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Dinossauromorfos triássicos do sul do Brasil e padrões biogeográficos da irradiação dos dinossauros / Triassic dinosauromorphs from southern Brazil and biogeographic patterns for the origin of dinosaursMarsola, Julio Cesar de Almeida 10 August 2018 (has links)
Os depósitos triássicos continentais do sul do Brasil abrigam uma grande diversidade de tetrápodes terrestres, incluindo terápsidos, rincossauros, rincocefálios e arcossauros, como pseudosúquios e dinossauromorfos. Inserida neste contexto, a Formação Santa Maria, de porção superior datada do Carniano superior, tem papel fundamental no entendimento da origem e irradiação inicial dos dinossauromorfos, pois abriga alguns dos mais antigos registros do grupo em todo mundo, incluindo vários fósseis de dinossauros. Atualmente, a fauna de dinossauromorfos desta unidade é representada por Ixalerpeton polesinensis, Teyuwasu barberenai, Staurikosaurus pricei, Saturnalia tupiniquim, Pampadromaeus barberenai, Buriolestes schultzi e Bagualosaurus agudoensis, enquanto para o Noriano da Formação Caturrita são conhecidos Guaibasaurus candelariensis, Unaysaurus tolentinoi e Sacisaurus agudoensis. Visando o melhor entendimento da diversidade de dinossauromorfos oriundos destes depósitos, foram descritos, no contexto dessa tese, diversos novos fósseis do grupo: ULBRA-PVT059, 280, LPRP/USP 0651, MCN PV 10007-8, 10026, 10027 e 10049. Adicionalmente, foi considerado o recente histórico de pesquisas sobre a origens dos dinossauros para examinar o impacto de novas descobertas e das diferentes hipóteses filogenéticas no entendimento dos padrões biogeográficos da irradiação dos dinossauros. ULBRA-PVT059 e 280 representam os holótipos de duas espécies de dinossauromorfos: Ixalerpeton polesinensis e Buriolestes schultzi. I. polesinensis é o primeiro lagerpetídeo descrito para o Brasil e o único no mundo que preserva elementos do crânio e do membro escapular. O material revela que algumas características antes inferidas como sinapomórficas para Dinosauria já estavam presentes em outros dinossauromorfos. B. schultzi é um sauropodomorfo, provável grupo-irmão dos demais representantes do grupo. Além disso, sua anatomia dentária e relações filogenéticas sugerem que os primeiros dinossauros, incluindo os sauropodomorfos, eram adaptados a faunivoria. LPRP/USP 0651 é o holótipo de uma nova espécie de dinossauro, Nhandumirim waldsangae, da Formação Santa Maria. Apesar de incompleto, as partes preservadas mostram que este se tratava de um indivíduo juvenil, mas que difere em vários aspectos dos demais dinossauros do Carniano, em especial daqueles provenientes dos mesmos níveis estratigráficos. As relações filogenéticas de N. waldsangae indicam que o novo táxon se trata de um dinossauro saurísquio não-sauropodomorfo, possivelmente afim aos terópodos. MCN PV 10007-8, 10026, 10027 e 10049 se tratam de materiais de dinossauros provenientes da localidade tipo de Sacisaurus agudoensis. Estes representam um sauropodomorfo morfologicamente mais semelhante a membros mais recentes do grupo do que aqueles do Carniano. Assim, correlações bioestratigráficas sugeridas pela presença destes sauropodomorfos indicam uma idade mais nova para a localidade tipo de S. agudoensis do que a das biozonas carnianas. As análises biogeográficas consistentemente otimizaram a porção sul do Gondwana como a área ancestral de Dinosauria, o mesmo se dando para clados mais inclusivos. Estes resultados mostram que a hipótese em questão é robusta mesmo com maior amostragem taxonômica e geográfica, e independentemente das hipóteses filogenéticas. Desta forma, é demonstrado que não há suporte para a hipótese da Laurásia representar a área ancestral dos dinossauros. / The Triassic deposits of southern Brazil harbor a great diversity of terrestrial tetrapods, including therapsids, rhynchocephalians, rhynchosaurs, and archosaurs like pseudosuchians and dinosauromorphs. In this context, the Carnian Santa Maria Formation is important for the understanding of the origins and early diversifications of Dinosauromorpha, as it bears one of the oldest records for the group worldwide, including some of the oldest dinosaurs. Its dinosauromorph fauna is currently represented by Ixalerpeton polesinensis, Staurikosaurus pricei, Saturnalia tupiniquim, Pampadromaeus barberenai, Buriolestes schultzi, Bagualosaurus agudoensis, and Teyuwasu barberenai. In comparison, the Norian Caturrita Formation have yielded Guaibasaurus candelariensis, Unaysaurus tolentinoi, and Sacisaurus agudoensis. In order to better understand the dinosauromorph diversity from these deposits, several new fossil remains were described as parts of this thesis: ULBRA-PVT 059, 280, LPRP/USP 0651, MCN PV 10007-8, 10026, 10027, and 10049. In addition, the last 20 years of research efforts on the origins of dinosaurs were compiled to investigate the impact of new discoveries and conflicting phylogenetic hypotheses on the biogeographic history of early dinosauromorphs. ULBRA-PVT 059 and 280 represent the holotypes of a lagerpetid dinosauromorph, Ixalerpeton polesinensis, and a sauropodomorph dinosaur, Buriolestes schultzi. I. polesinensis is the first lagerpetid described from Brazil and only worldwide that preserves skull and scapular limb remains, showing that some previously inferred dinosaur synapomorphies were already present in other early diverging dinosauromorphs. B. schultzi is found as the sister-group to all other sauropodomorphs. In addition, its tooth anatomy and phylogenetic position suggest that early dinosaurs, including sauropodomorphs, were adapted to faunivory. LPRP/USP 0651 is the holotype of a new dinosaur, Nhandumirim waldsangae, from the Santa Maria Formation. Although incomplete, the preserved parts show that it was a juvenile individual, but differing in several respects from other Carnian dinosaurs, especially those from the same stratigraphic levels. The phylogenetic relations of N. waldsangae suggest that the new taxon is a nonsauropodomorph saurischian dinosaur, possibly related to theropods. Dinosaur materials from the type-locality of Sacisaurus agudoensis (MCN PV 10007-8, 10026, 10027, and 10049) represent a sauropodomorph, more similar morphologically to later members of the group than to those of Carnian age. Hence, biostratigraphic correlations suggested by these sauropodomorphs indicate an age for the type-site of S. agudoensis younger than that of the Carnian biozones. Biogeographic analyzes consistently optimize southern Gondwana as the ancestral area for Dinosauria, and this is also the case for more inclusive clades. The results show that the South Gondwanan hypothesis for the origin of dinosaurs is robust even with increased taxonomic and geographic sampling, and independent of phylogenetic uncertainties. It is, therefore, demonstrated that there is no support for Laurassia as the ancestral area of dinosaurs.
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Geologia do Terreno Paranaguá / Geology of Paranaguá TerraneCury, Leonardo Fadel 25 June 2009 (has links)
O Terreno Paranaguá é composto por unidades geológicas pré-cambrianas distribuídas ao longo de uma faixa alongada segundo a direção NE-SW, com cerca de 250 Km de extensão, tendo em média 30 km de largura. Ocupa a porção sul sudeste do território brasileiro, abrangendo os Estados de São Paulo (Terreno Paranaguá Setentrional), Paraná e Santa Catarina (Terreno Paranaguá Meridional). Esse terreno é constituído em grande parte por um complexo ígneo, representado pelas suítes Morro Inglês, Rio do Poço e Canavieiras-Estrela. Como encaixantes desses granitos l.s., ocorrem rochas gnáissicas e gnáissico-migmatíticas do Complexo São Francisco do Sul e rochas metassedimentares da Sequência Rio das Cobras. A Suíte Morro Inglês apresenta assinaturas litoquímicas condizentes com rochas graníticas formadas em arco magmático, apresentando caráter cálcio-alcalino de alto K a shoshoníticos, com conteúdos relativamente altos de Ba, Nb, Zr, Rb, Sr, Th e K2O. Este padrão é semelhante ao observado em ambientes sin a tardi-colisionais, associados a arcos-magmáticos maduros, com fontes modificadas pela contaminação crustal. A Suíte Canavieiras-Estrela é constituída por quartzo-monzodioritos, leuco-granodioritos e monzogranitos, com termos porfiríticos e inequigranulares, com máficos representados por biotita ± anfibólio. Comparativamente, as rochas da Suíte Morro Inglês apresentam maiores valores de \'K IND.2 O\' e menores de \'Na IND.2 O\' do que as rochas da Suíte Canavieiras-Estrela. Ambas as suítes apresentam importantes variações de Ba e Sr, altos valores de Rb e Zr, médios a altos valores de Nb e Y. As rochas da Suíte Rio do Poço podem ser individualizadas em duas unidades distintas, com diferenças petrográficas e litogeoquímicas. Os sienogranitos rapakivi apresentam características compatíveis com granitos do tipo A, metaluminosos a marginalmente peraluminosos. Porém, tal interpretação não parece adequada para os leucogranitos com duas micas desta suíte, que apresentam caráter marginalmente peraluminoso, com termos mais empobrecidos em ETRP, sem anomalia negativa de Eu. Os dados petrográficos e, principalmente, estruturais sugerem que a colocação das suítes Morro Inglês, Canavieiras-Estrela e Rio do Poço ocorreram durante um estágio tardio do período colisional. As idades U-Pb (zircão) dessas suítes são bastante próximas, não permitindo uma separação clara das mesmas. Observa-se uma grande concentração de idades no intervalo 600-580 Ma, representando o principal período do magmatismo no Terreno Paranaguá. Com menor freqüência, valores mais antigos do intervalo de 620-610 Ma foram obtidos nas três suítes, sugerindo a presença de um magmatismo relativamente precoce na evolução desse terreno. As idades U-Pb (zircão) obtidas em bordas de cristais, bem como em veios leucograníticos tardios, distribuem-se no intervalo 560-480 Ma. Essas idades devem estar associadas a importantes eventos termotectônicos do Cambro-Ordoviciano, relacionados a Orogenia Rio Doce. Os metassedimentos da Sequência Rio das Cobras ocorrem como faixas alongadas e pouco expressivas. Na porção meridional do Terreno Paranaguá, ocorrem paragêneses fácies xisto verde, zona da biotita (Serra da Prata PR), enquanto nas porções central e setentrional ocorrem paragêneses fácies anfibolito, podendo atingir fácies granulito em associações com cianita-granada-silimanitafeldspato alcalino (Guaraqueçaba PR e Iguape -SP). Análises U-Pb em zircão dos gnaisses de alto grau caracterizam idades concentradas no intervalo 1,8-2,1 Ga. Os pontos analíticos realizados nas bordas de zircão caracterizam idades de 611 ± 39 Ma. Idades U-Pb em monazitas caracterizam um intervalo relativamente mais jovem em 599 ± 5 Ma, provavelmente associado ao pico metamórfico. O Complexo São Francisco do Sul é representado por gnaisses compostos por dioritos, quartzomonzodioritos, granodioritos, trondhjemitos e monzogranitos. Na região de Guaratuba e Guaraqueçaba (Terreno Paranaguá Central) são freqüentes as feições de migmatização, com leucossomas graníticos com granada e turmalina. Análises U-Pb caracterizam períodos de cristalização do zircão no Paleoproterozóico (2.173 ± 18 Ma), Neoproterozóico (626 ± 25 Ma) e Cambro-Ordoviciano (510-490 Ma). O balizamento do Terreno Paranaguá com as microplacas Luis Alves e Curitiba é tectônico, caracterizado pelas zonas de cisalhamento transcorrentes Palmital e Alexandra em sua porção meridional, e zonas de cavalgamento Serra Negra e Icapara em sua porção setentrional. As zonas de cisalhamento transcorrentes Palmital e Alexandra (Terreno Paranaguá Meridional) apresentam cinemática sinistral com componente obliqua, caracterizada pela coexistência de lineações strike slip e down dip. As zonas de cisalhamento Serra Negra e Icapara representam uma grande frente de colisão, localizada no Terreno Paranaguá Setentrional. Apresentam vergências para nor noroeste e componentes obliquas (lineações strike slip e down dip). A transição dessas duas tectônicas distintas se faz por falhas de abatimento, com direções N-S ou NNW-SSE, estando ambas associadas a um regime transpressivo com características de rampa lateral. Os padrões estruturais observados sugerem que a colocação do Terreno Paranaguá Setentrional é relacionada a uma tectônica de nappes com rumo nor noroeste. Esta colisão está provavelmente inserida no contexto de aglutinação da porção oeste do Supercontinente Gondwana, durante o Neoproterozóico. / The Paranaguá Terrane is composed of precambrian geological units distributed in a NE-SW elongated swath, about 250 km long and 30 km wide, in south-southeastern Brazil, within the States of São Paulo (Nothern Paranaguá Terrane), Paraná and Santa Catarina (Southern Paranaguá Terrane). This terrane is constituted mainly by an igneous complex, represented by the Morro Inglês, Rio do Poço and Canavieiras-Estrela suites. The country rocks of these l.s. granites are gnaissic and gnaissic-migmatitic rocks of the São Francisco do Sul Complex and metassedimentary rocks of the Rio das Cobras Sequence. Lithochemical signatures of the Morro Inglês Suite are compatible with arc magmatic-generated granitic rocks, with high-K to shoshonitic calc-alkaline character and relatively high contents of Ba, Nb, Zr, Rb, Sr, Th and K2O. This pattern resembles the one observed in sin- to late-collisional environments related to mature magmatic arcs, with sources modified by crustal contamination. The Canavieiras-Estrela Suite is composed of quartz-monzodiorites, leucogranites and monzogranites, with porphyritic and inequigranular rocks, with mafics represented by biotite ± anfibole. Comparativily, the Morro Inglês Suite rocks present higher values of \'K IND.2 O\' and smaller values of \'Na IND.2 O\' than the rocks of the Canavieiras-Estrela Suite. Both suites show important variations of Ba and Sr, high values of Rb and Zr, and medium-to-high values of Nb and Y. Two distinct rock units can be individualized in the Rio do Poço Suite, based on petrographical and lithogeochemical differences. The rapakivi sienogranites characteristics are compatible with metaluminous to marginally peraluminous type A granites. Such interpretation does not seem adequate for the two-mica leucogranites in this suite, which present a marginally peraluminous character, with HREE-depleted rocks, without an Eu negative anomaly. Petrographic and, mostly, structural data suggest that the Morro Inglês, Canavieiras-Estrela and Rio do Poço suites emplacement occurred during a late stage of the collisional event. U-Pb ages (zircon) of these suites are very close and does not allow a clear separation of them. A high concentration of ages between 600-580 Ma represent the main magmatic period of the Paranaguá Terrane. Although less frequent, older ages between 620-610 Ma were obtained in the three suites, suggesting the presence of a relatively early magmatism in this terrane\'s evolution. U-Pb ages (zircon) obtained in crystals borders, as well as in late leucogranitic veins, are distributed between 560-480 Ma. These ages must be related with important thermotectonic events of the Cambro-Ordovician Rio Doce Orogeny. The metassedimentary rocks of the Rio das Cobras Sequence occur as elongated strips, with little areal expression. In the southern portion of the Paranaguá Terrane, green schist (biotite zone) paragenesis are present (Serra da Prata PR), while in the central and northern portions there are afibolite facies paragenesis up to granulite facies in association with kyanite-garnet-sillimanite-K feldspar (Guaraqueçaba - PR e Iguape -SP). U-Pb zircon analysis of the high-grade gneisses show a concentration of ages between 1.8-2.1 Ga. The analytical spots in zircon borders yield ages of 611 ± 39 Ma. U-Pb monazite ages yield a relatively younger interval of 599 ± 5 Ma, probably related with the metamorphic peak. The São Francisco do Sul Complex is represented by gneisses composed of diorites, quartzmonzodiorites, granodiorite, trondhjemites and monzogranites. In the Guaratuba and Guaraqueçaba region (Central Paranaguá Terrane) migmatization features are frequent, with garnet and turmaline-bearing granitic leucosomes. U-Pb analysis yield Paleoproterozoic (2.173 ± 18 Ma), Neoproterozoic (626 ± 25 Ma) and Cambro-Ordovician (510-490 Ma) zircon crystallization ages. The limit of the Paranaguá Terrane with the Luis Alves and Curitiba microplates is tectonic, characterized by the Palmital and Alexandra transcurrent shear zones in its southern portion and by the Serra Negra and Icapara thrusts in its northern portion. Both Palmital and Alexandra transcurrent shear zones (Southern Paranaguá Terrane) present sinistral kinematic with oblique component, marked by the coexistence of strike-slip and down-dip lineations. The Serra Negra and Icapara shear zones represent a large collision front, located in the Northern Paranaguá Terrane, with north-northwest vergence and oblique components (strike-slip and down-dip lineations). The transition between these two distinct tectonic styles is given by N-S or NNW-SSE faults associated with a transpressive regime, with lateral ramp characteristics. The observed structural pattern suggest that the emplacement of the Northern Paranaguá Terrane is due to nappe tectonics towards north-northwest. This collision is probably related with the Neoproterozoic aglutination setting of the western Gondwana Supercontinent.
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Revisão taxonômica e filogenia dos camarões de água doce da família Euryrhynchidae Holthuis, 1950 (Crustacea: Decapoda: Cariddea) / Taxonomic revision and phylogeny of the freshwater shrimp family Euryrhynchidae Holthuis, 1950 (Crustacea: Decapoda: Caridea)Gurgel, Paulo Pachelle Pinheiro 26 August 2016 (has links)
O presente estudo consiste na mais completa revisão taxonômica e análise filogenética dos camarões de água doce da família Euryrhynchidae Holthuis, 1950. O trabalho foi realizado com base em material depositado em coleções carcinológicas do Brasil, Estados Unidos e vários países da Europa. A análise filogenética incluiu todas as espécies da família Euryrhynchidae, além de 7 espécies de outras famílias de Palaemonoidea Rafinesque, 1815 que foram relacionadas à Euryrhynchidae em trabalhos anteriores: Desmocaris trispinosa (Aurivillius, 1898) (Desmocarididae Borradaile, 1915); Palaemon carteri (Gordon, 1935), P. pandaliformis (Stimpson, 1871), Troglocubanus gibarensis (Chace, 1943) e Tr. inermis (Chace, 1943) (Palaemonidae Rafinesque, 1815); Typhlocaris galilea Calman, 1909 e Ty. lethaea Parisi, 1920 (Typhlocarididae Annandale & Kemp, 1913). Leander paulensis Ortmann, 1897 (Palaemonidae) foi escolhida para o enraizamento da árvore. O estudo também apresenta uma análise detalhada da diversidade morfológica presente em Euryrhynchidae no âmbito dos demais palaemonóideos. A revisão taxonômica confirma a validade das 7 espécies atualmente descritas para Euryrhynchidae, além de propor 2 novas espécies relacionadas a Euryrhynchus amazoniensis Tiefenbacher, 1978. As espécies Euryrhynchus amazoniensis, E. burchelli Calman, 1907, E. pemoni Pereira, 1985 e E. wrzesniowskii Miers, 1877 são redescritas e ilustradas com base na série tipo e material adicional estudados. Também são propostos caracteres diagnósticos adicionais para diferenciar as espécies de Euryrhynchus Miers, 1877, anteriormente separadas apenas pelo número e posição dos espinhos no carpo e mero do pereiópodo 2. A análise cladística foi composta por uma matriz de 102 caracteres morfológicos e resultou em 4 árvores igualmente parcimoniosas. O monofiletismo da família Euryrhynchidae também foi recuperado, sendo sustentado por 10 sinapomorfias não ambíguas. O gênero Euryrhynchina Powell, 1976 aparece como táxon mais basal da família e grupo irmão do clado Euryrhynchoides Powell, 1976 + Euryrhynchus. A topologia obtida para os gêneros de Euryrhynchidae sugere a presença de um táxon irmão a Euryrhynchina (ainda não descoberto ou já extinto) no continente sul americano. A análise também revelou a existência de dois grupos monofiléticos dentro de Euryrhynchus, com o relacionamento de E. wrzesniowskii com esses dois clados ainda não resolvido. Typhlocarididae aparece como grupo irmão de Euryrhynchidae, corroborando o resultado de estudos morfológicos anteriores. Desmocarididae, proposto em trabalhos recentes como grupo irmão de Euryrhynchidae com base em dados moleculares, surge mais à base, inserido entre os táxons de Palaemonidae. / The present study comprises the most complete taxonomic revision and phylogenetic analysis of the freshwater shrimps of the family Euryrhynchidae Holthuis, 1950. The study was based on material deposited in carcinological collections from Brazil, United States, and several other European countries. The phylogenetic analysis included all species of the family Euryrhynchidae and 7 species from other families within the Palaemonoidea Rafinesque, 1815 that were related to Euryrhynchidae in previous studies: Desmocaris trispinosa (Aurivillius, 1898) (Desmocarididae Borradaile, 1915); Palaemon carteri (Gordon, 1935), P. pandaliformis (Stimpson, 1871), Troglocubanus gibarensis (Chace, 1943) e Tr. inermis (Chace, 1943) (Palaemonidae Rafinesque, 1815); Typhlocaris galilea Calman, 1909 e Ty. lethaea Parisi, 1920 (Typhlocarididae Annandale & Kemp, 1913). Leander paulensis Ortmann, 1897 (Palaemonidae) was used as outgroup. This study also includes a detailed analysis of the morphological diversity present in Euryrhynchidae compared to the remaining palaemonoids. The taxonomic revision confirms the validity of the 7 species described in Euryrhynchidae and describes 2 new species related to Euryrhynchus amazoniensis Tiefenbacher, 1978. The species Euryrhynchus amazoniensis, E. burchelli Calman, 1907, E. pemoni Pereira, 1985 and E. wrzesniowskii Miers, 1877 are redescribed and illustrated based on the type series and additional material examined. Additional diagnostic characters are proposed to differentiate the species of Euryrhynchus Miers, 1877, previously separated only by the armature of the carpus and merus of the pereiopod 2. The cladistic analysis was composed by a matrix of 102 morphological characters and resulted in 4 equally most-parsimonious trees. The monophyly of the family Euryrhynchidae was obtained, supported by 10 unambiguous synapomorphies. The genus Euryrhynchina Powell, 1976 appears as the most basal taxon of the family and sister group of the clade Euryrhynchoides Powell, 1976 + Euryrhynchus. The topology obtained for the euryrhynchid genera suggests the presence of a sister taxon to Euryrhynchina (not discovered or extinct) in South America. The analysis also revealed the existence of 2 monophyletic groups within Euryrhynchus, with the relationship of E. wrzesniowskii to these clades still to be resolved. Typhlocarididae appears as sister group of the Euryrhynchidae, corroborating results from previous morphological studies. Desmocarididae, proposed in recent studies as sister group of the Euryrhynchidae based on molecular data, emerges more basally among the palaemonid taxa.
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História térmica das regiões sul e sudeste da América Do Sul : implicações na compartimentação geotectônica do GondwanaGomes, Cristiane Heredia January 2011 (has links)
Estudos termocronológicos por traços de fissão em apatita são utilizados para estabelecer os principais eventos de denudação, erosão e subsidência na margem continental emersa do sul do Brasil e Uruguai. Os dados obtidos permitem verificar que as idades aparentes de traços de fissão variam de 383,4 ± 40,9 a 9,7 ± 1,2 Ma, entre o Devoniano Superior e o Mioceno, com comprimento dos traços de fissão entre 14,02 a 8,87 μm. A correlação entre idade e distribuição do comprimento dos traços de fissão confinados evidencia que as amostras sofreram diferentes reduções no comprimento dos traços de fissão. Isto indica que as rochas foram submetidas a diferentes posições crustais, paleotemperaturas e tempo de residência na Zona de Apagamento Parcial. As histórias térmicas obtidas mostram que processos de resfriamento lentos e contínuos foram registrados nas regiões desde o final do Pensilvaniano (Neopaleozóico). Os padrões de denudação são complexos, mas foi possível caracterizar no Uruguai e Rio Grande do Sul reflexos do evento orgênico Gondwanides (ou São Rafaélico) atuantes nas margens do Gondwana SW. Nas regiões do norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foi possível documentar com detalhe o recuo da escarpa da margem continental associada a fragmentação e dispersão mesocenozóica do Gondwana, com a definição de eventos de denudação em torno de: (i) 150-140 Ma, atribuído aos eventos pré-rifte a rifte; (ii) 90-80 Ma, associado ao magmatismo alcalino do Cretáceo Superior; (iii) eventos de 70-60 Ma e 45-35 Ma associados a rearranjos isostático da placa Sul-Americana na região estudada. Evento mais jovem com idades entre 20-10 Ma é reconhecido na margem continental do leste do RS e Uruguai, diretamente conectado à formação do Cone do Rio Grande. / Apatite fission track (FT) thermochronological analyses are used to establish the main events of denudation, erosion and subsidence of the emerse continental margin of South Brazil and Uruguay. The obtained data provide apparent ages ranging from 383.4 ± 40.9 Ma to 9.7 ± 1.2 Ma, between Upper Devonian and Miocene, and mean track length from 14.02 μm to 8.87 μm. Thermal history reconstruction based on apatite fission track thermochronology suggest the occurrence of long term and continuous cooling as well rapid uplift in investigated regions, recorded from Neopaleozoic to the Miocene. The oldest denudation event is well recorded in the Uruguay and Rio Grande do Sul as result of orogenic processes at margin of SW Gondwana, the so-called Gondwanides or San Rafael cycle. In the northern portion of Rio Grande do Sul, Santa Catarina and Paraná was possible to document the escarpment retreat across the rifted continental margin connected to the Mesocenozoic fragmentation and dispersion of Gondwana, defined by the main denudation event as follow: (i) 150-140 Ma, developed during the pre-rift and rift stages; (ii) 90-80 Ma, associated to Upper Cretaceous alkaline ; (iii) 70-60 Ma and 45-35 Ma events due to isostatic rearrangement of South American plate in the study area. The youngest denudation event, aged at 20-10 Ma, is very well defined in the emerse continental margin of east Rio Grande do Sul and Uruguay, and coeval to the Rio Grande Cone formation, a large sedimentary package of 4000 m thick.
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História térmica das regiões sul e sudeste da América Do Sul : implicações na compartimentação geotectônica do GondwanaGomes, Cristiane Heredia January 2011 (has links)
Estudos termocronológicos por traços de fissão em apatita são utilizados para estabelecer os principais eventos de denudação, erosão e subsidência na margem continental emersa do sul do Brasil e Uruguai. Os dados obtidos permitem verificar que as idades aparentes de traços de fissão variam de 383,4 ± 40,9 a 9,7 ± 1,2 Ma, entre o Devoniano Superior e o Mioceno, com comprimento dos traços de fissão entre 14,02 a 8,87 μm. A correlação entre idade e distribuição do comprimento dos traços de fissão confinados evidencia que as amostras sofreram diferentes reduções no comprimento dos traços de fissão. Isto indica que as rochas foram submetidas a diferentes posições crustais, paleotemperaturas e tempo de residência na Zona de Apagamento Parcial. As histórias térmicas obtidas mostram que processos de resfriamento lentos e contínuos foram registrados nas regiões desde o final do Pensilvaniano (Neopaleozóico). Os padrões de denudação são complexos, mas foi possível caracterizar no Uruguai e Rio Grande do Sul reflexos do evento orgênico Gondwanides (ou São Rafaélico) atuantes nas margens do Gondwana SW. Nas regiões do norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foi possível documentar com detalhe o recuo da escarpa da margem continental associada a fragmentação e dispersão mesocenozóica do Gondwana, com a definição de eventos de denudação em torno de: (i) 150-140 Ma, atribuído aos eventos pré-rifte a rifte; (ii) 90-80 Ma, associado ao magmatismo alcalino do Cretáceo Superior; (iii) eventos de 70-60 Ma e 45-35 Ma associados a rearranjos isostático da placa Sul-Americana na região estudada. Evento mais jovem com idades entre 20-10 Ma é reconhecido na margem continental do leste do RS e Uruguai, diretamente conectado à formação do Cone do Rio Grande. / Apatite fission track (FT) thermochronological analyses are used to establish the main events of denudation, erosion and subsidence of the emerse continental margin of South Brazil and Uruguay. The obtained data provide apparent ages ranging from 383.4 ± 40.9 Ma to 9.7 ± 1.2 Ma, between Upper Devonian and Miocene, and mean track length from 14.02 μm to 8.87 μm. Thermal history reconstruction based on apatite fission track thermochronology suggest the occurrence of long term and continuous cooling as well rapid uplift in investigated regions, recorded from Neopaleozoic to the Miocene. The oldest denudation event is well recorded in the Uruguay and Rio Grande do Sul as result of orogenic processes at margin of SW Gondwana, the so-called Gondwanides or San Rafael cycle. In the northern portion of Rio Grande do Sul, Santa Catarina and Paraná was possible to document the escarpment retreat across the rifted continental margin connected to the Mesocenozoic fragmentation and dispersion of Gondwana, defined by the main denudation event as follow: (i) 150-140 Ma, developed during the pre-rift and rift stages; (ii) 90-80 Ma, associated to Upper Cretaceous alkaline ; (iii) 70-60 Ma and 45-35 Ma events due to isostatic rearrangement of South American plate in the study area. The youngest denudation event, aged at 20-10 Ma, is very well defined in the emerse continental margin of east Rio Grande do Sul and Uruguay, and coeval to the Rio Grande Cone formation, a large sedimentary package of 4000 m thick.
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Geologia do Terreno Paranaguá / Geology of Paranaguá TerraneLeonardo Fadel Cury 25 June 2009 (has links)
O Terreno Paranaguá é composto por unidades geológicas pré-cambrianas distribuídas ao longo de uma faixa alongada segundo a direção NE-SW, com cerca de 250 Km de extensão, tendo em média 30 km de largura. Ocupa a porção sul sudeste do território brasileiro, abrangendo os Estados de São Paulo (Terreno Paranaguá Setentrional), Paraná e Santa Catarina (Terreno Paranaguá Meridional). Esse terreno é constituído em grande parte por um complexo ígneo, representado pelas suítes Morro Inglês, Rio do Poço e Canavieiras-Estrela. Como encaixantes desses granitos l.s., ocorrem rochas gnáissicas e gnáissico-migmatíticas do Complexo São Francisco do Sul e rochas metassedimentares da Sequência Rio das Cobras. A Suíte Morro Inglês apresenta assinaturas litoquímicas condizentes com rochas graníticas formadas em arco magmático, apresentando caráter cálcio-alcalino de alto K a shoshoníticos, com conteúdos relativamente altos de Ba, Nb, Zr, Rb, Sr, Th e K2O. Este padrão é semelhante ao observado em ambientes sin a tardi-colisionais, associados a arcos-magmáticos maduros, com fontes modificadas pela contaminação crustal. A Suíte Canavieiras-Estrela é constituída por quartzo-monzodioritos, leuco-granodioritos e monzogranitos, com termos porfiríticos e inequigranulares, com máficos representados por biotita ± anfibólio. Comparativamente, as rochas da Suíte Morro Inglês apresentam maiores valores de \'K IND.2 O\' e menores de \'Na IND.2 O\' do que as rochas da Suíte Canavieiras-Estrela. Ambas as suítes apresentam importantes variações de Ba e Sr, altos valores de Rb e Zr, médios a altos valores de Nb e Y. As rochas da Suíte Rio do Poço podem ser individualizadas em duas unidades distintas, com diferenças petrográficas e litogeoquímicas. Os sienogranitos rapakivi apresentam características compatíveis com granitos do tipo A, metaluminosos a marginalmente peraluminosos. Porém, tal interpretação não parece adequada para os leucogranitos com duas micas desta suíte, que apresentam caráter marginalmente peraluminoso, com termos mais empobrecidos em ETRP, sem anomalia negativa de Eu. Os dados petrográficos e, principalmente, estruturais sugerem que a colocação das suítes Morro Inglês, Canavieiras-Estrela e Rio do Poço ocorreram durante um estágio tardio do período colisional. As idades U-Pb (zircão) dessas suítes são bastante próximas, não permitindo uma separação clara das mesmas. Observa-se uma grande concentração de idades no intervalo 600-580 Ma, representando o principal período do magmatismo no Terreno Paranaguá. Com menor freqüência, valores mais antigos do intervalo de 620-610 Ma foram obtidos nas três suítes, sugerindo a presença de um magmatismo relativamente precoce na evolução desse terreno. As idades U-Pb (zircão) obtidas em bordas de cristais, bem como em veios leucograníticos tardios, distribuem-se no intervalo 560-480 Ma. Essas idades devem estar associadas a importantes eventos termotectônicos do Cambro-Ordoviciano, relacionados a Orogenia Rio Doce. Os metassedimentos da Sequência Rio das Cobras ocorrem como faixas alongadas e pouco expressivas. Na porção meridional do Terreno Paranaguá, ocorrem paragêneses fácies xisto verde, zona da biotita (Serra da Prata PR), enquanto nas porções central e setentrional ocorrem paragêneses fácies anfibolito, podendo atingir fácies granulito em associações com cianita-granada-silimanitafeldspato alcalino (Guaraqueçaba PR e Iguape -SP). Análises U-Pb em zircão dos gnaisses de alto grau caracterizam idades concentradas no intervalo 1,8-2,1 Ga. Os pontos analíticos realizados nas bordas de zircão caracterizam idades de 611 ± 39 Ma. Idades U-Pb em monazitas caracterizam um intervalo relativamente mais jovem em 599 ± 5 Ma, provavelmente associado ao pico metamórfico. O Complexo São Francisco do Sul é representado por gnaisses compostos por dioritos, quartzomonzodioritos, granodioritos, trondhjemitos e monzogranitos. Na região de Guaratuba e Guaraqueçaba (Terreno Paranaguá Central) são freqüentes as feições de migmatização, com leucossomas graníticos com granada e turmalina. Análises U-Pb caracterizam períodos de cristalização do zircão no Paleoproterozóico (2.173 ± 18 Ma), Neoproterozóico (626 ± 25 Ma) e Cambro-Ordoviciano (510-490 Ma). O balizamento do Terreno Paranaguá com as microplacas Luis Alves e Curitiba é tectônico, caracterizado pelas zonas de cisalhamento transcorrentes Palmital e Alexandra em sua porção meridional, e zonas de cavalgamento Serra Negra e Icapara em sua porção setentrional. As zonas de cisalhamento transcorrentes Palmital e Alexandra (Terreno Paranaguá Meridional) apresentam cinemática sinistral com componente obliqua, caracterizada pela coexistência de lineações strike slip e down dip. As zonas de cisalhamento Serra Negra e Icapara representam uma grande frente de colisão, localizada no Terreno Paranaguá Setentrional. Apresentam vergências para nor noroeste e componentes obliquas (lineações strike slip e down dip). A transição dessas duas tectônicas distintas se faz por falhas de abatimento, com direções N-S ou NNW-SSE, estando ambas associadas a um regime transpressivo com características de rampa lateral. Os padrões estruturais observados sugerem que a colocação do Terreno Paranaguá Setentrional é relacionada a uma tectônica de nappes com rumo nor noroeste. Esta colisão está provavelmente inserida no contexto de aglutinação da porção oeste do Supercontinente Gondwana, durante o Neoproterozóico. / The Paranaguá Terrane is composed of precambrian geological units distributed in a NE-SW elongated swath, about 250 km long and 30 km wide, in south-southeastern Brazil, within the States of São Paulo (Nothern Paranaguá Terrane), Paraná and Santa Catarina (Southern Paranaguá Terrane). This terrane is constituted mainly by an igneous complex, represented by the Morro Inglês, Rio do Poço and Canavieiras-Estrela suites. The country rocks of these l.s. granites are gnaissic and gnaissic-migmatitic rocks of the São Francisco do Sul Complex and metassedimentary rocks of the Rio das Cobras Sequence. Lithochemical signatures of the Morro Inglês Suite are compatible with arc magmatic-generated granitic rocks, with high-K to shoshonitic calc-alkaline character and relatively high contents of Ba, Nb, Zr, Rb, Sr, Th and K2O. This pattern resembles the one observed in sin- to late-collisional environments related to mature magmatic arcs, with sources modified by crustal contamination. The Canavieiras-Estrela Suite is composed of quartz-monzodiorites, leucogranites and monzogranites, with porphyritic and inequigranular rocks, with mafics represented by biotite ± anfibole. Comparativily, the Morro Inglês Suite rocks present higher values of \'K IND.2 O\' and smaller values of \'Na IND.2 O\' than the rocks of the Canavieiras-Estrela Suite. Both suites show important variations of Ba and Sr, high values of Rb and Zr, and medium-to-high values of Nb and Y. Two distinct rock units can be individualized in the Rio do Poço Suite, based on petrographical and lithogeochemical differences. The rapakivi sienogranites characteristics are compatible with metaluminous to marginally peraluminous type A granites. Such interpretation does not seem adequate for the two-mica leucogranites in this suite, which present a marginally peraluminous character, with HREE-depleted rocks, without an Eu negative anomaly. Petrographic and, mostly, structural data suggest that the Morro Inglês, Canavieiras-Estrela and Rio do Poço suites emplacement occurred during a late stage of the collisional event. U-Pb ages (zircon) of these suites are very close and does not allow a clear separation of them. A high concentration of ages between 600-580 Ma represent the main magmatic period of the Paranaguá Terrane. Although less frequent, older ages between 620-610 Ma were obtained in the three suites, suggesting the presence of a relatively early magmatism in this terrane\'s evolution. U-Pb ages (zircon) obtained in crystals borders, as well as in late leucogranitic veins, are distributed between 560-480 Ma. These ages must be related with important thermotectonic events of the Cambro-Ordovician Rio Doce Orogeny. The metassedimentary rocks of the Rio das Cobras Sequence occur as elongated strips, with little areal expression. In the southern portion of the Paranaguá Terrane, green schist (biotite zone) paragenesis are present (Serra da Prata PR), while in the central and northern portions there are afibolite facies paragenesis up to granulite facies in association with kyanite-garnet-sillimanite-K feldspar (Guaraqueçaba - PR e Iguape -SP). U-Pb zircon analysis of the high-grade gneisses show a concentration of ages between 1.8-2.1 Ga. The analytical spots in zircon borders yield ages of 611 ± 39 Ma. U-Pb monazite ages yield a relatively younger interval of 599 ± 5 Ma, probably related with the metamorphic peak. The São Francisco do Sul Complex is represented by gneisses composed of diorites, quartzmonzodiorites, granodiorite, trondhjemites and monzogranites. In the Guaratuba and Guaraqueçaba region (Central Paranaguá Terrane) migmatization features are frequent, with garnet and turmaline-bearing granitic leucosomes. U-Pb analysis yield Paleoproterozoic (2.173 ± 18 Ma), Neoproterozoic (626 ± 25 Ma) and Cambro-Ordovician (510-490 Ma) zircon crystallization ages. The limit of the Paranaguá Terrane with the Luis Alves and Curitiba microplates is tectonic, characterized by the Palmital and Alexandra transcurrent shear zones in its southern portion and by the Serra Negra and Icapara thrusts in its northern portion. Both Palmital and Alexandra transcurrent shear zones (Southern Paranaguá Terrane) present sinistral kinematic with oblique component, marked by the coexistence of strike-slip and down-dip lineations. The Serra Negra and Icapara shear zones represent a large collision front, located in the Northern Paranaguá Terrane, with north-northwest vergence and oblique components (strike-slip and down-dip lineations). The transition between these two distinct tectonic styles is given by N-S or NNW-SSE faults associated with a transpressive regime, with lateral ramp characteristics. The observed structural pattern suggest that the emplacement of the Northern Paranaguá Terrane is due to nappe tectonics towards north-northwest. This collision is probably related with the Neoproterozoic aglutination setting of the western Gondwana Supercontinent.
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História térmica das regiões sul e sudeste da América Do Sul : implicações na compartimentação geotectônica do GondwanaGomes, Cristiane Heredia January 2011 (has links)
Estudos termocronológicos por traços de fissão em apatita são utilizados para estabelecer os principais eventos de denudação, erosão e subsidência na margem continental emersa do sul do Brasil e Uruguai. Os dados obtidos permitem verificar que as idades aparentes de traços de fissão variam de 383,4 ± 40,9 a 9,7 ± 1,2 Ma, entre o Devoniano Superior e o Mioceno, com comprimento dos traços de fissão entre 14,02 a 8,87 μm. A correlação entre idade e distribuição do comprimento dos traços de fissão confinados evidencia que as amostras sofreram diferentes reduções no comprimento dos traços de fissão. Isto indica que as rochas foram submetidas a diferentes posições crustais, paleotemperaturas e tempo de residência na Zona de Apagamento Parcial. As histórias térmicas obtidas mostram que processos de resfriamento lentos e contínuos foram registrados nas regiões desde o final do Pensilvaniano (Neopaleozóico). Os padrões de denudação são complexos, mas foi possível caracterizar no Uruguai e Rio Grande do Sul reflexos do evento orgênico Gondwanides (ou São Rafaélico) atuantes nas margens do Gondwana SW. Nas regiões do norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foi possível documentar com detalhe o recuo da escarpa da margem continental associada a fragmentação e dispersão mesocenozóica do Gondwana, com a definição de eventos de denudação em torno de: (i) 150-140 Ma, atribuído aos eventos pré-rifte a rifte; (ii) 90-80 Ma, associado ao magmatismo alcalino do Cretáceo Superior; (iii) eventos de 70-60 Ma e 45-35 Ma associados a rearranjos isostático da placa Sul-Americana na região estudada. Evento mais jovem com idades entre 20-10 Ma é reconhecido na margem continental do leste do RS e Uruguai, diretamente conectado à formação do Cone do Rio Grande. / Apatite fission track (FT) thermochronological analyses are used to establish the main events of denudation, erosion and subsidence of the emerse continental margin of South Brazil and Uruguay. The obtained data provide apparent ages ranging from 383.4 ± 40.9 Ma to 9.7 ± 1.2 Ma, between Upper Devonian and Miocene, and mean track length from 14.02 μm to 8.87 μm. Thermal history reconstruction based on apatite fission track thermochronology suggest the occurrence of long term and continuous cooling as well rapid uplift in investigated regions, recorded from Neopaleozoic to the Miocene. The oldest denudation event is well recorded in the Uruguay and Rio Grande do Sul as result of orogenic processes at margin of SW Gondwana, the so-called Gondwanides or San Rafael cycle. In the northern portion of Rio Grande do Sul, Santa Catarina and Paraná was possible to document the escarpment retreat across the rifted continental margin connected to the Mesocenozoic fragmentation and dispersion of Gondwana, defined by the main denudation event as follow: (i) 150-140 Ma, developed during the pre-rift and rift stages; (ii) 90-80 Ma, associated to Upper Cretaceous alkaline ; (iii) 70-60 Ma and 45-35 Ma events due to isostatic rearrangement of South American plate in the study area. The youngest denudation event, aged at 20-10 Ma, is very well defined in the emerse continental margin of east Rio Grande do Sul and Uruguay, and coeval to the Rio Grande Cone formation, a large sedimentary package of 4000 m thick.
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Revisão taxonômica e filogenia dos camarões de água doce da família Euryrhynchidae Holthuis, 1950 (Crustacea: Decapoda: Cariddea) / Taxonomic revision and phylogeny of the freshwater shrimp family Euryrhynchidae Holthuis, 1950 (Crustacea: Decapoda: Caridea)Paulo Pachelle Pinheiro Gurgel 26 August 2016 (has links)
O presente estudo consiste na mais completa revisão taxonômica e análise filogenética dos camarões de água doce da família Euryrhynchidae Holthuis, 1950. O trabalho foi realizado com base em material depositado em coleções carcinológicas do Brasil, Estados Unidos e vários países da Europa. A análise filogenética incluiu todas as espécies da família Euryrhynchidae, além de 7 espécies de outras famílias de Palaemonoidea Rafinesque, 1815 que foram relacionadas à Euryrhynchidae em trabalhos anteriores: Desmocaris trispinosa (Aurivillius, 1898) (Desmocarididae Borradaile, 1915); Palaemon carteri (Gordon, 1935), P. pandaliformis (Stimpson, 1871), Troglocubanus gibarensis (Chace, 1943) e Tr. inermis (Chace, 1943) (Palaemonidae Rafinesque, 1815); Typhlocaris galilea Calman, 1909 e Ty. lethaea Parisi, 1920 (Typhlocarididae Annandale & Kemp, 1913). Leander paulensis Ortmann, 1897 (Palaemonidae) foi escolhida para o enraizamento da árvore. O estudo também apresenta uma análise detalhada da diversidade morfológica presente em Euryrhynchidae no âmbito dos demais palaemonóideos. A revisão taxonômica confirma a validade das 7 espécies atualmente descritas para Euryrhynchidae, além de propor 2 novas espécies relacionadas a Euryrhynchus amazoniensis Tiefenbacher, 1978. As espécies Euryrhynchus amazoniensis, E. burchelli Calman, 1907, E. pemoni Pereira, 1985 e E. wrzesniowskii Miers, 1877 são redescritas e ilustradas com base na série tipo e material adicional estudados. Também são propostos caracteres diagnósticos adicionais para diferenciar as espécies de Euryrhynchus Miers, 1877, anteriormente separadas apenas pelo número e posição dos espinhos no carpo e mero do pereiópodo 2. A análise cladística foi composta por uma matriz de 102 caracteres morfológicos e resultou em 4 árvores igualmente parcimoniosas. O monofiletismo da família Euryrhynchidae também foi recuperado, sendo sustentado por 10 sinapomorfias não ambíguas. O gênero Euryrhynchina Powell, 1976 aparece como táxon mais basal da família e grupo irmão do clado Euryrhynchoides Powell, 1976 + Euryrhynchus. A topologia obtida para os gêneros de Euryrhynchidae sugere a presença de um táxon irmão a Euryrhynchina (ainda não descoberto ou já extinto) no continente sul americano. A análise também revelou a existência de dois grupos monofiléticos dentro de Euryrhynchus, com o relacionamento de E. wrzesniowskii com esses dois clados ainda não resolvido. Typhlocarididae aparece como grupo irmão de Euryrhynchidae, corroborando o resultado de estudos morfológicos anteriores. Desmocarididae, proposto em trabalhos recentes como grupo irmão de Euryrhynchidae com base em dados moleculares, surge mais à base, inserido entre os táxons de Palaemonidae. / The present study comprises the most complete taxonomic revision and phylogenetic analysis of the freshwater shrimps of the family Euryrhynchidae Holthuis, 1950. The study was based on material deposited in carcinological collections from Brazil, United States, and several other European countries. The phylogenetic analysis included all species of the family Euryrhynchidae and 7 species from other families within the Palaemonoidea Rafinesque, 1815 that were related to Euryrhynchidae in previous studies: Desmocaris trispinosa (Aurivillius, 1898) (Desmocarididae Borradaile, 1915); Palaemon carteri (Gordon, 1935), P. pandaliformis (Stimpson, 1871), Troglocubanus gibarensis (Chace, 1943) e Tr. inermis (Chace, 1943) (Palaemonidae Rafinesque, 1815); Typhlocaris galilea Calman, 1909 e Ty. lethaea Parisi, 1920 (Typhlocarididae Annandale & Kemp, 1913). Leander paulensis Ortmann, 1897 (Palaemonidae) was used as outgroup. This study also includes a detailed analysis of the morphological diversity present in Euryrhynchidae compared to the remaining palaemonoids. The taxonomic revision confirms the validity of the 7 species described in Euryrhynchidae and describes 2 new species related to Euryrhynchus amazoniensis Tiefenbacher, 1978. The species Euryrhynchus amazoniensis, E. burchelli Calman, 1907, E. pemoni Pereira, 1985 and E. wrzesniowskii Miers, 1877 are redescribed and illustrated based on the type series and additional material examined. Additional diagnostic characters are proposed to differentiate the species of Euryrhynchus Miers, 1877, previously separated only by the armature of the carpus and merus of the pereiopod 2. The cladistic analysis was composed by a matrix of 102 morphological characters and resulted in 4 equally most-parsimonious trees. The monophyly of the family Euryrhynchidae was obtained, supported by 10 unambiguous synapomorphies. The genus Euryrhynchina Powell, 1976 appears as the most basal taxon of the family and sister group of the clade Euryrhynchoides Powell, 1976 + Euryrhynchus. The topology obtained for the euryrhynchid genera suggests the presence of a sister taxon to Euryrhynchina (not discovered or extinct) in South America. The analysis also revealed the existence of 2 monophyletic groups within Euryrhynchus, with the relationship of E. wrzesniowskii to these clades still to be resolved. Typhlocarididae appears as sister group of the Euryrhynchidae, corroborating results from previous morphological studies. Desmocarididae, proposed in recent studies as sister group of the Euryrhynchidae based on molecular data, emerges more basally among the palaemonid taxa.
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Age and Tectonic Evolution of the Amdo Basement: Implications for Development of the Tibetan Plateau and Gondwana PaleogeographyGuynn, Jerome January 2006 (has links)
The elucidation of the geologic processes that led to the creation of the Tibetan Plateau, a large area of thick crust and high elevation, is a fundamental question in geology. This study provides new data and insight on the geologic history of central Tibet in the Jurassic and Cretaceous, prior to the Indo-Asian collision, as well as the Gondwanan history of the Lhasa and Qiangtang terranes of the plateau. This investigation is centered on the Bangong suture zone near the town of Amdo and I present new geochronology, thermochronology, thermobarometry and structural data of the Amdo basement, an exposure of high-grade gneisses and intrusive granitoids. Using a range of thermochronometers, I show there were two periods of cooling, one in the Middle-Late Jurassic after high-grade metamorphism and a second in the Early Cretaceous. I attribute Middle-Late Jurassic metamorphism, magmatism, and initial cooling of the Amdo basement to arc related tectonism that resulted in tectonic or sedimentary burial of the magmatic arc. I propose that a second period of cooling, nonmarine, clastic sedimment deposition and thrust faulting in the Early Cretaceous is related to the Lhasa-Qiangtang collision. The thermochronology reveals limited denudation between the Cretaceous and the present, indicating the existence of thickened crust when India collided with Asia in the early Tertiary. U-Pb geochronology of the orthogneisses and detrital zircon geochronology of metasedimentary rocks suggests that the Lhasa and Qiangtang terrane were located farther west along Gondwanan's northern margin than most reconstructions depict.
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Palynostratigraphy of the South African Karoo supergroup and correlations with coeval Gondwanan successionsBarbolini, Natasha 12 June 2014 (has links)
The Main Karoo Basin of South Africa is renowned for its exceptional palaeontological record and while its vertebrate fossils have been extensively researched, Karoo floras have received considerably less attention. Poor yields of palynomorphs from the Beaufort and “Stormberg” groups have complicated the task of erecting a comprehensive palynozonation scheme for the Karoo Supergroup. For this study, 65 palynologically productive samples from the Dwyka, Ecca, Beaufort and “Stormberg” groups allowed for systematic descriptions of all palynomorphs, as well as the ranges of the different taxa through the entire Karoo stratigraphic succession. Taxa with restricted ranges are useful for biostratigraphic correlation and these palynomorphs were used to delineate microfloral zones for the Karoo basin. The Dwyka Group contains high numbers of acritarchs and is generally low in species diversity. Useful biostratigraphic taxa for the Ecca Group include Cannanoropollis, Hamiapollenites, Platysaccus and Striatopodocarpites. Aratrisporites is a marker for the Latest Permian / Early Triassic Beaufort Group, while Cyathidites, Dictyophyllidites, Equisetosporites and Uvaesporites are indicators of the Late Triassic / Early Jurassic “Stormberg” Group. Palynostratigraphic zones correlate largely with the Karoo vertebrate biozones and severe and sudden extinction events are recognised among Karoo palynomorphs in the upper Tapinocephalus and Dicynodon assemblage zones. The first comprehensive palynological biozonation scheme for the Main Karoo Basin is proposed and the study provides a broad overview of Gondwanan Carboniferous - Jurassic floras. This study demonstrates that palynology is useful in correlating age equivalent lithostratigraphic units in the proximal and distal sectors of the Karoo Basin. Microfloras from previous South African studies are integrated within the proposed palynostratigraphic scheme, and palynological signatures of the various Karoo formations are shown to be consistent. Despite the constraints of floral provincialism, South African microfloras can be correlated to selected Gondwanan biozonations from Australia, Africa, Antarctica, New Zealand and South America. Future studies should focus on sampling more intensively over smaller stratigraphic intervals, which will assist in the correlation of time equivalent lithostratigraphic units in the different sectors of the basin, thus aiding in refinement of basin development models.
Key words: palynology, Karoo, vertebrate biozones, stratigraphy, Gondwana
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