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Cigarro e outras formas de tabaco: investigação de conhecimento, atitudes e percepção de risco em estudantes de medicina / Cigarette and other forms of tobacco: investigation of knowledge, attitudes and risk perception in medical studentsSoares, Tatiana de Abreu Braga 25 April 2018 (has links)
O tabagismo mata um a cada 10 fumantes no mundo e é a principal causa evitável de morbimortalidade. O Brasil possui cerca de 25 milhões de tabagistas. Os profissionais de Saúde têm um importante papel no controle da pandemia do tabagismo, seja como educadores, formadores de opinião ou como promotores de prevenção e tratamento. A epidemia de tabagismo nas últimas décadas caracteriza-se pela redução do número de usuários de cigarro e crescente uso de formas alternativas de tabaco. Este estudo teve como objetivo caracterizar o perfil de consumo, crenças, percepção de risco, atitudes e conhecimentos a respeito de tabagismo em estudantes de Medicina do 1º e 6º anos. Trata-se de um estudo observacional transversal, com componente descritivo e com componente analítico. Foram entrevistados alunos do curso de Medicina de uma faculdade pública (FMRP-USP) e de três faculdades privadas (UniSEB, UNAERP e Centro Universitário Barão de Mauá) da cidade de Ribeirão Preto-SP. O questionário incluiu dados sócio demográficos, de exposição ao tabaco e outras substâncias psicoativas, motivação para cessação, avaliação de conhecimento médico sobre tabagismo, atitudes perante o tabaco e percepção de risco. A coleta de dados aconteceu nos anos de 2016 e 2017. A análise de dados foi realizada com o auxílio do programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Adotou-se como nível de significância para todas as análises p <= 0,05. 859 alunos foram convidados a participar da pesquisa e 420 responderam o questionário, 63,3% era do sexo feminino. Os achados do presente estudo vão ao encontro com o que vem sendo descrito na literatura. A prevalência de tabagismo encontrada foi semelhante à prevalência de tabagismo no Brasil, porém uma prevalência menor em alunos do 1º ano. A idade média de experimentação foi de 17,5 anos. A maioria dos estudantes não se via como dependente de tabaco, fazia uso ocasional e utilizava principalmente o Narguilé (15,2%), produto considerado mais prejudicial quando comparado ao cigarro comum (p>0,001). O consumo de álcool foi elevado e descrito como um facilitador para o uso de tabaco. A nicotina foi considerada viciante (p>0,001). O fumo ocasional foi considerado prejudicial (88,3%), assim como o uso dos diferentes produtos de tabaco na gestação. No que diz respeito ao papel dos profissionais de saúde, 93,1% acredita que deveria aconselhar seus pacientes a parar de fumar; 63,7% que profissionais fumantes seriam menos propensos a aconselhar seus pacientes; 81,3% acredita que deveria aconselhar seus pacientes a evitar outras formas de tabaco e 78,2% considera esses profissionais modelo para pacientes e público em geral. Verificou-se a falta de conhecimento e percepção de risco distorcida (crenças) quanto ao potencial de dependência dos produtos alternativos de tabaco e riscos do tabagismo. Sextanistas relataram ter recebido treinamento formal para abordagem do fumante e cessação do tabagismo e sentir-se seguros para orientar seus pacientes. Formação e treinamento adequados são essenciais e demandam maior responsabilidade social e acadêmica pelos estudantes de Medicina. Investir em ações que trabalhem especialmente as crenças, percepções de risco e atitudes a respeito dos diferentes tipos de tabaco, são necessárias para uma maior conscientização quanto ao uso e prejuízos à saúde causados pelo tabagismo. / Smoking kills one out of every 10 smokers in the world and is the leading preventable cause of morbidity and mortality. Brazil has about 25 million smokers. Health professionals play an important role in the control of the tobacco pandemic, whether as educators, opinion makers, or as promoters of prevention and treatment. The smoking epidemic in recent decades is characterized by reduction in the number of cigarette users and increasing use of alternative forms of tobacco. This study aimed to characterize the profile of consumption, beliefs, perception of risk, attitudes, and knowledge about smoking in medical students of 1st and 6th years. This is an observational cross-sectional study, with descriptive and analytical component. Medical students of a public college (FMRP-USP) and of three private colleges (UniSEB, UNAERP and Centro Universitário Barão de Mauá) of the city of Ribeirão Preto-SP were interviewed. The questionnaire included socio-demographic data, exposure to tobacco and other psychoactive substances, motivation for cessation, assessment of medical knowledge about tobacco use, attitudes, and perception of risk. Data collection occurred in 2016 and 2017. Data analysis was performed with the aid of the statistical program Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). The significance level adopted for all analyses was p <= 0.05. Among 859 students invited, 420 answered the questionnaire, 63.3% female. The findings of this study respond to what has been described in the literature. The smoking prevalence found was similar to Brazil\'s average, but lowest in first-year students. The average age of experimentation was 17.5 years. Most students did not identify themselves as tobacco addicts, were occasional users and used mainly hookahs (83%), product considered more harmful when compared to cigarettes (p > 0.001). Alcohol consumption was high, described as a facilitator for the use of tobacco; nicotine is regarded as addictive (p > 0.001); casual smoke as harmful (88.3%), as well as the use of different tobacco products in pregnancy. With regard to the role of health professionals, 93.1% believe they should advise their patients to quit smoking; 63.7% believe that professionals who are smokers would be less likely to advise their patients; 81.3% believe they should advise their patients to avoid other forms of tobacco, and 78.2% consider these professionals an example for patients and the general public. A lack of knowledge and distorted perception of risk (beliefs) was noted about the addictiveness of alternative products of tobacco and risks of smoking. Sixth-year students reported having received formal training to approach the smoker and cessation of smoking and feel safe to guide their patients. Appropriate education and training are essential and require greater academic and social responsibility by medical students. Investing in actions that work especially on beliefs, perception of risk and attitudes regarding the different types of tobacco are necessary for a greater awareness regarding the use and damage to health caused by smoking.
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A medicina entre a ciência e o cuidado : uma leitura de revistas de medicina (1990-2009) / Medicine between science and care : reading the big five medical journals (1990-2009)Anna Alice Mendes Schroeder 26 November 2010 (has links)
A insatisfação dos médicos está associada ao distanciamento entre sua prática e as imagens idealizadas do médico-sacerdote e do médico-cientista. Investiguei como os ideais de cuidar humanamente dos indivíduos doentes e de conhecer cientificamente os processos de doença e de cura se apresentam na medicina moderna. Para tanto, fiz uma leitura das cinco principais revistas científicas de medicina, de 1990 a 2009. Privilegiei os temas do conhecimento médico e do cuidado relacionados à clínica, e não à saúde pública. Iniciei a leitura por uma amostra sistemática, para aprofundá-la, a seguir, em questões que julguei exemplares, ou especiais. Minhas observações estão entremeadas com citações indiretas de artigos das revistas, para oferecer ao leitor as bases de minhas impressões. Observei que o discurso sobre o conhecimento ocupa maior espaço, é mais complexo e mais elaborado do que o discurso sobre o cuidado. Ao lado de impressionantes avanços da ciência médica e do otimismo positivista da maioria dos artigos, as revistas apresentam incertezas, contradições e limitações dos métodos e das teorias. Há uma tensão entre a fé na ciência, os esforços para tornar a medicina científica, e as dificuldades lógicas e metodológicas de adequar decisões médicas singulares às evidências apresentadas pelas pesquisas. O conhecimento médico se apresenta como um mosaico em permanente reconstrução, incapaz de produzir certezas. E sua produção e divulgação são influenciadas por interesses e crenças de pesquisadores, financiadores e editores. O discurso sobre o cuidado, embora consistente, só ganha proeminência onde falta conhecimento, como em relação ao doente em fase terminal. Os médicos-cientistas, enredados em protocolos e estatísticas, não se ocupam do cuidado. Mas, se adoecem, queixam-se da falta de cuidado. É possível ler propostas de unir evidências científicas e narrativas de doentes e médicos, na construção de uma prática de conhecimento-cuidado curativa para ambos. Mas essas propostas não parecem merecer atenção sequer dos demais autores das próprias revistas. / Dissatisfaction with medical practice is related to the discrepancy between the reality of the practice and the physicians expectations of working like a dedicated priest and like a well-trained scientist. I investigated how the ideals of caring compassionately for the patients and of using all knowledge about disease and cure are presented in modern medicine. In this intent, I read a sample of the Big Five medical journals, from 1990 to 2009. I privileged themes about medical knowledge and care in relation to clinic and not to public health. I began by reading a systematic sample, and then I extended it, studying some points I considered to be special or illustrative. My commentaries are intercalated with citations of articles from the journals, to offer the reader the bases of my impressions. I observed that the discourse on knowledge was given a bigger space, and it is more complex and elaborated than that on care. Beside the impressive advances in medical science, and the optimistic positivism in most papers, the journals show the uncertainties, the contradictions, and the limitations of methods and theories. There is a tension between the faith in science, the efforts to turn medicine into a science, and the logical and methodological difficulties to adequate single medical decisions to the scientific evidence. Medical knowledge appears as a mosaic, permanently reconstructed, and not capable of producing certainties. And the production and divulgation of knowledge are influenced by the beliefs and interests of researchers, supporters and editors. The discourse on care shows consistency; but gains prominence only where knowledge is lacking, as when discussing terminal care. The medical scientists, imprisoned in a labyrinth of guidelines and statistics, do not care about care. But, whenever they get sick, they complain about lack of care. There are also proposals of joining scientific evidence and narratives from patients and doctors in the construction of a knowledge-and-care practice that may be curative for both. But these proposals get no attention, not even from other authors of the same journals.
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A medicina entre a ciência e o cuidado : uma leitura de revistas de medicina (1990-2009) / Medicine between science and care : reading the big five medical journals (1990-2009)Anna Alice Mendes Schroeder 26 November 2010 (has links)
A insatisfação dos médicos está associada ao distanciamento entre sua prática e as imagens idealizadas do médico-sacerdote e do médico-cientista. Investiguei como os ideais de cuidar humanamente dos indivíduos doentes e de conhecer cientificamente os processos de doença e de cura se apresentam na medicina moderna. Para tanto, fiz uma leitura das cinco principais revistas científicas de medicina, de 1990 a 2009. Privilegiei os temas do conhecimento médico e do cuidado relacionados à clínica, e não à saúde pública. Iniciei a leitura por uma amostra sistemática, para aprofundá-la, a seguir, em questões que julguei exemplares, ou especiais. Minhas observações estão entremeadas com citações indiretas de artigos das revistas, para oferecer ao leitor as bases de minhas impressões. Observei que o discurso sobre o conhecimento ocupa maior espaço, é mais complexo e mais elaborado do que o discurso sobre o cuidado. Ao lado de impressionantes avanços da ciência médica e do otimismo positivista da maioria dos artigos, as revistas apresentam incertezas, contradições e limitações dos métodos e das teorias. Há uma tensão entre a fé na ciência, os esforços para tornar a medicina científica, e as dificuldades lógicas e metodológicas de adequar decisões médicas singulares às evidências apresentadas pelas pesquisas. O conhecimento médico se apresenta como um mosaico em permanente reconstrução, incapaz de produzir certezas. E sua produção e divulgação são influenciadas por interesses e crenças de pesquisadores, financiadores e editores. O discurso sobre o cuidado, embora consistente, só ganha proeminência onde falta conhecimento, como em relação ao doente em fase terminal. Os médicos-cientistas, enredados em protocolos e estatísticas, não se ocupam do cuidado. Mas, se adoecem, queixam-se da falta de cuidado. É possível ler propostas de unir evidências científicas e narrativas de doentes e médicos, na construção de uma prática de conhecimento-cuidado curativa para ambos. Mas essas propostas não parecem merecer atenção sequer dos demais autores das próprias revistas. / Dissatisfaction with medical practice is related to the discrepancy between the reality of the practice and the physicians expectations of working like a dedicated priest and like a well-trained scientist. I investigated how the ideals of caring compassionately for the patients and of using all knowledge about disease and cure are presented in modern medicine. In this intent, I read a sample of the Big Five medical journals, from 1990 to 2009. I privileged themes about medical knowledge and care in relation to clinic and not to public health. I began by reading a systematic sample, and then I extended it, studying some points I considered to be special or illustrative. My commentaries are intercalated with citations of articles from the journals, to offer the reader the bases of my impressions. I observed that the discourse on knowledge was given a bigger space, and it is more complex and elaborated than that on care. Beside the impressive advances in medical science, and the optimistic positivism in most papers, the journals show the uncertainties, the contradictions, and the limitations of methods and theories. There is a tension between the faith in science, the efforts to turn medicine into a science, and the logical and methodological difficulties to adequate single medical decisions to the scientific evidence. Medical knowledge appears as a mosaic, permanently reconstructed, and not capable of producing certainties. And the production and divulgation of knowledge are influenced by the beliefs and interests of researchers, supporters and editors. The discourse on care shows consistency; but gains prominence only where knowledge is lacking, as when discussing terminal care. The medical scientists, imprisoned in a labyrinth of guidelines and statistics, do not care about care. But, whenever they get sick, they complain about lack of care. There are also proposals of joining scientific evidence and narratives from patients and doctors in the construction of a knowledge-and-care practice that may be curative for both. But these proposals get no attention, not even from other authors of the same journals.
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