Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Esta tese investiga as relações que vinculam o significado da leitura e o sentido da religiosidade
em Dom Quixote de La Mancha, um dos romances fundadores da literatura moderna, escrito por
Miguel de Cervantes. A primeira parte, além de mostrar que a leitura é um elemento constitutivo
na tessitura da obra de Cervantes, analisa o ato de ler em suas múltiplas dimensões. A leitura é
considerada uma prática social que se desenvolve historicamente e que se efetiva de modo
diverso na esfera pública (leitura oral) e na esfera privada (leitura silenciosa). A segunda parte da
tese apresenta uma reconstrução do percurso cervantino para a criação do romance, tomando
como referência a questão da religiosidade. Ao apresentar elementos sócio-históricos e
biográficos, mostra como Cervantes incorpora em seu texto literário uma crítica à mentalidade da
época, discutindo especialmente os problemas da origem e do pertencimento de Quixote ao
catolicismo. A terceira parte analisa a relação entre a oralidade e a leitura pública, considerando
principalmente as figuras cervantinas do cura e do Sancho Pança como representantes de uma
concepção religiosa de mundo que vive da tradição oral. Sancho representa o conhecimento
produzido, conservado e transmitido pela cultura oral. Já o cura vive uma religiosidade
institucionalizada e representa o protagonista da leitura pública, meio para a transmissão das
crenças e dogmas da doutrina católica. A quarta e última parte mostra como a leitura silenciosa
constitui em Dom Quixote uma prática que serve para justificar a vida contemplativa e para
promover a defesa de valores cristãos. Dado ao fato que a leitura silenciosa proporciona mais
intimidade com os textos, ela possibilita uma pluralidade de interpretações, muitas vezes
conflitantes. Quixote interpreta suas leituras de um modo muito particular e assim também vive
sua religiosidade. Mostra-se que, para Quixote, a leitura das novelas de cavalaria permite o
encontro das virtudes cristãs, que ele exalta não somente pelas palavras mas também pelas ações.
Conclui-se que em Dom Quixote de La Mancha a relação entre religiosidade e leitura é
reciprocamente constitutiva. / This dissertation thesis has investigated the relations that have connected the meaning of reading
and the sense of religiosity in Dom Quixote de La Mancha, one of the novels founders of the
modern literature, by Miguel de Cervantes. The first part, beyond demonstrating that reading is a
constitutive element for Cervantes work, has analyzed reading in its multiple dimensions,
considering it as a social practice that has developed historically and has been effective
differently in the public sphere (oral reading) and in the private one (silent reading). The second
part has presented a reconstruction of Cervantes course for creating the novel, taking as
reference the religiosity question. When regarding socio-historical and biographic elements, they
have demonstrated how Cervantes incorporated, in his text, a critic to the ecclesial mentality and
the place in which his book was written, especially discussing the problems of origin and
belonging of Quixote to the only religious tradition. The third part has analyzed the relation
between orality and public reading, especially concerning Cervantes figures, the cure and
Sancho Pança, as representatives of the conception of the world living the oral tradition.
Moreover, Sancho represents the produced knowledge, preserved and transmitted by the oral
culture, and, in this tradition, religiousness has expressed genuinely; however, in the case of the
cure, representative of oral reading, the religiosity is represented through an institutionalized way,
since he must transmit beliefs and dogmas of the catholic doctrine. The fourth and last part has
indicated how silent reading has constituted in Dom Quixote a practice which is valid for
justifying the contemplative life, promoting the defense of Christian values. Thus, once silent
reading provides more intimacy with the texts, it makes also possible some plurality of
interpretations, and, many times, conflicting ones. Quixote interpreted his readings in a very
particular means, and, in the same way, lived his religiosity. Therefore, it seems that, for Quixote,
reading the novels of chivalry allowed him to find Christian virtues, as well as to exalt them, not
only in his words, but also in his actions. In this investigation, it follows that, in Dom Quixote de
La Mancha, the relation between religiosity and reading is reciprocally constitutive.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:est.edu.br:388 |
Date | 12 December 2012 |
Creators | Marielle de Souza Vianna |
Contributors | Enio Ronald Mueller, Karin Hellen Kepler Wondracek, Oneide Bobsin, Regina Maria Varini Mutti, Neires Maria Soldatelli Paviani |
Publisher | Faculdades EST, Programa de Teologia, EST, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do EST, instname:Faculdades EST, instacron:EST |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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