O estudo tem como objeto as relações estabelecidas pela mulher entre o processo de abortamento e as situações de violência vivenciadas durante a gestação. A violência e o aborto caracterizam-se por serem temáticas de grande complexidade, envolvendo questões interdisciplinares de gênero, saúde, saúde reprodutiva, religião, movimentos sociais, ética e direitos humanos. No aprofundamento do objeto de estudo, traçamos os seguintes objetivos: identificar os tipos de situações de violência vivenciados, durante a gravidez, pela mulher em processo de abortamento; descrever a vivência de violência sob a ótica da gestante em processo de abortamento e analisar as relações estabelecidas pela gestante em processo de abortamento e a ocorrência de situações de violência na gestação. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que teve como sujeitos 15 mulheres com o diagnóstico de abortamento, internadas em maternidades públicas da cidade de Niterói/Rio de Janeiro. A coleta de dados foi iniciada com a busca nos prontuários do diagnóstico e, posteriormente, foram realizadas entrevistas com roteiro semi-estruturado, gravadas atendendo à legislação vigente acerca das diretrizes de pesquisas com seres humanos. Na análise dos dados utilizamos a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. Os resultados demonstraram a visão ampliada da mulher sobre a violência, sendo de gênero e psicológica as mais apontadas. O aborto foi indicado como uma das manifestações de violência contra a mulher, tanto nos processos espontâneos como nos induzidos. Esse fenômeno, assim como o da violência, é permeado por determinantes sociais, éticas, morais e religiosas. Quando espontâneo, pode ser visto como um fracasso da mulher diante de sua capacidade vital de ser mãe gerando culpa e derrota diante de companheiros e familiares, além da possibilidade de ser vista como pecadora e/ou criminosa, em decorrência do princípio social, religioso e legal do aborto como crime, acarretando o desgaste psicológico. As relações estabelecidas pelas mulheres acerca da violência na gestação e o processo de abortamento versaram basicamente sobre os dilemas vivenciados nas gestações indesejadas; sobre o cotidiano feminino nos espaços públicos e privados, refletidos em conflitos; o excesso da dupla jornada de trabalho; e sobre a violência institucional perpetuada pelos serviços de saúde, principalmente na busca por uma assistência digna e humanizada nas unidades de emergência. / The study has as object the established relationships for the woman between the abortion process and the violence situations lived during the gestation. The Violence and the Abortion are characterized for they be thematic of great complexity, involving interdisciplinary subjects of gender, health, reproductive health, religion, of the social movements, of the ethics and of the human rights. In the deepen of the study object we drew the following objectives: to identify the types of violence situations during the gestation lived by the woman in abortion process; to describe the violence existence under the pregnant woman's optics in abortion process and to analyze the established relationships for the pregnant woman in abortion process and the occurrence of violence situations in the gestation. It is a qualitative research, that had as subjects 15 women with the abortion diagnosis, interned at public maternities of the city of Niterói/Rio of January. The collection of data was initiate with the search in the handbooks of the diagnosis and, later we accomplished interviews with semi-structured itinerary, which were recorded assisting the effective legislation that dispose concerning the guidelines of researches with human beings. In the analysis of the data we used the technique of Analysis of Content of Bardin. The results demonstrated that women possess a vision enlarged concerning the violence, being the gender violence and psychological the most pointed. The abortion was indicated as being one of the manifestations of the violence against the woman, so much in the spontaneous processes as induced us. That phenomenon, as well as the one of the violence, possesses determinations social, ethical, moral and religious that permeate them. When spontaneous it can be seen as a failure of the woman due to her vital capacity to be mother - generating fault and failure before companions and family, beyond, of the possibility to see as sinner and or criminal, due to the social beginning, religious and legal of the abortion as crime, carting the psychological wear. The established relationships for the women concerning the violence in the gestation and the abortion process turned basically, in the dilemmas lived in the undesired gestations; in the daily feminine of the public and private spaces, contemplated in conflicts; in the couple's work day excess; and in the violence institutional eternalized for the services of health, mainly in the search for a worthy attendance and humanized in the units of emergency.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:BDTD_UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:1659 |
Date | 19 March 2009 |
Creators | André Guayanaz Lauriano |
Contributors | Lucia Helena Garcia Penna, Octavio Muniz da Costa Vargens, Maria Aparecida Vasconcelos Moura |
Publisher | Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, UERJ, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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