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[en] FROM BODY TO WORD, FROM WORD TO BODY: REFLECTIONS ABOUT THE TRIAD EROTISM, MYSTIC AND POETRY / [pt] DO CORPO À PALAVRA, DA PALAVRA AO CORPO: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O COMPLEXO EROTISMO, MÍSTICA E POESIA

CLEIDE MARIA DE OLIVEIRA 26 August 2005 (has links)
[pt] O presente estudo constituiu-se como uma investigação de possíveis intercessões entre as experiências dadas pelo erotismo, a mística e a poesia, essa última entendida dentro do contexto grego de poiésis que extrapola os limites do gênero literário, caracterizando-se principalmente como experiência estética de uso consciente da língua. O direcionamento teórico principal foi dado pelo pensamento de Georges Bataille, para quem tanto o amor- paixão quanto a mística religiosa e a poesia são experiências limites de alteridade que revelam a existência de um movimento dialético (sem síntese) entre os interditos que fundam o corpo social e a transgressão dessas mesmas leis. Nosso estudo buscou explorar as intercessões entre as formas de erotismo que Bataille analisa - o erotismo dos corpos, dos corações e sagrado - e a poesia, que o autor menciona como uma quarta forma de erotismo sem desenvolver argumentação mais precisa. Desta forma, nossa hipótese é que possa ser aplicado à poesia, senão todas, algumas das principais características que Bataille aponta no erotismo, definido por ele como experiência em que o ser se põe em questão. A reflexão das questões propostas por Bataille exigiu que fossem abordadas as especificidades da experiência religiosa na contemporaneidade, e a discussão de alguns conceitos da ciência da religião, como por exemplo, uma definição de sagrado que pudesse ser aplicado não apenas a experiências religiosas institucionalizadas, algumas reflexões sobre o pensamento mítico-religioso e a compreensão do caráter primitivamente sagrado da linguagem e do mito. A partir da compreensão da importância do mito para o pensamento mágico-religioso e da constatação de que o mesmo constitui-se a linguagem apropriada para comunicação com as instâncias do sagrado, formulamos a hipótese que a poesia pudesse ser interpretada, em uma sociedade desencantada como a nossa, enquanto solução de continuidade para o mito, sendo ela intrinsecamente religiosa, no sentido em que propõe um salto para fora dos limites do interdito em direção às forças anímicas do sagrado, esse entendido no contexto batailliano. Tencionando clarificar hipóteses e argumentos, foi tomada para um estudo de caso a obra da poeta mineira Adélia Prado, onde foram apontadas e discutidas as relações entre erotismo, mística, palavra poética, sagrado e morte. / [en] The present study was constituted as an investigation of possible intercessions among the experiences given by the eroticism, mystic and poetry, understood in the Greek context of poiésis that extrapolates the limits of the literary gender, being characterized mainly as aesthetic experience of use conscious of language. The main theoretical approachly was given by Georges Bataille s thought, for who as much the love-passion as the religious mystic and poetry are limits experiences of otherlity that reveal the existence of a movement dialectic (without synthesis) among the injunctions that found the social body and the transgression of those same laws. Our study looked for explore the intercessions among the eroticism`s forms that Bataille analyzes - the eroticism of bodies, of hearts and sacred - and the poetry, that the author mentions as one Wednesday forms of eroticism without developing more necessary argument. Our hypothesis is that it can be applied to the poetry, or else all, some of the main characteristics that Bataille appears in the eroticism, defined for him as experience in that the being puts in subject. The reflection of the subjects proposed by Bataille demanded that the specificity`s of the religious experience were approached in the contemporanity, as well as the discussion of some concepts of the science of the religion, as for instance, a definition of sacred that it could not just be applied to institutionalized religious experiences, some reflections on the thought mythical-religious person and the understanding of the primitive character sacred of language and of myth. Starting from the understanding of the importance of the myth for the thought magic-religious person and of the verification that the same is constituted the appropriate language for communication with the instances of the sacred, we formulated the hypothesis the poetry to be interpreted, in a society disenchanted as ours, while continuity solution for the myth, being her religious, in the sense in that it proposes a jump outside of the limits of the injunction towards the psychic forces of the sacred, that understood in the context batailliano. Intending to clarify hypotheses and arguments, it was taken for a case study the work of the poet Adélia Prado, where they were pointed and discussed the relationships among eroticism, mystic, word poetic, sacred and death.
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[pt] DA CARNIGRAFIA / [fr] DE LA CARNIGRAPHIE

JULIA KLIEN 21 June 2023 (has links)
[pt] Esta tese se move sob o peso de uma palavra. Também se pode dizer que é movida por certa força extensora e que deseja esticar ou pulverizar uma palavra. Essa palavra se move sob o peso de algumas consistências – da carne – e indicia um conjunto de perturbações: a carnificação do texto, o erotismo dos signos, a textualidade refratária à coagulação da textualidade. Carnigrafia, eis o que a tese tenta dizer. Para dizê-la, conta com um punhado de línguas: a língua de Francis Bacon, a língua de Ana Hatherly, a língua de Henri Michaux, a língua de Mira Schendel. Mais as línguas de Novalis, Roland Barthes, Tatsumi Hijikata, Herberto Helder, Hilda Hilst, Antonin Artaud, Ghérasim Luca, Anne Carson, Emil Cioran, Georges Bataille... Se, na esteira de Bataille, o espaço de uma tese deve hospedar as tarefas (e não os sentidos) dos conceitos, ao entregar esta tese a uma palavra, eu o faço mirando suas tarefas e buscando multiplicá-las. Dessa proliferação surgem outras: propagam-se, por exemplo, as ponderações sobre a textura, a gestualidade da escrita, e uma vontade de horizontalização passa a se impor. Numa tese que se quer ela própria carnigráfica, convém aumentar sempre a superfície de contato; por isso, a fragmentação pareceu inevitável e levou a dois modos que se alternam e entremeiam: “Os aparentados da carne”, ensaio dividido em três partes – a carne do corpo, a carne do signo, a carne da língua – e os quatro volumes de um dicionário carnigráfico, composto por um ecossistema de verbetes. Esses dois modos reciprocam, e é possível, até certo ponto, destrinchá-los: se o ensaio procura pensar a carne, ou farejá-la, aliando-se aos artistas e autores excitantes da pesquisa, os verbetes tentam espasmá-la, movendo-se sob o peso dessas poéticas, tanto quanto de alguns temas e motivos, como a dança, o barroco, o jogo, a embriaguez, o desejo, o anagrama. Pretendi espalhar verbetes e motivos e autores e temas e imagens e conceitos para que tudo pontilhe a tese e aumente a sua extensão; perseguir, enfim, a carnigrafia, lançá-la de vários jeitos, tocá-la com várias línguas. / [fr] Cette thèse se meut sous le poids d un mot. On peut aussi dire quil est mû par une certaine force d extension et quil veut étirer ou pulvériser un mot. Ce mot se meut sous le poids de certaines consistances – de la chair – et indique un ensemble de perturbations : la carnification du texte, l érotisme des signes, la textualité réfractaire à la coagulation de la textualité. La carnigraphie, c est ce que tente de dire la thèse. Pour le dire, il a une poignée de langues : la langue de Francis Bacon, la langue d Ana Hatherly, la langue d Henri Michaux, la langue de Mira Schendel. Plus les langues de Novalis, Roland Barthes, Tatsumi Hijikata, Lydia Davis, Herberto Helder, Ghérasim Luca, Anne Carson, Emil Cioran, Georges Bataille... Si, après Bataille, l espace d une thèse devait accueillir les besognes (et non les sens) des concepts, quand je livre cette thèse à un mot, je le fais en visant ses besognes et en cherchant à les multiplier. Cette prolifération en génère d autres : par exemple, des considérations de texture, des gestes d écriture, un désir d horizontalisation commencent à simposer. Dans une thèse qui se veut carnigraphique, il convient toujours d augmenter la surface de contact. Pour cette raison, la fragmentation semblait inévitable et conduisait à deux modes qui salternent et sentremêlent : Les parents de la chair , essai divisé en trois parties – la chair du corps, la chair du signe, la chair de la langue – et les quatre volumes d’un dictionnaire carnigraphique, composé d un écosystème d entrées. Ces deux modes se répondent, et il est possible, dans une certaine mesure, de les démêler : si l essai cherche à penser la chair, ou à la renifler, alliée aux artistes et auteurs qui font vibrer la recherche, les entrées tentent de la réverbérer et se meuvent sous le poids de ces poétiques, ainsi que quelques thèmes et motifs, comme la danse, le baroque, le jeu, l ivresse, le désir, l anagramme. J avais l intention de diffuser des entrées et des motifs et des auteurs et des thèmes et des images et des concepts afin que tout parsème la thèse et augmente son extension ; poursuivre, enfin, la carnigraphie, la lancer de diverses manières, la toucher avec plusieurs langues.

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