[pt] Ao observar a transição política de países que passaram por um regime autoritário ou um conflito civil durante os anos 1980-90, a ser pensada pelo paradigma da verdade, pretende-se determinar como verdade e poder estão articulados na Comissão da Verdade. Esse paradigma, atribui à verdade noções como sofrimento humano, democracia, reconciliação e Direitos Humanos. Esse discurso pela verdade parece privilegiar a Comissão da Verdade como modelo de transição para reconciliação e cura da sociedade. Orientada pelos princípios restaurativos e justificado pelo discurso do trauma, a comissão estabelece um inquérito que tem a confissão de vítimas e perpetradores como instrumento para afirmar uma verdade. Entende-se esse modelo de inquérito como um ritual de passagem de um passado de violência para construção de um país democrático no futuro. Um ritual que tem no ato da confissão a delimitação de novos papéis sociais de vítimas e perpetradores, e consequentemente, de novas relações de poder, para a restauração do laço social e a reconstrução política do país. Para compreender melhor essa articulação será analisada a Comissão da Verdade e Reconciliação da África do Sul, caso emblemático no desenvolvimento desse paradigma verdade/reconciliação, cura. Pretende-se contribuir com uma análise crítica do que esse modelo de transição impõe e que alternativas ele exclui. Este estudo se fundamenta na perspectiva foucaultiana, segundo a qual a produção de verdade é uma forma de governar os sujeitos. A confissão é apontada como uma das tecnologias de produção de verdade. / [en] By observing the political transition in countries that have experienced an authoritarian regime or civil conflict during the years 1980-90, to be interpreted under the paradigm of truth, it is intended to determine how truth and power are articulated in the truth commission. This paradigm assigns to the truth notions such as human suffering, democracy, reconciliation and human rights, and it seems to privilege the truth commission as a transition model for reconciliation and healing of society. Based on restorative principles and justified by the discourse of trauma, the committee establishes an inquiry that has the confession of victims and perpetrators as a means to affirm a truth. This inquiry is assumed as a ritual of transition from a violent past to a future of democracy. In this ritual the act of confession sets new social roles of victims and perpetrators and, consequently, new power relations, necessary for the restoration of social relations and political reconstruction of the country. In order to better interpret this articulation, the Truth and Reconciliation Commission of South Africa, an emblematic case in the development of this paradigm, truth/reconciliation and healing, is examined. It is intended to contribute to a critical analysis of this transition model: what it imposes and what alternatives it excludes. This study is based on Foucault s perspective, according to which the production of truth is a way of governing subjects, and the avowal is a technique of producing true.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:25111 |
Date | 25 August 2015 |
Creators | PAULA ESPOSEL CARNEIRO DE MESQUITA |
Contributors | PAULO LUIZ MOREAUX LAVIGNE ESTEVES, PAULO LUIZ MOREAUX LAVIGNE ESTEVES, PAULO LUIZ MOREAUX LAVIGNE ESTEVES |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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