[pt] A tese tem como tema uma reflexão ampla sobre o incêndio ocorrido em
1978 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ela parte da premissa de que o
incêndio que destruiu quase a totalidade do acervo poderia se configurar como um
marco simbólico da ruptura do projeto moderno que teria o MAM como um de seus
eixos. Ao longo do texto, discorre-se sobre o modelo de modernidade almejado pelo
MAM, para então elaborar e analisar as possibilidades de fratura referentes a esse
modelo. Na sua estrutura, a tese constrói uma rede de articulações em torno da
situação de ruína que o incêndio materializa, passando por questões culturais e
sociais caras ao Brasil e ao mundo na segunda metade da década de 1970. Para tal,
optou-se por dividir a tese em três blocos: O que queima, a parte do fogo e as cinzas.
O primeiro bloco elenca as questões referentes ao projeto moderno, a ideia de
museu moderno enquanto construção de memória de futuro, e as condições de
ruptura a esse projeto, situada a partir de autores como Octavio Paz, Artur Danto e
Jean-François Lyotard. O segundo bloco discute projetos que refletem a mudança
de perspectiva que estava em curso. Dentre eles, as propostas trazidas por Mario
Pedrosa para a reconstrução do MAM, o museu pós-moderno de Frederico Morais,
e o museu impresso das revistas Malasartes e A Parte do Fogo. Por fim, o terceiro
bloco elabora as questões de um arquivo que, por ter se tornado ruína, precisaria
ser reinventado. Nessa parte a ficção surge como estratégia conceitual para conduzir
a narrativa e preencher algumas lacunas. Documentos reais são trazidos à tona por
personagens como um curador-cego, um arquivista-distraído e um artista arquivista,
discutindo a mudança no regime de visualidade que configuraria a
passagem do moderno ao contemporâneo. Seguindo essa deriva entre ficção e
realidade, os artistas Cildo Meireles, Tunga e Artur Barrio têm suas obras
analisadas a partir de aspectos que se descolam de um apelo retiniano. O texto, ao
mesmo tempo que discute novos regimes de produção de imagem, estabelece um
paralelo entre esses artistas e a história do Museu de Arte Moderna do Rio. Ao final,
conclui-se que a mudança de perspectiva do moderno ao contemporâneo não
poderia ser isolada por um único evento, no entanto, ao reforçar uma ruptura que
estava em curso, o incêndio do MAM poderia ser considerado um marco simbólico
dessa passagem. / [en] The thesis has as its theme a broad reflection on the fire that occurred in
1978, at the Museum of Modern Art of Rio de Janeiro. It is based on the assumption
that the fire, which destroyed almost its entire collection, could be a symbolic
milestone of the rupture of the modern project that would have MAM as one of its
bases. The modernity model sought by MAM is discussed throughout the text, in
order to formulate and analyze the possibilities of fracture regarding this model. In
its structure, the thesis builds a network of articulations around the condition of ruin
that the fire materializes, addressing cultural and social issues that were dear to
Brazil and the world in the second half of the 1970s. For this purpose, the thesis
was divided into three blocks: What burns, the work of fire and the ashes. The first
block lists the issues related to the modern project, the idea of a modern museum
as a construction of memory of the future, and the conditions of this project s
rupture, based on authors such as Octavio Paz, Artur Danto and Jean-François
Lyotard. The second block discusses projects that reflect the change in perspective
that was underway. Among them, the proposals brought by Mario Pedrosa for
MAM s reconstruction, the postmodern museum of Frederico Morais, and the
printed museum of the Malasartes and A Parte do Fogo magazines. Lastly, the third
block raises the issues of an archive that, as it was ruined, would need to be
reinvented. In this part, fiction emerges as a conceptual strategy to guide the
narrative and fill in certain gaps. Real documents are brought to the fore by
characters such as a blind curator, a distracted archivist and an archivist artist,
discussing the change in the visuality regime that would shape the transition from
modern to contemporary. Following this drift between fiction and reality, artists
Cildo Meireles, Tunga and Artur Barrio have their works analyzed based on aspects
that are detached from a retinal appeal. The text, while discussing new image
production regimes, establishes a parallel between these artists and the history of
the Museum of Modern Art of Rio. In the end, it is established that the change in
perspective from modern to contemporary could not be isolated by a single event,
however, by reinforcing an ongoing rupture, the MAM fire could be considered a
symbolic milestone of this event.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:53052 |
Date | 31 May 2021 |
Contributors | LUIZ CAMILLO DOLABELLA PORTELLA OSORIO DE ALMEIDA, LUIZ CAMILLO DOLABELLA PORTELLA OSORIO DE ALMEIDA |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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