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A posição do homem no processo de amamentação: um ensaio sobre a produção de sentidos / The mens position in the breastfeeding process: an essay on the production of meaningsTereza Lais Menegucci Zutin 27 July 2012 (has links)
Esta pesquisa, de abordagem qualitativa, utilizando pressupostos teóricos das Práticas Discursivas e Produção de Sentidos no Cotidiano, buscamos descrever o processo de produção de sentidos do homem sobre sua participação no processo de aleitamento materno de seu(s) filho(s). A Associação Feminina de Marília - Maternidade Gota de Leite do município de Marília-SP foi o cenário para identificação dos sujeitos; sete homens, residentes no município de Marília e que atendessem aos critérios de inclusão. Os dados foram registrados e posteriormente organizados, conforme pressupostos teóricos e metodológicos das práticas discursivas. O discurso foi submetido à análise, por meio de mapa de associação de ideias, que possibilitou a identificação de três temas: (1) A posição do homem no processo de amamentação; (2) As ações do homem no processo de amamentação; (3) As relações familiares no processo de amamentação. Os resultados apontaram que o sentido atribuído ao processo de vivenciar o aleitamento do filho está pautado no cotidiano dos homens participantes deste estudo, pela vivência das situações diárias com a mulher e com os filhos, bem como com outros membros da família que, de alguma forma, se insere nesse contexto de sentidos da experiência de amamentação. Embora exista para a maioria dos homens deste estudo um movimento impulsionado pelos sentidos de participação ativa no processo de amamentação do filho, ainda resta, na perspectiva de alguns, uma possível brecha de ausência ou distanciamento circunstancial, justificado, por ser interiorizado e naturalizado para esses homens. Ainda, aparece em sua percepção o papel exclusivo de responsabilidade feminina pelos cuidados com os filhos, família e no mais específico do objeto deste estudo, a amamentação. Também, percebemos que o homem se coloca em diferentes posições nesse processo, como pai, companheiro, parceiro conjugal e da mesma forma percebe a mulher em diferentes localizações, seja no relacionamento com ele, seja no contexto privado ou público, assumindo o papel de mãe, de mulher que partilha com ele a construção da família, trabalhadora e sua parceira conjugal. Ainda, a percepção desses homens, em sua maioria, é de que acompanhar o processo de amamentação do(s) filho(s) representa uma experiência marcante, seja pelo significado que a vivência de estar junto da mulher e do filho traz, seja pela necessidade de aprendizado e de superação de dificuldades que possa se apresentar para cada um deles. Portanto a sociedade, que ainda impõe à mulher uma alta carga de responsabilidade de cuidados com a família, também precisa olhar para a experiência dos homens e prepará-los para a paternidade e para a sua participação na construção do ambiente doméstico colaborativo, lugar onde os parceiros possam ter disposição e amparo para exercer não suas obrigações, mas suas posições naturais de forma prazerosa e feliz. / This research adopted a qualitative approach, using theoretical assumptions of Discursive Practices and Production of Daily Life Meanings; it was tried to describe the process of mens meanings regarding his involvement in the maternal breastfeeding process of his child (children). The Associação Feminina de Marília Maternidade Gota de Leite of Marília SP was the scenery for the identification of subjects, seven men, living in the city of Marília and that met the inclusion criteria. Data were recorded and later organized as theoretical and methodological assumptions of discursive practices. The discourse was analyzed by means of a map of ideas association that led to the identification of three themes: (1) The position of men in the process of breastfeeding; (2) Mens actions in the breastfeeding process and (3) Family relationships in the process of breastfeeding. The results showed that the meaning attributed to the process of experiencing the childs breastfeeding is guided in the daily lives of the men taking part in this study, by experiencing daily life situations with his wife and children, as well as with other members of the family that somehow is inserted in this context of breastfeeding experience. For most men in this study it is noted a movement driven by the active participation in the breastfeeding process of the child; however, in the perspective of others there is still a possible gap of absence or circumstantial distance justified by being internalized and naturalized to these men. Besides, in their perception there is the exclusive role of female responsibility regarding the children and family care and more specifically regarding the object of this study: breastfeeding. It was also realized that the men place himself in different positions in this process, as a father, companion, husband and likewise he perceives the woman in different locations: in the couple relationship, in the private or public context, assuming the role of mother, of woman that shares with him the construction of the family, that works and is his wife. The perception of most of these men is that following the breastfeeding process of his child (children) is a remarkable experience due to the meaning of being with the woman and the child or of learning and overcoming difficulties that can be presented to each of them. It was concluded that the society that still imposes on women a high burden of responsibility regarding family care also needs to look at the experience of men and prepare them for parenthood and for participation in a collaborative home environment where partners are willing to engage in their natural positions in a happy and pleasant way.
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Sentidos construídos com profissionais de saúde da família sobre trabalho em equipe / Senses built with family health professionals about teamwork.Thais Silva Cintra 04 November 2013 (has links)
Nas últimas décadas, críticas ao modelo de saúde hegemônico marcado pela lógica biomédica emergiram, impulsionando transformações na compreensão de saúde e em suas práticas. No Brasil, a Saúde da Família se destaca como estratégia para reorganização do modelo assistencial na Atenção Básica, buscando a implementação de práticas baseadas numa visão ampliada de saúde, sustentadas numa compreensão biopsicossocial do processo saúde-doença. Nessa nova proposta de atuação em saúde, o trabalho em equipe interdisciplinar se destaca, como meio de promover um atendimento mais integral à comunidade. A presente pesquisa tem como objetivo compreender os sentidos construídos por profissionais de saúde da família acerca do trabalho em equipe, a partir de reflexões sobre o seu próprio processo de trabalho. A pesquisa foi realizada a partir da análise de um banco de dados, que foi constituído através da gravação em áudio e transcrição integral de quinze encontros de grupo de discussão com profissionais de três Unidades de Saúde da Família de uma cidade do interior de São Paulo. A análise desse material foi realizada com base em procedimentos qualitativos de análise temática, com base nas contribuições do movimento construcionista social em Psicologia. Essa análise privilegiou a compreensão do processo conversacional entre os participantes da pesquisa, por meio de uma análise temático sequencial, focalizando tanto os sentidos produzidos (conteúdo), como o próprio processo de construção dos mesmos nas interações grupais. Através dessa análise, descrevemos três modos particulares de organização do trabalho em equipe, sendo estes nomeados por meio de três metáforas distintas. Na equipe A, a metáfora: A equipe como construção conjunta, sinaliza o envolvimento conjunto dos profissionais para o desenvolvimento das atividades na unidade, sendo que para estes favorecem a criação de espaços de diálogo para pensarem sua prática. Na equipe B, a metáfora: A equipe como uma família, significa que a relação de afeto existente entre os profissionais de saúde é capaz de solucionar qualquer tipo de problema ou conflito relacionado ao trabalho, como também favorecer a realização das atividades propostas. Na equipe C, a metáfora: A equipe como um time de futebol, representa a idealização e busca dos profissionais para que a atuação da equipe aconteça da mesma forma que a de um time de futebol, sendo destacada a importância da solidariedade e da confiança para que o trabalho ocorra de forma eficiente. Esta equipe valoriza a conversa sobre as dificuldades e conflitos para pensar uma prática mais integrada. Assim, compreendemos que as metáforas produzidas representam o modo como cada equipe realiza seu trabalho em equipe na saúde da família. Estas metáforas sustentam diferentes práticas no cotidiano, que ora aproximam, ora distanciam as equipes de um trabalho que valoriza os processos de diálogo como modo de resolver conflitos e promover maior participação social. Dessa forma, esta pesquisa possibilitou pensar como a equipe de saúde se articula diante dos desafios e dificuldades no contexto da ESF. (CAPES) / In recent decades, criticism of hegemonic health model marked by biomedical logic emerged, propelling transformations in the understanding of health and in its practices. In Brazil, the Family Health stands out as a strategy for reorganizing the aid model in the Basic Care, seeking for the implementation of practices based on an expanded vision of health, sustained by a biopsychosocial understanding of the health-disease process. This new proposal for activities in health, with an interdisciplinary team work, stands out as a means of promoting a more integrated community care. The present research aims to understand the meanings constructed by family health professionals about teamwork, from reflections on its own worker process. The survey was conducted from the analysis of a database, which was set up through audio recordings and full transcriptions of fifteen encounters of discussion group with professionals from three Family Health Care Centers of an inner city of São Paulo. The analysis of this material was based on qualitative thematic analysis procedures, on the basis of the contributions of the social constructionist movement in Psychology. This analysis focused on the comprehension of the conversational process among the participants of the survey, through a sequential thematic analysis, focusing on both the senses produced (content), and its construction process in group interactions. Through this analysis, we describe three particular modes of organization of teamwork, being appointed through three different metaphors. On team A, the metaphor: \"the team as a joint construction\", signals the involvement of professionals for the development of the activities in the care center, providing the creation of spaces for dialogue to think about their practice. On team B, the metaphor: \"the team as a family,\" means that the relationship of affection that exists between health professionals is able to solve any kind of problem or work-related conflict, and also to promote the implementation of the proposed activities. In the team C, the metaphor: \"the team like a football team\", represents the creation and search of professionals so that the performance of the team happens the same way as a football team, highlighting the importance of solidarity and confidence so that the work occurs efficiently. This team empowers the dialogue about the difficulties and conflicts to think about a more integrated practice. Thus, we understand that these metaphors produced represent how each team realizes its teamwork on family health. These metaphors sustain different practices in daily life that, sometimes approximate, sometimes keep teams away from a work that values the dialogue processes as a way to resolve conflicts and promote greater social participation. Thus, this research made it possible to think how the health team articulates in order to face the challenges and difficulties in the context of the ESF (CAPES).
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Construção e reconstrução de valores relativos à competição organizacional: acompanhando a mudança contínua de uma prestadora de serviçosTussi, Alessandra Colla Soletti 28 April 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-04-28 / Universidade Presbiteriana Mackenzie / Organizational change may be viewed from an ongoing standpoint as a process emerging
from the daily actions of players functioning within the organizational sphere over time,
through experiences and adjustments to everyday contingencies (ORLIKOWSKI, 1996), in a constant corporate coming-to-be construction process (TSOUKAS; CHIA, 2002). Underlying these daily actions by players pursuing resources in a competitive context are values related to organizational competition – VROC (DOMENICO, 2007a). Steered by this understanding, and taking into consideration the importance of longitudinal studies for understanding corporate changes (MINTZBERG, 1979; PETTIGREW, 1990; VAN DE VEN; HUBER, 1990; VAN DE VEN; POOLE, 1995; BEER; EISENSTAT, 1996; ORLIKOWSKI, 1996), we extend a project undertaken by Brazil’s National Council for Scientific and Technological Development (CNPq), under the aegis of the Values, Dignity and Management research group. Moving ahead with studies that began with the CMA company, selected for its unusual management approach, we identify and analyze which VROCs were maintained, abandoned or re-signified during the coming-to-be process of this company from 2013 through to yearend 2015. Using a qualitative method grounded on the single case study research strategy with a cross-sectional approach, 22 semi-structured interviews constituted the sources of evidence, together with non-participant observations, spontaneous conversations and documents. Through analyzing these data, it was noted that the following VROCs were maintained: ‘coherence between what is said and what is done’; ‘informality’; ‘commitment to results’; ‘specialized knowledge’; ‘innovation’; and ‘freedom’, while ‘collective participation’ and ‘primacy of the human being’ VROCs were re-signified. Moreover, ‘commitment to the founder’ was discontinued, replaced by the new organizational competition value of ‘commitment to the managing partners’ which was built up during the period covered by this study, together with the ‘personal effort’ and ‘collaboration’ VROCs. We also noted that the organization continues to stand out from mainstream management styles in its sector through upholding certain aspects rated as comparative advantages over other firms in the fiscal and tax segment. As academic contributions, we contribute to the understanding of ongoing change as a coming-to-be process through analyzing values related
to organizational competition, viewed as institutionalized and relatively provisional
categories. As practical contributions, we offer administrators a reflection on understanding
organizational changes beyond the episodic approach, showing how companies can stand out through mainstream management practices. / Mudança nas organizações pode ser entendida a partir de uma ótica contínua, como um
processo que emerge das ações cotidianas dos atores que atuam no âmbito das organizações,
ao longo do tempo, por meio de acomodações e experiências frente às contingências diárias
(ORLIKOWSKI, 1996), em um processo constante de construção do vir-a-ser (TSOUKAS;
CHIA, 2002) das empresas. Subjacentes a essas ações cotidianas dos atores visando à
obtenção de recursos em ambiente competitivo, estão os valores relativos à competição
organizacional - VRCO (DOMENICO, 2007a). A partir desse entendimento e levando em
consideração a importância dos estudos longitudinais para a compreensão das mudanças nas
empresas (MINTZBERG, 1979; PETTIGREW, 1990; VAN DE VEN; HUBER, 1990; VAN
DE VEN; POOLE, 1995; BEER; EISENSTAT, 1996; ORLIKOWSKI, 1996), procuramos dar
seguimento a um projeto do CNPq no âmbito do grupo de pesquisa de Valores, Dignidade e
Gestão, continuando os estudos iniciados na empresa denominada CMA, escolhida em função
de sua proposta diferenciada de gestão. Nosso objetivo aqui foi identificar e analisar quais
VRCO foram mantidos, descontinuados ou ressignificados ao longo do processo de vir-a-ser
dessa empresa, no período de 2013 até final de 2015. Para tanto, foi empregada a abordagem
qualitativa, tendo como estratégia de pesquisa o estudo de caso único com incursão
transversal, considerando como fontes de evidências 22 entrevistas semiestruturadas,
observações não participante, conversas espontâneas e documentos. Como resultado da
análise dos dados levantados, foi possível identificar que os VRCO ‘coerência entre o que é
dito e o que é feito’, ‘informalidade’, ‘compromisso com o resultado’, ‘conhecimento
especializado’, ‘inovação’ e ‘liberdade’ foram mantidos e os VRCO ‘participação coletiva’ e
‘primazia do ser humano’ foram ressignificados. Além disso, ‘compromisso com o fundador’
foi descontinuado, sendo substituído pelo novo valor relativo à competição organizacional
‘compromisso com os sócios-diretores’ que, assim como os VRCO ‘esforço pessoal’ e
‘colaboração’, foram construídos durante o intervalo objeto deste estudo. Identificamos
também que a organização continua se diferenciando do mainstream da gestão no setor do
qual ela faz parte, devido à manutenção de determinados aspectos considerados diferenciais
com relação a outras empresas do segmento fiscal e tributário. Como contribuições
acadêmicas, colaboramos para o entendimento da mudança contínua, enquanto um processo
de vir-a-ser, por meio da análise de valores relativos à competição organizacional,
considerados como categorias institucionalizadas, de caráter relativamente provisório. E como
contribuições práticas, oferecemos aos gestores uma reflexão para compreender mudanças nas
organizações para além da abordagem episódica e entender como as empresas podem se
destacar do mainstream da gestão.
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Sentidos construídos acerca do relacionamento de filhos com mães diagnosticadas com um transtorno mental: entre recursos e déficits / Meanings made about relationship of children and mothers diagnosed with a mental illness: in between resources and deficits.Marilia Belfiore Palacio 29 August 2014 (has links)
O cuidado em saúde mental no Brasil tem passado por muitas transformações, sobretudo a partir dos movimentos que deram início à reforma psiquiátrica brasileira. Entre estas transformações, destaca-se a crescente valorização dada pelas políticas e práticas de saúde à necessidade de maior participação da família no tratamento do doente mental. No entanto, paradoxalmente, acerca da relação mãe-filho, a compreensão de que a convivência com a mãe diagnosticada com doença mental pode ser prejudicial para a vida dos filhos tem tido maior destaque na literatura da área. Este estudo qualitativo teve como objetivo compreender o complexo campo da produção de sentidos sobre relacionamento entre filhos e mães diagnosticadas com um transtorno mental, considerando tanto o discurso científico sobre o tema, como a negociação de sentidos nas práticas discursivas, no cotidiano. De maneira mais específica, buscou-se investigar como filhos de mães diagnosticadas com um transtorno mental significam seu relacionamento e convivência familiar. Foram realizadas oito entrevistas individuais, semi-estruturadas, com filhos(as) maiores de 18 anos de mulheres que fazem tratamento em um serviço de saúde mental em um município de médio porte do interior do estado de São Paulo, diagnosticadas com um transtorno mental, e que já passaram por uma internação psiquiátrica. As entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas literalmente e na íntegra. Além disso, durante todo o processo de inserção no campo, foram feitas notas de campo com as descrições e impressões da pesquisadora. Dessa forma, o corpus da pesquisa foi constituído por esses registros e pelas transcrições das entrevistas. A pesquisa foi elaborada com base nas contribuições do movimento construcionista social em Psicologia, sobretudo considerando a pesquisa como processo dialógico, em que a participação do pesquisador e sua reflexividade perante o campo e o corpus é ressaltada na construção da pesquisa. Assim, a partir desse envolvimento e da produção de sentidos conjunta, discutimos aspectos importantes que nortearam a realização da pesquisa e damos visibilidade para reflexões principais do processo. Além disso, também analisamos a produção de sentidos nas entrevistas em dois eixos de discussão: Sentidos de Doença Mental como Déficit e Sentidos de Recurso da convivência. No primeiro eixo, destacamos momentos em que o Discurso do Déficit atravessou as conversas sobre o relacionamento familiar, isto é, momentos em que a doença mental é compreendida como dificuldade ou falha contida no indivíduo (no caso, na mãe-doente mental). No segundo eixo, destacamos os momentos de convivência nos quais houve a possibilidade de ampliar os sentidos sobre a doença mental, dando visibilidade aos recursos construídos na relação mãe-filho. A discussão aponta para a convivência de ambos nas práticas discursivas. Concluímos que apesar da forte influência do Discurso do Déficit no relacionamento familiar com o doente mental, outras narrativas sobre essa convivência são possíveis, evidenciando os recursos que podem ser produzidos conjuntamente nessa relação. Espera-se que esse trabalho possa contribuir com a construção de práticas no campo da saúde mental, ampliando a reflexão sobre a construção do cuidado, especialmente visando uma maior valorização, apoio e fortalecimento das famílias. / In Brazil, the mental health care has undergone many changes, especially as result of social movements, which started the Brazilian Psychiatric Reform. Among these changes, stand out the increasing importance given the health policies and practices to the need for a greater family involvement in the treatment of the mentally ill. However, paradoxically about the mother-children relation, the understanding that to live together with a mother diagnosed with mentally illness can be harmful to the lives of children has been highlighted. This qualitative study aimed understand the complex field of meanings made on relationship between children and mothers diagnosed with a mental illness, considering both the scientific discourse on the theme, such as the negotiation of meanings in the discursive practices, in everyday life. More specifically, we aimed to investigate how children of mothers diagnosed with a mental illness mean your relationship and family living. For this research, eight individuals and semi- structured interviews were done. The participants were adults (with age 18 or more), who their mothers, diagnosed with a mentally illness, are in treatment in a mental health service. In addition, all of mothers have already had psychiatric hospitalization. The interviews were recorded and they were transcribed literally and in full. Moreover, during all process inside the field, field notes with the researcher descriptions and impressions were written. In this way, the field notes and the interviews transcriptions formed the research corpus. The research was draft based on social constructionist movement in Psychology, especially considering the research as a dialogical process. In this process the participation of researcher and her reflexivity about the field and the corpus had emphasis during all research construction. Thus, with the involvement and joint meaning make, important aspects that guided the research and give visibility to reflections leading the process are discussed. Furthermore, we also divided the meanings constructed in the interviews in two pillars: Meanings of Mental Illness as Deficit and Meanings of Resource. In the first one, the centerpiece was when the DD appeared in the conversations about familiar relationship, in the other words, moments when the illness is understood as a difficulty or a fail inside the person (in the case, the mother with mental illness). In the second one, the focus is in moments of living together, in which there was a possibility to amplify the meanings about mental illness, and in this way, giving visibility to resources constructed in the mother-children relationship. Despite the strong influence of DD in the family relationship with the mentally ill, other narratives about this relation was possible, highlighting the resources produced jointly with adult children of the mother in psychiatric treatment, seeking to strengthen the Family as a care unit. It is expected that this study can contribute to the mental health field, amplifying the reflection about the construction of care in this field, especially towards greater appreciation, support and strengthening of families.
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Construção de sentidos sobre a participação do pai no tratamento de filhas com diagnóstico de transtornos alimentares / Construction of meanings about the father\'s participation in the treatment of daughters diagnosed with eating disordersCarolina Mota Gala Saviolli 09 November 2012 (has links)
O objetivo geral do presente estudo foi compreender o processo de construção de sentidos sobre a participação do pai no contexto de tratamento dos transtornos alimentares. A partir da utilização de uma perspectiva construcionista social, esses transtornos passaram a ser compreendidos enquanto construções sociais, da mesma maneira que o lugar do pai na atualidade. Esse objetivo foi delineado a partir da experiência em um serviço especializado de atendimento, o Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares (GRATA), no qual se denotava a maior presença das mães nas estratégias oferecidas, assim como do diálogo com a literatura científica, que apontava reduzidos estudos que focalizassem o discurso paterno. Como objetivos específicos, buscaram-se compreender como os discursos sociais da atualidade contribuem para a construção de sentidos sobre a participação do pai, e quais limites eles circunscrevem em termos das ações tomadas. Para isso, foram conduzidas 12 entrevistas individuais com pais cujas filhas estivessem em seguimento no serviço naquele momento e, em um caso apenas, com o pai de uma filha que havia recebido alta do serviço. O roteiro de entrevista utilizado tratava de temas considerados relevantes para esse contexto, mas, pela vasta quantidade de material, um recorte precisou ser aplicado, tendo como critério priorizar os sentidos construídos que contribuíram mais diretamente para a construção da participação do pai no tratamento. As entrevistas foram transcritas literalmente e na íntegra, constituindo o corpus de análise. A análise foi empreendida com base na Teoria Relacional do Sentido e na Teoria das Práticas Discursivas e Produção de Sentidos no Cotidiano. Foram enfatizados também os jogos de linguagem e de posicionamento situados na relação pesquisadora-colaborador, considerando a linguagem em uso como ação, construtora de realidades. A partir desse empreendimento relacional, foi possível discutir alguns pontos relevantes para a compreensão da temática: o posicionamento da pesquisadora enquanto psicóloga do serviço e como isso delimitou os sentidos produzidos nas interações; a valorização do conhecimento especializado; a construção ampliada da participação do pai para além das atividades oferecidas no contexto hospitalar, como seu lugar de apoio à filha e à esposa, especialmente; o cuidado como ação paterna. Tais sentidos foram confrontados com os validados pela literatura na área, e iniciadas algumas reflexões no sentido de ampliar a negociação sobre a participação do pai, utilizando, para tanto, algumas ferramentas conversacionais construcionistas, como a de self relacional e da responsabilidade relacional. Espera-se que os resultados possam auxiliar os profissionais e os serviços de saúde que atendem a essa população a uma relação mais colaborativa com esses pais, na qual haja o diálogo com esses atores e legitimação desse saber, buscando contextos de assistência que sejam mais convidativos para eles. Isso talvez contribua para uma ressignificação de seu lugar no tratamento de suas filhas. / The aim of this study was to understand the meaning construction process about the father\'s participation in the treatment context of eating disorders. Based on the use of a social constructionist perspective, these disorders are understood as social constructions, in the same way as the father\'s place nowadays. This aim was outlined departing from the experience at an specialized care service, the Eating Disorder Care Group (GRATA), where the greater presence of mothers in the strategies offered was observed, as well as from the dialogue with scientific literature, which appointed limited studies that focused on paternal discourse. As specific aims, we attempted to understand how current social discourse contributes to the construction of meanings about the father\'s participation, and what limits they circumscribe in terms of what actions need to be taken. Therefore, individual interviews were held with 12 fathers whose daughters were under treatment at the time of the research. In only one case the daughter had been discharged from the service. The interview script addressed themes that are considered relevant for this context but, due to the great amount of material, an excerpt was taken, prioritizing the meanings that most directly contributed to the construction of the father\'s participation in treatment. The interviews were completely and literally transcribed, constituting the analysis corpus. To undertake the analysis, the concepts proposed in the Theory of Meaning and the Theory of Discursive Practices and Production of Meanings in Daily Life. Language and positioning games were emphasized that are situated in the relation between researcher and collaborator, considering the language used as action, as a constructor of reality. Based on this relational undertaking, some relevant aspects to understand the theme could be discussed: the researcher\'s positioning as the service psychologist and how this outlined the meanings produced in the interactions; the valuation of specialized knowledge; the expanded construction of the father\'s participation beyond the activities offered in the hospital context, especially as his place to support his daughter and wife; care as paternal action. These meanings were confronted with those validated in literature in the area, and some reflections started in order to broaden the negotiation about the father\'s participation, using some constructionist conversation tools for this purpose, including the concept of relational self and the concept of relational responsibility. We hope the results can help health professionals and services that deliver care to this population to achieve a more collaborative relation with these partners, which is open to dialogue and can result in care contexts that are more inviting to them, legitimizing this knowledge. This may contribute to attribute a new meaning to their place in their daughters\' treatment.
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Produção e negociação de sentidos em um grupo de apoio aos familiares de pessoas diagnosticadas com anorexia nervosa e bulimia nervosa / The production and the negotiation of meanings in a family support group of people diagnosed with anorexia nervosa and bulimia nervosaLaura Vilela e Souza 25 May 2006 (has links)
O presente estudo tem por finalidade apreender a construção dos sentidos que são produzidos e negociados no processo de um grupo de apoio a familiares de pessoas diagnosticadas com Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa atendidos em contexto ambulatorial. Mais especificamente, objetiva delinear os sentidos construídos pelos familiares sobre a sua participação no grupo. Acreditamos que o grupo de apoio oferece um contexto fecundo para investigar (e desconstruir) a maneira como as idéias e os valores são constituídos pela tradição da comunidade discursiva e que adquirem uma aparência de ?realidade? para as pessoas que pertencem àquela comunidade. Espera-se que, além de permitir a sistematização de conhecimento na área, os dados oriundos do presente estudo possam trazer benefícios para os usuários desse e de outros serviços com características semelhantes. Nosso objeto de estudo, o grupo de apoio psicológico aos familiares, da maneira como se configura hoje tem cerca de cinco anos de funcionamento. Desde o início é um grupo de ?portas abertas?, isto é, aberto aos parentes e acompanhantes dos pacientes atendidos. Não tem número definido de vagas e todos os familiares dos pacientes atualmente atendidos estão convidados a participar dos encontros. A freqüência é semanal, com uma hora de duração. Foram audio-gravadas e transcritas 10 sessões consecutivas do grupo, no qual 37 familiares estiveram presentes. Após a leitura exaustiva das sessões foram realçadas as falas dos participantes relacionadas à temática da participação grupal. Percebendo-se a pregnância dessa temática e a riqueza na presença de múltiplos sentidos para a participação grupal nas 3 primeiras sessões consecutivas gravadas, optou-se pelo seu recorte para a análise, sendo que a primeira sessão foi analisada em toda sua extensão e as outras 2 sessões foram recortadas em seus trechos mais significativos. A análise dessas sessões foi empreendida dentro do referencial téorico do construcionismo social e utilizando-se do recurso metodológico de delimitações temático-seqüenciais. Os diferentes momentos da sessão delimitados tematicamente foram: os diferentes sentidos para o estar no grupo; a construção da diferença no grupo; o reconhecimento das semelhanças e desigualdades entre os participantes; a construção dos diferentes lugares no grupo; a compreensão dos sentidos para o espaço grupal; a construção da possibilidade de continuarem juntos; as indicações para a participação grupal e a possibilidade de um novo sentido para a diferença. Ao negociarem esses sentidos, os participantes constroem a si-mesmos, a doença e o grupo. Os julgamentos construídos no grupo podem ser tomados como verdades, cristalizando determinadas maneiras descrições e valores, que podem promover movimentos de segregação e afastamento no grupo. Todavia, esses sentidos podem ser revisitados e reconfigurados, em uma constante teia que enlaça novos significados a cada nova interação (CAPES). / The aim of this study is the comprehension of the meanings produced and negotiated in the process of a familiar support group of people that has been diagnosed with anorexia nervosa and bulimia nervosa taken care in an ambulatory context. More specifically, this study aims to delineate the meanings that these familiars give about their participation at the group. We believe that the support group offers a valorous context for the investigation (deconstruction) of the ways that the discursive traditional communities construct its ideas and values and how those ideas gain the status of reality for the people in those communities. We hope that the results of this study can help the users of this and others services with similar characteristics. Our study object, the familiar support group, in its actual configuration, has five years of functioning. Since its beginning the group is open to the familiars and companions of the people taken care of at the service. It does not have a definitive number of participants that can be in, and all the families are invited to participate. We taped and transcript 10 sessions of this group. 37 participants were present in those sessions. After the exhaustive reading of this material, we enlighten the participant\'s sayings that were referred to the familiar participation. Once we realized the presence of this thematic in the first tree sessions, those were chosen to constitute the corpus of our analysis. The analysis was based in the social constructionist perspective and in the use of the methodological and theoretical recourse of analysis called sequential and thematic delimitations. The different moments of these session delimited by these themes were: the different meanings for the group participation; the construction of the difference in the group; the recognition of the similarities and differences between the participants; the different places taken in the group; the comprehension for the different group\'s meanings; the construction of the possibilities for being together; the indications for the group\'s participation; and the possibilities for the appearance of a new meaning for the difference. When negotiating these meanings, the participants construct themselves, the disease and the group. The judges that emerge at the group can be taken as true, being crystallized and promoting segregation movements in the group. However, these meanings can be revisited and be reconfigured in a constant art of enlacing new meanings as new relation and interaction begins (CAPES).
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A participação da família no tratamento em Saúde Mental como prática no cotidiano do serviço / The participation of family in Mental Health treatment as practice in the quotidian of the servicePedro Pablo Sampaio Martins 14 June 2013 (has links)
A preocupação com a participação da família no tratamento em Saúde Mental no Brasil tem se produzido historicamente a partir do movimento de reforma psiquiátrica, que busca transformar a lógica de produção de cuidado em saúde. Desde então, observa-se certa tensão neste campo, com a presença de diferentes discursos sobre a família, sua participação, envolvimento e responsabilidade com relação ao adoecimento mental e seu cuidado. O objetivo do presente estudo é compreender como familiares atendidos em um programa de assistência à família, no contexto de uma instituição de Saúde Mental, constroem sentidos sobre sua participação no tratamento. Para tanto, foram realizadas entrevistas individuais, semiestruturadas, com dez familiares de pacientes de um serviço público de semi-internação psiquiátrica localizado em uma cidade de médio porte no estado de São Paulo. Estas entrevistas tiveram como tema central a participação destes familiares no programa de assistência à família da instituição, considerando seus entendimentos sobre família, doença mental e tratamento. As entrevistas foram audiogravadas e transcritas integralmente, sendo submetidas a procedimentos qualitativos de análise, com base nas contribuições do movimento construcionista social em ciência. Em primeiro lugar, realizamos uma análise temática, organizada em três recortes temporais: 1) Famílias em sofrimento, que versa sobre a vida dos familiares antes do HD, tendo como temas o surgimento da doença e suas consequências na vida familiar, e as passagens por serviços de saúde; 2) Famílias em tratamento, que contempla cinco formas de participação dos familiares no HD: o cuidado à família, o aprendizado sobre a doença mental, a transformação das relações familiares, o cuidado com o familiar em semi-internação e o cuidado mútuo entre as famílias; 3) Famílias em desenvolvimento, relacionando os assuntos acerca da vida atual, considerando a melhora do paciente, os desafios da vida pós-alta e as perspectivas imaginadas por estes familiares. A seguir, analisamos o processo comunicacional de uma das entrevistas, ilustrando como toda descrição da participação do familiar era construída como produto da interação de pesquisa. Percebemos como determinadas posturas do entrevistador convidavam a um processo de participação do familiar similar àquele que se pretendia investigar. Concluímos que a participação destes familiares no tratamento se constrói como possibilidade não apenas mediante o convite para participação, mas através do efetivo e cotidiano investimento na qualidade das relações entre os atores envolvidos no processo (pacientes, familiares e profissionais de saúde), em um contínuo processo, construído momento-a-momento no cotidiano das práticas de saúde. Esta compreensão chama atenção para a micropolítica da produção de cuidado e para a necessidade de uma atenção aos processos comunicativos e relacionais envolvidos na participação da família no cotidiano da instituição. Concluímos apontando o desafio de inventar, no cotidiano das práticas, formas de fazer este cuidado acontecer. Para este fim, destacamos a importância de deslocar o entendimento de tratamento da família para cuidado da família. A transformação deste entendimento considera os efeitos negativos que discursos de culpabilização e adoecimento da família geram na sociedade, buscando transformá-los em direção a discursos atrelados a práticas que de fato apoiem e ajudem famílias em sofrimento. (FAPESP) / Concerns with the participation of family in mental health treatments in Brazil have historically aroused from the movement of psychiatric reform, which aims at changing the logic that underlies the production of healthcare. Ever since then, it has been possible to observe tensions in this field, characterized by the presence of different discourses regarding family, their participation, involvement and responsibility in relation to mental health and to its needed care. This study aims to understand how relatives of mental health patients make meanings about their own participation in treatment. We conducted individual, semi structured interviews with ten of those relatives who were seen in a mental health day service in a city in the state of São Paulo, Brazil. The participation of these family members in treatment was the central theme of these interviews, which focused especially on their understandings about family, mental health and treatment. The interviews were recorded in audio, fully transcribed and later analyzed through qualitative procedures, based on the contributions of the social constructionist movement in science. First, we conducted a thematic analysis, which was organized in three time-based categories: 1) Families in pain, that refers to the lives of the family members before their participation in treatment, and that has as themes the arising of the illness, its consequences to family life, and the families seek for help in health services; 2) Families in treatment, which contemplates five forms of participation in the program for family assistance, namely the care for families, the learning about the mental illness, the transformation of family relationships, the care for the family member who is being treated, and the mutual care between different families; 3) Families in development, under which are the themes regarding the interviewees current lives, considering the improvement of the patients situation, the challenges family members have faced since they left the service, and their imagined perspectives for life. Next, we analyzed the communicational process in one of the interviews that illustrated how every description of the participation of the family member in treatment was constructed as an interactional product during the research process. We realized how certain stances of the researcher invited a process of participation by the family member very similar to that which we wanted to investigate. We concluded that the participation of these family members in treatment is constructed as a possibility not only through inviting them to participate, but through an effective and daily investment in the quality of the relationships between different social actors involved in the process (patients, family members, healthcare practitioners). We characterized this as an ongoing process, constructed at every moment during everyday health practices. This understanding calls attention to the micro politics of production of healthcare, and to the necessity of an attention to communicational and relational processes involved in the participation of family in the quotidian of the institution. We concluded by pointing to the challenge of creating, in daily practices, ways of making this care happen. For that, we highlighted the importance of moving away from an understanding of a family being treated to one that considers a family who needs care. The transformation of this understanding considers the negative effects that discourses blaming families for the disease create in society. We hope to contribute to changes in these discourses towards others that, intertwined to practices, may actually be supportive and helpful to families who suffer. (The São Paulo Research Foundation).
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Construindo cuidado: a relação com os profissionais da saúde nas práticas discursivas de pessoas diagnosticadas com transtornos alimentares / Constructing careLaura Vilela e Souza 10 June 2011 (has links)
O objetivo geral deste trabalho foi compreender as práticas discursivas de pessoas diagnosticadas com Anorexia Nervosa (AN) ou Bulimia Nervosa (BN) com relação a produção de sentidos sobre as relações profissional-paciente no âmbito do tratamento desses transtornos alimentares (TA), aqui considerados não como quadros diagnósticos, mas como construções sociais. Esse objetivo foi traçado no diálogo com a literatura científica na área que identifica poucos espaços de escuta dessas pessoas sobre o que elas consideram importante em suas relações com os profissionais de saúde, e no diálogo com as narrativas das participantes deste estudo que apontaram a boa qualidade do relacionamento profissionalpaciente como importante na construção de um atendimento considerado satisfatório. De maneira específica, buscou-se compreender como o uso de diferentes repertórios interpretativos e discursos sociais participam da produção de sentidos sobre as relações profissional-paciente, além de investigar as implicações dos diferentes posicionamentos assumidos por ambos na coconstrução de descrições de si, direitos, deveres e lugares ocupados pelos pacientes na relação com os profissionais. Para tanto, foram entrevistadas 12 mulheres diagnosticadas com AN e BN atendidas por um serviço de assistência em TA. 5 dessas mulheres responderam de forma mais pessoal sobre o que é um relacionamento significativo com um profissional, oferecendo histórias de seus relacionamentos anteriores e atuais com os profissionais, narradas com riqueza de detalhes. Considerando-se a vasta quantidade de material a ser analisado, um recorte do material foi necessário e essa riqueza narrativa foi o critério utilizado para a seleção dessas 5 entrevistas para análise. O corpus de análise foi composto pelo recorte dos momentos das entrevistas nos quais o tema do relacionamento profissional-paciente estava presente. Assumindo-se uma perspectiva construcionista social sobre produção do conhecimento, utilizou-se, para a análise desse corpus, a Teoria relacional do sentido, a Teoria do posicionamento e a proposta teóricometodológica das Práticas discursivas e produção de sentidos. A partir da análise desse material foi possível abordar: as implicações do uso do discurso biomédico, que entende a AN e BN como psicopatologias, para as construções de si das participantes deste estudo e para a construção de possibilidades e limites da sua participação nas decisões sobre o tratamento; o pedido das participantes para uma maior proximidade afetiva com o profissional; o lugar ocupado pelo psicólogo e pelos demais profissionais da equipe multidisciplinar frente a esse pedido; os efeitos dos repertórios interpretativos disponibilizados pela literatura da área sobre a dificuldade no relacionamento profissional-paciente para as práticas discursivas das participantes ao falarem de seus desentendimentos com os profissionais; e as implicações da eleição do tratamento hospitalar como locus privilegiado de cuidado dessas pessoas. Alguns aportes teóricos construcionistas sociais, como a responsabilidade relacional, o ser relacional, o diálogo transformador e a postura colaborativa foram ofertados para pensar cenários relacionais entre profissionais e pacientes que pudessem incluir: a noção de identidade como movimento e não como estabilidade; o entendimento dos sucessos e insucessos nesses relacionamentos como ações conjuntas; a defesa do paciente como agente coconstrutor de seu cuidado e a possibilidade de convivência de diferentes verdades em saúde. / The general aim of this work was to understand the discursive practices of people diagnosed with Anorexia Nervosa (AN) and Bulimia Nervosa (BN) in the meaning production about professional-patient relationships in the treatment of eating disorders. Eating disorders are understood here as social constructions. This objective was delineated in dialogue with the scientific literature in the field that identifies a lack of spaces to listen to these people as well as in dialogue with this study participants\' narratives that associated meaningful assistance with the possibility of good quality in professional-patient relationship. Specifically, we aimed at understanding how the use of different interpretive repertoire and social discourses participate in the meaning production about the professional-patient relationship. We also tried to comprehend the implications of different positions assumed by both of them in the coconstruction of self descriptions, rights, duties and places occupied by patients in their relations with professionals. In order to do that, 12 women diagnosed with AN and BN assisted by an eating disorder service were interviewed. 5 interviews were selected to be analysed considering its richness of narratives about professional-patient relationship. Interview excerpts in which the theme of professional-patient relationship was discussed were selected to compose the analysis corpus Assuming a social constructionist perspective about knowledge construction, the following theoretical and methodological resources were used: Relational Theory of Meaning, Positioning Theory and Discursive practices and production of meanings. The analysis highlighted: the implications of biomedical discourse use, in which AN and BN is understood as psychopathologies, to the self constructions of the participants of this study and to the construction of possibilities and limitations of their participation in the decisions about the treatment; the participants\' request for closer and emotional relationship with professionals; the role of the psychologist and the rest of the multidisciplinary team to address this request; the effects of the use of the literature in the field that constructs the professional-patient relationships in terms of its difficulties in the discursive practice of the participants when they talked about their conflicts with professionals; and the implication of electing treatment as the privileged scenario of health care. Some social constructionist resources such as Relational Responsibility, Relational Being, Transformative Dialogue and Collaborative Partnership, were implemented to think about relational scenarios between professionals and patients that could include: the idea of identity as movement instead of stability; the understanding of the success and failure in these relationships as conjoint actions; the defense of the patient\'s protagonism in the construction of health; and the possibility of the coexistence of diverse realities.
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Sentidos de família construídos por profissionais de saúde na estratégia de saúde da família / Family meanings constructed by health professionals in the Brazilian Family Health StrategyLuiza Campos Menezes 19 February 2016 (has links)
Na construção de políticas sociais atribuiu-se um papel central à família na proteção social e no cuidado com os seus membros. Na saúde, a família assume essa centralidade na Estratégia de Saúde da Família (ESF), sendo compreendida como objeto da atenção em saúde. Essa centralidade se deu a partir de uma pretensão de mudança no modelo assistencial que visasse a integralidade do cuidado e um olhar para as condições de vida como fundamentais no processo saúde-doença. Tais transformações nos sentidos e práticas de saúde têm sido desafiadoras. A partir da perspectiva Construcionista Social, que orienta esse estudo, compreendemos que os sentidos são construídos nas interações entre as pessoas e que esses configuram práticas sociais. Diante deste quadro de desafios na ESF e a partir da perspectiva adotada, temos como objetivo compreender os sentidos produzidos por profissionais de equipes de saúde sobre famílias em contextos de reuniões de discussão de família/caso na ESF, buscando analisar como esses configuram a produção de práticas de cuidado e também como se dá a dinâmica de construção desses sentidos a partir das negociações entre os participantes. A constituição do corpus foi feita a partir da observação e registros em áudio de 16 reuniões de duas equipes de saúde da família, contando com 26 participantes, dentre eles profissionais e estagiários de diferentes especialidades. A análise foi feita a partir da perspectiva das práticas discursivas, com os seguintes passos: 1) transcrição do material; 2) leitura intensiva e organização do material; 3) construção de sentidos sobre a família, e análise dos repertórios interpretativos, discursos usados, e implicações para ação; e 4) narrativa ilustrativa da dinâmica dos sentidos. Os sentidos construídos na análise foram: a) Família como pessoas que moram juntas: os repertórios usados descreviam os modos de ser família a partir do ambiente em que ela vive, entendendo a família como informante e cuidadora dos seus membros; b) Família como responsável pelo cuidado: repertórios de família como aquela que dá suporte aos seus membros e é responsável por eles; e, por vezes, está sobrecarregada com esses cuidados; c) Família como problema: repertórios que configuravam a família como aquela que é responsável pelo problema de saúde dos seus membros, como aquela que funciona como um estressor para eles ou como aquela que está em situação de risco; e d) Família como rede de relações, sentido que foi usado, mais comumente, em conversas sobre casos complexos, com discussões voltadas para configurações, estruturas e dinâmicas familiares. A partir da análise do processo de discussão da equipe em torno de um \"caso\", foi possível ilustrar o dinamismo desses sentidos nas conversas e como esses são negociados a todo momento. A análise nos permite considerar que há esforços dos profissionais em voltar a atenção do cuidado para a família, porém ainda são comuns práticas centradas no indivíduo e pouco pautadas no contexto e nas condições de vida das famílias. Compreendemos que dar visibilidade a esses diferentes sentidos e seu uso permite reflexões sobre como cada forma de descrever as famílias possibilita a construção de práticas distintas, o que pode contribuir para uma maior reflexão dos profissionais de saúde sobre sua prática cotidiana (Apoio Capes e Fapesp- 2014/08618-6). / In constructing social policies, a central role has been assigned to the family regarding its social protection and care for its members. In Health, the family assumes such centrality in the Brazilian Family Health Strategy (FHS), being understood as a health care object. This centrality is given from an intention of changing the health care model, which should aim integrality of care and a look at/attention towards the living conditions as fundamental in the health-illness process. But the changes in the meanings and health practices have been challenging. From the social constructionist perspective, which guides this study, we understand that the meanings are built in interactions among people and that such constitute social practices. Given these elements - challenges in the FHS and the said perspective - we aim to understand the meanings produced by health team professionals about families in contexts of FHS family discussion meetings. We seek to analyze how these meanings shape the production of care practices and also how these senses are dynamically constructed from the negotiations among participants. The corpus construction was structured from observation and audio records from 16 FHS teams meetings, with 26 participants, including professionals and trainees from different specialties. The analysis was based on the discursive practices perspective, with the following steps: 1) material transcription; 2) intensive reading and material organization; 3) construction of meanings about family, and analysis of interpretative repertoires, discourse use, and implications for action; and 4) illustrative narrative of meanings dynamics. Meanings constructed in the analysis were: a) family as people who live together: the repertoires described the ways of being family considering the environment they live, understanding family as informant and caregiver of its members; b) family as responsible for care: Family repertoires as that which supports its members and holds accountability for them; also, sometimes becomes overloaded with such stewardship; c) Family as problem: repertoire that conceived family as being responsible for members\' health problems, acting as a stressor to them or as one that is at risk; d) Family as relationships network, meaning more commonly attributed in conversations about complex cases, with discussions oriented to settings, structures and family dynamics. From the analysis of a team discussion process on one \"case\", it was possible to illustrate the dynamism of these senses in conversations and how they are negotiated at all times. The analysis demonstrates that professionals endeavor to turn their efforts towards the family, but practices are still commonly centered on the individual and less grounded in context and living conditions of families. We understand that giving visibility to these different senses and their use allows reflections on how each way of describing families allows the construction of different practices, potentially contributing to greater reflection of health professionals about their daily practice (Support Capes and FAPESP- 2014 / 08618-6).
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Felicidade: utopia, pluralidade e política. A delimitação da felicidade enquanto objeto para a ciência / Happiness: utopia, plurality and politics (the definition of happiness as an object for science inquiry)Luciano Esposito Sewaybricker 31 May 2017 (has links)
Pensar sobre a felicidade não é um exercício particularmente recente. Desde os gregos antigos, pensar sobre a felicidade e propor aquilo que ela significa faz parte da história dos Homens. Em meio a esse longo percurso, de mais de dois mil anos, o tema continua polêmico, sendo entendido de diferentes formas mesmo após ser investigado intensamente como objeto científico desde a segunda metade do século XX. Neste trabalho, a partir de três questões provocadoras (\"por que um mesmo objeto gera conceitos tão diferentes?\", \"por que os recentes achados científicos, com evidências de causalidades confiáveis, não têm sido capazes de aprofundar a compreensão do que é felicidade e não são indicadores de caminhos para se promover felicidade?\" e \"como a ciência poderia estudar a felicidade?\") traçou-se os objetivos a seguir: (1) apresentar definição abrangente de felicidade; (2) identificar inconsistências entre conceito, objetivos e fundamentos nas pesquisas atuais sobre a felicidade; (3) apresentar uma forma de a ciência investigar a felicidade de modo coerente e rigoroso. Para tal, analisaram-se diferentes proposições de felicidade na filosofia, na ciência (especialmente a Psicologia Positiva) e na política, buscando aquilo que há de comum em relação ao conceito. A partir de referencial construcionista social e do conceito de performatividade, chegou-se, ao entendimento de que felicidade \"aquilo que determinada pessoa entende ser, em dado momento, a melhor forma de se viver a partir de sua relação dialética com o mundo\". Entender a felicidade dessa maneira evidencia seu caráter líquido, em constante transformação. Mais promissor do que estudar seu aspecto estável, é estudá-la enquanto objeto em constante transformação. Quanto mais se tenta aprisioná-la e torná-la mensurável, mais complexidade lhe é acrescentada (ao invés de inteligibilidade). É por tal razão que a empreitada empirista da Psicologia Positiva, na medida em que fragmentou o conceito, não fertilizou a discussão sobre o tema. Ao invés disso, acrescentou novos sinônimos e correlatos, bem como exigiu abandonar importantes discussões e adotar termos vagos para definí-la. Ainda, é importante considerar o caráter performativo de se falar sobre a felicidade. Por ser um tema de interesse tão amplo, comunicações sobre a felicidade evidenciam capacidade de interferir no modo com que as pessoas vivem. Falar sobre a felicidade nunca será um simples falar. De modo geral, pode-se apontar para três oportunidades de pesquisa em relação ao tema: aprofundar as consequências de se utilizar o conceito e a rede de construção de credibilidade em torno dele; entender aquilo que faz o entendimento do conceito mudar e de que forma; utilizar o conceito como forma de acessar características individuais e sociais relevantes / Happiness is not a particularly recent subject. Since ancient Greece, the exercise of thinking about happiness and proposing what it means is part of human history. In the midst of this long journey, of more than two thousand years, the subject remains controversial. It is understood in different ways even after being intensively investigated as a scientific object since the second half of the twentieth century. This work derives from three provocative questions (\"why does the same object generate such different concepts?\", \"why recent scientific findings, with evidence of reliable causality, have not been able to deepen the understanding of happiness and are not indicators of ways to promote happiness?\" and \"how could science study happiness?\"), outlining the following objectives: (1) introduce a broad and comprehensive definition of happiness; (2) identify inconsistencies between concept, goals and foundations in current research on happiness; (3) present a way for science to investigate happiness in a coherent and rigorous way. To accomplish these three objectives, different propositions of happiness were analyzed in philosophy, in science (especially Positive Psychology) and in governmental practice, seeking what is common in relation to the concept. From a social constructionism referential and using the concept of performativity, it came to the understanding that happiness \"is what a particular person understands to be, at a given moment, the best way to live from their dialetic relationship with the world.\" Understanding happiness in this particular way reveals its liquid character, implying it is in constant transformation. More promising than studying its stable aspect is to study it as an object in constant transformation. The more you try to imprison it and make it measurable, the more complexity you add (rather than intelligibility). It is for this reason that the empiricist enterprise of Positive Psychology did not fertilize the discussion on the subject. Instead, it added new synonyms and correlates, as well as required abandoning important discussions and adopted vague terms to define it. Still, it is important to consider the performative character of happiness. Because it is a subject of such wide interest, talking about happiness shows an ability to interfere with the way people live. Talking about happiness will never be a simple speech. In general, it is possible to point to three research opportunities in relation to the subject: to deepen the consequences of using the concept and the network of credibility building around it; understand what makes the understanding of happiness to change and in what ways; use the concept as a way to access relevant individual and social characteristics
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