Em Moçambique, as discussões sobre equidade de gênero e inserção das mulheres no espaço público têm ocupado cada vez mais lugar de destaque na sociedade. Motivados pela democracia (realidade recente) e pelos acordos ratificados pelo governo do país, homens e mulheres de diferentes quadrantes da sociedade desenvolvem estudos de natureza diversa, mostrando que apesar de existir um esforço por parte do governo e seus parceiros, agências multilaterais de desenvolvimento, ONGs e outras instituições da sociedade civil, a emancipação da mulher em diferentes áreas continua aquém das expectativas e dos investimentos empreendidos por estes. Amiudadas vezes os discursos que sustentam tais estudos acabam atribuindo aos preceitos e às práticas culturais “nativas” a responsabilidade pelo insucesso do governo e seus parceiros no combate à desigualdade de gênero, afirmando que tais preceitos e práticas nativas, reproduzem velhas estruturas de poder patriarcal. Esta pesquisa, sobre os ritos de iniciação feminina na região matrilinear do Norte de Moçambique, problematiza e torna complexa a visão que reduz as relações de gênero à dominação masculina. Através de processos endógenos de corporificação da memória e saberes comunitários por parte de mulheres nos ritos de iniciação feminina, a pesquisa mostra como essas mulheres estruturam o seu cosmo circundante, definem papéis sociais, constroem noções sobre corpo e sexualidade, colocando-se, através de saberes e experiências disseminadas nos ritos de iniciação, numa posição onde se afirmam como sujeitos sócio-históricos nas suas comunidades. / In Mozambique, discussions on gender equity and participation of women in public space have occupied an increasingly prominent place in society. Motivated by democracy (recent reality) and the agreements ratified by the government of the country, men and women from different parts of society develop studies of various kinds, showing that, despite an effort by the government and its partners, multilateral development agencies, NGOs and other institutions of civil society, the emancipation of women in different areas remains below expectations and investments undertaken by them. Too often, the discourses that underpin such studies end up by assigning the precepts and the “native “cultural practices, alleging that such precepts and native practices reproduced old power patriarchal structures. This research on female initiation rites in the matrilineal region of northern Mozambique problematizes the view that reduces gender relations to male denomination, also aiming at looking at in a complex manner. Through endogenous processes of embodiment of community memory and knowledge from the woman side in" female initiation rites”, this research shows how this women structure their surrounding cosmos, define social role, and build notions about their bodies and sexuality, putting themselves, through knowledge and experiences spread in initiation rites, in a position where they stand up for their rights of being as social-historical subjects (individuals) in their communities.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/115768 |
Date | January 2014 |
Creators | Cossa, Segone Ndangalila |
Contributors | Leal, Ondina Maria Fachel |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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