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[pt] CATÁSTROFE E CONTINUIDADE DE SER: O TRABALHO PSÍQUICO DA CRIANÇA NA PANDEMIA DE COVID-19 / [en] GOING-ON-BEING AND THE CATASTROPHE: THE PSYCHOLOGICAL EFFORTS OF CHILDREN DURING THE COVID-19 PANDEMICADELIA NUNES JEVEAUX PEREIRA 29 September 2023 (has links)
[pt] Catástrofe e continuidade de ser: o trabalho psíquico da criança na pandemia
de Covid-19. Este trabalho consiste numa pesquisa teórico-clínica acerca dos
atravessamentos e produções específicas da clínica psicanalítica online com
crianças durante a pandemia de Covid-19. Na primeira parte, estabelecemos o
entendimento do contexto pandêmico a partir do conceito de catástrofe de Sandor
Ferenczi, marcando distinções e relações com o traumático, de modo a considerar
as mobilizações psíquicas do par analítico e as consequentes necessidades de
elasticidade da técnica e de adaptação do setting por meio de vinheta. Em seguida,
apresentamos o conceito de privação em Winnicott como fundamento de uma
experiência psíquica de luto para a criança em confinamento, por vezes vivenciada
de forma ambígua e imprecisa, e traçamos articulações com o fenômeno da
evacuação de crianças de zonas urbanas no Reino Unido durante a Segunda Guerra
para situar um referencial sobre possíveis efeitos psíquicos de grandes rupturas
conjunturais no processo de constituição subjetiva. Relacionamos tais questões com
a processualidade da constituição psíquica pela ótica de Ferenczi no tocante à
gradual introjeção da realidade e ao papel do ambiente no acolhimento do
sofrimento da criança. Por fim, exploramos através de vinhetas clínicas a
especificidade do atendimento remoto na sua dimensão de setting audiovisual a
partir do conceito de câmera subjetiva, relacionando-o com a teoria do brincar de
Winnicott, mormente o conceito de uso do objeto, para refletir sobre o processo de
construção de uma possibilidade de relação sofisticada com o mundo externo
mesmo em circunstâncias de profundas restrições. / [en] The present research consists in an exploration of the challenges and specific
productions of the psychoanalytical clinic with children during the Covid-19
pandemic. First, we establish the concept of catastrophe according to Sandor Ferenczi
as a means to understand the psychological impacts on the analytic pair and the
necessary adaptations of technique. Then, we present the notion of deprivation from
Donald Winnicott to better explore the psychological experience of the child in
confinement, articulating such experience with the evacuation of children in the United
Kingdom during the Second World War. We articulate these issues to the process of
subjective constitution through Ferenczi’s concepts of gradual introjection of the
reality and the role of the environment in the psychological suffering of children.
Lastly, we present clinical excerpts to discuss the specificities of the online setting,
whilst articulating the findings with the concept of subjective camera and Winnicott’s
theory of play.
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[pt] A TRANSGRESSÃO COMO SAÍDA PSÍQUICA VITAL / [en] TRANSGRESSION AS A VITAL PSYCHIC OUTLETRONY NATALE PEREIRA 13 January 2020 (has links)
[pt] Esta dissertação tem por objetivo investigar o aspecto transgressivo que caracteriza o pensamento da psicanalista francesa Nathalie Zaltzman ao revisitar a metapsicologia freudiana. Com a acepção de ultrapassar, violar, não cumprir, a transgressão revela-se uma ação psíquica vital para o sujeito, sobretudo quando esse se encontra em perigo de vida devido a circunstâncias opressoras e asfixiantes. Iniciamos nossa investigação por meio da articulação teórica do viés anarquista da pulsão de morte, manifestação em forma de luta e resistência contra forças que diminuem ou anulam a existência de um ser humano. A partir dessa perspectiva, percorremos proposições acerca da clínica. Destacamos a importância dada à ação de desligamento da pulsão de morte e a urgência da escuta, durante o tratamento, de suas manifestações. Expandindo a discussão com a abordagem do processo civilizatório, demonstramos como o trabalho de cultura poderia ser considerado o seu viés transgressor. Por meio desse, poder-se-ia lidar de maneira mais lúcida com a dimensão maléfica do humano, evitada a qualquer custo pela perspectiva civilizatória. Afirma-se a necessidade de fomentar vias que façam frente a posturas censoras e moralizantes. Essas impediriam o mal, dimensão inelutável e inerente à condição humana, de ocupar lugar nas representações psíquicas conscientes de cada indivíduo e no patrimônio simbólico da humanidade. Uma vez impedido, só lhe restaria abrir caminhos violentos de satisfação, reascendendo a barbárie. / [en] The present dissertation aims to investigate the transgressive aspect which characterizes the thoughts of the French psychoanalyst Nathalie Zaltzman in review of freudian metapsychology. With the sense of overtaking, violating, unaccomplishing, transgression is revealed as a vital psychic way out, specially when one s life is endangered due to oppressive and suffocating circumstances. We start our investigation with the theoretical articulation of the anarchist aspect of death drive, a manifestation characterized by the struggle and resistance against forces which dominate, diminish or nullify the human being existence. Based upon such perspective, we go along propositions about the clinic. We outline the importance given to the act of unattachment from death drive and the urgency of its listening, throughout the treatment, its manifestations. In order to take part in the discussion with the civilizing process, we demonstrate how culture work may be considered its transgressive way. By taking such approach for granted one could handle with a more lucid way in facing the maleficent dimension of the human, which is avoided by all costs in the civilizing perspective. It is argued the need to promote ways of confronting censorship and moralizing positions. Such act would prevent evil, ineluctable and insisting dimension of the human, from taking place in the conscious psychic representations of each single person and in the symbolic patrimony of humanity. Once there is an imposition, the only way left is to open violent paths of satisfaction, reigniting barbarism.
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[pt] A DIMENSÃO ARCAICA DAS AUTOMUTILAÇÕES: DESCONTINUIDADES NOS PRIMÓRDIOS DA VIDA / [fr] LA DIMENSION ARCHAIQUE DES AUTOMUTILATIONS: DISCONTINUITÉS À L AUBE DE LA VIENATÁLIA DE OLIVEIRA DE PAULA CIDADE 22 May 2020 (has links)
[pt] A finalidade desta tese é a de refletir acerca da dimensão arcaica das automutilações e suas repercussões na clínica psicanalítica a partir do estudo da constituição psíquica e dos processos de diferenciação eu/não-eu, próprios ao início da vida. Trata-se de um fenômeno complexo composto por uma série de
condutas diferenciadas que tem em comum infligir danos à própria pele, trazendo o corpo para a frente da cena. O ataque ao corpo realizado nos atos automutilatórios aponta para um sofrimento que não pode ser colocado em palavras e através do qual o sujeito encontra outras vias de expressão e de descarga daquilo que o faz sofrer, denunciando conteúdos e vivências que ultrapassam o universo das representações psíquicas e da linguagem verbal. Em nossa análise, priorizamos nos aprofundar nos processos de constituição subjetiva, chamando atenção para sua dimensão arcaica, que diz respeito a problemáticas
narcísicas do início da vida, de construção do eu-corporal, dos primeiros encontros intersubjetivos e dos processos de diferenciação que marcam os limites entre sujeito e objeto. Nossa hipótese se constrói em torno do entendimento de que, quando os primórdios da vida são marcados majoritariamente por
desencontros e desarmonias, haverá consequências severas nos processos de subjetivação do bebê, refletindo na problemática da automutilação. Sustentamos que o recurso ao corpo e ao sensorial na automutilação aponta para uma tentativa de contenção do eu em momentos nos quais o sujeito sente que pode haver o risco da perda da integridade narcísica. Nessa direção, as automutilações representam
uma via atual através da qual experiências precoces, da ordem do arcaico, se apresentariam. A dimensão arcaica proposta na tese tem como referência elementos dos primórdios sensoriais que ultrapassam a memória dos acontecimentos cronológicos, permanecendo ativos no presente e no atual, nas
formas de se relacionar com os outros sujeitos. / [fr] L objectif de cette thèse est de réfléchir à la dimension archaïque des automutilations et ses répercussions sur la clinique psychanalytique ayant comme point de départ la constitution psychique et les processus de
différenciation moi/non moi, propres au début de la vie. Les automutilations constituent un phénomène complexe composé d une série de conduites différenciées, qui ont en commun le fait d infliger du mal à sa propre peau, soulignant l importance du corps. L attaque du corps effectuée dans les actes d automutilation pointe une souffrance qui ne peut pas être mise en mots et à travers laquelle le sujet trouve d autres voies d expression et de décharge de ce qui le fait souffrir. Ces actes dénoncent des contenus et des expériences qui dépassent les représentations psychiques et qui vont au-delà du langage verbal. Dans notre analyse, nous priorisons l approfondissement des processus de constitution subjectifs, attirant l attention sur sa dimension archaïque. Cette dimension concerne les problématiques narcissiques du début de la vie, la
construction du moi-corps, les premières rencontres intersubjectives et les processus de différenciation qui marquent les limites entre sujet et objet. Notre hypothèse se construit autour de la compréhension selon laquelle, lorsque les débuts de la vie sont marqués principalement par des discontinuités et des
désharmonies, il y aura de graves conséquences sur les processus de subjectivation du bébé, ce que reflète la problématique de l automutilation. Nous soutenons que le recours au corps et au sensoriel dans l automutilation indique une tentative de contenir le moi dans les moments où le sujet sent qu il peut y avoir un risque de perte d intégrité narcissique. En ce sens, l automutilation représente une voie actuelle à travers laquelle des expériences précoces, du champ de l archaïque, se présenteraient. La dimension archaïque proposée dans la thèse a comme référence des éléments des débuts sensoriels, qui dépassent la mémoire des événements chronologiques et qui restent bel et bien actifs dans le présent et dans l actuel, dans les relations avec d autres sujets.
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