A temática da Gestão do Conhecimento nas organizações constitui-se como umaproblemática recente, tendo passado a ser discutida mais intensamente a partir da décadade 1990, devido à tomada de consciência de que tanto os processos de reforma como osprocessos de mobilidade de trabalhadores podem acarretar uma perda de conhecimentoespecializado. Assim, a partir desta altura, a literatura científica e as políticas de recursoshumanos começaram a debruçar-se sobre os processos de transmissão e de retenção deconhecimentos dentro das organizações.Nesta pesquisa estuda-se, precisamente os processos de transmissão deconhecimentos, mas em situações de trabalho onde o recurso ao trabalho sazonal é umaconstante. O sector escolhido para desenvolver este estudo foi a Indústria Transformadorada Pesca, mais concretamente no setor de produtos congelados. Este setor, estreitamentedependente do setor da pesca, tem picos de trabalho entre maio e novembro,correspondendo precisamente aos meses em que existe um maior volume de peixecapturado.Os objetivos formulados para este trabalho, organizados sob a forma de questõesde investigação, foram os seguintes: 1) Como se caracteriza a situação de trabalho querequer, por vezes, o recurso ao trabalho sazonal? 2) De que forma e que conhecimentossão transmitidos aos trabalhadores que são contratados para reforçar a equipa emmomentos de aumento da produção?O estudo foi realizado junto de 4 participantes, trabalhadores de uma empresa decongelação de peixe do norte do país, sendo dois do sexo feminino e dois do sexomasculino. Para a recolha da informação recorreu-se a observações do processo decongelação com registo de verbalizações espontâneas, realização de entrevistasindividuais aplicação do questionário INSAT sob a forma de entrevista e análise dedocumental.Os resultados indicam que o processo de transmissão de conhecimentos naintegração de trabalhadores que vêm preencher as necessidades associadas aos aumentosde produção sazonal, é feito pelos trabalhadores efetivos, que num curto espaço de tempoexplicam o essencial das tarefas que consideram menos exigente para quem vai se iniciana atividade. Estes trabalhadores não reproduzem o modelo que foi utilizado no momentoem que eles próprios aprenderam a realizar o trabalho, por considerarem muito exigente em termos físicos e conduzir, em alguns casos, ao abandono precoce dos trabalhadoressazonais. Mas esta opção gera um dilema: apesar de procurarem desta forma preservar asa�\xBAde e a permanência dos trabalhadores sazonais na atividade, as tarefas que lhes sãoagora atribuídas são também aquelas que podem ter mais impactos negativos para aprodução. A gestão das dificuldades sentidas pelos novatos, é então feita de formacasuística, perante situações concretas de insucesso.A não existência de documentos de suporte a estes processos de transmissão e aanálise realizada nesta empresa, permitiu a sistematização de um instrumento de apoioaos processos de transmissão, que se espera que ajude a formalizar algumas práticas e asinalizar a importância de não deixar ao acaso a formação destes novos trabalhadores,ainda que permaneçam por curtos períodos de tempo.

A institucionalização é um dos recursos mais utilizados atualmente pelas famílias.A participação da pessoa idosa nessa decisão e no planeamento dessa transição são cruciaispara a qualidade de vida e o bem-estar do idoso após o ingresso numa instituição. Tendopor base a perspetiva do curso de vida, este estudo tem como objetivos: (1) analisar asrepresentações subjetivas que os adultos tardios e os seus familiares diretos têm acerca dainstitucionalização e das condições nas quais se justificaria, nos seus casos particulares, orecurso à mesma; (2) compreender se, em que medida e de que modo o tema dainstitucionalização está presente na interação/comunicação entre o adulto tardio e aspessoas significativas da sua rede de relações proximais. Para o efeito, foi realizado umestudo qualitativo, de cunho exploratório, com recurso à entrevista individualsemiestruturada. Participaram no estudo oito idoso/as e oito familiares diretos, sendoambos maioritariamente do sexo feminino. Na primeira geração as idades variam entre os62 e os 82 anos e, na segunda, entre os 29 e os 57 anos de idade. Os resultados obtidospermitem concluir que: (1) os idosos preferem ser cuidados em contexto familiar e, elegemas próprias casas como local ideal; (2) na maioria dos casos, não há comunicação familiarsobre o tema "institucionalização"; (3) os mais velhos acreditam que os seus familiaresdiretos farão todos os possíveis para corresponderam aos seus desejos ainda que os filhosdesconheçam a vontade dos pais a esse nível; (4) por sua vez, os mais novos entendem ocuidado aos pais como sendo uma obrigação pelos cuidados recebidos e, assumem quefarão o que estiver ao seu alcance para satisfazer as vontades, que inferem ser as dos pais;(5) os idosos têm a perceção de que, com o passar dos anos e as possíveis situações dedependência, há uma diminuição do seu poder na família, apresentando resignação àsdecisões tomadas pela mesma. Estes resultados poderão constituir-se como referenciaisúteis na definição de objetivos e estratégias de intervenção que possam potenciar nasfamílias um clima interpessoal favorável à discussão e à negociação dos interesses deambas as gerações no que respeita ao tema da institucionalização.

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As emoções estão presentes em todos os contextos da vida do ser humano e podemser as melhores fontes de informação acerca das dinâmicas de luta e de adaptação dostrabalhadores ao mundo organizacional (Lazarus e Cohen-Charash, 2001). Neste estudoadotamos a abordagem transacional do stress (Lazarus & Folkan, 1984) e a teoriacognitivo-motivacional-relacional da emoção (Lazarus, 1991), que reforça a ligação entreas emoções e o stress, considerando-as como um conceito mais abrangente, onde o stressse encaixa. Partindo-se do pressuposto de que o trabalho dos bombeiros é um trabalhocom uma enorme carga emocional que implica lidar com diversas situações difíceis,inerentes às situações de stress, que exigem a gestão e a regulação das emoções(Marcelino & Figueiras, 2012), pretende-se explorar e descrever a vivência emocionalem situações de stress em bombeiros profissionais.Assim, através da utilização da técnica dos incidentes críticos (Flanagan, 1954),procurou-se especificamente: 1) Identificar as emoções experienciadas pelos bombeirosdecorrentes do desempenho da sua função a nível operacional; 2) Explorar quais asestratégias que os bombeiros utilizam para gerir a vivência emocional associada à suaprofissão; e 3) Compreender o impacto da vivência emocional decorrente do desempenhoda função de bombeiro. Também foi utilizada como complemento uma lista de emoçõespreviamente construída para uma melhor compreensão do fenómeno das emoçõesLazarus, 1993; Lazarus, 2006; & Lazarus & Cohen-Charash, 2001). Os dados foramrecolhidos e analisados através da análise temática de Bardin (2011), com recurso aosoftware NVivo 11 (QSR).Os resultados evidenciam que a vivência laboral dos bombeiros constitui umaexperiência emocional com uma dimensão mais negativa do que positiva. Este estudopermitiu compreender o impacto da vivência emocional nos Bombeiros, sendo umcontributo para alertar a comunidade e as organizações de poder político-governamentalacerca da importância do desenvolvimento de estratégias e concretização de ações aonível da prevenção secundária.

Ao longo da nossa vida, a face desempenha um dos papéis mais importantes no nossodesenvolvimento socioemocional, particularmente as expressões faciais de emoções (EFE).No entanto, a definição de emoção ainda é uma questão de grande desacordo entre autores,oscilando entre perspetivas categoriais e abordagens dimensionais. Estudos com adultossuportam essas abordagens dimensionais no processamento das EFE, mas há uma falta deliteratura sobre esse assunto em amostras desenvolvimentais. Além disso, o papel deprocessos socioemocionais, como a empatia, no processamento das EFE é também poucoestudado.O presente estudo pretendeu explorar as respostas neuronais às EFE em relação aoscomponentes P1, N170, VPP e LPP, as suas modulações de acordo com as abordagensdimensionais e o papel da empatia neste processamento.Os nossos resultados apresentam evidências de que estes componentes não sãoestáticos no tempo, evoluindo cada um a seu ritmo. Alguns apresentavam já padrõessemelhantes aos adultos (amplitudes do P1 e N170 maiores em relação a faces zangadas;maior amplitude do LPP para faces desagradáveis), enquanto outros ainda estão muito longedos estados mais maduros (latências do P1 mais longas para baixa excitação), e algunsocorrendo apenas nos adolescentes mais velhos (maior amplitude do VPP para faces de altaexcitação). Considerando os modelos de emoções referidos, estes resultados apoiam asabordagens dimensionais que têm emergido.

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