Esta pesquisa se insere no campo da saúde coletiva, mais especificamente da saúde mental, tendo como tema as relações entre trabalho e produção de subjetividade. Toma como pressuposto a centralidade cultural do trabalho, destacando duas formas pelas quais ele se insere no imaginário contemporâneo: a do dever e a da auto-realização. Considera que as práticas de gestão do trabalho, que incluem os discursos e ações dos agentes que determinam os modos de organização social do trabalho, tais como instâncias governamentais, instituições de ensino e de pesquisa, corporações e organizações, produzem efeitos enquanto instâncias reguladoras da inserção social do sujeito. Neste sentido, esta pesquisa teórica e de caráter exploratório pretende contribuir para a compreensão dos modos pelos quais o trabalho promove a estruturação (ou desestruturação) subjetiva no contexto social contemporâneo, em que se destaca um imperativo de felicidade individual baseado em valores que se afastam do bem comum e mantêm uma relação de legibilidade precária com a dimensão da transcendência. Toma o mal-estar como elemento inerente à condição humana, relativo ao que resta insatisfeito da interação do homem com o mundo. Das formas de expressão do mal-estar, interessam as que o sujeito produz diante das demandas colocadas pelas liturgias da produtividade e da vitalidade, elementos dos ideários capitalista e individualista contemporâneos, respectivamente, que capturam as dimensões do dever e da auto-realização no trabalho. A análise do mal-estar é organizada em torno de quatro categorias concebidas como tipos fenomenológicos da inserção do sujeito no trabalho. São elas: (1) a dos excessos, que abrange as respostas que vão além das demandas colocadas; (2) a das inibições, que abrange as respostas que ficam aquém do que é esperado dos sujeitos nas posições que ocupam; (3) a das incongruências, que abrange as respostas deslocadas em relação às demandas incidentes; e, finalmente, (4) a das cisões, que abrange rupturas do sujeito na sua relação com tais demandas. A pesquisa não visa, portanto, figuras específicas da psicopatologia, mas modalidades de experiências do sujeito no trabalho. Com a identificação e análise dessas formas de subjetivação, delimita-se um campo de estudo que pode ser explorado em pesquisas de campo, pela aplicação de entrevistas e questionários, estudos de casos e outras modalidades metodológicas
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:BDTD_UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:871 |
Date | 14 May 2010 |
Creators | Delphim Soares Nogueira Neto |
Contributors | Jurandir Sebastião Freire Costa, Benilton Carlos Bezerra Júnior, Leandro Pinheiro Chevitarese, Anna Maria de Souza Monteiro Campos, José Otávio de Vasconcellos Naves |
Publisher | Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, UERJ, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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