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Efeito da massa muscular e adiposidade total e visceral sobre a mortalidade em idosos brasileiros da comunidade: um estudo prospectivo de base populacional, São Paulo Ageing & Health Study (SPAH) / Effect of muscle mass, subcutaneous adipose tissue and abdominal visceral fat on mortality risk of community-dwelling older adults: a population-based prospective cohort study, São Paulo Ageing & Health Study (SPAH)Santana, Felipe Mendonça de 01 February 2019 (has links)
O envelhecimento traz modificações na composição corporal habitualmente não acompanhadas por mudança concomitante no índice de massa corporal (IMC). Assim, o IMC tem baixa acurácia para estimar risco de morte atribuído às mudanças de composição corporal em idosos. Entretanto, a maioria dos estudos de composição corporal nesta população utilizou medidas antropométricas ou métodos de alta acurácia mas de elevados custo e complexidade operacional (tomografia computadorizada e ressonância magnética). Atualmente, o melhor método na prática clínica para análise da composição corporal é a absorciometria por dupla emissão de raios-X (DXA). Porém, os poucos estudos que utilizaram DXA apresentam limitações, como análise não estratificada por sexo e avaliação global da gordura corporal, não separando gordura subcutânea e visceral. O objetivo do presente estudo foi avaliar a associação da composição corporal por DXA (incluindo o tecido adiposo visceral) e mortalidade geral (por todas as causas) e cardiovascular em uma população de idosos brasileiros da comunidade. Oitocentos e trinta e nove (839) indivíduos da comunidade (516 mulheres, 323 homens), com 65 anos ou mais, foram avaliados por questionário clínico, exames laboratoriais e composição corporal por DXA na visita inicial. A gordura corporal foi avaliada por índices de massa gorda total e pelo tecido adiposo visceral (VAT), sendo utilizado o scan de corpo total do DXA (HOLOGIC, QDR 4500, software APEX). Baixa massa muscular (BMM) foi definida como baixa massa muscular apendicular ajustada para gordura corporal, segundo método previamente descrito na literatura (NEWMAN, 2003). A mortalidade foi registrada durante o seguimento médio de aproximadamente 4 anos da avaliação inicial. Modelos de regressão logística, para homens e mulheres, foram utilizados para avaliar a associação entre composição corporal e mortalidade. Após 4,06 ± 1,07 anos de seguimento, houve 132 (15,7%) óbitos, sendo 57 (43,2%) por causas cardiovasculares. Em homens, após ajustes para múltiplas variáveis pertinentes, a presença de BMM (OR 11,36 IC95%: 2,21-58,37, p=0,004) e o VAT (OR 1,99 IC95%: 1,38-2,87, p < 0,001) aumentaram significativamente o risco de mortalidade geral enquanto a gordura corporal total foi associada com menor risco de morte (OR 0,48 IC95%: 0,33-0,71, p < 0,001). Resultados semelhantes foram encontrados para a mortalidade cardiovascular. Em mulheres, apenas a BMM foi preditor de mortalidade geral (OR 62,88 IC95%:22,59-175,0, p < 0,001) e mortalidade cardiovascular (OR 74,54 IC95%: 9,72-571,46, p < 0,001), não havendo associação entre massa gorda total ou visceral com mortalidade. Após os resultados encontrados, percebemos que os riscos associados às mudanças da composição corporal em idosos são diferentes de acordo com o sexo, e contrariam o que a literatura mostra para populações mais jovens em relação ao papel da gordura. Estes resultados sugerem que a composição corporal por DXA parece ser uma ferramenta promissora para avaliação da massa muscular, gordura corporal e risco de mortalidade em idosos, uma vez que consiste em metodologia precisa e de fácil aplicabilidade na prática clínica / Body composition changes resulting from ageing (decreased muscle mass and increased fat tissue) are frequently not accompanied by concomitant changes in body mass index (BMI). Thus, BMI has low accuracy to estimate death risk attributed to changes in body composition in older adults. Currently, the best method for body composition analysis in routine clinical practice is dual energy X-ray absorptiometry (DXA). However, the few studies on body composition by DXA and mortality risk in elderly have some limitations, such as analysis not compartmentalized (subcutaneous and visceral tissues) of body fat and appendicular muscle mass not adjusted for fat mass. Thus, we sought to investigate the association between body composition by DXA (including visceral adipose tissue [VAT]) and mortality in a longitudinal, prospective, population-based cohort of elderly subjects. Eight hundred and thirty nine (839) community-dwelling subjects (516 women, 323 men), 65 years or older, were assessed by questionnaire on clinical data, laboratory exams and body composition by DXA using Hologic QDR 4500A equipment. All analyses were performed at baseline. Both total fat and its compartments (eg. visceral adipose tissue [VAT]) were estimated. Low muscle mass (LMM) was defined as the presence of low appendicular muscle mass adjusted for fat. Mortality was recorded during 4 year-follow-up. Multivariate logistic regression models, for men and women, were used to compute odds ratios for all-cause and cardiovascular mortality. Over a mean follow-up of 4.06 ± 1.07 years, there were 132 (15.7%) deaths. In men, after adjustment for relevant variables, the presence of LMM (OR 11.36, 95% CI: 2.21-58.37, p=0.004) and VAT (OR 1.99 95%CI: 1.38-2.87, p < 0.001, for each 100g-increase) significantly increased all-cause mortality risk, while total body fat, measured by Fat Mass Index (FMI), was associated with decreased mortality risk (OR 0.48, 95% CI: 0.33-0.71, p < 0.001). Similar results were observed for cardiovascular mortality in men. In women, only the presence of LMM was a predictor of all-cause (OR 62.88, 95% CI: 22.59-175.0, p < 0.001) and cardiovascular death (OR 74.54, 95% CI: 9.72-571.46, p < 0.001). Both muscle mass and fat mass, including its compartments, impacts on all-cause and cardiovascular mortality risk in elderly. Moreover, their effects are different according to sex. Visceral fat and subcutaneous fat have opposite roles on mortality risk in elderly men, and this is distinct from what is observed in young adults. Thus, DXA seems to be a promising tool for evaluation risk of mortality in elderly, since it is easily applicable in clinical practice
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