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[en] BETWEEN THIS AND THE OTHER WORLD: INITIATION, HEALING AND DAILY LIFE OF THE UMBANDISTAS MEDIUM S RELIGIOUS PRACTICE / [pt] ENTRE ESTE E O OUTRO MUNDO: INICIAÇÃO, CURA E COTIDIANIDADE NA PRÁTICA RELIGIOSA DE MÉDIUNS UMBANDISTASJANDERSON BAX CARNEIRO 28 January 2019 (has links)
[pt] Este trabalho visa analisar as práticas e percepções de médiuns umbandistas, religiosos considerados portadores de um dom para a comunicação com os orixás e entidades, as potências espirituais cultuadas nos terreiros de Umbanda. De viés etnográfico, esta pesquisa prima pela dimensão intersubjetiva do trabalho antropológico, lançando mão da exploração qualitativa dos dados empíricos. Estes, por sua vez, foram levantados a partir de dois procedimentos básicos: a observação participante e a realização de entrevistas semiestruturadas entre médiuns de dois centros de culto, ambos situados na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A partir do exame das trajetórias dos interlocutores, o enfoque desta abordagem recai sobre as suas experiências sensíveis em torno de três aspectos: iniciação, práticas curativas e vida cotidiana. Cabe destacar que o transe de possessão constitui a linguagem fundamental de construção do sagrado no conjunto de práticas religiosas umbandistas. Afinal, a materialização dos entes espirituais cultuados na Umbanda se dá, primordialmente, a partir de um fenômeno conhecido como incorporação, isto é, a descida dos guias espirituais sobre os corpos dos iniciados. Estes, portanto, são especializados na realização de passagens, experimentando sucessivos deslizamentos do eu. Ademais, inúmeras outras experiências sensoriais marcam o encontro, nem sempre desprovido de tensões, entre os homens e os seres sagrados, como as vidências e pressentimentos. Isso posto, a tese atenta para a dimensão experiencial da religiosidade, salientando o estatuto conferido ao corpo e as emoções na construção do universo fenomenológico dos umbandistas. Trata-se, em última análise, de um esforço reflexivo debruçado sobre uma forma de ser e estar no mundo assentada sobre interpretações marcadamente sensoriais e corporais do sagrado. / [en] This work aims to analyze the subjective experiences of umbandistas mediums, religious considered owners of the gift of communication with orixás and entidades, the spiritual powers worshiped at umbanda centers. As an ethnography, this research is affiliated to the intersubjective dimension of anthropological work and developed from two basic methodological procedures: participatory observation of the routine of two umbanda centers in the West of Rio de Janeiro and partly structured interviews with mediums. From the exam of the interlocutors trajectories, the focus of this approach is on their sensible experiences around three aspects: initiation, healing practices and daily life. It is relevant to mention the possession trance as the fundamental language to the building of the sacred of the umbandistas religious practices, since the materialization of the spiritual entities happens, primarily, from a phenomenon known as incorporation, when the spiritual guides go down initiated bodies. It turns the mediums specialized in assuming numerous selves. Likewise, some others sensory experiences are present in this encounter, not without tension between men and sacred beings, as the clairvoyant visions and forebodings. Therefore, the thesis considers the experiential dimension of the religiosity, emphasizing the statute given to body and emotions in the building of the phenomenological universe of the umbandistas. It is, ultimately, a reflexive effort about a way to be in the world laid over, markedly, in sensory and bodily interpretations of the lived.
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[en] ON THE NEED OF A NEW ANALYTIC OF DASEIN: THE AVERAGE EVERYDAYNESS IN THE GESTELL ERA / [pt] DA NECESSIDADE DE UMA NOVA ANALÍTICA DO SER-AÍ: A COTIDIANIDADE MEDIANA NA ERA DA GESTELLWALDYR DELGADO FILHO 28 December 2017 (has links)
[pt] Em sua obra capital Ser e tempo (1927), o filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) elaborou o fio condutor do seu pensamento por toda a vida: a questão do sentido do ser (Sein). A penetrante análise da existência humana aí conduzida desvela, tendo como ponto de partida a cotidianidade mediana, os vários modos de ser do ser-aí (Dasein), indicando que a atitude existencialmente autêntica – em meio a uma decadência estruturalmente constitutiva – é propiciada por um reconhecimento e acolhimento da nossa finitude. No decorrer dos anos 1930, sob o influxo da chamada viravolta (Kehre) operada em seu pensamento – processo no qual a ontologia fundamental de Ser e tempo cede lugar à história do Ser (Seyn) –, Heidegger inicia seu movimento de interrogação sobre a técnica, no contexto de sua crescente e impositiva hegemonia, interrogação que desembocará na Gestell ou enquadramento técnico. Trata-se de uma configuração histórica do Ser que visa ao controle e à disponibilização absoluta de todos entes, inclusive dos homens. A Gestell, bem entendido, não se restringe ao universo dos objetos técnicos: é também a emergência de uma maneira tecnológica de ver e habitar o mundo. Este fluxo é de matriz cibernética, marcado, entre outros fenômenos, pelo recente predomínio da virtualização da interação humana, mediada pela onipresente Internet (mais amplamente o ciberespaço). Configura-se assim um novo tipo de convivência, em que virtualidades são utilizadas cotidianamente, influenciando constantemente o comportamento humano, a começar pela comunicação interpessoal e a cognição. O tempo gasto no espaço virtual aponta para uma gradual transformação de hábitos. Destarte, o objetivo da nossa investigação será o de oferecer subsídios preliminares para a elaboração de uma nova analítica do ser-aí, verificando em que medida a cotidianidade mediana, como ser-no-mundo na era da Gestell, é alterada. Isso implica em conduzir uma interpretação dessa nova facticidade na qual, conforme nossa hipótese, a impessoalidade (das Man) consolida o seu poder, consumando o esquecimento do ser através de uma recusa da própria finitude. Valendo-nos da analítica existencial de Ser e tempo e da reflexão heideggeriana sobre a técnica – no seio da qual despontam as noções de proximidade e distância e quadrindade como novos referenciais –, a análise busca desvelar os novos modos de ser da convivência cotidiana virtual, discutindo neste contexto as possibilidades de o ser-aí superar o impessoal e transformar-se em existência autêntica. / [en] In his main work, Being and time (1927), the German philosopher Martin Heidegger (1889-1976) drew up the thread of his lifelong thinking: the question of the meaning of being (Sein). Starting from the average everydayness, the penetrating analysis of human existence conducted here unveils the various modes of being of Dasein, indicating that the existentially authentic attitude – amidst a structurally constitutive decadence – is fostered by a recognition and acceptance of our finitude. During the 1930s, under the influx of the so-called reversal (Kehre) in his thought – a process in which the fundamental ontology of Being and time gives place to the history of Being (Seyn) –, Heidegger begins his interrogation movement on technique, in the context of its growing and imposing hegemony, interrogation that will lead to Gestell or technical enframing. It is a historical configuration of Being that aims at the absolute control and availability of all entities, including men. Gestell, of course, is not restricted to the universe of technical objects: it is also the emergence of a technological way of seeing and inhabiting the world. This flow is of cybernetic matrix, marked, among other phenomena, by the recent predominance of virtualization of human interaction, mediated by the ubiquitous Internet (more broadly: the cyberspace). A new type of being-with-one-another is thus established, in which virtualities are used daily, constantly influencing human behavior, beginning with interpersonal communication and cognition. The time spent in virtual space points to a gradual transformation of habits. Thus, the objective of our investigation will be to offer preliminary subsidies for the elaboration of a new analytic of Dasein, verifying to what extent the average everydayness, as being-in-the-world in the Gestell era, is altered. This implies in conducting an interpretation of this new facticity in which, according to our hypothesis, the They-self (das Man) consolidates its power, consummating the forgottenness of being through a refusal of its own finitude. Drawing on the existential analytic of Being and time and the Heideggerian thinking on the technique – within which the notions of proximity and distance and fourfold emerge as new references –, the analysis seeks to unveil the new ways of being of the virtual everyday being-with-one-another, discussing in this context the possibilities of Dasein overcome the They-self and become authentic existence.
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