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Etnicidade Linguística em Movimento: Os processos de transculturalidade revelados nos Brasileirítalos do eixo Rio de Janeiro-Juiz De ForaGaio, Mario Luis Monachesi 19 May 2017 (has links)
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Interessa também a outros campos do saber dentro das ciências sociais e humanas, como a
Sociologia e a Antropologia. O objeto da investigação é um processo complexo que parte do
fenômeno do Contato de Línguas, perpassa os seus efeitos tais como language shift,
convergência e empréstimos, prossegue até o efeito mais drástico, a perda total de falantes, e
deixa um legado (trans)cultural através dos processos de etnicidade que estão em movimento.
A composição multiétnica da população brasileira é profundamente marcada por traços
culturais de diversos povos, entre os quais se incluem os italianos. A despeito do imaginário
coletivo que associa imigração italiana aos estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro também foram receptores de imigrantes provenientes da
multifacetada Itália. A cidade mineira de Juiz de Fora foi o mais importante centro de triagem
de imigrantes aportados no Rio de Janeiro com destino ao estado de Minas Gerais. Esses
carregavam suas próprias identidades linguísticas e culturais, com implicações nas suas
sensações de pertencimento que ultrapassaram as gerações. Os imigrantes, dialetófonos em
sua maioria, mantiveram por alguns anos Comunidades de Fala difusas e complexas
(COUTO, 2016b), mas preteriram suas línguas em favor da língua dominante, o português
brasileiro. Contudo, seus ecossistemas culturais penetraram nos ecossistemas culturais locais
e por eles foram penetrados, tornando seus descendentes sujeitos transculturais. Nesta
perspectiva, o termo brasileirítalo é proposto para definir uma ressignificação dos termos
‘italiano’ (condição herdada) e ítalo-brasileiro (categoria hifenizada), ambos já preconizados
nos estudos da área (LESSER, 2014). Imigrantes sempre se apoiaram em Redes Sociais
(MILROY & MILROY, 1985; MILROY, 2007; BORTONI-RICARDO, 2011) para
estabelecerem-se e estas se desfaziam ao longo do tempo pela natureza urbana do contexto de
imigração estudado neste trabalho. Vez por outra surgiam Comunidades de Prática
(WENGER, 2006 [1998]) motivadas pela italianidade, que agregavam cidadãos e
descendentes num escopo comum. A identidade e a sensação de pertencimento (belonging)
são aqui tratadas com aporte teórico em Brubaker & Cooper (2000); Bauman (2004);
Jungbluth (2007; 2015); Pfaff-Czarnecka (2011); Anthias (2013); Dervin & Risager (2015). O
Contato de Línguas e seus efeitos são analisados com base nos estudos de Weinreich (1968
[1953]); Mufwene (2008); Couto (2009); Savedra & Gaio & Carlos Neto (2015); Thomason
(2001); Winford (2003). A transculturalidade é abordada a partir do conceito seminal de Ortiz
(1999 [1940]) até chegar às definições de Welsch (1999), sobre as quais se apoia nosso
trabalho. A perspectiva ecolinguística (COUTO, 2007, 2009, 2016a, 2016b, 2016c;
MUFWENE, 2004, 2008, 2016; TRAMPE, 2016) encerra nosso arcabouço teórico e através
dela investigamos uma específica Comunidade de Fala não mais existente que fora constituída
por imigrantes. Esta pesquisa tem cunho qualitativo e teve suporte metodológico em
Dodsworth (2014), Hoffman (2014) e Puskás (2009). A metodologia utilizada constituiu-se de
aplicação de entrevistas semiestruturadas a descendentes de italianos. Como material de apoio
foram aplicados questionários a líderes de associações ligadas à italianidade / This thesis discusses language, culture, society, and it inserts itself in the realm of
sociolinguistics. It is also connected to other fields of knowledge within the human and social
sciences, such as Sociology and Anthropology. The object of investigation is a complex
process which starts from the phenomenon of Language Contact, goes through its effects such
as language shift, convergence and borrowings, continuing until its most drastic effect, the
total loss of speakers, leaving a (trans)cultural legacy through the processes of ethnicity which
are in motion. The multiethnic composition of the Brazilian population is profoundly marked
by cultural traces of numerous peoples, among which is found the Italians. Despite the
collective imaginary, which associates the Italian immigration with the states of Rio Grande
do Sul and São Paulo, Minas Gerais and Rio de Janeiro were also recipients of immigrants
from multifaceted Italy. The city of Juiz de Fora, in the State of Minas Gerais, was the most
important screening center for immigrants docked in Rio de Janeiro en route to Minas Gerais.
They carried their own cultural and linguistic identities, with implications to their sense of
belonging that surpassed generations. The immigrants, dialectophones in their majority, kept
for some years complex and scattered Speech Communities (COUTO, 2016b), but abandoned
their languages in favor of the dominant language, Brazilian Portuguese. However, their
cultural ecosystems penetrated the local ones and were by them also penetrated, making their
descendants transcultural individuals. In this perspective, the term Brasileirítalo (or
Brazilianitalic, in its English suggested version, a portmanteau of the words Brazilian and
Italic, in reference to Italy) is proposed to define a resignification of the terms Italian (as an
inherited condition) and Italian-Brazilian (hyphenated category), both recommended in the
studies of the area (LESSER, 2014). Immigrants have always relied on Social Networks
(MILROY & MILROY, 1985; MILROY, 2007; BORTONI-RICARDO, 2011) to establish
themselves and which disappeared over time due to the urban nature of the context of
immigration studied in this work. Eventually there were Communities of Practice (WENGER,
2006 [1998]) motivated by the Italianity, which joined citizens and descendants in one
common scope. Identity and belonging are here treated as theoretical contributions in
Brubaker & Cooper (2000); Bauman (2004); Jungbluth (2007; 2015); Pfaff-Czarnecka
(2011); Anthias (2013); Dervin & Risager (2015). Language contact and its effects are
analyzed based on studies by Weinreich (1968 [1953]); Mufwene (2008); Couto (2009);
Savedra & Gaio & Carlos Neto (2015); Thomason (2001); Winford (2003). Transculturality is
approached from the seminal concept of Ortiz (1999 [1940]) until we reach the definitions of
Welsch (1999), on which this study is based. The ecolinguistic perspective (COUTO, 2007,
2009, 2016a, 2016b, 2016c; MUFWENE, 2004, 2008, 2016; TRAMPE, 2016) closes our
theoretical framework and through it we investigate a specific and non-longer existent Speech
Community that was constituted by immigrants. This research has a qualitative nature and
borrows its methodological support from Dodsworth (2014), Hoffman (2014) and Puskás
(2009). The methodology used is made up of the application of semi-structured interviews of
Italian descendants. As support material, questionnaires were given to leaders of associations
connected with Italianity
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