímos o cotidiano dos variados trabalhos que desempenharam a cozinha, a lavagem e o engomado das roupas, a limpeza da casa, o cuidado e o aleitamento de crianças , transitando entre as ruas, as várzeas dos rios e o tenso ambiente das casas. Das entrelinhas dos textos emergem libertas dispostas a improvisar variadas formas de resistência e recusa à opressão cotidiana. Experimentaram as liberdades possíveis e inegociáveis: recusaram com suas indisciplinas as jornadas extenuantes de trabalho, conquistaram aumentos salariais, cuidaram de seus doentes, compartilharam moradias com seus companheiros e filhos. Abandonando por fim os sobrados, indispuseram-se ao assédio sexual, aos maus tratos e aos baixos ordenados, que nem sempre recebiam: permanências de um escravismo doméstico e persistente, que, com suas práticas, ousaram recusar. / The research assembles the social experiences of slave women, released and free descendants in São Paulo during the last quarter of the nineteenth century, in the social process of transition from slave work to freedom. In order to accomplished our aim, we rummage into the books, subscriptions and free employment contracts, requirements established by Municipal ordinances on Criadas e Amas de Leite, from 1886. The ensemble of regulations was made in order to formalize the duties and obligations for employers and free employees , in the context of hasty urban growth the advanced process of abolition and the immigration policy that led, to the main city, poor immigrants and unruly people. Migrants from provincial slavery region sand those slaveholders who provided slaves to an interprovincial trafficking, mainly free African born, were employed in the elite and urban middle classes residences. We glimpse the survival strategies from poor and free agents of the housework registered by the police during the final years of the slave regime. Displaced from profitable activities in the context of low economic diversification, formers slaves and free descendants survived from meager gains earned from these socially unskilled services of which the members of the elite and middle classes depended and profited: farmers, foreigners hotel owners, colonels, civil servants, professional, widows and poor remedied. Our research attempt to reconstruct the daily life of several jobs that these free women have done in the new social order: the kitchen, washing and ironing clothes, cleaning the house, care and feeding children, traffic in the streets, the riverside and the tense environment of the houses. Reading between the lines of texts, it is possible to observe the existence of released women willing to improvise various ways of resistance and rejection of everyday oppression. Their experience makes possible ways of non-negotiable freedom, refusing, with their misbehavior, the days of exhausting work, consequently, winning wage increases, caring for their patients and the possibility of sharing housing with their partners and children. With the further abandon of the traditional townhouses, they eventually avoid the sexual harassment and the bad treatment: sojourn of domestic and persistent slavery, that these women, with their daily practices, have dared to decline.
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Libertas entre sobrados: contratos de trabalho doméstico em São Paulo na derrocada da escravidão / Released slaves among houses: Contracts of domestic work in São Paulo in the overthrow of slavery

Lorena Feres da Silva Telles 22 August 2011 (has links)
A pesquisa acompanha as experiências sociais de mulheres escravas, libertas e descendentes livres, na cidade de São Paulo, durante o último quartel do século XIX, no processo social da transição do trabalho escravo para o livre. Pesquisamos livros de inscrições e de contratos de trabalho livre, exigências previstas pelas Posturas Municipais sobre Criados e Amas de Leite, de 1886. O conjunto de regulamentos vinha formalizar deveres e obrigações para empregadores e trabalhadores livres, no contexto do crescimento urbano acelerado, do processo avançado da abolição e da política imigratória que conduziam para a Capital imigrantes pobres e libertos destutelados. Migrantes das regiões escravistas da Província e daquelas que forneceram escravos para o tráfico interprovincial, africanas livres e nascidas na Capital empregaram-se nas residências das elites e camadas médias urbanas. Vislumbramos as estratégias de sobrevivência das agentes do trabalho doméstico livres e pobres, que a polícia registrava nos anos finais do regime escravista. Afastadas das atividades rentáveis, no contexto de pouca diversificação econômica, ex-escravas e descendentes livres sobreviveram dos parcos ganhos auferidos daqueles serviços socialmente desqualificados, dos quais os membros das elites e classes médias dependiam: fazendeiros, estrangeiros proprietários de hotéis, donos de confeitarias, coronéis, funcionários públicos, profissionais liberais, viúvas pobres e remediadas. Reconstituímos o cotidiano dos variados trabalhos que desempenharam a cozinha, a lavagem e o engomado das roupas, a limpeza da casa, o cuidado e o aleitamento de crianças , transitando entre as ruas, as várzeas dos rios e o tenso ambiente das casas. Das entrelinhas dos textos emergem libertas dispostas a improvisar variadas formas de resistência e recusa à opressão cotidiana. Experimentaram as liberdades possíveis e inegociáveis: recusaram com suas indisciplinas as jornadas extenuantes de trabalho, conquistaram aumentos salariais, cuidaram de seus doentes, compartilharam moradias com seus companheiros e filhos. Abandonando por fim os sobrados, indispuseram-se ao assédio sexual, aos maus tratos e aos baixos ordenados, que nem sempre recebiam: permanências de um escravismo doméstico e persistente, que, com suas práticas, ousaram recusar. / The research assembles the social experiences of slave women, released and free descendants in São Paulo during the last quarter of the nineteenth century, in the social process of transition from slave work to freedom. In order to accomplished our aim, we rummage into the books, subscriptions and free employment contracts, requirements established by Municipal ordinances on Criadas e Amas de Leite, from 1886. The ensemble of regulations was made in order to formalize the duties and obligations for employers and free employees , in the context of hasty urban growth the advanced process of abolition and the immigration policy that led, to the main city, poor immigrants and unruly people. Migrants from provincial slavery region sand those slaveholders who provided slaves to an interprovincial trafficking, mainly free African born, were employed in the elite and urban middle classes residences. We glimpse the survival strategies from poor and free agents of the housework registered by the police during the final years of the slave regime. Displaced from profitable activities in the context of low economic diversification, formers slaves and free descendants survived from meager gains earned from these socially unskilled services of which the members of the elite and middle classes depended and profited: farmers, foreigners hotel owners, colonels, civil servants, professional, widows and poor remedied. Our research attempt to reconstruct the daily life of several jobs that these free women have done in the new social order: the kitchen, washing and ironing clothes, cleaning the house, care and feeding children, traffic in the streets, the riverside and the tense environment of the houses. Reading between the lines of texts, it is possible to observe the existence of released women willing to improvise various ways of resistance and rejection of everyday oppression. Their experience makes possible ways of non-negotiable freedom, refusing, with their misbehavior, the days of exhausting work, consequently, winning wage increases, caring for their patients and the possibility of sharing housing with their partners and children. With the further abandon of the traditional townhouses, they eventually avoid the sexual harassment and the bad treatment: sojourn of domestic and persistent slavery, that these women, with their daily practices, have dared to decline.
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"Ô levanta nego, cativeiro se acabou" : experiências de libertos em Sergipe durante o pós-abolição (1888-1900)

Souza Neto, Edvaldo Alves de 30 June 2016 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / It still remains in the story of Sergipe, mainly in the capital Aracaju, many question marks about what happened with the old slaves and their descendents right after the abolition of the captivities in may 13th of 1888 with the signature of the Áurea law. To other places in Brazil, with the creation of a discussion group about the period after the abolition, such discussions attracted many researchers, reviewing old propositions and boosting new studies in a way that contributed to the configuration of a promising picture. The goal of this research, through the social story, mainly to theoretical reference developed by E. P. Thompson (1997; 1998; 2001), it brought the referred debate to the historical context of aracaju, identifying and analyzing individual and colective of old slaves and their descendents trajectories, expectations around liberty, the struggles for the extension of the rights, the ways of the reception and celebration of the good news of the abolition, including the social relation developed by these characters of the scenery of Sergipe, mainly in the capital Aracaju at the end of XIX. Therefore, the research is divided in three moments. In the first chapter we are going to analyze the space of Aracaju, investigating the limits of Aracaju, locating its released population and analyzing how they expressed their way of feeling, thinking and acting in the everyday life of the city. In the second chapter we are going to exam the way which the different social sectors received the good news of the abolition and which impacts caused every day of the countryside property and in the constitution of the new social relation between the lords and their released slaves. Lastly, verifying the achievements and aflitions of the freed persons in Sergipe in their everyday fights for home, work, leisure and political conception. We consulted judicial documents, newspapers from Sergipe in that period, maps, census, correspondences, novels, chronicles and memory. / Ainda permanecem na história de Sergipe, principalmente da capital Aracaju, muitas interrogações sobre o que aconteceu com os antigos escravos e seus descendentes logo depois da abolição do cativeiro em 13 de maio de 1888 com a assinatura da Lei Áurea. Para outras localidades do Brasil, com a criação do campo específico sobre o pós-abolição, tal discussão vem atraindo pesquisadores, revisando antigas proposições e impulsionando novos estudos de modo a contribuir para configuração de um quadro promissor. O objetivo dessa pesquisa, por meio da história social, principalmente do referencial teórico desenvolvido por E. P. Thompson (1997; 1998; 2001), é trazer o referido debate para o contexto histórico de Sergipe, identificando e analisando trajetórias individuais e coletivas dos antigos escravizados e seus descendentes, as expectativas em torno da liberdade, as luta pela ampliação de direitos, as formas de recepção e comemoração da boa nova da abolição, incluindo as relações sociais desenvolvidas por essas personagens no cenário de sergipano no final do XIX. Para tanto, a pesquisa encontra-se dividida em três momentos. No primeiro capítulo iremos analisar o espaço de Aracaju, investigando seus limites, localizando sua população liberta e analisando como eles imprimiram seu modo de sentir, pensar e agir no cotidiano da cidade. Já no segundo capítulo examinamos a maneira como os diferentes setores sociais receberam a boa nova da abolição em Sergipe e quais os impactos causados no dia a dia das propriedades rurais e na constituição de novas relações sociais entre antigos senhores e libertos. Por fim, averiguamos as conquistas e aflições dos libertos em Sergipe, sobretudo Aracaju, nos seus embates cotidianos pela moradia, trabalho, lazer e concepções políticas. Consultamos diversos documentos judiciais (processos criminais, apelação criminal, ação de despejo, etc.), jornais sergipanos do período, mapas, censos, correspondências, romances, crônicas e livros de memória.

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