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As narrativas da Vida do Espírito e educação em Hannah Arendt / The narratives of the Life of the Mind and Education in Hannah ArendtCrivorncica, Roberta 27 November 2017 (has links)
O escopo desta pesquisa de doutorado é examinar as narrativas que Hannah Arendt elabora em A vida do espírito (1992). A partir dessas narrativas, busca-se pensar e dar significado a cada atividade das faculdades do espírito e de compreender a relação de cada uma delas com o âmbito da política, do viver junto uns aos outros. Para tal análise, tem-se por fio condutor os eventos que a autora vivencia durante o totalitarismo, um acontecimento central no mundo e que desencadeia em Arendt o desejo de compreender e de se reconciliar com este mundo. Tal aspiração leva Arendt a se direcionar para as atividades do espírito, isto é, para as faculdades do pensar, do querer e do julgar; e também, da compreensão dessas faculdades em relação ao domínio público, o espaço da política e da pluralidade humana. Para compreender as três faculdades do espírito, a autora destaca da história da filosofia três filósofos não profissionais que se relacionaram com o mundo em que viveram, manifestando um cuidado com o mundo e com a pluralidade humana. Quer dizer, são três modelos que servem como exemplo do entrelaçamento para aquilo que Arendt investiga: a relação entre as faculdades do espírito e o âmbito da política. Por fim, esta pesquisa apresenta uma possibilidade de pensar a educação das faculdades do espírito para um cuidado do mundo. Isso quer dizer: uma educação que acolhe os recém-chegados no mundo e se responsabiliza por eles. Uma educação como tentativa de despertar o desejo de tais alunos de se relacionar neste mundo e de pertencer a ele. Visto que este é o local em que, futuramente, este novo chegante por nascimento será inserido e no qual a tríade das faculdades do espírito - pensar-querer-julgar - será fundamental para que seja possível a manutenção e preservação do mundo para as futuras gerações. / The aim of this doctoral research is to examine the narratives that Hannah Arendt sets out on The Life of the Mind (1992). From these narratives, we try to think and give meaning to each with perspective of politically living together with others. For this analysis, we have to thread the events that the author experiences during totalitarianism, a central event in the world and sets off on Arendt\'s desire to understand and be in harmony with this world. Such an aspiration lead Arendt to direct herself to the activities of the mind, in the same way, to the faculties of thinking, of will, and of judging; and also the understanding of these faculties in relation to the public domain, the space of politics and human plurality. For a deeper understanding and a greater perception of the three mind faculties, the author highlights from the history of philosophy, three philosophers non-professionals For whom the world, they lived in, was related to. Equally important, is the theory of expressing care for the world and for human plurality. Consequently, there are three models served as an example of intertwining for what Arendt investigates: the relationship between the faculties of the mind and the scope of politics Accordingly, this research presents a possibility of thinking the education of mind faculties for a care of the world. This means: an education that welcomes newcomers to the world and takes responsibility for them. Education as an attempt to awaken the desire of such students to relate to and belong to this world. Since this is the place where, in the future, this new arrival by birth will be inserted and in which the triad of the faculties of the mind: think, will and judge; - will be essential if the world is to be maintained and preserved for future generations.
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Educação e mundo comum em Hannah Arendt: reflexões e relações em face da crise do mundo moderno / Education and common world in Hannah Arendt: reflections and relations in light of the crisis of the modern world.Custodio, Crislei de Oliveira 13 May 2011 (has links)
Este trabalho apresenta uma reflexão sobre as relações entre educação e mundo comum no pensamento de Hannah Arendt. A autora concebe o mundo comum como artificialismo humano e palco das aparências, instância que abriga o cabedal de conhecimentos, instituições, significados, virtudes, linguagens, histórias e costumes de uma comunidade. O mundo, na concepção arendtiana, abarca a esfera pública dos negócios humanos, na qual se dão as ações políticas e onde a visibilidade e a presença dos outros constituem o palco em que os homens podem revelar sua singularidade. Nessa concepção, o mundo é tido como o sentido último da formação de jovens e crianças, dado que, de acordo com Arendt, a essência da educação é a natalidade. Assim, partindo da ideia de que o sentido da educação é o nascimento e a chegada de crianças a um mundo humano que transcende nossa existência no tempo e no espaço, tivemos como objetivo pensar sobre as relações entre a formação dos novos e o mundo, bem como refletir sobre a tarefa educativa diante da perda da tradição e da autoridade em nossos tempos. Desse modo, a presente dissertação dispôs-se a analisar a seguinte problemática: diante de um mundo esfacelado e tomado pela esfera social, é possível conceber uma educação que se constitua como um elo de aproximação entre o velho e o novo, os jovens e o mundo? E, ainda, qual é o sentido de inserir os novos em um mundo em ruínas, haja vista que a salvaguarda deste mundo da total destruição é o ineditismo e a renovação que as crianças e os jovens podem oferecer-lhe? Diante desse contexto, discutimos as relações de inserção, conservação e renovação entre a educação e o mundo na tentativa de examinar e debater um possível significado para a ação educativa em face da crise do mundo moderno. Em nossa análise, consideramos que o mundo é, para a educação, o significado fundamental de seus esforços e o legado que uma comunidade concebe como digno de ser deixado como herança para as novas gerações. / The present work puts forward a discussion on the relations between education and the common world in Hannah Arendts thought. The author conceives of the common world as human artificiality and space of appearances, a framework which holds a communitys heritage of knowledge, institutions, meanings, virtues, languages, stories and customs. The Arendtian conception of the world comprehends the public realm of human affairs, where political actions are carried out and where visibility and the presence of others form the stage upon which men can reveal their singularity. Under that conceptualization the world is understood as the ultimate meaning of the formation of children and youth, since, according to Arendt, the essence of education is natality. Thus, departing from the idea that the meaning of education is birth and the arrival of children to a human world which transcends our existence in time and space, our purpose has been to ponder on the relations between the world and the formation of the young, as well as to reflect on the task of education in our days, when tradition and authority have been lost. The present dissertation therefore proposes to analyze the following questionings: before a world shattered and taken by the social sphere, is it possible to conceive of education as a link bringing closer the old and the new, youth and the world? Still, what does it mean to introduce the young into a world in ruins, considering that the safeguard this world has against its utter destruction is the very novelty and renovation children and youth can offer it? Within that context we have discussed the relations of insertion, conservation and renovation between education and the world, as we attempt to examine and debate a possible meaning for educational activity in light of the crisis of the modern world. In our analysis we have considered that, in what regards education, the world is the fundamental meaning of its efforts and the legacy a community considers worthy of being left as a heritage to new generations.
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O declínio da transmissão na formação: notas psicanalíticas. / The decline of transmission in formation: psychoanalytic notesDouglas Emiliano Batista 28 January 2009 (has links)
A presente dissertação inscreve-se no campo das conexões entre psicanálise e educação e tem como objetivo analisar o declínio contemporâneo da transmissão na formação. Para tanto, buscamos na psicanálise e também na filosofia uma rede de conceitos capaz de circunscrever o fato de que a subjetividade de um recém-chegado ao mundo é necessariamente fecundada pelos mais velhos, pelos que já se encontravam antes no mundo, e o que demanda a transmissão não apenas de conteúdos mas de marcas inconscientes que testemunham a divisão psíquica do adulto e, portanto, a impossibilidade desse adulto tudo dizer à criança. E é em vista dessa impossibilidade do adulto tudo (se) dizer, que então se torna possível transmitir inconscientemente ao infans (que não fala) a impossibilidade de tão só ouvir (ou tudo ouvir, e o que, no limite, seria exatamente o mesmo que não ouvir absolutamente nada), ensejando assim ao pequeno que, uma vez tomado por esse conflito psíquico humanizante, chegue um dia se pronunciar como um sujeito (um sujeito portanto cindido), isto é, como alguém que tanto deseja falar quanto ouvir porque sabe que não está à altura de dar a última palavra (aquela que tanto o emudeceria cabalmente quanto a seus ouvintes). Mas, ao contrário do que supõe a pedagogia hodierna, não é porque não podemos (felizmente!) tudo dizer às crianças que não devemos nada lhes dizer, esperando assim que elas falem por si mesmas e tal como se a presença do adulto nada tivesse a ver com isso, ou como se essa fala nova não fosse função da transferência da criança aos velhos. A (psico)pedagogia contemporânea pretende que a criança seja estimulada a falar naturalmente e quando for chegada a justa hora, a hora própria do amadurecimento das capacidades interiores. Mas se fosse assim, por que então falaríamos a elas fora de hora, isto é, antes da hora, e às vezes apenas para fazer hora até que elas eventualmente respondam? E por que depois continuamos então lhes falando, e ela a nós? Por sermos naturalmente tagarelas? Ou por que isso cavouca em nós a nossa conflitante divisão psíquica que nos foi inseminada simbolicamente por alguém primordial, alguém que não se calou de todo muito embora não pudesse estar de todo certo acerca do teor mesmo de sua fala (e que, assim, acabou transmitindo um lugar para um outro se filiar e depois (se) falar como um outro)? Eis que o declínio da transmissão na formação na contemporaneidade deriva assim da psicologização generalizada da pedagogia e da educação, e graças ao que as prerrogativas simbólicas de formação e transmissão não apenas por parte dos adultos em âmbito familiar como também por parte do dispositivo escolar e, portanto, dos professores em vista de seus alunos - deram lugar a postulados que acabaram substituindo a formação cultural pelo desenvolvimento natural, e o que tanto conduziu à descaracterização da escola quanto à pauperização e à banalização do currículo escolar, criando mediante isso mais obstáculos para o estabelecimento da diferença simbólica entre as gerações. / This work belongs to the field of possible connections between psychoanalysis and education and its purpose is to analyze the contemporary decline of the transmission in the education. We searched a net of concepts inside psychoanalysis and also philosophy in order to circumscribe the fact that the subjectivity of a new comer into the world is necessarily impregnated by the older ones, those who were already in the world. Besides, the transmission also requires not only knowledge but unconscious marks that testify the psychic division of the adult and, therefore, the impossibility of this adult to say everything to the child. This same impossibility of the adult to say everything is what makes possible for him to unconsciously transmit to the infans (the one that doesnt speak) the impossibility of just listening (or listen to everything, which is the same of not listening anything at all), allowing the little one to get to speak as subject, once he is affected by this psychic humanizing conflict. That means that he is necessarily going to be a split subject, someone who desire to speak and also to hear because he knows that he is not able to say the last word (the one that would make him and his listeners speechless at all). However, differently from what the contemporary pedagogy believes, not being able to say everything to the children does not mean that we shouldnt say anything at all, does not mean that we should wait for them to speak for themselves as if the presence of the adult had nothing to do with it, as if this new speech was not the consequence of the childs transference toward the older ones. The contemporary (psycho)pedagogy intend to stimulate the child to speak naturally and at the exact time, the time of the development of the inner capacities. But if it worked like that, why we would speak to the children before this exact time, and sometimes only to spare or even to gain time waiting until they eventually answer? And why do we keep talking to them and vice-versa? Just because we enjoy talking a lot? Or because this drive causes our conflictive psychic division which was impregnated in us by a primordial adult, someone that didnt stayed quiet (and by that accomplished the transmission of a place from where another being can be part of a heritage and can be able to speak as any other)? The decline of the transmission in the contemporary education comes from the fact that, nowadays, psychology rules in the field of pedagogy and education. Also, it is a consequence of the fact that either in family education as at school, cultural formation gave place to natural development. This substitution lead to the descharacterization of school and also the reduction of the curriculum, what creates more obstacles to the establishment of the symbolic difference between generation.
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Educação e política em Hannah Arendt: um sentido político para a separação / Education and Politic in Hannah Arendt: a political sense to separateErica Benvenuti 25 June 2010 (has links)
Este trabalho apresenta uma reflexão sobre a relação entre a educação e a política a partir do pensamento de Hannah Arendt. Em seus escritos encontramos afirmações de separação radical entre a educação e a política, algo incomum nos discursos correntes de ambas as áreas. Apesar dessas afirmações, Arendt reflete sobre a crise da educação a partir de suas considerações sobre a política e a crise do mundo moderno, afirmando que a situação da educação é um problema político. Além disso, a autora considera a natalidade a essência da educação, conceito que também é central em sua compreensão sobre a política. Outro elemento que encontramos em seus escritos é o uso da expressão pré-política para referir-se à educação. Algumas perguntas, então, motivam as reflexões neste trabalho: o que significam, no pensamento da autora, as afirmações que distanciam tão fortemente a educação da política? Como a crise na educação pode ser tida como um problema político se estes são dois âmbitos separados? Como a natalidade conceito político em Arendt pode ser considerada por ela a essência da educação? Por que Arendt se refere a ela como sendo um âmbito prépolítico? Este trabalho, portanto, se traduz numa reflexão sobre a ideia de educação em Hannah Arendt realizada a partir do conjunto de seu pensamento político, sempre preservando a distinção estabelecida entre estes âmbitos. São apresentadas relações entre a educação e a política a partir da responsabilidade que ambas assumem pelo mundo (de maneira complementar e distinta), identificando também a condição de antecedência necessária da educação em relação à política na medida em que, ao apresentar o mundo, o conserva (para que este possa seguir sendo o palco e o centro da política). Por fim, apresentamos reflexões que revelam as razões de a crise na educação ser um problema político e que, portanto, envolve discussões de ordem política em função da abertura que a atual crise do mundo provoca. / This work introduces a reflection about the relationship between education and politics coming from the teachings of Hannah Arendt. In her writings one finds statements about a radical separation of education and politics, something unusually found in the discourse of both fields. Despite these assertions, Arendt reflects about the crisis of education from her considerations about politics and the crisis of the modern world, claiming that the current educational situation is a political problem. In addition to this, the author considers natality to be the essence of education, a concept which is also central in her understanding of politics. Another element we find in her writings is the use of the expression pre-politics to refer to education. Some questions, then, motivate the inquiries in this work: what do the assertions which so strongly set politics and education apart mean in the authors thinking? How can the crisis in education to be considered a political problem if these are two separate areas? How can natality a political concept for Arendt be considered the essence of education? Why does Arendt refer to it as being a pre-political realm? This investigation, therefore, can be translated into an inquiry about the idea of education in Hannah Arendt realized from the conjunction of her political thought, preserving the distinction between these two fields. There are considerations about the relationship between education and politics from the responsibility both take for the world (in distinct and complementary ways), respecting the precedent condition of education in relation to politics, as the former introduces the world, conserving it ( so that it can be the stage and the center of politics). Lastly, there are reflections which present the reasons why the crisis of education is indeed a political problem and henceforth involves political discussions in function of the opening promoted by the current crisis of the world.
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Amor mundi e educação: reflexões sobre o pensamento de Hannah Arendt / Amor mundi and education: reflections on the thought of Hannah ArendtVanessa Sievers de Almeida 30 September 2009 (has links)
Esta tese assinala, com base na obra de Hannah Arendt, a fundamental importância do amor ao mundo para a educação. A filósofa explica que por meio da educação introduzimos as crianças no mundo humano e aponta o impasse que surge com a perda da tradição e o desmantelamento desse espaço comum na Era Moderna. Partindo desse problema, a questão central deste trabalho é: como despertar nos alunos o apreço pelo mundo que nos une com os diferentes, encorajá-los a encontrar seu lugar nele num momento em que a ausência de sentido e a preocupação com a sobrevivência se impõem, de modo que qualquer compromisso com o comum parece ser uma exigência deslocada e anacrônica? Arendt não propõe soluções, mas é rigorosa ao afirmar que quem educa é duplamente responsável: pelo mundo e pelas crianças na educação decidimos se amamos o mundo e seus novos habitantes. Posto que a autora não explicita o que vem a ser esse amor, investiga-se a noção do amor mundi, recorrendo ao conjunto de suas reflexões. Entende-se que, se o mundo é o lugar das histórias humanas no qual podemos estabelecer relações e nos revelar como pessoas, o amor a ele é uma resposta à destruição totalitária desse espaço humano e ao não-mundo da sociedade moderna organizada em torno do processo vital de produção e consumo. Com recurso a diversos conceitos de Arendt, principalmente os de ação e pensamento, aborda-se e discute-se a difícil tarefa educativa de acolher os jovens no mundo, de mostrar-lhes que, apesar de este lugar estar fora dos eixos, ainda vale a pena apostar nele, e de encorajá-los para que, por sua vez, estabeleçam seu vínculo singular com esse espaço comum e seu legado, pelo qual futuramente serão responsáveis. / This thesis, based on the work of Hannah Arendt, points out the fundamental importance which the love of the world has for education. The philosopher explains that we introduce the children into the human world through education and shows the impasse that arises from the loss of tradition and the disintegration of that common space in the modern age. Starting from that problem the central question of this work is: how to arouse in the students an appreciation of the world that joins us to different ones and how to encourage them to find their place in it in a moment in which meaninglessness and the preoccupation with survival impose themselves, so that any commitment to the common seems to be an out of place or anachronistic request? Arendt does not propose solutions, but is rigorous in asserting that whoever educates is doubly responsible in education we decide whether or not we love the world and its new inhabitants. Since the author does not explain what that love is, the notion of amor mundi is investigated having recourse to many of her reflections. The understanding achieved provided that the world is the place of human stories where we can establish relations and reveal ourselves as persons is that the love of it is an answer to the totalitarian destruction of that human space and to the wordlessness of the modern society organized around the vital process of production and consumption. Based on diverse concepts of Arendt, especially on those of action and thinking, we approach and discuss the difficult educational task of receiving the younger ones into the world, of showing them that, although this place is out of joint, it is still worth relying on it, and of encouraging them to establish by themselves their singular bond with this common space and its legacy, for which they will be responsible in the future.
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Dos tempos sombrios ao cuidado com o mundo: a banalidade do mal e a Vida do Espírito em Hannah Arendt / From the dark times to the care for the world: the banality of evil and the life of the mind in Hannah ArendtSerra, Maria Olilia 14 August 2014 (has links)
A presente tese aborda o tema da banalidade do mal e a vida do espírito em Hannah Arendt. Segue-se o fio condutor da reflexão da autora sobre o mal, cujo contexto político são os acontecimentos extremos do século XX. Com a expressão tempos sombrios evidencia-se o conceito de mal radical presente em Origens do Totalitarismo. Mostra-se que o mal radical, um conceito kantiano, para Hannah Arendt traduz o fato da redução de seres humanos a seres supérfluos que podem ser eliminados. Examina-se o conceito de banalidade do mal, suscitado por Arendt na obra Eichmann em Jerusalém. Apresenta-se, a partir do acusado Eichmann, o significado de banalidade do mal, com suas implicações para a ética. Seguem-se as reflexões de Arendt sobre o pensar, o querer e o julgar, faculdades da vida do espírito, para identificar os seus elementos definidores. O cuidado com o mundo trata especificamente do julgar e aponta que, para Arendt, o juízo de gosto kantiano fundamenta o juízo político que só pode ser exercido em comunidade. Por fim, considera-se que Eichmann é a metáfora do homem de massa contemporâneo e que Arendt, ao refletir sobre a banalidade do mal e colocá-lo como uma questão para a vida do espírito, nos convoca à responsabilidade para com o mundo que identificamos como uma ética do cuidado com o mundo / The present thesis treats the theme of the banality of evil and the life of the mind in Hannah Arendt. It follows the guiding principle of the authors reflection over evil, whose political context are the extreme events of the 20th century. The expression dark times shows the concept of radical evil present in the Origins of Totalitarianism. It is shown that the radical evil, a kantian concept, to Hannah Arendt translates the fact of reducing human beings to superfluous beings that can be eliminated. It examines the concept of the banality of evil, raised by Arendt in her Eichmann in Jerusalem. It presents, from the accused Eichmann, the meaning of the banality of evil, with its implications for ethics. It follows the reflections of Arendt on thinking, willing and judging, faculties of the life of the mind, to identify their defining elements. The care for the world leads specifically with the judging and points out that, for Arendt, the Kantian judgment of taste grounds the political judgment that can only be exercised in the community. Finally, it considers that Eichmann is the metaphor of the contemporary mass man and Arendt, reflecting on the banality of evil and putting it as a question for the life of the mind, summons us to responsibility for the world, that we have identified as an ethic of care for the world
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O declínio da transmissão na formação: notas psicanalíticas. / The decline of transmission in formation: psychoanalytic notesBatista, Douglas Emiliano 28 January 2009 (has links)
A presente dissertação inscreve-se no campo das conexões entre psicanálise e educação e tem como objetivo analisar o declínio contemporâneo da transmissão na formação. Para tanto, buscamos na psicanálise e também na filosofia uma rede de conceitos capaz de circunscrever o fato de que a subjetividade de um recém-chegado ao mundo é necessariamente fecundada pelos mais velhos, pelos que já se encontravam antes no mundo, e o que demanda a transmissão não apenas de conteúdos mas de marcas inconscientes que testemunham a divisão psíquica do adulto e, portanto, a impossibilidade desse adulto tudo dizer à criança. E é em vista dessa impossibilidade do adulto tudo (se) dizer, que então se torna possível transmitir inconscientemente ao infans (que não fala) a impossibilidade de tão só ouvir (ou tudo ouvir, e o que, no limite, seria exatamente o mesmo que não ouvir absolutamente nada), ensejando assim ao pequeno que, uma vez tomado por esse conflito psíquico humanizante, chegue um dia se pronunciar como um sujeito (um sujeito portanto cindido), isto é, como alguém que tanto deseja falar quanto ouvir porque sabe que não está à altura de dar a última palavra (aquela que tanto o emudeceria cabalmente quanto a seus ouvintes). Mas, ao contrário do que supõe a pedagogia hodierna, não é porque não podemos (felizmente!) tudo dizer às crianças que não devemos nada lhes dizer, esperando assim que elas falem por si mesmas e tal como se a presença do adulto nada tivesse a ver com isso, ou como se essa fala nova não fosse função da transferência da criança aos velhos. A (psico)pedagogia contemporânea pretende que a criança seja estimulada a falar naturalmente e quando for chegada a justa hora, a hora própria do amadurecimento das capacidades interiores. Mas se fosse assim, por que então falaríamos a elas fora de hora, isto é, antes da hora, e às vezes apenas para fazer hora até que elas eventualmente respondam? E por que depois continuamos então lhes falando, e ela a nós? Por sermos naturalmente tagarelas? Ou por que isso cavouca em nós a nossa conflitante divisão psíquica que nos foi inseminada simbolicamente por alguém primordial, alguém que não se calou de todo muito embora não pudesse estar de todo certo acerca do teor mesmo de sua fala (e que, assim, acabou transmitindo um lugar para um outro se filiar e depois (se) falar como um outro)? Eis que o declínio da transmissão na formação na contemporaneidade deriva assim da psicologização generalizada da pedagogia e da educação, e graças ao que as prerrogativas simbólicas de formação e transmissão não apenas por parte dos adultos em âmbito familiar como também por parte do dispositivo escolar e, portanto, dos professores em vista de seus alunos - deram lugar a postulados que acabaram substituindo a formação cultural pelo desenvolvimento natural, e o que tanto conduziu à descaracterização da escola quanto à pauperização e à banalização do currículo escolar, criando mediante isso mais obstáculos para o estabelecimento da diferença simbólica entre as gerações. / This work belongs to the field of possible connections between psychoanalysis and education and its purpose is to analyze the contemporary decline of the transmission in the education. We searched a net of concepts inside psychoanalysis and also philosophy in order to circumscribe the fact that the subjectivity of a new comer into the world is necessarily impregnated by the older ones, those who were already in the world. Besides, the transmission also requires not only knowledge but unconscious marks that testify the psychic division of the adult and, therefore, the impossibility of this adult to say everything to the child. This same impossibility of the adult to say everything is what makes possible for him to unconsciously transmit to the infans (the one that doesnt speak) the impossibility of just listening (or listen to everything, which is the same of not listening anything at all), allowing the little one to get to speak as subject, once he is affected by this psychic humanizing conflict. That means that he is necessarily going to be a split subject, someone who desire to speak and also to hear because he knows that he is not able to say the last word (the one that would make him and his listeners speechless at all). However, differently from what the contemporary pedagogy believes, not being able to say everything to the children does not mean that we shouldnt say anything at all, does not mean that we should wait for them to speak for themselves as if the presence of the adult had nothing to do with it, as if this new speech was not the consequence of the childs transference toward the older ones. The contemporary (psycho)pedagogy intend to stimulate the child to speak naturally and at the exact time, the time of the development of the inner capacities. But if it worked like that, why we would speak to the children before this exact time, and sometimes only to spare or even to gain time waiting until they eventually answer? And why do we keep talking to them and vice-versa? Just because we enjoy talking a lot? Or because this drive causes our conflictive psychic division which was impregnated in us by a primordial adult, someone that didnt stayed quiet (and by that accomplished the transmission of a place from where another being can be part of a heritage and can be able to speak as any other)? The decline of the transmission in the contemporary education comes from the fact that, nowadays, psychology rules in the field of pedagogy and education. Also, it is a consequence of the fact that either in family education as at school, cultural formation gave place to natural development. This substitution lead to the descharacterization of school and also the reduction of the curriculum, what creates more obstacles to the establishment of the symbolic difference between generation.
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Hannah Arendt autora e paciente: uma revisão de A condição humana / Hannah Arendt author and patient: a review of The human conditionCarneiro, Nathalia Silva 11 February 2019 (has links)
Esta dissertação de mestrado realiza uma leitura crítica dA condição humana (1958) de Hannah Arendt. Mais do que contradições reclamadas por seus intérpretes por um lado, democrática radical e, por outro, elitista encontraremos uma coerência com relação ao que batizo como alienação ocidental da alteridade. Nesse sentido, a obra aqui estudada se revela como um momento de elaboração e fixação teórica dessa alienação, principalmente a partir da noção de realidade humana. O argumento é de que para entender isso é necessário não reificar e fetichizar o retorno à pólis, mas, sim, politizar os escritos de Arendt, localizando-os. Em um primeiro momento, parto dos eventos citados no prólogo a fim de remontar os problemas de seu tempo que preocupavam Arendt. Demonstro que a principal questão da autora nesse livro continua a ser a possibilidade de movimentos totalitários, pois estes se baseiam no conformismo das massas. No entanto, para a autora, uma grande responsável por esse conformismo seria o desenvolvimento tecnológico que estaria para liberar a humanidade do fardo do trabalho. Termino afirmando que a chave para entender essa estranha caracterização é enxergar que Arendt pretendeu uma análise do capital sem levar seu processo global em conta. Posteriormente a autora irá afirmar que o terceiro mundo não existe. A seguir procuro entender a era moderna século XVII até início do século XX na visão de Arendt. Para isso, parto de três eventos citados eventos citados no início do último capítulo do livro: o telescópio, a Reforma Protestante e a descoberta da América. Refaço as análises sobre o desenvolvimento da alienação com relação à Terra, resultado do avanço científico representado pelo telescópio; e depois reconstruo sua narrativa sobre a Reforma Protestante que teria dado início ao capitalismo. Neste ponto, trato da dificuldade que a separação entre público e privado apresentada por Arendt. No entanto, afirmo que ainda que essa divisão possa ser interpretada de forma mitigada, ela depende de uma exclusão anterior: a instauração do mundo a precede. Por último, procuro entender a falta de elaboração do terceiro evento, as Grandes Navegações. Além de suas principais consequências não serem mencionadas, não recebemos explicações sobre o tipo peculiar de alienação que engendraram. Neste trabalho escolho nomear alienação ocidental da alteridade. Retorno até o tratamento de Arendt sobre o Imperialismo m Origens do totalitarismo para revelar que o motivo pelo qual a autora se torna incapaz de tratar das colonizações nA condição humana é porque ela está mobilizando essa alienação em suas análises. Assim, sua resposta à sua principal preocupação se encontra muito limitada: conforme mostra a linha que liga as colonizações, escravidão, imperialismo ao nazismo, um dos principais elementos desses movimentos é a insensibilidade para com mortes periféricas. Proponho, por último, que a subversão da divisão da vita contemplativa e vita activa nA condição humana pode ser entendida como uma resposta de Arendt ao totalitarismo. Por outro lado, a manutenção de uma forte divisão entre physis e nomos é a continuação do racismo cultural utilizado para tratar do imperialismo. / This master\'s dissertation performs a critical reading of Hannah Arendt\'s The Human Condition (1958). More than contradictions - on the one hand, radical democratic and on the other, elitist - we will find a coherence with what I call Western alienation from otherness. The work studied here reveals itself as a moment of elaboration and theoretical fixation of this alienation, especially from the notion of human reality. To understand this it is necessary not to reify the return to the polis, but rather to politicize Arendt\'s writings by locating them. I depart from the events cited in the prologue to remount the problems of his time that concerned Arendt. I show that the author\'s main question in this book remains the possibility of totalitarian movements, as these are based on mass conformism. However, for the author, a major responsible for this conformity would be the technological development that would be to \"free humanity from the burden of work\". I argue that the key to understanding this strange characterization is to see that Arendt intended an analysis of capital without taking its global process into account. Later the author will state that \"the third world does not exist\". Next I seek to understand the modern age - the seventeenth century until the early twentieth century - in Arendt\'s view. To this end, I start from three events cited at the beginning of the last chapter of the book: the telescope, the Protestant Reformation, and the \"discovery\" of America. I redo the analysis of the development of alienation from the earth, the result of the scientific advance represented by the telescope; and then reconstruct his narrative about the Protestant Reformation that would have started capitalism. At this point I deal with the difficulty that Arendt\'s separation of public and private presents. However, I contend that even though this division can be interpreted in a mitigated way, it depends on an earlier exclusion: the establishment of the world precedes it. Finally, I try to understand the lack of elaboration of the third event, the Great Navigations. Apart from its main consequences not being mentioned, we have received no explanation of the peculiar kind of alienation they engendered. In this work I choose to name it \"Western alienation from otherness.\" I return to Arendt\'s treatment of Imperialism in Origins of Totalitarianism to reveal that the reason why the author becomes incapable of dealing with colonization in The Human Condition is because she is mobilizing this alienation in her analyzes. Thus, her answer to his main concern is very limited: as the line linking colonization, slavery, imperialism and Nazism shows, one of the main elements of these movements is insensitivity to peripheral deaths. Finally, I propose that the subversion of the division of the vita contemplativa and vita activa in The human condition can be understood as Arendt\'s response to totalitarianism. On the other hand, maintaining a strong division between physis and nomos is the continuation of the cultural racism used to deal with imperialism.
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Jenseits von Internationalismus und Weltbürgertum : subjektive Handlungsoptionen bei Rosa Luxemburg, Hannah Arendt und Ágnes Heller /Meier, Nicole. January 2009 (has links)
Zugl.: Potsdam, Universiẗat, Diss., 2009.
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Pouvoir et subjectivation : dialogue Arendt/Foucault sur les origines des camps de la mortCloutier, Alexandre 08 1900 (has links)
La divulgation dans les médias de masse des atrocités commises dans les camps de concentration nazis et soviétiques n’a pas ébranlé que les milieux politiques. Plusieurs chercheurs en sciences humaines (on pense immédiatement à l’expérience de Milgram) et en philosophie ont cherché à comprendre le fonctionnement des régimes totalitaires. Hannah Arendt, en plus d’avoir contribué à la popularisation du concept de totalitarisme, a été l’une des premières à en rechercher les origines. Bien qu’il n’ait jamais abordé de front la question du nazisme et du stalinisme, Michel Foucault a, lui aussi, ancré ses recherches sur le pouvoir dans une démarche généalogique. Plus précisément, c’est lors de ses travaux sur la gouvernementalité et la biopolitique qu’il a étudié les rationalités gouvernementales, leurs technologies et leur effet subjectivant. Les objectifs de cette recherche sont de présenter un exposé critique de ces deux approches des phénomènes de pouvoir en Occident et de produire une étude comparative du phénomène totalitaire. / The revelation to light of the atrocities committed in Nazi and Soviet concentration camps has not only shaken the political circles. Several researchers in the humanities (one thinks immediately of the Milgram experiment) and philosophy have sought to understand the functioning of totalitarian regimes. Hannah Arendt, in addition to having contributed to the popularization of the concept of totalitarianism, was one of the first to look for the origins. Although he never tackled head on the issue of Nazism and Stalinism, Michel Foucault, too, grounded his research on power in a genealogical approach. Specifically, it was during his work on governmentality and biopolitics that he studied governmental rationalities, technologies and their subjectification effect. The objectives of this research are to present a critical discussion of these two approaches of the phenomena of power in the West and to produce a comparative study of the totalitarian phenomenon.
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